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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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A sombra de Cahora Bassa<br />

Apesar de Lange não fazer menção aos objectivos da EFTA quanto a uma utilização<br />

raci<strong>on</strong>al dos recursos e à melhoria do nível de vida nos estados-membros, expressou a<br />

sua opinião em relação ao aumento de cooperação ec<strong>on</strong>ómica entre a Suécia e Portugal,<br />

c<strong>on</strong>siderando que as trocas comerciais e o desenvolvimento, não o isolamento, eram a<br />

chave da democracia em Portugal e da autodeterminação nas suas colónias:<br />

O incremento do comércio resultante da cooperação da EFTA, c<strong>on</strong>tribuiu, claro está, para o<br />

desenvolvimento ec<strong>on</strong>ómico de Portugal. No entanto, não será fácil determinar em que medida<br />

é que o avanço ec<strong>on</strong>ómico afectou a política portuguesa em África [...]. Há razões para<br />

pensar que o progresso ec<strong>on</strong>ómico poderá estimular um processo de libertação democrática.<br />

Temos todas as razões para reflectir sobre a seguinte questão: qual é o Portugal que será mais<br />

sensível às mudanças sociais e políticas: será uma comunidade subdesenvolvida com muito<br />

analfabetismo, ou será uma comunidade <strong>on</strong>de a industrialização está a avançar e c<strong>on</strong>segue<br />

fazer com que se invista na educação e na formação? Não há dúvidas de que a opinião pública<br />

neste país espera, de forma quase unânime, que os habitantes dos territórios portugueses tenham<br />

oportunidade de decidir os seus destinos, e também que venha a haver um sistema de<br />

governo democrático em Portugal. O que está verdadeiramente em jogo é a c<strong>on</strong>tribuição que<br />

nós, como país, podemos dar para esse objectivo. 52<br />

A c<strong>on</strong>fiança de Lange no desenvolvimento industrial como alavanca da democracia em<br />

Portugal e nas suas colónias africanas viria a ser duramente criticada apenas um ano mais<br />

tarde e enc<strong>on</strong>traria oposição por parte de sectores da opinião pública, da imprensa e de<br />

organizações políticas suecas, incluindo no próprio Partido Social Democrata.<br />

Cahora Bassa na África Austral e na Suécia<br />

Em finais dos anos sessenta, a campanha c<strong>on</strong>tra a participação da ASEA no projecto hidroeléctrico<br />

de Cahora Bassa 53 no rio Zambeze viria, mais do que qualquer outra questão<br />

na África Austral, a mobilizar e radicalizar a opinião pública sueca, c<strong>on</strong>tribuindo tanto<br />

para o desenvolvimento do movimento de solidariedade reorganizado como para a decisão<br />

de prestar auxílio humanitário oficial aos movimentos de libertação da região. 54<br />

C<strong>on</strong>cebida originalmente nos anos cinquenta, a gigantesca barragem de Cahora Bassa,<br />

na remota província do Tete em Moçambique, implicava de início a c<strong>on</strong>strução de<br />

uma barragem no rio Zambeze, e de uma central hidroeléctrica, bem como instalação<br />

de linhas de transmissão para a área industrial e mineira de Witwatersrand na África do<br />

Sul. 55 Apoiado pelos interesses da África do Sul, sobretudo pela empresa privada Anglo-<br />

American Corporati<strong>on</strong>, mas também pelo governo de Pretória, através da Electricity Supply<br />

Commissi<strong>on</strong>, ESCOM, (”Comissão de Abastecimento de Electricidade”), tratava-se dum<br />

52. Ibid.<br />

53. Ou Cabora Bassa.<br />

54. Ao mesmo tempo, a luta na Guiné-Bissau e a diplomacia do PAIGC tinham, sem dúvida, um grande impacto<br />

tanto no movimento de solidariedade, como no governo e no parlamento suecos.<br />

55. Para obter mais informações sobre o projecto de Cahora Bassa, ver Keith Middlemas: Cabora Bassa: Engineering<br />

and Politics in Sou<strong>the</strong>rn Africa, (Cahora Bassa: Engenharia e política na África Austral) Weidenfeld e Nicols<strong>on</strong>,<br />

L<strong>on</strong>dres, 1975 e World Council of Churches: Cabora Bassa and <strong>the</strong> <strong>Struggle</strong> forSou<strong>the</strong>rn Africa (Cahora Bassa e a<br />

luta pela África Austral), WCC, Genebra (sem indicação de data). Foram publicadas várias obras sobre Cahora<br />

Bassa na Suécia em finais dos anos sessenta e inícios dos setenta. Ver, por exemplo, FRELIMO–Suécia: FRELIMO,<br />

No 1 (sem indicação de local nem de data, mas Estocolmo, 1968); Johan Althoff: Regeringen och Cabora Bassa (”O<br />

governo e Cahora Bassa”); U-akti<strong>on</strong>ens skrifter, No. 1, de Julho de 1969 e Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin, No. 5,<br />

de Agosto de 1969. Cahora Bassa e a sua gémea angolana, o projecto de Cunene, foram também discutidas numa<br />

edição especial de Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin em 1972 (”Folkmord i Portugals kol<strong>on</strong>ier”/”Genocídio nas<br />

colónias portuguesas”; No. 15–16, de Maio de 1972).<br />

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