Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...
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Em representação das<br />
Nações Unidas nas<br />
z<strong>on</strong>as detidas pelo<br />
PAIGC: Folke Löfgren<br />
com alunos da escola<br />
de mato Areolino Lopes<br />
Cruz, c<strong>on</strong>sultando o<br />
livro escolar O Nosso<br />
Livro de Uppsala, Abril<br />
de 1972 (Foto gentilmente<br />
cedida por Folke<br />
Löfgren)<br />
O PAIGC da Guiné-Bissau: Desbravar terreno<br />
ção” 169 , c<strong>on</strong>cluindo que o PAIGC não apenas c<strong>on</strong>trolava militarmente, mas governava de<br />
facto os territórios libertados. Löfgren teve oportunidade de registar in loco que a ajuda<br />
humanitária sueca (nomeadamente em termos de material escolar, mormente na forma<br />
do livro escolar O Nosso Livro) chegava às populações no interior do país. 170 Em geral,<br />
a missão c<strong>on</strong>firmou o apoio popular de que gozava o PAIGC nas z<strong>on</strong>as visitadas, tendo<br />
recomendado o rec<strong>on</strong>hecimento da declaração planeada de independência da Guiné-<br />
Bissau. 171 Com base nas suas c<strong>on</strong>clusões, o Comité das Nações Unidas para a Descol<strong>on</strong>ização<br />
aprovou, numa reunião em C<strong>on</strong>acri a 10 de Abril de 1972, na qual participou<br />
Amílcar Cabral, uma resolução, em que rec<strong>on</strong>hecia o PAIGC como<br />
o único e autêntico representante do território da Guiné-Bissau, solicitando a todos os estados<br />
e agências especializadas, bem como outras organizações do sistema das Nações Unidas, que<br />
tomassem esse facto em c<strong>on</strong>sideração ao tratar de questões que se relaci<strong>on</strong>assem com a Guiné-<br />
Bissau e Cabo Verde. 172<br />
Tratou-se de um grande êxito politico e diplomático para o PAIGC e, de uma forma mais<br />
geral, de ”um enorme avanço em termos da compreensão internaci<strong>on</strong>al para a maior legitimidade<br />
dos movimentos africanos de libertação junto das Nações Unidas”. 173 Com base<br />
no relatório da missão, o Comité das Nações Unidas para a Descol<strong>on</strong>ização pôde então<br />
instar ao rec<strong>on</strong>hecimento dos movimentos de libertação enquanto observadores, e não<br />
apenas como petici<strong>on</strong>ários. 174 Ainda mais importante do que isso foi que, pela primeira<br />
169. Nações Unidas: ”Relatório da Missão Especial das Nações Unidas à Guiné-Bissau”, Reimpresso de Objective:<br />
Justice, Vol. 4, Nº 3, Nova Iorque, Setembro de 1972, p. 12.<br />
170. Johnny Flodman: ”Svensk FN-diplomat jagades av portugiser i Guinea” (”Diplomata sueco das Nações Unidas<br />
foi perseguido pelos portugueses na Guiné”), em Svenska Dagbladet, 17 de Abril de 1972.<br />
171. A missão visitou a Guiné-Bissau numa altura em que o PAIGC estava a c<strong>on</strong>duzir os preparativos para as primeiras<br />
eleições naci<strong>on</strong>ais no país, nas z<strong>on</strong>as libertadas. As eleições para os c<strong>on</strong>selhos regi<strong>on</strong>ais realizaram-se em Agosto<br />
de 1972. Os c<strong>on</strong>selheiros elegeram, por sua vez, os membros de uma Assembleia Naci<strong>on</strong>al.<br />
172. Nações Unidas: Secretariat News, Vol. XXVII, No. 10, Nova Iorque, 31 de Maio de 1972, p. 9.<br />
173. Entrevista com Salim Ahmed Salim, p. 244.<br />
174. Ibid.<br />
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