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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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194<br />

Tor Sellström<br />

partido TANU do presidente Nyerere e o primeiro ministro sueco, Olof Palme, tinha<br />

realizado uma visita oficial à Tanzânia em Setembro de 1971, <strong>on</strong>de tinha sido acolhido<br />

com muito entusiasmo. Durante a visita, usou da palavra, entre outros locais, no<br />

c<strong>on</strong>gresso da TANU em Dar es Salaam, declarando que ”em países ainda sob o jugo da<br />

opressão col<strong>on</strong>ial, não é possível substituir a exigência de libertação naci<strong>on</strong>al por quaisquer<br />

avanços, calculados de forma táctica, para permitir um desenvolvimento internaci<strong>on</strong>al<br />

equilibrado” 120 , acrescentando ainda o seguinte<br />

no que diz respeito à Suécia, apoiamos os movimentos de libertação nos territórios ocupados<br />

por Portugal, ou seja, o PAIGC, a FRELIMO e o MPLA. Fornecemos ajuda humanitária,<br />

sob a forma de equipamento médico, material educativo, alimentos, têxteis e outros bens de<br />

c<strong>on</strong>sumo, bem como meios de transporte, e por isto temos sido criticados. C<strong>on</strong>tudo, vamos<br />

c<strong>on</strong>tinuar a seguir os imperativos da solidariedade e as recomendações das Nações Unidas.<br />

[...] Na nossa opinião, as nações europeias têm de ser muito mais activas e traçar uma linha de<br />

acção decisiva nestas questões. [...] O governo sueco está preparado para, de futuro, aumentar<br />

a sua ajuda. 121<br />

Nove meses mais tarde, o jornal oficial Sunday News publicou um artigo de fundo, da<br />

autoria de um determinado Grupo de Estudo da TANU, com o título ”O segredo por<br />

detrás da ajuda humanitária”, no qual a Suécia era especificamente menci<strong>on</strong>ada. Dizia,<br />

designadamente, que<br />

sabendo que os povos africanos nas colónias portuguesas estão a c<strong>on</strong>seguir vitórias cada vez<br />

mais importantes a cada dia que passa, o imperialismo tem vindo ultimamente a esticar a sua<br />

manápula da ”amizade” na direcção dos movimentos de libertação, oferecendo-lhes aquilo a<br />

que desaverg<strong>on</strong>hadamente chamam ”ajuda humanitária”. A verdade por detrás disto é que esta<br />

”ajuda” não passa de uma cenoura, dada com a intenção de cegar os povos combatentes para<br />

as actividades desumanas levadas a cabo pelo imperialismo c<strong>on</strong>tra eles, sob a capa do fascismo<br />

português. [...] A Suécia, por exemplo, é um dos países cujos interesses ec<strong>on</strong>ómicos em Portugal<br />

têm vindo recentemente a subir em flecha. [...] O imperialismo é capaz de mudar de cor e<br />

de táctica, mas não pode mudar a sua própria essência. Será sempre desumano, independentemente<br />

das fachadas ”humanitárias” que por vezes possa mostrar. 122<br />

O teor do artigo levou o embaixador da Suécia, Sven Fredrik Hedin, a pedir explicações<br />

ao governo tanzaniano. Segundo o Ministro dos Negócios Estrangeiros, John Malecela,<br />

o Grupo de Estudo da TANU era composto por académicos, que faziam análise política<br />

para o partido no poder, mas ”a publicação desse relatório foi um acidente”. 123 Apesar<br />

disso, pouco tempo depois, o órgão oficial da Liga de Juventude da TANU da Universidade<br />

de Dar es Salaam, Maji Maji, publicou um artigo de um ”corresp<strong>on</strong>dente”, intitulado<br />

”Imperialismo sueco”, 124 no qual se declarava que<br />

a ajuda oficial sueca à FRELIMO, ao PAIGC e ao MPLA sofre de limitações claras [...]. Em<br />

primeiro lugar, limita-se à ”ajuda humanitária”, o que significa que apenas se rec<strong>on</strong>hece uma<br />

parte da luta de libertação. Assim, ao recusar-se a rec<strong>on</strong>hecer o aspecto militar como parte integrante<br />

da luta, o governo sueco está a dar uma imagem falseada da situação. Outra restrição<br />

120. Citado em Pierre Schori: <str<strong>on</strong>g>The</str<strong>on</strong>g> Impossible Neutrality – Sou<strong>the</strong>rn Africa: Sweden’s Role under Olof Palme, David<br />

Philip Publishers, Cidade do Cabo, 1994, p. 5.<br />

121. ”Discurso do primeiro ministro no C<strong>on</strong>gresso da TANU em Dar-es-Salaam”, 26 de Setembro de 1971, em<br />

Ministério dos Negócios Estrangeiros: Documents <strong>on</strong> Swedish Foreign Policy: 1971, Estocolmo, 1972, p. 65.<br />

122. Sunday News, 11 de Junho de 1972.<br />

123. Carta de Sven Fr. Hedin ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, Dar es Salaam, 30 de Junho de 1972<br />

(MFA).<br />

124. Maji Maji, Nº 6, Junho de1972, pp. 19–21.

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