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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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184<br />

Tor Sellström<br />

numa grande operação, angariar nada mais, nada menos do que 2 milhões de coroas suecas<br />

para o instituto da FRELIMO 52 , ou seja, uma verba superior à ajuda governamental<br />

oficial entre os anos de 1965 e de 1968. 53 Tal como declarou Janet M<strong>on</strong>dlane, o que<br />

importava não era apenas o dinheiro, mas também o facto de a Operati<strong>on</strong> Dagsverke de<br />

1969 ter trazido a FRELIMO e a luta pela libertação em Moçambique para as casas e os<br />

locais de trabalho de toda a Suécia.<br />

A causa da FRELIMO foi alvo de um destaque ainda maior quando a SECO decidiu<br />

que a Save <strong>the</strong> Children 54 da Suécia poderia administrar as verbas recolhidas. Tratava-se<br />

de uma ONG firmemente implantada e muito influente, que dificilmente poderia ser<br />

acusada de actividades subversivas ou de ser favorável ao partido comunista. Esta decisão<br />

marcou o início de uma relação estreita entre o Instituto Moçambicano e a Rädda<br />

Barnen. Quando, em 1972, a SECO decidiu levar a cabo mais uma ”Operação um dia<br />

de trabalho” para Moçambique, recolhendo desta vez 450.000 coroas suecas 55 , a Save <strong>the</strong><br />

Children não se limitou a funci<strong>on</strong>ar como parceiro operaci<strong>on</strong>al, mas também atribuiu<br />

verbas próprias, através do Instituto Moçambicano, às crianças moçambicanas refugiadas<br />

no campo da FRELIMO em Tunduru, no sul da Tanzânia. 56 A cooperação baseava-se<br />

na c<strong>on</strong>fiança e em Abril de 1973, Staffan Bodemar, chefe do departamento financeiro<br />

do Rädda Barnen, escreveu a Janet M<strong>on</strong>dlane, dizendo que ”não vemos necessidade de<br />

a senhora nos enviar relatórios extensos e pormenorizados, pois basta-nos receber um<br />

resumo geral, que nos permita ver como estão a ser usadas as verbas disp<strong>on</strong>ibilizadas<br />

pela SECO-RB”. 57 Ficava aqui um c<strong>on</strong>traste claro com as exigências de apresentação de<br />

relatórios feitas pela ASDI.<br />

Tendo um grande apoio popular e ligações fortes ao mundo da política, criadas pelos<br />

M<strong>on</strong>dlane, tanto com o Partido Social Democrata no poder, como com o Partido<br />

Liberal, na oposição, a posição da FRELIMO na Suécia não foi afectada negativamente<br />

pela crise de 1968–70. No entanto, numa carta enviada ao futuro membro do Gabinete<br />

Político da FRELIMO, Jacinto Veloso, Anders Johanss<strong>on</strong> dizia, em Novembro de 1969<br />

que ”as pessoas estão um pouco c<strong>on</strong>fusas na Suécia, neste momento, quanto à FRELI-<br />

MO, na sequência da declaração de Simango e das acusações c<strong>on</strong>tra Samora Machel e<br />

Marcelino dos Santos”. 58 C<strong>on</strong>tudo, as questões nunca se transformaram em dúvidas, e<br />

52. Elevorganisati<strong>on</strong>en i Sverige: Resposta a um questi<strong>on</strong>ário do Instituto Nórdico de Estudos Africanos, 29 de<br />

Julho de 1996.<br />

53. Em 1968–69, os estudantes do ensino secundário e superior suecos recolheram, em c<strong>on</strong>junto, cerca de 2,3 milhões<br />

de coroas suecas para a FRELIMO. Foram também feitas recolhas de fundos pela FRELIMO-Suécia a partir de<br />

Novembro de 1968. O Emmaus-Björkå deu também uma c<strong>on</strong>tribuição muito importante, sob a forma de roupas<br />

usadas para os refugiados moçambicanos na Tanzânia. Não foi até agora possível apurar com exactidão o valor total<br />

da ajuda das ONGs suecas à FRELIMO e aos outros movimentos de libertação da África Austral, mas já no início<br />

dos anos setenta essa c<strong>on</strong>tribuição era superior ao da ajuda humanitária oficial dada através da ASDI. Os valores<br />

totais das transferências feitas da Suécia para os movimentos de libertação da África Austral ultrapassa bastante os<br />

valores oficiais apresentados no texto.<br />

54. Em sueco, Rädda Barnen (RB).<br />

55. Elevorganisati<strong>on</strong>en i Sverige: Resposta a um questi<strong>on</strong>ário do Instituto Nórdico de Estudos Africanos, 29 de<br />

Julho de 1996 e carta de Staffan Bodemar e Margareta Tullberg, Rädda Barnen, a Janet M<strong>on</strong>dlane, Instituto Moçambicano,<br />

[sem indicação de local], 18 de Abril de 1973 (AHM).<br />

56. Carta de Staffan Bodemar e Margareta Tullberg, Rädda Barnen, a Janet M<strong>on</strong>dlane, Instituto Moçambicano, [sem<br />

indicação de local], 18 de Abril de 1973 e carta de Janet Rae M<strong>on</strong>dlane, Instituto Moçambicano, à Save <strong>the</strong> Children<br />

Federati<strong>on</strong>, [sem indicação de local], 4 de Abril de 1974 (AHM).<br />

57. Carta de Staffan Bodemar e Margareta Tullberg, Rädda Barnen, a Janet M<strong>on</strong>dlane, Instituto Moçambicano, [sem<br />

indicação de local], 18 de Abril de 1973 (AHM).<br />

58. Carta de Anders Johanss<strong>on</strong> a Jacinto Veloso, L<strong>on</strong>dres, 15 de Novembro de 1969 (AJC). Juntamente com o<br />

primeiro Ministro da Saúde de Moçambique independente, o Dr. Helder Martins, Fernando Ganhão e Birgitta

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