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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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146<br />

Tor Sellström<br />

África foi particularmente eficaz, durante a primeira metade dos anos sessenta, no caso<br />

da Guiné-Bissau. Só em 1964 é que o jornalista e historiador britânico Basil Davids<strong>on</strong> 36<br />

e o seu colega francês Gérard Chaliand 37 publicaram um perfil de Amílcar Cabral e uma<br />

narrativa da luta de libertação travada pelo PAIGC. Na Suécia, foi o Comité da África<br />

do Sul de Lund e a redacção do boletim Syd- och Sydvästafrika (a c<strong>on</strong>selho de Eduardo<br />

M<strong>on</strong>dlane) quem, dois anos mais tarde, c<strong>on</strong>seguiu furar esse muro de silêncio, reproduzindo<br />

um resumo do programa do PAIGC e um relato feito por Cabral, num número<br />

inteiramente dedicado a Portugal e às suas guerras em África. 38 O Comité de Lund e o<br />

boletim do movimento sueco de solidariedade marcaria assim o início de um prol<strong>on</strong>gado<br />

e sustentado esforço de informar sobre as lutas nas colónias portuguesas. Esse trabalho<br />

viria posteriormente a ser prosseguido pela segunda geração dos Grupos de África em<br />

Lund e pelo Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin. 39<br />

Pouco depois desses ac<strong>on</strong>tecimentos, o Partido Social Democrata no poder passou a<br />

c<strong>on</strong>hecer melhor o PAIGC e a luta de libertação na Guiné-Bissau. Uma vez estabelecidas<br />

relações directas com o presidente da FRELIMO, Eduardo M<strong>on</strong>dlane, e de visitar<br />

Portugal numa ”missão secreta” de apuramento de factos para a Internaci<strong>on</strong>al Socialista,<br />

Pierre Schori c<strong>on</strong>cluiu, em meados de 1967, numa edição do Tiden, jornal oficial do<br />

partido, que ”o nosso apoio aos movimentos de libertação nas colónias portuguesas pode<br />

aumentar. Devemos, acima de tudo”, escreveu o secretário internaci<strong>on</strong>al dos social democratas,<br />

”intensificar os nossos c<strong>on</strong>tactos com os naci<strong>on</strong>alistas do PAIGC”. 40<br />

Mais ou menos nessa altura, houve uma série de suecos (representando o movimento<br />

de solidariedade das ONGs, mas também o Partido Social Democrata) que<br />

entrou em c<strong>on</strong>tacto com o PAIGC para visitar as z<strong>on</strong>as libertadas da Guiné-Bissau. 41<br />

Dando uma publicidade muito grande às suas experiências, as primeiras visitas foram<br />

organizadas, de forma digna de nota, em 1968 42 por Rolf Gustavss<strong>on</strong> do Comité<br />

da África do Sul de Lund, pelo escritor Göran Palm e Bertil Malmström do Comité<br />

de Uppsala para a África do Sul em 1969 43 , pelo académico Lars Rudebeck em<br />

36. Basil Davids<strong>on</strong>: ”Profile of Amílcar Cabral” em West Africa, 28 de Abril de 1964.<br />

37. Gérard Chaliand: Guinée ”portugaise” et Cap Vert en Lutte pour Leur Independance (”A Guiné ”portuguesa” e<br />

Cabo Verde em luta pela sua independência”), Maspero, Paris, 1964.<br />

38. Syd- och Sydvästafrika, No. 4, 1966, pp. 11–14.<br />

39. Como reflexo do aprofundamento da atenção dada pelo movimento de solidariedade sueco, o boletim informativo<br />

Syd- och Sydvästafrika (publicado em Lund desde Janeiro de 1964) viu o seu nome ser mudado em 1967 para<br />

Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin (e em 1975 para Afrikabulletinen, órgão oficial dos Grupos de África da Suécia).<br />

40. Pierre Schori: ”Portugal”, em Tiden, No. 8, 1967, p. 495.<br />

41. Em c<strong>on</strong>traste com outros movimentos de libertação, o PAIGC era ”particularmente aberto e acessível a visitantes<br />

estrangeiros”, nomeadamente jornalistas, escritores, equipas de filmagem, advogados e académicos, e ”fez todos os<br />

esforços para c<strong>on</strong>seguir que esses visitantes pudessem viajar pelo país durante a guerra” (Chabal op. cit., p. 6). O<br />

acesso a partir da Guiné-C<strong>on</strong>acri e do Senegal era fácil e a reduzida dimensão do país tornava possível que os visitantes<br />

se deslocassem a pé por grandes extensões do território, num espaço de tempo relativamente curto. Enquanto<br />

primeiro jornalista internaci<strong>on</strong>al de sempre a visitar o território, Anders Johanss<strong>on</strong> do jornal liberal sueco Dagens<br />

Nyheter visitou em Fevereiro de 1968 as z<strong>on</strong>as libertadas do norte de Moçambique, na companhia do presidente<br />

da FRELIMO Eduardo M<strong>on</strong>dlane. Além disso, em Julho-Agosto de 1969, o jornalista e vice presidente da Liga da<br />

Juventude Liberal Olle Wästberg acompanhou a FNLA numa missão no norte de Angola. As frequentes visitas de<br />

jornalistas e activistas suecos às z<strong>on</strong>as libertadas das colónias portuguesas em 1968–70 c<strong>on</strong>tribuíram muito para<br />

centrar a atenção pública nesses territórios.<br />

42. Rolf Gustavss<strong>on</strong>: ”Besök hos gerillan 1968” (”Visita à guerrilha em 1968”) em Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin,<br />

No. 7, 1970, pp. 9–13. Para além de dedicar alguns programas de rádio e artigos de jornal à Guiné-Bissau,<br />

Gustavss<strong>on</strong> (um africanista bem c<strong>on</strong>hecido e repórter da televisão sueca) publicou mais tarde uma importante antologia,<br />

chamada Kapitalismens utveckling i Afrika: Studier i Afrikas moderna ek<strong>on</strong>omiska historia (”O desenvolvimento<br />

do capitalismo em África: Estudos sobre a história ec<strong>on</strong>ómica moderna de África”), Cavefors, Lund, 1971.<br />

43. Göran Palm: ”Besök hos Gerillan 1969: Kampen Enar Folket” (”Visita à guerrilha em 1969: A luta une o povo”)

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