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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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136<br />

Tor Sellström<br />

FRELIMO, o apoio directo do governo sueco foi suspenso até 1971, altura em que<br />

foi retomado, sob a forma de programa de cooperação directa. Até à independência de<br />

Moçambique em Junho de 1975 e sem c<strong>on</strong>tar com subsídios anteriores ao Instituto Moçambicano,<br />

foram pagos 23 milhões de coroas suecas à FRELIMO, através da ASDI. 145<br />

Se juntarmos os 1,7 milhões de coroas suecas pagos ao Instituto Moçambicano em 1965,<br />

o apoio oficial da Suécia ao movimento de libertação de Moçambique não chegou aos 25<br />

milhões de coroas suecas, ou seja, menos de metade dos 53,5 milhões pagos ao PAIGC<br />

da Guiné-Bissau em 1969. 146 Tal como no caso do MPLA de Angola, mesmo uma c<strong>on</strong>tribuição<br />

tão modesta era algo de excepci<strong>on</strong>al no mundo ocidental.<br />

Era também assim que a situação era vista por Portugal, parceiro da Suécia na EFTA,<br />

e pelos col<strong>on</strong>os portugueses em Moçambique. Após a decisão do governo sueco de c<strong>on</strong>ceder<br />

auxílio humanitário ao PAIGC, a retirada da ASEA do projecto de Cahora Bassa e<br />

do c<strong>on</strong>vite por parte do Partido Social Democrata a Marcelino dos Santos da FRELIMO<br />

e a Amílcar Cabral do PAIGC para participarem no seu c<strong>on</strong>gresso de finais de Setembro<br />

de 1969, houve uma vaga de protestos c<strong>on</strong>tra a Suécia em Portugal, Moçambique e<br />

noutros locais do mundo lusóf<strong>on</strong>o, incluindo também a África do Sul. Apesar do apoio<br />

oficial da Suécia ao Instituto Moçambicano estar suspenso nessa altura, e de, naquele momento,<br />

ainda não ter sido tomada a decisão de cooperar directamente com a FRELIMO,<br />

a reacção anti-sueca foi especialmente forte em Moçambique.<br />

A 16 de Outubro de 1969, as autoridades municipais de Lisboa, Luanda e Lourenço<br />

Marques decidiram boicotar os produtos suecos e, no mesmo dia, os cônsules suecos nas<br />

capitais de Angola e Moçambique demitiram-se. Alguns dias mais tarde, o Governador<br />

português em Lourenço Marques emitiu um comunicado ”à população de Moçambique”<br />

explicando que<br />

os estivadores locais recusaram-se a carregar ou descarregar os navios suecos Bullaren e Skälderviken<br />

como reacção à atitude do governo sueco para com Portugal e o seu apoio de organizações<br />

terroristas. [...] Em seguida, manifestantes marcharam para a Câmara Municipal, <strong>on</strong>de<br />

dois oradores atacaram a posição sueca e incentivaram as autoridades locais a cortar relações<br />

comerciais com este país. A manifestação dispersou depois de se cantar o hino naci<strong>on</strong>al e gritar<br />

vivas ao Presidente de República. [...] O Presidente da Câmara apressou-se a transmitir os<br />

pedidos patrióticos dos manifestantes ao Governador Geral que, com enorme agrado, tomou<br />

c<strong>on</strong>hecimento do vigor das emoções cívicas com que os estivadores de Lourenço Marques<br />

reagiram. 147<br />

Na semana seguinte, o transatlântico Sunnaren foi boicotado no porto da Beira. 148 Ao explicar<br />

esta acção, o jornal local Notícias da Beira citava um estivador na primeira página,<br />

dizendo ”quem paga ao assassino é mais cruel e desprezível do que o assassino em si, e a<br />

Suécia paga aos assassinos dos nossos soldados e até das nossas famílias”. 149 Simultaneamente,<br />

o jornal mensal ultra-naci<strong>on</strong>alista luso-moçambicano Ressurgimento, publicado na<br />

Machava, apresentava a Suécia como ”um espectro sinistro que tenta fomentar as <strong>on</strong>das<br />

de desordem, sangue e miséria que o terrorismo vem espalhando entre as gentes pacíficas<br />

145. Tendo por base números de subsídios das c<strong>on</strong>tas anuais da ASDI, reunidas por Ulla Beckman para este<br />

estudo.<br />

146. Ibid. como indicado anteriormente, a FRELIMO também beneficiou de campanhas financeiras não governamentais<br />

importantes na Suécia.<br />

147. Notícias (Lourenço Marques), 21 de Outubro de 1969.<br />

148. Diário de Moçambique (Beira), 26 de Outubro de 1969.<br />

149. Notícias de Beira (Beira), 26 de Outubro de 1969.

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