Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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O cineasta sueco Lennart<br />
Malmer com Joaquim<br />
Chissano da FRELIMO (direita)<br />
nas z<strong>on</strong>as libertadas de<br />
Cabo Delgado, Moçambique,<br />
Novembro de 1971<br />
(Gentilmente cedido por<br />
Lennart Malmer)<br />
A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho<br />
é que a ajuda material c<strong>on</strong>cedida através da ASDI é dada em géneros, selecci<strong>on</strong>ados de uma<br />
lista e comprados (na Suécia) por funci<strong>on</strong>ários da ASDI. Trata-se de uma forma grave de paternalismo,<br />
que só se explica pelo desejo de manter os prósperos laços ec<strong>on</strong>ómicos com Portugal<br />
durante o máximo de tempo possível, e um desejo de chegar a uma solução neocol<strong>on</strong>ialista<br />
nas colónias. 125<br />
Tratava-se, indubitavelmente, de expressões dos Grupos de África 126 suecos e, como o<br />
artigo não espelhava as posições do partido no poder na Tanzânia nem dos movimentos<br />
de libertação, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco decidiu deixar que a questão<br />
caísse no esquecimento. 127<br />
Rec<strong>on</strong>hecimento de facto e aumento da ajuda<br />
P<strong>on</strong>do de parte as discórdias do início, a ASDI e a FRELIMO souberam criar um estreito<br />
e funci<strong>on</strong>al relaci<strong>on</strong>amento de ajuda. 128 A nível político, a interacção entre o governo<br />
social democrata e o movimento de libertação era, já em meados da década de sessenta,<br />
bastante ampla e desenvolveu-se ainda mais no início da década de setenta. Fazendo uma<br />
retrospectiva, o presidente Chissano declarou em 1996 que ”Olof Palme foi um dos nos-<br />
125. Ibid., p. 21.<br />
126. Cf. Draft: Swedish Imperialism in Portugal and Africa (”Imperialismo sueco em Portugal e em África”), A C<strong>on</strong>ferência<br />
da Páscoa, Lund, 1972 (AGA). Na altura, os membros dos AGIS c<strong>on</strong>tribuíram para o Maji Maji (Carta de<br />
Mai Palmberg, Malung, 24 de Junho de 1974; destinatário desc<strong>on</strong>hecido) (AGA).<br />
127. Notas manuscritas numa carta (”Svensk imperialism”/”Imperialismo sueco”) de Nils G. Rosenberg, Embaixada<br />
da Suécia, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Dar es Salaam, 21 de Agosto de 1972 (MFA). A ajuda humanitária<br />
era, ao mesmo tempo, fortemente criticada pela comunidade empresarial. Por exemplo, numa carta ao<br />
Ministério dos Negócios Estrangeiros, o agente na África do Sul da empresa sueca Boliden, AE & CI, escreveu em<br />
Dezembro de 1972 que ”o nosso gabinete em Lourenço Marques informa-nos que o nosso cliente, Beira Waterworks<br />
Company, vai deixar de comprar o vosso sulfato de alumínio, atitude que tomaram tendo em c<strong>on</strong>ta o apoio dado<br />
pelo vosso governo aos movimentos terroristas nos territórios portugueses” (Carta de AE & CI ao Ministério dos<br />
Negócios Estrangeiros, [sem indicação de local], 13 de Dezembro de 1972) (MFA).<br />
128. C<strong>on</strong>sulte a entrevista com Stig Lövgren (ASDI): ”tínhamos uma excelente colaboração” (p. 312) e também a<br />
entrevista com Janet M<strong>on</strong>dlane: ”Ao fim ao cabo, a nossa relação de trabalho baseou-se numa grande c<strong>on</strong>fiança” (p.<br />
44).<br />
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