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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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O PAIGC da Guiné-Bissau: Desbravar terreno<br />

sobretudo como um investimento político, e menos como caridade humanitária, c<strong>on</strong>cluía-se<br />

na avaliação que ”há todas as razões para c<strong>on</strong>tinuar na linha daquilo que se fez<br />

no passado, mas aumentando o valor da ajuda”. 194<br />

No final da década de sessenta, a decisão de alargar a ajuda oficial directa ao PAIGC e<br />

aos movimentos de libertação da África Austral não levantava qualquer celeuma política<br />

na Suécia. O Partido Moderado (c<strong>on</strong>servador) viria pouco tempo depois a opor-se aos<br />

mesmos argumentos que, em 1969, tinham sido usados como informação para a tomada<br />

unânime de posição por parte do Comité Permanente das Dotações, presidido pelo seu<br />

futuro líder Gösta Bohman. Em vincado c<strong>on</strong>traste com outros partidos com assento parlamentar,<br />

o Partido Moderado retirava c<strong>on</strong>clusões bastante negativas dos primeiros anos<br />

de cooperação com os movimentos de libertação. Por exemplo, em 1972, numa reunião<br />

da Comissão Permanente para os Negócios Estrangeiros, c<strong>on</strong>cluía que<br />

apoiar activamente movimentos revoluci<strong>on</strong>ários não está c<strong>on</strong>forme com o princípio da nãointervenção,<br />

c<strong>on</strong>sagrado no direito internaci<strong>on</strong>al, nem com a posição de neutralidade assumida<br />

pela Suécia. [...] Há, a nível internaci<strong>on</strong>al, muitas dúvidas quanto à ideia (do alargamento)<br />

da ajuda às populações africanas, sob a forma de apoio a um determinado movimento de<br />

libertação. No caso particular de um estado que pretende c<strong>on</strong>duzir uma política credível de<br />

neutralidade, dever-se-ia abdicar da c<strong>on</strong>cessão de ajuda desta forma. 195<br />

O Partido Moderado que, na altura, representava cerca de 15 por cento do eleitorado,<br />

era o único partido com assento parlamentar que se opunha à ideia de ajuda humanitária<br />

oficial directa aos movimentos de libertação.<br />

Depois dos seus primeiros e ainda tímidos passos nos inícios de 1969, o governo sueco<br />

acabaria, ao l<strong>on</strong>go dos anos e de acordo com valores actuais, por canalizar um total de<br />

53,5 milhões de coroas suecas para o PAIGC. 196 C<strong>on</strong>cebido pelo PAIGC como um programa<br />

de ajuda em géneros, a ajuda foi aumentando rapidamente, acabando por cobrir<br />

a maior parte das áreas da actividade civil do movimento de libertação, centrando-se na<br />

alimentação, transportes, educação e saúde, para além de toda a gama de artigos enviados<br />

para os armazéns do povo. De um p<strong>on</strong>to de vista administrativo, foram utilizados métodos<br />

de planeamento semelhantes aos aplicados em programas de cooperação com países<br />

independentes, o que simplificou o processo de transformação da ajuda humanitária em<br />

programa de ajuda ao desenvolvimento depois da independência da Guiné-Bissau. Tal<br />

como viria mais tarde a ac<strong>on</strong>tecer com os movimentos de libertação da África Austral,<br />

a ajuda humanitária à luta pela governação por parte da maioria e para a independência<br />

naci<strong>on</strong>al abriu caminho para a cooperação a mais l<strong>on</strong>go prazo.<br />

Como resultado do apoio dado ao PAIGC durante a luta de libertação, a Guiné-Bissau<br />

foi (como único país da África Ocidental) e a partir do ano fiscal 1974–75, incluído<br />

nos ”países-programa” que recebiam ajuda ao desenvolvimento da Suécia. 197 Com resultados<br />

umas vezes melhores que outras 198 , o valor total da ajuda sueca à Guiné-Bissau<br />

194. Ibid.<br />

195. Citado em Olav Stokke: Sveriges Utvecklingsbistånd och Biståndspolitik (”Suécia: Ajuda e política para o desenvolvimento”),<br />

Instituto Escandinavo de Estudos Africanos, Uppsala, 1978, p. 17.<br />

196. C<strong>on</strong>sulte a tabela junta de transferências da ASDI para o PAIGC.<br />

197. A República de Cabo Verde receberia, desde 1974–75, uma verba da Suécia, que foi gradualmente aumentando.<br />

Expressa em preços fixos de 1994, a ajuda cifrou-se, em Julho de 1994, num total de 1,4 mil milhões de coroas<br />

suecas (SIDA: Bistånd i Siffror och Diagram /”Ajuda ao desenvolvimento em valores e gráficos”/, Estocolmo, Janeiro<br />

de 1995, p. 60). Deve notar-se que Portugal recebeu da Suécia, durante um período mais curto, ajuda ao desenvolvimento<br />

a partir de 1975–76.<br />

198. A ajuda sueca ao desenvolvimento da Guiné-Bissau independente não foi muito bem-sucedida. Para fazer uma<br />

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