Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho<br />
respectivos países. 139 O órgão oficial da FRELIMO, a Mozambique Revoluti<strong>on</strong>, sublinhou<br />
o facto de os movimentos de libertação terem ”participado na c<strong>on</strong>ferência numa base de<br />
igualdade plena com os representantes dos estados independentes”. 140 Além disso, em<br />
Junho de 1973, o Secretário da FRELIMO para a Informação, Jorge Rebelo, declarou<br />
no Comité das Nações Unidas para a Descol<strong>on</strong>ização, reunido em Nova Iorque, o seguinte:<br />
O facto de a c<strong>on</strong>ferência ter recebido um forte apoio dos países nórdicos 141 e, ao fim ao cabo,<br />
de se ter realizado num país que é membro da OTAN, marca uma nova fase no nosso relaci<strong>on</strong>amento<br />
internaci<strong>on</strong>al. [...] gostaríamos de deixar o nosso agradecimento aos países nórdicos<br />
pelo papel que desempenharam. [...] Isto não nos causa qualquer estranheza, pois a Suécia, a<br />
Noruega, a Dinamarca e a Finlândia têm vindo c<strong>on</strong>sistentemente a apoiar a nossa luta, mas<br />
c<strong>on</strong>sideramos que a nova abordagem que têm seguido, apoiando-nos agora politicamente e<br />
não apenas numa base humanitária, é um avanço significativo. 142<br />
Na Suécia, o rec<strong>on</strong>hecimento mais amplo ficou imediatamente manifesto. Ao deixar<br />
Oslo, os representantes dos oito movimentos de libertação rec<strong>on</strong>hecidos pela OUA 143 ,<br />
deslocaram-se a Estocolmo, <strong>on</strong>de os esperava um c<strong>on</strong>junto de reuniões e actividades,<br />
organizadas pelo governo e pelas ONGs. 144 A visita recebeu muita atenção por parte dos<br />
jornais 145 , da rádio e da televisão, e o Ministro dos Negócios Estrangeiro sueco, Krister<br />
Wickman, organizou uma recepção em h<strong>on</strong>ra dos representantes, no próprio Ministério<br />
dos Negócios Estrangeiros. 146 Como reflexo da importância dada aos movimentos de<br />
libertação das colónias portuguesas 147 , Wickman, para além do mais, c<strong>on</strong>vidou o presidente<br />
do MPLA, Agostinho Neto, o vice presidente da FRELIMO, Marcelino dos<br />
Santos e Lucette Andrade Cabral do PAIGC 148 para um almoço de trabalho, à parte do<br />
restante programa. 149<br />
Pouco tempo depois, a situação em Moçambique havia de ocupar, de forma dramá-<br />
139. Anders Möllander: Memorando (”Minnesanteckningar från samtal 1973 04 17 med representanter för<br />
FRELIMO”/”Notas das c<strong>on</strong>versações de 17/04/73 com representantes da FRELIMO”), CCAH, Estocolmo, 26 de<br />
Abril de 1973 (MFA).<br />
140. Mozambique Revoluti<strong>on</strong>, Nº 55, Abril-Junho de 1973, p. 19. A França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos<br />
recusaram os c<strong>on</strong>vites que lhes foram endereçados para participar na c<strong>on</strong>ferência Nações Unidas/OUA.<br />
141. ”Escandinavo” no texto original.<br />
142. Nações Unidas: ”Declaração de Jorge Rebelo, Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), na 915ª<br />
reunião da Comissão Especial dos 24, realizada a 13 de Junho de 1973” (MFA).<br />
143. FNLA e MPLA de Angola, PAIGC da Guiné-Bissau e Cabo Verde, FRELIMO de Moçambique, SWAPO da<br />
Namíbia, ANC da África do Sul e ZANU e ZAPU do Zimbabué.<br />
144. Anders Möllander: Memorando (”Besök 1973–04–17–18 av representanter för afrikanska befrielserörelser”/<br />
”Visita em 17–18.04.1973 de representantes dos movimentos africanos de libertação”), CCAH, Estocolmo, 16 de<br />
Abril de 1973 (SDA).<br />
145. Ver, por exemplo, Per Wästberg: ”Oslok<strong>on</strong>ferensen om Sydafrikas rastyranni: Apar<strong>the</strong>id hot mot världsfreden”<br />
(”A c<strong>on</strong>ferência de Oslo sobre a tirania racial na África do Sul: A ameaça do apar<strong>the</strong>id c<strong>on</strong>tra a paz mundial”), em<br />
Dagens Nyheter, 19 de Abril de 1973.<br />
146. Cf. Entrevista com Ben Amathila (SWAPO): ”A seguir à c<strong>on</strong>ferência de Oslo [...], Krister Wickman organizou<br />
uma recepção para todos os representantes dos movimentos de libertação, no Ministério dos Negócios Estrangeiros<br />
em Estocolmo. Depois disso, a Suécia quase rec<strong>on</strong>heceu os movimentos de libertação como representantes oficiais<br />
dos seus povos, o que c<strong>on</strong>stituiu um avanço muito significativo em direcção ao rec<strong>on</strong>hecimento e ao apoio” (p.<br />
65).<br />
147. A c<strong>on</strong>centração nas colónias portuguesas por parte do movimento de solidariedade ficou também patente<br />
quando os AGIS organizaram uma reunião pública, na qual só Agostinho Neto (MPLA), Marcelino dos Santos<br />
(FRELIMO) e Gil Fernandes (PAIGC) falaram ao público presente.<br />
148. O secretário geral do PAIGC, Amílcar Cabral, foi assassinado em 20 de Janeiro de 1973.<br />
149. Gun-Britt Anderss<strong>on</strong>: Memorandum (”Besök i Sverige av befrielserörelserepresentanter”/”Visita à Suécia de<br />
representantes dos movimentos de libertação”), Ministério dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 25 de Maio de<br />
1973 (MFA).<br />
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