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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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114<br />

Tor Sellström<br />

britânico, e os movimentos de libertação da África Austral que tinham sido c<strong>on</strong>vidados.<br />

A reunião acabou também por c<strong>on</strong>duzir igualmente a um avanço nas relações entre o<br />

Partido Social Democrata sueco e a FRELIMO. 19 Desap<strong>on</strong>tado com os principais partidos<br />

europeus, que descreveu como estando ”demasiado c<strong>on</strong>centrados nos problemas<br />

do seu próprio c<strong>on</strong>tinente para se preocuparem com os problemas do resto do mundo”,<br />

M<strong>on</strong>dlane escreveu ao secretário do Partido Social Democrata, Sten Anderss<strong>on</strong>, dizendolhe<br />

que ”apesar da atitude do c<strong>on</strong>gresso em geral ter deixado muito a desejar em relação<br />

às funções dos observadores africanos, o papel desempenhado pelo Partido Social Democrata<br />

sueco foi muito positivo. Ao dizer isto, estou não apenas a exprimir a minha opinião<br />

e sentimentos pessoais, mas os da maioria, se não de todos, os africanos presentes”. 20<br />

Com base na sua experiência, o presidente da FRELIMO c<strong>on</strong>cluiu que<br />

devemos encorajar as boas relações existentes presentemente entre o Partido Social Democrata<br />

sueco e muitos dos partidos socialistas africanos, sobretudo na África Oriental e Austral. 21<br />

Na medida em que tal afecta Moçambique, a FRELIMO está profundamente interessada<br />

em cultivar uma relação especial com o vosso partido. [...]Assim, gostaria de propor que um<br />

alto representante da FRELIMO seja c<strong>on</strong>vidado, de forma oficial ou oficiosa, para ir à Suécia<br />

m<strong>on</strong>tar um centro de informação, destinado a dar aos suecos e aos demais povos escandinavos<br />

informações recentes sobre Moçambique e para aprender o máximo possível sobre o Partido<br />

Social Democrata da Suécia, acerca da sua organização, administração, informação e demais<br />

actividades do partido, actividade que poderá certamente ajudar a aplicar todos estes aspectos<br />

à estrutura da FRELIMO. Deverá também ser dada oportunidade à pessoa escolhida de frequentar<br />

uma ou mais cadeiras de um curso ministrado na Universidade de Estocolmo, como<br />

Ec<strong>on</strong>omia Política ou Planeamento e Administração Pública. 22<br />

A ideia de que M<strong>on</strong>dlane estava desejoso de ter um representante na Suécia só foi reforçada<br />

pelo facto de, nesse mesmo dia, ter referido o assunto numa missiva mais pessoal,<br />

dirigida a Pierre Schori23 e de, no dia seguinte, ter também escrito ao Secretário do Comité<br />

C<strong>on</strong>sultivo sobre Ajuda Humanitária, Thord Palmlund, pedindo uma bolsa de estudo<br />

para um enviado da FRELIMO. 24 Na carta oficial enviada a Palmlund, M<strong>on</strong>dlane realçava<br />

o papel do partido sueco no governo, dizendo que ”durante a minha última visita à<br />

Suécia fiquei tão impressi<strong>on</strong>ado com o Partido Social Democrata, que decidi estabelecer<br />

um sistema de comunicações mais permanente com o país”. 25 Acabou por ser na carta<br />

a Palmlund que M<strong>on</strong>dlane propôs a colocação de um funci<strong>on</strong>ário, Lourenço Mutaca,<br />

Secretário de Assuntos Ec<strong>on</strong>ómicos e Financeiros da FRELIMO, logo, um membro des-<br />

19. Cf. entrevista a Marcelino dos Santos, p. 47.<br />

20. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a Sten Anderss<strong>on</strong>, Dar es Salaam, 2 de Junho de 1966 (AHM).<br />

21. Jacinto Veloso, futuro ministro moçambicano e membro da ala política da FRELIMO, trabalhou de perto com<br />

Eduardo M<strong>on</strong>dlane em Dar es Salaam em meados de 1960. Numa entrevista em Abril de 1996, disse que M<strong>on</strong>dlane<br />

via a Suécia e os demais países nórdicos como ”verdadeiros aliados e talvez até parceiros ideais na luta pela libertação<br />

naci<strong>on</strong>al. Não tinham um interesse especial nesta questão ou, pelo menos, tinham uma equidistância do c<strong>on</strong>flito<br />

Este-Oeste” (entrevista a Jacinto Veloso, p. 52). Da mesma forma, Joaquim Chissano disse que estávamos ”ideologicamente<br />

próximos da Suécia, o que era um equilíbrio às tendências de copiar o que vimos em tempos em países<br />

como a União Soviética ou a China” (entrevista a Joaquim Chissano, p. 38).<br />

22. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a Sten Anderss<strong>on</strong>, Dar es Salaam, 2 de Junho de 1966 (AHM).<br />

23. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a Pierre Schori, Dar es Salaam, 2 de Junho de 1966 (AHM). M<strong>on</strong>dlane ficou muito<br />

impressi<strong>on</strong>ado com Schori, dizendo que ”sei que tudo aquilo de que pude desfrutar na Suécia foi obra sua”. Tendo<br />

estabelecido uma relação pessoal estreita com Schori, o presidente da FRELIMO acrescentou: ”Espero que após<br />

o c<strong>on</strong>gresso da IS tenha tido tempo para descansar porque, apesar de o c<strong>on</strong>siderar um duro, não penso que possa<br />

c<strong>on</strong>tinuar a trabalhar dessa forma sem se ressentir” (Ibid.).<br />

24. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a Thord Palmlund, Dar es Salaam, 3 de Junho de 1966 (AHM).<br />

25. Ibid.

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