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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

parlamento sueco em 1969, a quase totalidade dos recursos foi dedicada aos movimentos<br />

da África portuguesa, situação que se manteve até meados dos anos setenta.<br />

Dos 67,5 milhões de coroas suecas c<strong>on</strong>sedidas como apoio humanitário directo aos<br />

movimentos de libertação da África Austral e ao PAIGC durante o ano fiscal de 1969–<br />

70 8 a 1974–75, 64,5 milhões, ou seja, uns esmagadores 96 por cento, foram canalizados<br />

para o MPLA de Angola, a FRELIMO de Moçambique, o PAIGC da Guiné-Bissau e<br />

Cabo Verde. 9 Nesse mesmo período, o ANC da África do Sul, a SWAPO da Namíbia<br />

e a ZANU e ZAPU do Zimbabué receberam, juntos, apenas 3 milhões de coroas. 10 Na<br />

verdade, o apoio a este último grupo foi, a princípio, visto como um c<strong>on</strong>tra-peso político<br />

à c<strong>on</strong>centração nas colónias portuguesas, motivado pela necessidade que se sentiu de aumentar<br />

a credibilidade internaci<strong>on</strong>al da política geral sueca relativamente aos movimentos<br />

de libertação. Ao avaliar os dois primeiros anos da nova política, o Departamento de<br />

Cooperação Internaci<strong>on</strong>al para o Desenvolvimento do Ministério dos Negócios Estrangeiros<br />

c<strong>on</strong>cluiu, em Setembro de 1971, que ”o destaque dado aos territórios portugueses<br />

deve ser mantido”. Declarava também o seguinte:<br />

O apoio simbólico c<strong>on</strong>cedido aos movimentos de menor dimensão da parte austral do c<strong>on</strong>tinente<br />

deve também ser prosseguido, por razões humanitárias e morais, mas também políticas,<br />

são de assistência oficial por parte da Suécia aos movimentos de libertação nas colónias portuguesas. Em Janeiro de<br />

1967, Lars Werner, futuro líder do partido, acompanhado de outros membros do ainda chamado Partido Comunista<br />

da Suécia, apresentou uma moção a favor da FRELIMO de Moçambique, que foi rejeitada pela Comissão Permanente<br />

para os Negócios Estrangeiros. Werner, acompanhado por C.H. Hermanss<strong>on</strong>, presidente do agora chamado<br />

Partido de Esquerda Comunista, voltou a apresentar a moção em Janeiro de 1968. Desta feita, a moção pretendia<br />

c<strong>on</strong>ceder apoio ”ao movimento de libertação das colónias portuguesas através do CONCP”, ou seja, a aliança entre<br />

a FRELIMO, o MPLA e o PAIGC (Parlamento sueco, 1968: Moção nº 507 na Câmara Segunda (Werner) e Moção<br />

nº 633 na Câmara Primeira (Hermanss<strong>on</strong> e outros), Riksdagens Protokoll, 1968, pp. 12 e 1 a 3). Esta iniciativa foi,<br />

também ela, rejeitada pela maioria parlamentar mas, um ano depois, moções similares apresentadas pelo Partido<br />

Social Democrata (no poder) e pelo Partido de Esquerda Comunista (na oposição), pelo Partido do Centro e pelo<br />

Partido Liberal, mereceram apoio, preparando o terreno para a histórica decisão tomada em 1969 pela Comissão<br />

Permanente das Dotações.<br />

8. Durante o período abrangido pelo presente estudo, o ano fiscal na Suécia começava a 1 de Julho e terminava a 30<br />

de Junho.<br />

9. C<strong>on</strong>sulte as tabelas em anexo relativas às transferências de capitais da ASDI para os movimentos de libertação da<br />

África Austral e para o PAIGC.<br />

10. Na Suécia, foram os intelectuais e os jornais liberais quem primeiro fez ouvir a sua voz c<strong>on</strong>tra a África do Sul<br />

do apar<strong>the</strong>id. É de assinalar que também foi o Partido do Centro e o Partido Liberal, na oposição, quem primeiro<br />

pediu que fosse c<strong>on</strong>cedido apoio financeiro directo e oficial ao ANC, à SWAPO, à ZANU e à ZAPU. Esse pedido<br />

foi apresentado pela primeira vez no parlamento sueco em Janeiro de 1969, ou seja, antes dessa política ter sido<br />

oficialmente endossada. Os líderes do Partido do Centro, Gunnar Hedlund e do Partido Liberal, Sven Wedén,<br />

apresentaram uma moção c<strong>on</strong>junta ao parlamento sueco, em prol dos movimentos na África Austral ”que lutam por<br />

justiça social e ec<strong>on</strong>ómica. São dignos de especial nota, neste c<strong>on</strong>texto, os movimentos que operam na Rodésia, Moçambique,<br />

Angola, Guiné portuguesa, Namíbia e África do Sul” (Parlamento sueco 1969: Moção nº 511 na Câmara<br />

Segunda, Riksdagens Protokoll 1969, p. 16). Moções do mesmo teor foram apresentadas em 1970 e em 1971 pelos<br />

partidos ”do centro” não-socialistas e, em Janeiro de 1972, os novos líderes do Partido Centro e do Partido Liberal,<br />

respectivamente Thorbjörn Fälldin e Gunnar Helén, voltaram a defender a necessidade de apoiar os movimentos de<br />

libertação da África do Sul, Namíbia e Zimbabué. No documento que c<strong>on</strong>juntamente apresentaram ao parlamento,<br />

Fälldin e Helén declaravam que estavam ”na generalidade” de acordo com a ajuda dada pela Suécia, maioritariamente<br />

destinada aos movimentos de libertação das colónias portuguesas, mas c<strong>on</strong>sideravam ser ”urgente” que os<br />

movimentos da África do Sul, Namíbia e Zimbabué ”recebam ajuda sueca, apesar de terem tido um sucesso apenas<br />

limitado nas suas acções” (Parlamento sueco, 1972, moção nº 934, Riksdagens Protokoll 1972, p. 16). Em termos<br />

gerais, poderia c<strong>on</strong>cluir-se que, no início da década de setenta, a esquerda sueca dava prioridade aos movimentos de<br />

libertação nas colónias portuguesas, apesar de os partidos de centro não-socialistas estarem a favor de se aumentar o<br />

apoio aos naci<strong>on</strong>alistas da África do Sul, Namíbia e Zimbabué. Tal como foi referido anteriormente, deve c<strong>on</strong>statar-<br />

-se o facto de o Partido Social Democrata, no poder, não ter tomado a iniciativa parlamentar face a qualquer dos<br />

movimentos africanos de libertação apoiados oficialmente pela Suécia.

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