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186 Tor Sellström também deu publicidade aos desertores. 64 Foram formados Comités de Desertores Portugueses nas cidades de Lund, Estocolmo e Uppsala. Para além de solicitarem asilo político, os membros dos comités uniam forças com os Grupos de África locais, defendendo activamente o apoio ao PAIGC, ao MPLA e à FRELIMO e dando força aos argumentos políticos a favor dos movimentos nacionalistas. 65 O retomar da ajuda sueca A seguir aos distúrbios no Instituto Moçambicano, a FRELIMO decidiu deslocar a escola secundária para Bagamoyo, a cerca de 70 quilómetros a norte de Dar es Salaam, onde viria a reabrir nos finais de Outubro de 1970. 66 O apoio oficial sueco, em dinheiro, ao Instituto Moçambicano tinha sido interrompido após o fecho da escola, em Março de 1968, mas Janet Mondlane tinha mantido contactos próximos com o governo sueco e com a ASDI no decurso das suas numerosas visitas à Suécia, e percebeu-se que a ajuda recomeçaria assim que a situação o permitisse. Pouco tempo depois da reabertura da escola, Joaquim Chissano e Anselmo Anaiva efectuaram uma visita à Suécia. Chissano, que viria a ser presidente de Moçambique 67 , era na altura o representante da FRELIMO na Tanzânia e membro do Comité Político- -militar do movimento, enquanto Anaiva era responsável pelos mantimentos nas zonas libertadas. 68 O principal objectivo da visita de meados de Novembro de 1970 era explicar ao governo e ao movimento de solidariedade 69 a situação político-militar após o assassinato de Eduardo Mondlane, e da ofensiva portuguesa, designada Nó Górdio. 70 Para além de discussões tidas no Ministério dos Negócios Estrangeiros 71 , Chissano e Anaiva reuniram-se com o Partido Social Democrata 72 , com os Grupos de África 73 , com o Emmaus-Björkå 74 e com a publicação mensal, independente e socialista Kommentar. 75 Efectuaram, além disso, uma visita à ASDI, durante a qual Chissano, que além dos seus deveres políticos tinha sido professor de matemática na escola da FRELIMO 76 , apresentou o orçamento do Instituto Moçambicano para 1971, dando particular ênfase à 64. ”Um Capitão nosso aliado” em A Voz da Revolução, Junho de 1971, p. 3. 65. Södra Afrika Informationsbulletin, Nº. 12, 1971, pp. 7–10 e Nº. 13, 1971, pp. 6–8. 66. Entretanto, o Instituto propriamente dito continuou instalado na capital, Kurasini. 67. Primeiro ministro do governo provisório (Setembro de 1974 a Junho de 1975) que conduziu Moçambique à independência, Chissano foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de 1975 a 1986. Após a morte de Samora Machel em Outubro de 1986, Chissano foi nomeado presidente da FRELIMO e da República Popular de Moçambique. 68. Inga Lagerman: ”Minnesanteckningar från besök av representanter för FRELIMO den 13.11 1970 på ASDI” (”Notas da visita à ASDI de representantes da FRELIMO em 13.11 de 1970”), ASDI, 17 de Novembro de 1970 (SDA). 69. Organizada pelo Partido Social Democrata a visita de Chissano e Anaiva incluiu também os outros países nórdicos. Em Junho 1971, o presidente Samora Machel realizou uma visita de informação similar à União Soviética, RDA, Búlgaria, Roménia e Itália, (Christie op.cit., p. 70). 70. Ver a entrevista com Joaquim Chissano, p. 40. 71. Göran Hasselmark: Memorandum (”Besök av representanter för FRELIMO”/”Visita de representantes da FRE- LIMO”), Ministério dos Negócios Estrangeiros, 20 de Novembro de 1970 (MFA). 72. Partido Social Democrata: ”Verksamheten 1970” (”Actividades de 1970”), p. 81 (LMA). 73. Os Grupos de África na Suécia: ”Circular Nº. 2”, [sem indicação de local], 17 de Dezembro de 1970 (AGA). 74. Entrevista com Joaquim Chissano, p. 40. 75. Ver ”Folkets krig i Moçambique: Misslyckad portugisisk offensiv mot FRELIMO” (”A guerra popular em Moçambique: Ofensiva Portuguesa falhada contra a FRELIMO”), em Kommentar, Nº 1, 1971, pp. 16–17. 76. Instituto Moçambicano: ”Instituto Moçambicano: 1965”, [sem indicação de local nem data], p. 2.
