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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Tor Sellström<br />

seus planos, acrescentando que ”não me vou esquecer do seu c<strong>on</strong>selho para não ”fazer<br />

<strong>on</strong>das”, na Suécia que poderiam vir a afectar o apoio humanitário aos refugiados”. 8<br />

A segunda visita de M<strong>on</strong>dlane acabou por realizar-se em meados de Setembro de<br />

1965, a c<strong>on</strong>vite do SUL, e centrando muita atenção nos movimentos de juventude e<br />

estudantis suecos. C<strong>on</strong>tudo, foi também nesta visita que estabeleceu um c<strong>on</strong>tacto directo<br />

com o governo sueco, o Partido Social Democrata e a C<strong>on</strong>federação dos Sindicatos suecos.<br />

9 Foi, mais c<strong>on</strong>cretamente, em Setembro de 1965 que M<strong>on</strong>dlane se enc<strong>on</strong>trou pela<br />

primeira vez com Olof Palme, 10 seu benfeitor indirecto quinze anos antes. O enc<strong>on</strong>tro<br />

marcou o início de uma relação em que, segundo Janet M<strong>on</strong>dlane, ”os dois homens se<br />

respeitavam e elaboravam estratégias em c<strong>on</strong>junto”. 11 Durante esta visita, o presidente<br />

da FRELIMO acabaria por não ligar aos c<strong>on</strong>selhos de Hamrell nem aos seus pedidos de<br />

discrição em relação à luta armada. Pelo c<strong>on</strong>trário, enquanto visitou o país, M<strong>on</strong>dlane<br />

não só apelou ao apoio humanitário da Suécia, mas pediu igualmente armas e auxílio<br />

para a luta armada. 12 Em c<strong>on</strong>traste claro com a sua visita, tão discreta, do ano anterior,<br />

M<strong>on</strong>dlane pediu ao governo sueco que” tentasse que Portugal fosse obrigado a deixar a<br />

EFTA”. 13<br />

As questões da ajuda militar à luta em Moçambique e da expulsão de Portugal da<br />

EFTA , posteriormente combinadas com uma tremenda oposição ao projecto de Cahora<br />

Bassa, viriam a ser levantadas regularmente por M<strong>on</strong>dlane, durante as suas visitas à Suécia.<br />

Depois da morte de M<strong>on</strong>dlane, em Fevereiro de 1969, Joaquim Chissano, Marcelino<br />

dos Santos e outros líderes da FRELIMO que visitaram o país c<strong>on</strong>tinuaram a defender<br />

esta posição. A FRELIMO, mais do que qualquer outro movimento de libertação da<br />

África Austral apoiado pela Suécia, incluindo os seus aliados, o MPLA e o PAIGC, tinha<br />

uma postura c<strong>on</strong>stantemente crítica em relação à separação feita pela Suécia entre o apoio<br />

militar e o civil, em relação às suas relações ec<strong>on</strong>ómicas com Portugal, 14 o que faria com<br />

que, a partir de meados dos anos 60, a FRELIMO se viesse a enc<strong>on</strong>trar no cerne dos<br />

debates políticos na Suécia, <strong>on</strong>de as forças mais à esquerda do governo social democrata,<br />

incluindo o movimento organizado de solidariedade, exigiam um apoio inc<strong>on</strong>dici<strong>on</strong>al<br />

e o Partido Liberal, na oposição, insistia que Portugal fosse expulso da EFTA. 15 Ainda<br />

assim, a posição da FRELIMO não evitou que se estabelecessem ligações estreitas com os<br />

sociais democratas no poder.<br />

8. Carta de Eduardo M<strong>on</strong>dlane a Sven Hamrell, Dar es Salaam, 2 de Abril de 1965 (AHM).<br />

9. SUL: ”Program för Dr. Eduardo M<strong>on</strong>dlane” (”Programa para o Dr. Eduardo M<strong>on</strong>dlane”), Estocolmo, 12 de<br />

Setembro de 1965 (AHM).<br />

10. Stockholms-Tidningen, 14 de Setembro de 1965.<br />

11. Entrevista a Janet M<strong>on</strong>dlane, p. 41. Após a morte do presidente da FRELIMO, foi o próprio Palme que sublinhou,<br />

em c<strong>on</strong>versa com Janet M<strong>on</strong>dlane a forma como ele e Eduardo M<strong>on</strong>dlane haviam trabalhado de forma muito<br />

próxima, durante a reunião da Internaci<strong>on</strong>al Socialista em Estocolmo realizada em Maio de 1966 (Ibid.).<br />

12. ”Frihetsrörelsen i Moçambique vill helst ha vapen av Sverige” (”O movimento de libertação em Moçambique<br />

preferia receber armas da Suécia”), Svenska Dagbladet, 14 de Setembro de 1965 em ”Mozambiqueledare: Ge svenska<br />

vapen till vår rörelse” (”Líder moçambicano: dêem armas suecas ao nosso movimento”), em Dagens Nyheter, 17 de<br />

Setembro de 1965.<br />

13. Citado em Stockholms-Tidningen, 14 de Setembro de 1965.<br />

14. Ver entrevista a Joaquim Chissano, p. 38, e entrevista a Marcelino dos Santos, p. 47.<br />

15. O movimento de solidariedade e muitos dos mais proeminentes jovens social democratas pediam igualmente<br />

que Portugal fosse expulso da EFTA. Era, por exemplo, o caso de Annie Marie Sundbom do SUL, que viria a ser<br />

Secretária da Liga das Mulheres Social Democratas (1970–80), que organizou a visita de M<strong>on</strong>dlane à Suécia em<br />

1965. Em cartas depois dirigidas a M<strong>on</strong>dlane, Annie-Marie era especialmente cáustica em relação às discussões na<br />

altura em curso sobre a ”unificação da Europa” e a presença de Portugal na EFTA (cartas de Annie Marie Sundbom<br />

para Eduardo M<strong>on</strong>dlane, Estocolmo, 15 de Outubro de 1965 e 3 de Janeiro de 1966) (AHM).

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