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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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126<br />

Tor Sellström<br />

da ASEA na proposta da ZAMCO, Ahlmark voltou à carga pedindo, oficialmente, um<br />

esclarecimento por parte do governo social democrata quanto à sua postura referente<br />

aos investimentos em Moçambique. O Ministro do Comércio resp<strong>on</strong>deu que eventuais<br />

remessas da ASEA não c<strong>on</strong>substanciavam um investimento, mas uma transacção comercial,<br />

que seria decidida pela empresa sem influências exteriores. 87 Esta resposta seria<br />

duramente censurada por Ahlmark. 88<br />

Durante as suas visitas à Suécia, Eduardo M<strong>on</strong>dlane tinha estabelecido relações estreitas<br />

tanto com o Partido Social Democrata como com o Partido Liberal, na oposição. Em<br />

1968, o ano das manifestações de Båstad, da revolta estudantil e do debate sobre Cahora<br />

Bassa, houve também eleições na Suécia. 89 Nas campanhas eleitorais do partido no governo<br />

e do principal partido da oposição, debater-se-ia a participação da ASEA no projecto<br />

Cahora Bassa, também com o c<strong>on</strong>tributo da opinião do presidente da FRELIMO. Havia<br />

assim, para apoiar uma das partes, grande procura de declarações de M<strong>on</strong>dlane, tanto em<br />

público como nos bastidores, que posteriormente eram citadas e muitas vezes destorcidas.<br />

À laia de exemplo, antes do anúncio da proposta da ZAMCO, Pierre Schori do Partido<br />

Social Democrata publicou, em inícios de Maio de 1968, um artigo no Aft<strong>on</strong>bladet<br />

sobre ”a guerra de guerrilha de Ahlmark” no qual fazia alusão a um enc<strong>on</strong>tro de Ahlmark<br />

com M<strong>on</strong>dlane em Outubro de 1967. Nessa entrevista, publicada no Expressen com o<br />

título ”Suécia ajuda Portugal a matar africanos” 90 , o presidente da FRELIMO criticara<br />

duramente as relações da Suécia com Portugal, descrevendo-as como ”escandalosas”. 91<br />

Ao defender o governo social democrata, Schori resp<strong>on</strong>deu citando uma carta privada de<br />

M<strong>on</strong>dlane na qual, segundo Schori, este dizia<br />

mal podia eu imaginar que o entrevistador não era jornalista, mas sim um dos principais<br />

membros de um partido da oposição, cujo principal interesse era enc<strong>on</strong>trar argumentos c<strong>on</strong>tra<br />

o Partido Social Democrata. Não penso que o interesse de Ahlmark na nossa causa seja tão<br />

altruísta como aparenta, já que ele, enquanto liberal, deve apoiar um programa muito menos<br />

radical do que o dos social democratas. Durante um almoço dado pelo Partido Liberal, ficou<br />

claro para mim que os liberais no governo não só c<strong>on</strong>tinuariam a apoiar o comércio da EFTA<br />

com Portugal, mas que também estão mais próximos de aderir à OTAN. 92<br />

O artigo de Schori, por sua vez, levou o secretário do Partido Liberal, David Wirmark,<br />

a escrever a M<strong>on</strong>dlane, informando-o que a sua carta privada havia vindo a público e<br />

pedindo-lhe que reagisse. ”Acho de muito mau gosto”, escreveu Wirmark,<br />

que se revele corresp<strong>on</strong>dência privada desta forma. [...] Admito igualmente que estas declarações<br />

causaram algum espanto no nosso partido, já que não corresp<strong>on</strong>dem aos factos que c<strong>on</strong>hecemos<br />

e que dão uma visão errada da posição do liberalismo sueco nestas matérias. Assim,<br />

agradecia que comentasse o artigo de Schori (segue tradução) e garanto que a luta por um<br />

87. Dagens Nyheter, 17 de Maio de 1968. Ver também Gunnar Lange: Brännpunkter i handelspolitiken (”P<strong>on</strong>tos<br />

focais na política comercial), Socialdemokraterna, Partistyrelsens Informati<strong>on</strong>stjänst, No. 2, Estocolmo, 1969,<br />

p. 12, <strong>on</strong>de Lange descreveu a participação da ASEA como ”uma exportação normal”.<br />

88. Ver Anders Johanss<strong>on</strong>: ”Gunnar Lange och Moçambique”, em Dagens Nyheter, 11 de Setembro de 1968.<br />

89. Houve eleições parlamentares em Setembro de 1968, que representaram o maior sucesso do pós-guerra do Partido<br />

Social Democrata, tendo este recebido mais de 50 por cento dos votos na segunda câmara. Com pouco mais de<br />

14 por cento, o Partido Liberal, por sua vez, teve o pior resultado desde 1944.<br />

90. ”Sverige hjälper Portugal att skjuta ner afrikaner” (”A Suécia ajuda Portugal a matar africanos”), em Expressen,<br />

9 de Outubro de 1967.<br />

91. Ibid.<br />

92. Citado em Pierre Schori: ”Ahlmarks guerillakrig” (”A guerra de guerrilha de Ahlmark”), em Aft<strong>on</strong>bladet, 9 de<br />

Maio de 1968.

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