A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho O Comité de Desertores Portugueses de Estocolmo manifestando-se contra Portugal. Outubro 1973. (Foto: Aftonbladet Bild) necessidade de ajuda nos sectores da saúde e da educação. 77 Também foi referida a criação das lojas do povo. 78 Em nome da ASDI, Stig Abelin deu uma resposta positiva e pediu à FRELIMO que fizesse um pedido formal, dizendo ainda que a ajuda possível seria dada em géneros. 79 Janet Mondlane apresentou um pedido no início de Janeiro de 1971. 80 A ajuda oficial sueca à FRELIMO foi debatida no mês seguinte, pelo vice director geral da ASDI, Anders Forsse, com o director do Instituto Moçambicano e com o vice presidente da FRELIMO, Marcelino dos Santos, em Dar es Salaam. Há que dizer que Forsse estava reticente. No seu relatório ao Comité Consultivo sobre Ajuda Humanitária caracterizou a crise pós-Mondlane como ”querelas internas” 81 , acrescentando que a organização estava a ”evoluir de Danton para Robespierre”. 82 Janet Mondlane era descrita como sendo uma ”figura decorativa” 83 e, dando a sua opinião sobre Marcelino dos Santos, fê-lo em tom pitoresco, referindo que se dizia nos bastidores que ”lhe foi recentemente atribuída uma 77. Inga Lagerman: Memorando (”Minnesanteckningar från besök av representanter för FRELIMO den 13.11 1970 på SIDA”/”Notas da visita de representantes da FRELIMO em 13.11 1970 à ASDI”), ASDI, Estocolmo, 17 de Novembro de 1970 (SDA). 78. Ibid. 79. Ibid. 80. Marianne Rappe: Memorando (”Beslut om fortsatt stöd till Mozambique Institute, (FRELIMO), Dar es Salaam”/”Decisão de continuar a prestar ajuda ao Instituto Moçambicano (FRELIMO), Dar es Salaam”), ASDI, Estocolmo,16 de Maio de 1971 (SDA). 81. Em sueco, ”kivet inom FRELIMO”. 82. Anders Forsse: Memorando (”Om samtal med FRELIMO-representanter”/”Relativo a conversas com representantes da FRELIMO”), ASDI, Estocolmo, 1 de Março de 1971 (SDA). 83. Em sueco, kuttersmycke. Citando fontes diplomáticas, Forsse acrescentou, que ”ela será tolerada enquanto for angariando fundos” (ibid.). 187
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A FRELIMO de Moçambique: Abrir um caminho<br />
O Comité de Desertores Portugueses de Estocolmo manifestando-se c<strong>on</strong>tra Portugal. Outubro 1973.<br />
(Foto: Aft<strong>on</strong>bladet Bild)<br />
necessidade de ajuda nos sectores da saúde e da educação. 77 Também foi referida a criação<br />
das lojas do povo. 78 Em nome da ASDI, Stig Abelin deu uma resposta positiva e pediu à<br />
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em géneros. 79<br />
Janet M<strong>on</strong>dlane apresentou um pedido no início de Janeiro de 1971. 80 A ajuda oficial<br />
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Anders Forsse, com o director do Instituto Moçambicano e com o vice presidente da<br />
FRELIMO, Marcelino dos Santos, em Dar es Salaam. Há que dizer que Forsse estava<br />
reticente. No seu relatório ao Comité C<strong>on</strong>sultivo sobre Ajuda Humanitária caracterizou<br />
a crise pós-M<strong>on</strong>dlane como ”querelas internas” 81 , acrescentando que a organização estava<br />
a ”evoluir de Dant<strong>on</strong> para Robespierre”. 82 Janet M<strong>on</strong>dlane era descrita como sendo uma<br />
”figura decorativa” 83 e, dando a sua opinião sobre Marcelino dos Santos, fê-lo em tom<br />
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de Novembro de 1970 (SDA).<br />
78. Ibid.<br />
79. Ibid.<br />
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Estocolmo,16 de Maio de 1971 (SDA).<br />
81. Em sueco, ”kivet inom FRELIMO”.<br />
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da FRELIMO”), ASDI, Estocolmo, 1 de Março de 1971 (SDA).<br />
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angariando fundos” (ibid.).<br />
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