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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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170<br />

Tor Sellström<br />

do que lhe fosse prestada informação sobre a posição do governo. 188 Menos de seis meses<br />

depois a questão foi resolvida, apesar de tudo, pela ”revolução dos cravos” em Portugal.<br />

Grandemente influenciada pelas guerras em África, nomeadamente na Guiné-Bissau 189 ,<br />

o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o regime fascista de Caetano a 25 de<br />

Abril de 1974, abrindo o caminho para a democracia no país e para a c<strong>on</strong>cessão da independência<br />

naci<strong>on</strong>al às colónias em África. No final de Julho foi emitida uma declaração<br />

oficial de intenções com esse efeito, e dez dias depois, a 9 de Agosto de 1974, o governo<br />

sueco rec<strong>on</strong>heceu a República da Guiné-Bissau. 190 A independência formal de Portugal<br />

foi c<strong>on</strong>cedida a 10 de Setembro de 1974 191 e, na semana seguinte, o novo estado aderiu às<br />

Nações Unidas. 192 Séculos de opressão col<strong>on</strong>ial tinham assim terminado. A Guiné-Bissau<br />

podia enfim ocupar o seu legítimo lugar entre as nações independentes do mundo, na<br />

difícil senda de transformar espadas em arados.<br />

O PAIGC foi o primeiro movimento africano de libertação com quem o governo<br />

sueco criou um programa global de cooperação. Apesar de os primeiros c<strong>on</strong>tactos entre<br />

as duas partes terem sido estabelecidos apenas em finais da década de sessenta, e de a<br />

ajuda humanitária englobar apenas um período de meia década, o relaci<strong>on</strong>amento com<br />

o PAIGC viria, de forma significativa, a desbravar terrenos desc<strong>on</strong>hecidos e a preparar o<br />

caminho para a posterior participação da Suécia no esforço dos movimentos de libertação<br />

na África Austral. A possível ajuda ao PAIGC tinha sido menci<strong>on</strong>ada de forma clara nas<br />

alocuções históricas do parlamento sueco em Maio de 1969. Ao avaliar a nova política,<br />

volvidos dois anos, o Ministério dos Negócios Estrangeiros declarou que ”as experiências<br />

em termos de ajuda têm sido muito positivas até esta data”, acrescentando que ”a<br />

solidariedade com os países em vias de desenvolvimento, de que é exemplo a ajuda dada<br />

aos movimentos de libertação, resulta em boa-v<strong>on</strong>tade que, por sua vez, e a l<strong>on</strong>go prazo,<br />

acabará provavelmente por ter uma importância cada vez maior para a Suécia”. 193 Vista<br />

188. ”Resposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros a uma interpelação pela Sra. Dahl”, 10 de Dezembro de<br />

1973, em Ministério dos Negócios Estrangeiros: Documents <strong>on</strong> Swedish Foreign Policy: 1973, Estocolmo, 1976, pp.<br />

155–59.<br />

189. Vários oficiais que lideraram o golpe de Lisboa, entre os quais o General António de Spínola e o Capitão Otelo<br />

Saraiva de Carvalho, tinham passado muito tempo na Guiné ”portuguesa”. Spínola, que em Fevereiro de 1974 levou<br />

a cabo um importante prelúdio do golpe, ao publicar o seu famoso livro Portugal e o Futuro, tornou-se presidente da<br />

república portuguesa em Maio de 1974, mas saiu de cena quatro meses mais tarde. Spínola tinha exercido o cargo de<br />

governador e de comandante em Bissau entre 1968 e 1973. Otelo de Carvalho trabalhou no sector da informação<br />

e propaganda do quartel-general de Spínola na Guiné, <strong>on</strong>de se c<strong>on</strong>venceu da injustiça moral e política das guerras<br />

col<strong>on</strong>iais. Entre as fileiras dos oficiais influentes do Movimento das Forças Armadas destacados para Angola e Moçambique,<br />

c<strong>on</strong>tavam-se o Almirante Rosa Coutinho que, por exemplo, tinha estado destacado para Angola, <strong>on</strong>de<br />

tinha chefiado o governo militar após o golpe de Abril de 1974.<br />

190. Press release”, 9 de Agosto de 1974, em Ministério dos Negócios Estrangeiros: Documents <strong>on</strong> Swedish Foreign<br />

Policy: 1974, Estocolmo, 1976, p. 180. Chabal, e outros observadores que se lhe seguiram, engana-se quando declara<br />

que ”nem um único governo ocidental rec<strong>on</strong>heceu a Guiné-Bissau até o governo português o fazer” (Chabal op. cit.,<br />

p. 131).<br />

191. O ministro sueco dos Negócios Estrangeiros, Sven Anderss<strong>on</strong>, fez uma intervenção na televisão portuguesa no<br />

dia da independência da Guiné-Bissau (”Declaração pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Sr. Sven Anderss<strong>on</strong>, à<br />

televisão portuguesa por ocasião da declaração de independência da Guiné-Bissau de Portugal”, 10 de Setembro de<br />

1974, em Ministério dos Negócios Estrangeiros: Documents <strong>on</strong> Swedish Foreign Policy: 1974, Estocolmo, 1976, pp.<br />

180–81).<br />

192. O processo c<strong>on</strong>ducente à independência de Cabo Verde foi mais complicado. Após eleições para a Assembleia<br />

Naci<strong>on</strong>al, as ilhas tornaram-se na República Independente de Cabo Verde a 5 de Julho de 1975. O PAIGC era o<br />

partido dominante na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, até à cisão em Janeiro de 1981, altura em que o PAIGC foi<br />

substituído nas ilhas pelo PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde).<br />

193. E<strong>the</strong>l Ringborg: Memorando (”Stöd till befrielserörelser”/”Ajuda aos movimentos de libertação”), Ministério<br />

dos Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 7 de Setembro de 1971 (MFA).

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