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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho<br />

do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da ASDI 170 , sendo os movimentos de libertação<br />

geralmente representados ao mais alto nível político. 171 As decisões eram depois formalizadas<br />

pela assinatura de um protocolo (actas de c<strong>on</strong>senso) que, em c<strong>on</strong>junto com um<br />

orçamento pormenorizado, servia de documento-guia para a cooperação durante o ano<br />

seguinte. 172 Esta rotina não só introduziu um elemento muito significativo (e bastante<br />

apreciado) 173 de estabilidade na relação de ajuda 174 , mas significava também um rec<strong>on</strong>hecimento<br />

informal e oficial dos movimentos de libertação. 175 Estando em pé de igualdade<br />

com os países independentes que recebiam ajuda ao desenvolvimento da Suécia, os movimentos<br />

de libertação passaram, a partir de 1973, e do p<strong>on</strong>to de vista do protocolo e<br />

da administração oficial, a ser abordados para fins práticos como parceiros bilaterais. Em<br />

suma, os movimentos de libertação não eram apenas vistos como organizações de resistência<br />

c<strong>on</strong>tra regimes opressores, mas como legítimos ”governos em gestação”.<br />

Atenções centradas nas z<strong>on</strong>as libertadas<br />

Por volta de 1973 a FRELIMO tinha assumido o perfil de governo de facto em vastas<br />

z<strong>on</strong>as do norte de Moçambique. Para além dos projectos criados pelo Instituto Moçambicano,<br />

em favor dos refugiados na Tanzânia, nomeadamente o da escola secundária<br />

em Bagamoyo, o centro de refugiados e a escola primária em Tunduru e o Hospital<br />

respectivamente em Maputo, capital de Moçambique e em Luanda, a capital de Angola.<br />

170. É de assinalar que Ernst Michanek, o director geral da ASDI até 1979, cargo que acumulava com a presidência<br />

do Comité C<strong>on</strong>sultivo para a Ajuda Humanitária, nunca liderou uma delegação sueca em negociações oficiais com<br />

um movimento de libertação da África Austral.<br />

171. No caso da FRELIMO, Janet M<strong>on</strong>dlane liderou as primeiras negociações oficiais com a Suécia, realizadas em<br />

Setembro de 1973. Foi secundada, entre outros, por Daniel Mbanze que, em Julho de 1975 se tornaria vice ministro<br />

da Administração Interna de Moçambique, já na altura independente. Em Maio de 1974, a delegação da FRELIMO<br />

foi chefiada por Marcelino dos Santos e Joaquim Chissano. Sobre o equilibrio, muitas vezes desigual, entre as delegações<br />

oficiais da Suécia e a dos movimentos de libertação, c<strong>on</strong>sulte a entrevista de Lindiwe Mabuza (ANC), p. 137.<br />

172. O ciclo de negociações anuais começou com as negociações com a FRELIMO, o MPLA, a SWAPO e a ZANU,<br />

em Setembro de 1973 (Carta de Anders Möllander [”Bistånd till FRELIMO”/”Ajuda à FRELIMO”] à Embaixada<br />

sueca em Dar es Salaam, Estocolmo, 23 de Agosto de 1973) (SDA). Acertadas com o ano fiscal sueco, as negociações<br />

realizaram-se em Maio de 1974 com o PAIGC (em C<strong>on</strong>acri), o ANC, a FRELIMO e o MPLA (em Dar es Salaam),<br />

e com a SWAPO, a ZANU e a ZAPU (em Lusaca) (Carta de Astrid Bergqvist [”Överläggningar med FRELIMO<br />

ang. biståndsprogram för 1974–75”/”Negociações com a FRELIMO ref. programa de cooperação para 1974–75”]<br />

à Embaixada sueca em Dar es Salaam, Estocolmo, 20 de Março de 1974) (SDA).<br />

173. C<strong>on</strong>sulte, por exemplo, as entrevistas com Kumbirai Kangai da ZANU (p. 213) e com Aar<strong>on</strong> Mushimba da<br />

SWAPO (pp. 84–85).<br />

174. Durante as negociações com a FRELIMO, realizadas em Dar es Salaam, em Setembro de 1973, a delegação<br />

sueca levantou a questão dos compromissos de l<strong>on</strong>go prazo assumidos para com o movimento de libertação (CCAH:<br />

Memorando (”Stöd till FRE-LIMO”/”Ajuda à FRELIMO”), ASDI, Estocolmo, 5 de Novembro de 1973) (SDA).<br />

O raciocínio era que o valor atribuído ao movimento num determinado ano fiscal deveria ser usado como valor<br />

fixo de planeamento para o ano fiscal seguinte. Em Janeiro de 1975, Per Ahlmark e Billy Olss<strong>on</strong> do Partido Liberal,<br />

apresentaram uma moção ao parlamento para esse efeito, ”solicitando acordos de l<strong>on</strong>go prazo com os movimentos<br />

de libertação da África Austral que permitam assegurar ajuda sueca em rápida expansão” (Parlamento sueco, 1975:<br />

Moção Nº 1165, Riksdagens Protokoll 1975, p. 16). O princípio foi aplicado no caso do ANC da África do Sul e<br />

da SWAPO da Namíbia, no princípio da década de oitenta.<br />

175. Em 1973, as representações diplomáticas e de ajuda da Dinamarca, Noruega e Suécia em Dar Es Salaam<br />

começaram a coordenar as suas posições relativamente à FRELIMO, e a ter c<strong>on</strong>versações no sindido de partilharem<br />

o apoio financeiro ca dar aos custos de exploração das instituições civis do movimento de libertação, sediadas na Tanzânia<br />

(Carta de Göran Hasselmark [”Bistånd till Frelimo”/”Ajuda à FRELIMO”] para o Ministério dos Negócios Estrangeiros,<br />

Dar es Salaam, 6 de Agosto de 1973) (SDA). Os debates, com o vice presidente da FRELIMO Marcelino<br />

dos Santos, abriram o caminho para projectos c<strong>on</strong>juntos nórdicos de ajuda ao desenvolvimento no Moçambique<br />

independente, entre os quais c<strong>on</strong>sta o Programa Agrícola Nórdico-Moçambicano (MONAP).<br />

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