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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho<br />

Que o envio de mercadorias da Suécia também fazia parte de uma realidade política é<br />

um facto, que ficou bem patente nos finais de 1973, altura em que as autoridades portuguesas<br />

apreenderam dois camiões da marca Scania no porto moçambicano da Beira. 103<br />

Os camiões faziam parte do programa de aquisição de 1973–74 e tinham inscrições<br />

explícitas dizendo ”FRELIMO, a/c Instituto Moçambicano, Dar es Salaam”, e seguiam<br />

a bordo do navio norueguês Drammensfjord. Sem que a ASDI o soubesse, na sua rota<br />

para Dar es Salaam, o navio fez uma escala na Beira, <strong>on</strong>de o carregamento enfureceu as<br />

autoridades e a polícia de segurança portuguesa ordenou ao comandante do navio que<br />

entregasse os camiões. 104<br />

A ASDI substituiu de imediato os camiões por outros, aumentando a dotação da<br />

FRELIMO para 1973–74 de 5 para 5,1 milhões de coroas suecas 105 , mas esta experiência<br />

veio sublinhar a importância de ter rotas de transporte fiáveis. Comentando o incidente,<br />

o proprietário do Drammensfjord, a Scandinavian East Africa Line, enviou uma carta à<br />

Associação de Armadores Noruegueses 106 , transmitindo a opinião do comandante da<br />

embarcação: ”se c<strong>on</strong>tinuarmos a levar carga para os movimentos de libertação, temos<br />

de estar preparados para enfrentar grandes dificuldades nesta z<strong>on</strong>a”. 107 Nessa carta o armador<br />

declarava que o incidente ”já era de prever”, acrescentando também que ”é-nos<br />

difícil entender que o c<strong>on</strong>ceito de ajuda humanitária possa abarcar camiões [...], mas se<br />

calhar a ASDI vai mais l<strong>on</strong>ge que a NORAD 108 na ajuda que presta aos movimentos de<br />

libertação”. 109 A partir daí, a ASDI passou a privilegiar a Besta Line, da União Soviética,<br />

para enviar mercadoria para a FRELIMO e para os outros movimentos de libertação em<br />

Dar es Salaam. 110<br />

Luta armada e ajuda humanitária<br />

Enquanto Amílcar Cabral e a liderança do PAIGC adoptavam uma atitude pragmática<br />

quanto a questões potencialmente geradoras de divisões, tais como o relaci<strong>on</strong>amento<br />

ec<strong>on</strong>ómico da Suécia com Portugal e a sua oposição à violência como meio de resolver<br />

c<strong>on</strong>flitos, os líderes da FRELIMO eram mais críticos. Desde as suas primeiras visitas à<br />

Suécia, em meados da década de sessenta, que Eduardo M<strong>on</strong>dlane levantou, regular e<br />

insistentemente, as questões da ajuda militar à luta de Moçambique e da expulsão de Portugal<br />

da EFTA. Após a sua morte em Fevereiro de 1969, Marcelino dos Santos, Joaquim<br />

Chissano e outros representantes moçambicanos tomaram essas mesmas posições. 111<br />

103. C<strong>on</strong>sulte a entrevista com Stig Lövgren, pp. 312–13.<br />

104. Carta do comandante do Drammensfjord à Scandinavian East Africa Line, Beira, 30 de Outubro de 1973<br />

(Ministério norueguês dos Negócios Estrangeiros).<br />

105. Carta (”Ang. beslagtagna bilar till FRELIMO”/”Re. veículos para a FRELIMO apreendidos”) de Astrid<br />

Bergquist, ASDI, para Olof Milt<strong>on</strong>, Embaixada da Suécia em Dar es Salaam, ASDI, Estocolmo, 26 de Novembro<br />

de 1973 (SDA).<br />

106. Em norueguês, Norges Rederforbund.<br />

107. Carta do comandante do Drammensfjord à Scandinavian East Africa Line, Beira, 30 de Outubro de 1973<br />

(Ministério norueguês dos Negócios Estrangeiros).<br />

108. Agência Norueguesa para o Desenvolvimento Internaci<strong>on</strong>al.<br />

109. Carta de Arne M. Hanss<strong>on</strong>, Scandinavian East Africa Line, à Associação Norueguesa de Armadores, [sem<br />

indicação de local, 5 Novembro de 1973 (Ministério norueguês dos Negócios Estrangeiros)].<br />

110. Entrevista com Stig Lövgren, p. 314.<br />

111. Por exemplo, por Joaquim Ribeiro de Carvalho, em Setembro de 1973. De visita à Suécia para tratar de assuntos<br />

relaci<strong>on</strong>ados com a ”Semana da África Austral”, organizada pelos AGIS, de Carvalho, que viria a ser o primeiro<br />

Ministro da Agricultura de Moçambique independente e que, na altura, era resp<strong>on</strong>sável pelo comércio e produção<br />

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