Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho<br />
tre 1969–70 e 1974–75, 17,1 milhões (25 por cento) foram destinados à FRELIMO. 91<br />
Apesar da dotação anual ser relativamente limitada 92 , a FRELIMO era o segundo maior<br />
beneficiário de ajuda, a grande distância do maior, o PAIGC, mas bem à frente dos outros<br />
movimentos da África Austral.<br />
Mas as fricções existiam, 93 sendo a forma de prestação da ajuda o verdadeiro pomo<br />
da discórdia. Até à suspensão da ajuda em 1968, as c<strong>on</strong>tribuições da Suécia tinham<br />
sido dadas em dinheiro. Influenciadas pelo PAIGC e pelas eficientes rotinas criadas por<br />
Amílcar Cabral, as autoridades suecas decidiram que a ajuda, retomada a partir de<br />
1971–72, deveria ser prestada em géneros. Segundo a ASDI, havia vários argumentos a<br />
favor dum programa de fornecimento de géneros. No seguimento de uma visita a Dar<br />
es Salaam, em Dezembro de 1971, uma delegação da ASDI chefiada por Curt Ström, o<br />
resp<strong>on</strong>sável que c<strong>on</strong>cebeu o regime de ajuda ao PAIGC, em colaboração com Amílcar<br />
Cabral, c<strong>on</strong>cluiu que a experiência da FRELIMO em termos de aquisição internaci<strong>on</strong>al<br />
era pouco eficaz e que havia pouca capacidade administrativa para gerir grandes volumes<br />
de mercadorias 94 de forma eficaz. Além disso, se a ASDI tratasse das aquisições e do<br />
transporte, os principais custos administrativos não teriam de ser retirados das dotações<br />
à FRELIMO, mas seriam assim pagos pela Suécia. Outros movimentos de libertação da<br />
África Austral que tinham as mesmas limitações do p<strong>on</strong>to de vista administrativo, nomeadamente<br />
o MPLA e a SWAPO, acabaram por aceitar bem a ajuda em géneros. 95<br />
Apesar de não se opor à ajuda em géneros em si, a FRELIMO dizia que uma parte<br />
substancial da ajuda deveria ser dada em dinheiro para cobrir despesas de aquisição local<br />
de produtos na Tanzânia, nomeadamente custos de recepção e distribuição de mercadoria<br />
e custos de exploração do Instituto Moçambicano. Nesses custos locais estava, por<br />
exemplo, incluída a aquisição de alimentos frescos, medicamentos, despesas de desalfandegamento<br />
e armazenagem, combustíveis e reparação de veículos, bem como c<strong>on</strong>tas de<br />
telef<strong>on</strong>e e electricidade. 96 C<strong>on</strong>tudo, no primeiro ano de cooperação, a ASDI não alterou<br />
o seu posici<strong>on</strong>amento nesta matéria.<br />
Em Setembro de 1971, Marianne Rappe, a representante oficial da ASDI, c<strong>on</strong>cluiu<br />
que a experiência do programa de 1971–72 ”não era particularmente positiva” 97 e, nesse<br />
cenário, as autoridades suecas alteraram a sua posição. Em Novembro de 1972 decidiu-se<br />
que uma pequena parte da ajuda, no valor de 5 por cento da dotação anual, poderia ser<br />
c<strong>on</strong>cedida em dinheiro, para permitir a aquisição e pagamento local de custos de exploração.<br />
98 C<strong>on</strong>tudo, as pormenorizadas normas de apresentação de relatórios da ASDI acaba-<br />
91. C<strong>on</strong>sulte as tabelas em anexo sobre pagamentos da ASDI aos movimentos de libertação da África Austral e ao<br />
PAIGC. O valor total da ajuda oficial sueca à FRELIMO, incluindo nesse valor o apoio ao Instituto Moçambicano<br />
e os pagamentos registados a seguir à independência do país, foram de 24,7 milhões de coroas suecas.<br />
92. Cf. a entrevista de Jacinto Veloso, p. 52: ”A ajuda era limitada e podemos hoje dizer que era mesmo muito<br />
limitada. [...] Os países nórdicos poderiam ter feito muito mais.”<br />
93. A ajuda sueca era gerida pela ASDI. O Instituto Moçambicano actuava em nome da FRELIMO.<br />
94. Anders Möllander: Memorandum (”Ansökan från Frente de Libertação de Moçambique, FRELIMO, om fortsatt<br />
svenskt stöd”/”Pedido da FRELIMO quanto ao prol<strong>on</strong>gamento da ajuda sueca”), ASDI-CCAH, Estocolmo, 5<br />
de Setembro de 1972 (SDA).<br />
95. Ibid.<br />
96. Janet M<strong>on</strong>dlane: Memorando (”Subsídios, em dinheiro e em espécie”) à ASDI, Dar es Salaam, 22 de Março de<br />
1972 (SDA). A directora do Instituto Moçambicano descreve a introdução da ajuda em géneros como ”um choque<br />
para o (seu) sistema financeiro [...]. A passagem do dinheiro para os géneros teve como resultado que o instituto se<br />
viu em graves dificuldades financeiras, situação que ainda se mantém” (ibid.).<br />
97. Mensagem de Marianne Rappe a Curt Ström, ASDI, Estocolmo, 1 de Setembro de 1972 (SDA). Só dois terços<br />
do m<strong>on</strong>tante atribuído em 1971–72 foi utilizado.<br />
98. ASDI: ”Beslut” (”Decisão”), UND-E, Nº 97/72, ASDI, Estocolmo, 20 de Novembro de 1972 (SDA).<br />
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