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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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152<br />

Tor Sellström<br />

Particularmente significativa foi a interpretação de ajuda humanitária ao PAIGC feita<br />

pelo governo sueco e pela ASDI, e que foi posteriormente aplicada aos movimentos de<br />

libertação na África Austral. A cooperação com o PAIGC não apenas definiu o c<strong>on</strong>teúdo<br />

geral e a estrutura do programa de ajuda oficial da Suécia aos movimentos de libertação,<br />

mas criou também uma cultura instituci<strong>on</strong>al dentro da ASDI, e entre esta e o Ministério<br />

dos Negócios Estrangeiros. Daí que seja relevante fazer um esboço da cooperação entre<br />

o governo sueco e o PAIGC. 69<br />

Uma ruptura decisiva<br />

A missão de apuramento de factos de Curt Ström em Maio de 1969 moldou de uma<br />

forma geral a futura ajuda sueca ao PAIGC. A caminho da Guiné, Ström começou por<br />

visitar o Senegal, <strong>on</strong>de viviam na altura mais de 50.000 refugiados da Guiné-Bissau. 70<br />

C<strong>on</strong>statou que os refugiados eram bem recebidos pelas autoridades senegalesas. Além<br />

disso o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados financiara a c<strong>on</strong>strução<br />

de trinta escolas para crianças refugiadas. 71 Foi este o pano de fundo que serviu a Ström<br />

para c<strong>on</strong>cluir que ”não há razão para a ASDI apoiar as actividades de ajuda em prol dos<br />

refugiados no Senegal”. 72<br />

A Suécia não dispunha de representação oficial na Guiné 73 e a ajuda que dava ao<br />

desenvolvimento não cobria esta antiga colónia francesa. As primeiras c<strong>on</strong>versações de<br />

Ström com as autoridades em C<strong>on</strong>acri realizaram-se num c<strong>on</strong>texto ”não isento de fricções”.<br />

74 Ao mesmo tempo que c<strong>on</strong>firmavam que a ajuda ao PAIGC seria bem-vinda,<br />

deixavam bem claro que a Guiné esperava, como compensação, algum apoio. No seu<br />

relatório, o representante da ASDI c<strong>on</strong>cluiu que ”as c<strong>on</strong>tribuições a favor do PAIGC<br />

que não satisfaçam algumas das muitas necessidades enumeradas pelo governo da Guiné<br />

não parecem muito ac<strong>on</strong>selháveis”. 75 O governo sueco acabou por c<strong>on</strong>cordar com este<br />

p<strong>on</strong>to de vista, dando um apoio limitado ao sector da educação da República da Guiné.<br />

De acordo com Stig Lövgren, que viria a ser resp<strong>on</strong>sável pelo programa de c<strong>on</strong>cursos<br />

públicos da ASDI para aprovisi<strong>on</strong>amento de bens para o PAIGC, ”tivemos de criar um<br />

compromisso especial com a Guiné-C<strong>on</strong>acri, que permitisse pôr as coisas a funci<strong>on</strong>ar.<br />

69. Incluído sobretudo como uma introdução ao tema da ajuda sueca aos movimentos de libertação da África Austral,<br />

o ”desvio” pela via do PAIGC e da Guiné-Bissau, é tudo menos global. Apesar de serem dados exemplos que<br />

ilustram o âmbito e o carácter da ajuda do governo sueco, o importante papel desempenhado pelo Partido Social<br />

Democrata, pelos Grupos de África e por outras organizações de solidariedade, não recebe o rec<strong>on</strong>hecimento devido.<br />

Para além de tudo aquilo que é acima referido, deve notar-se também que o Partido Social Democrata e a Liga da<br />

Juventude Social Democrata recolheram fundos para a produção, no final dos anos sessenta, por parte do PAIGC,<br />

dos primeiros manuais escolares em português. O primeiro livro (PAIGC: O Nosso Livro: 1ª Classe”) foi impresso<br />

em 1970 pela Wretmans Boktryckeri, em Uppsala, com uma tiragem de 20.000 exemplares. Nesse mesmo ano a<br />

Wretmans publicou (”O Nosso Livro: 2ª Classe”), com uma tiragem de 25.000 exemplares. Ao lado do nome da<br />

editora, na capa do segundo livro, dizia-se que o livro era publicado pelo PAIGC nas ”z<strong>on</strong>as libertadas da Guiné”.<br />

70. Curt Ström: ”Reserapport” (”Relato de viagem”), ASDI, Estocolmo, 13 de Junho de 1969 (SDA).<br />

71. Ibid. Quinze das escolas foram c<strong>on</strong>struídas com c<strong>on</strong>tribuições da Noruega.<br />

72. Ibid. Durante a sua visita ao Senegal, Ström enc<strong>on</strong>trou-se com Benjamin Pinto-Bull, o líder da organização de<br />

libertação rival da Guiné, a FLING. Pinto-Bull afirmava que a sua organização tinha ”um apoio mais forte junto do<br />

povo da Guiné-Bissau do que o PAIGC”, mas Ström nunca ficou disso c<strong>on</strong>vencido nem muito impressi<strong>on</strong>ado com<br />

o líder da FLING.<br />

73. Durante as suas reuniões em C<strong>on</strong>acri, Ström descobriu que o governo da República da Guiné e o PAIGC tinham<br />

”fortes suspeitas” sobre o cônsul sueco no local. Amílcar Cabral afirmou que não queria que o cônsul tivesse qualquer<br />

participação numa eventual futura ajuda sueca (ibid)<br />

74. Ibid.<br />

75. Ibid.

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