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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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O PAIGC da Guiné-Bissau: Desbravar terreno<br />

objectivos ”estudar e combater o imperialismo, especialmente o da Suécia em África” 154<br />

foi adoptada uma directriz, em Janeiro de 1971 ”para a actividade dos grupos”. 155 Terminada<br />

a c<strong>on</strong>ferência, os grupos enviaram cartas para os gabinetes da FRELIMO, do<br />

MPLA e do PAIGC, informando-os de que o trabalho do movimento de solidariedade se<br />

baseava ”no princípio formulado pelo camarada Amílcar Cabral”, nomeadamente que<br />

a melhor forma de provar a vossa solidariedade é lutar c<strong>on</strong>tra o imperialismo nos vossos países,<br />

ou seja, na Europa. Enviar-nos medicamentos é positivo, mas secundário. 156<br />

Independentemente das suas posições quanto ao imperialismo, era difícil afirmar, pelo<br />

menos no caso da Suécia, que os líderes do PAIGC, da FRELIMO e do MPLA tenham<br />

ficado muito estimulados por, no início de 1971, terem sido informados da aplicação de<br />

uma declaração geral feita em 1964 e que se aplicava a uma situação c<strong>on</strong>creta, existente<br />

nesse primeiro momento. 157 É além disso improvável que c<strong>on</strong>siderassem a ajuda humanitária<br />

como algo secundário, ou que vissem de todo a Suécia como um país imperialista. 158<br />

O líder citado do PAIGC participara activamente na ajuda sueca. Cabral tinha também<br />

uma enorme abertura de espírito face ao relaci<strong>on</strong>amento entre a Suécia e Portugal. Durante<br />

a sua primeira visita, realizada nos finais de 1968, declarou, segundo narra Pierre<br />

Schori, que Portugal não devia ser excluído da EFTA, pois isso significaria ”que o país<br />

poderia agir com ainda mais à-v<strong>on</strong>tade”. 159 Como c<strong>on</strong>sta das notas de uma reunião entre<br />

o representante das Nações Unidas Sverker Åström e Cabral, realizada em Fevereiro de<br />

1970, este último deixou clara a sua opinião, dizendo<br />

perceber perfeitamente que a filiação de Portugal na EFTA impunha certos limites à Suécia,<br />

mas que queria destacar que não gostaria, de forma alguma, de recomendar uma interrupção<br />

das relações comerciais entre a Suécia e Portugal, corte esse que sabia ser exigido por certos<br />

núcleos radicais de jovens na Suécia. 160<br />

Uma vez que encabeçava uma luta de libertação que estava a correr bem e tendo a intenção<br />

de manter e desenvolver relaci<strong>on</strong>amentos internaci<strong>on</strong>ais depois da independência<br />

da Guiné-Bissau, a diplomacia c<strong>on</strong>duzida por Cabral caracterizava-se por um realismo<br />

pragmático. De acordo com o académico guineense Carlos Lopes, o seu principal mote<br />

c<strong>on</strong>dutor era ”a nossa ideologia é o naci<strong>on</strong>alismo, obter a nossa independência, e obtê-la<br />

de uma forma absoluta, e fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance usando as nossas<br />

próprias forças, embora cooperando com todos os outros povos para c<strong>on</strong>seguir desenvolver<br />

o nosso país”. 161 Esta posição não só c<strong>on</strong>trasta com a interpretação ideológica do<br />

154. Os Grupos de África na Suécia: ”Circular No. 3”, sem indicação de local, 8 de Abril de 1971 (AGA).<br />

155. Ibid. Ver também Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin, No. 11, 1971, p. 2.<br />

156. Carta (em francês) em nome dos Grupos de África de Arvika, Lund, Estocolmo e Uppsala, escrita por Dick<br />

Urban Vestbro e enviada à FRELIMO, ao MPLA e ao PAIGC, Estocolmo, 3 de Janeiro de 1971 (AGA).<br />

157. Pelo c<strong>on</strong>trário, numa alocução c<strong>on</strong>junta com Göran Palm na Universidade de Uppsala, em Novembro de<br />

1968, Cabral disse: ”Não se limitem a manifestar-se. Façam também algo de c<strong>on</strong>creto. [...] Enviem-nos medicamentos<br />

e outros bens de que necessitamos” (Upsala Nya Tidning, 28 de Novembro de 1968). O primeiro pedido de<br />

ajuda sueca à luta de libertação nas colónias portuguesas em África foi feito por Marcelino dos Santos em nome do<br />

MPLA, em 1961. Centrava-se no pedido de medicamentos para os refugiados angolanos na região do Baixo C<strong>on</strong>go.<br />

Apercebendo-se da reacção positiva do jornal Expressen, Cabral também pediu ao jornal liberal sueco que ajudasse a<br />

c<strong>on</strong>seguir medicamentos.<br />

158. Cf. as entrevistas com Lúcio Lara do MPLA (pp. 18–21) e Marcelino dos Santos da FRELIMO (pp. 47–52).<br />

159. Citado em ”Portugals argumentnöd bevisar: Kol<strong>on</strong>ialkrigen går dåligt!” (”A falta de argumentos de Portugal<br />

prova que as guerras col<strong>on</strong>iais não estão a correr bem!”), em Arbetet, 13 de Dezembro de 1968.<br />

160. Carta (”Samtal med Amílcar Cabral om läget i Portugisiska Guinea”/”C<strong>on</strong>versa com Amílcar Cabral sobre a<br />

situação da Guiné portuguesa”) de Sverker Åström para o Ministério sueco dos Negócios Estrangeiros, Nova Iorque,<br />

26 de Fevereiro de 1970 (SDA).<br />

161. Cabral citado em Lopes op. cit., p. 57.<br />

165

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