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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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A sombra de Cahora Bassa<br />

Moçambique livre e independente também receberá apoio inc<strong>on</strong>dici<strong>on</strong>al dos liberais suecos.<br />

93<br />

Nessa mesma carta, Wirmark c<strong>on</strong>tou a M<strong>on</strong>dlane o debate de Ahlmark com Gunnar<br />

Lange no parlamento em relação à ASEA e Cahora Bassa, indicando que iria enviar-lhe<br />

uma tradução dessa discussão ”para que possa ver a posição do governo sobre esta matéria”.<br />

94 Recordou também a M<strong>on</strong>dlane um pedido que Ahlmark lhe fizera no sentido<br />

de visitar as z<strong>on</strong>as libertadas de Moçambique para ”apresentar um relatório completo no<br />

jornal liberal Expressen sobre a situação actual e sobre a luta”, realçando ”penso que seria<br />

extremamente útil. Espero que envide todos os esforços para o ajudar”. 95<br />

Per Ahlmark, futuro líder do Partido Liberal e vice primeiro ministro (1976–78),<br />

nunca chegou a visitar as z<strong>on</strong>as libertadas da FRELIMO em Moçambique, 96 não havendo<br />

sequer provas de que Eduardo M<strong>on</strong>dlane alguma vez tenha reagido ao pedido de<br />

Wirmark para comentar o artigo de Schori. Ainda assim, tanto os sociais democratas<br />

como os liberais utilizaram declarações do presidente da FRELIMO durante o debate<br />

sobre Cahora Bassa, em meados de 1968, para apoiar as suas respectivas posições em relação<br />

à luta de libertação em Moçambique, dando assim maior audiência ao movimento<br />

de M<strong>on</strong>dlane. Não se debateu a FRELIMO e o que esta representava, mas sim a questão<br />

de saber se seriam os social democratas no poder ou os liberais na oposição que melhor<br />

defendiam a causa naci<strong>on</strong>alista moçambicana, o que acabou por levar a um aumento do<br />

apoio da FRELIMO na Suécia. 97<br />

Cahora Bassa, Rodésia e acções directas<br />

A 10 de Julho de 1968, o governo português anunciou que havia adjudicado provisoriamente<br />

o c<strong>on</strong>trato de Cahora Bassa ao c<strong>on</strong>sórcio ZAMCO. As escaramuças iniciais<br />

acerca da eventual participação da ASEA no projecto deram, assim, lugar a um tipo de<br />

93. Carta de David Wirmark a Eduardo M<strong>on</strong>dlane, Estocolmo, 20 de Maio de 1968 (AHM).<br />

94. Ibid.<br />

95. Ibid. Posteriormente, em 1968, Ahlmark e Wirmark, fizeram parte de um grupo de trabalho criado pelo Partido<br />

Liberal para definir os princípios que deveriam orientar a política, relações e apoios do partido aos movimentos de<br />

libertação. Como dito acima, apresentou o relatório, chamado Apoio aos Movimentos de Resistência, em Maio de<br />

1969.<br />

96. Segundo Schori, Ahlmark pedira para visitar Moçambique antes das eleições para o Parlamento sueco em Setembro<br />

de 1968, indicando que o deputado liberal tinha sobretudo intenções eleitorais (Aft<strong>on</strong>bladet, 9 de Maio de<br />

1968).<br />

97. Este desejo de defender a causa da FRELIMO não deixava de apresentar algumas incoerências. Por exemplo, em<br />

meados de 1968, o jornal teórico liberal Liberal Debatt publicou uma apresentação muito favorável da FRELIMO<br />

e da luta armada de libertação em Moçambique. Este artigo tinha sobretudo por base uma entrevista a M<strong>on</strong>dlane<br />

na qual ele denunciava veementemente a política c<strong>on</strong>traditória da Suécia para com Moçambique, apoiando por um<br />

lado a FRELIMO através da ASDI e do Partido Social Democrata e por outro, permitindo à ASEA participar no<br />

”verg<strong>on</strong>hoso” projecto de Cahora Bassa. Apesar de tecer ainda comentários críticos ao Partido Liberal, de uma forma<br />

geral, o artigo norteava-se sobretudo c<strong>on</strong>tra os social democratas no governo (Lars O. H. Nyberg: ”FRELIMO och<br />

Cabora Bassa”, em Liberal Debatt, No. 6, 1968, pp. 26–32). Pouco tempo depois apareceu uma versão alargada da<br />

entrevista a M<strong>on</strong>dlane na primeira edição de FRELIMO, um boletim informativo, publicado pelo grupo de apoio<br />

FRELIMO–Suécia. Segundo esta versão, M<strong>on</strong>dlane resp<strong>on</strong>dia da seguinte forma acerca da visão que a FRELIMO<br />

tinha dos partidos suecos e da questão de Cahora Bassa: ”Talvez o Partido Social Democrata acabe por mudar de<br />

posição e impedir a ASEA de participar, ou em Setembro poderá haver um novo governo que seja mais corrupto e<br />

pró-português. Falei com um líder do Partido Liberal há dois meses, que me disse ’pensamos que é melhor investir<br />

no vosso país para que estejam em melhores c<strong>on</strong>dições quando forem livres’. É escandaloso!” (entrevista a Eduardo<br />

M<strong>on</strong>dlane, Dar es Salaam, Julho de 1968 em FRELIMO, No. 1 (sem indicação de local nem de data, mas Estocolmo,<br />

1968).<br />

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