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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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132<br />

Tor Sellström<br />

a postura da Suécia c<strong>on</strong>tra Portugal, e para expressar a sua preocupação em relação à<br />

ASEA e a Cahora Bassa. 117<br />

Miguel Murupa, juntamente com o representante residente da FRELIMO Lourenço<br />

Mutaca, foi recebido pelo Ministro do Comércio Gunnar Lange. 118 Lange não se deixou<br />

impressi<strong>on</strong>ar pelos argumentos de Murupa c<strong>on</strong>tra Cahora Bassa e reiterou que o governo<br />

não iria rec<strong>on</strong>siderar a sua posição, declarando que a Suécia iria respeitar os seus<br />

acordos internaci<strong>on</strong>ais, que a ligação à Rodésia não tinha sido comprovada e que, fosse<br />

como fosse, este projecto seria, a l<strong>on</strong>go prazo, benéfico para o povo de Moçambique. 119<br />

Em suma, as posições eram irrec<strong>on</strong>ciliáveis. Quando Murupa apresentou informação<br />

sobre Cahora Bassa e a Rodésia, Lange, ao c<strong>on</strong>trário da decisão tomada no c<strong>on</strong>gresso do<br />

Partido Social Democrata em Junho de 1968, resp<strong>on</strong>deu que a posição do governo era<br />

firme e que não iria impedir a ASEA de participar no projecto. 120 Este comentário viria<br />

não só a provocar fortes reacções da Juventude Social Democrata, 121 mas também, por<br />

exemplo, comentários críticos por parte de Claude Chokwenda da ZANU, que escreveu<br />

nos jornais regi<strong>on</strong>ais sociais democratas que ”o projecto tem grande importância para<br />

o Zimbabué” e que ”nós africanos lamentamos a decisão do governo sueco, favorável à<br />

participação da ASEA”. 122<br />

A intervenção de Chokwenda foi excepci<strong>on</strong>al. Os estudantes residentes dos movimentos<br />

de libertação da África Austral limitavam, de uma maneira geral, as suas declarações<br />

públicas à situação nos seus próprios países. Ainda mais invulgar foi o facto de<br />

representantes dos movimentos de libertação que estavam de visita terem-se voltado publicamente<br />

c<strong>on</strong>tra o governo sueco. No entanto, foi isso que se passou com o porta-voz<br />

de política externa da FRELIMO. Sem receber qualquer encorajamento na sua reunião<br />

com o Ministro do Comércio Lange, Murupa juntou-se às manifestações c<strong>on</strong>tra a ASEA<br />

e o governo social democrata em Västerås, poucos dias mais tarde, e aí discursou. 123 Finalmente,<br />

na sua última entrevista à imprensa sueca, o presidente da FRELIMO Eduardo<br />

M<strong>on</strong>dlane repetiu, em finais de Janeiro de 1969, uma semana antes de ser assassinado, as<br />

duras palavras de Mutaca em Maio de 1968, dizendo que ”vamos fazer todos os possíveis<br />

para abater técnicos suecos da ASEA que participem na c<strong>on</strong>strução de Cahora Bassa”. 124<br />

Divisões sociais democratas e a retirada da ASEA<br />

A questão de Cahora Bassa entrou no debate de política interna sueca de forma mais<br />

séria em inícios de 1969. No entanto, Eduardo M<strong>on</strong>dlane, a pessoa que mais tinha<br />

promovido a causa naci<strong>on</strong>alista na Suécia nunca viria a ver a c<strong>on</strong>clusão desta discussão.<br />

Foi assassinado com uma carta armadilhada em Dar es Salaam a 3 Fevereiro. 125 Este as-<br />

Machel e foi novamente bem recebido no movimento. Viria a ser morto na Eriópia quando trabalhava para uma<br />

organização internaci<strong>on</strong>al de auxílio a vítimas da seca.<br />

117. Dagens Nyheter, 10 de Dezembro de 1968.<br />

118.. Durante a sua curta estadia, Murupa também c<strong>on</strong>heceu Olof Palme, então Ministro da Educação (Svenska<br />

Dagbladet, 11 de Dezembro de 1968).<br />

119. Dagens Nyheter, 10 de Dezembro de 1968.<br />

120. Ibid.<br />

121. Dagens Nyheter, 11 de Dezembro de 1968.<br />

122. Folkbladet Östgöten, 7 de Janeiro de 1969.<br />

123. Svenska Dagbladet, 15 de Dezembro de 1968.<br />

124. Expressen, 25 de Janeiro de 1969.<br />

125. Apesar de os assassinos nunca terem sido capturados, provas circunstanciais ap<strong>on</strong>tavam para a autoria da PIDE.

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