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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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110<br />

Tor Sellström<br />

tava suspenso, os estudantes do ensino secundário sueco c<strong>on</strong>seguiram, de uma só vez angariar<br />

2 milhões de coroas suecas para a FRELIMO, 156 isto é, mais do que os 1,7 milhões<br />

c<strong>on</strong>cedidos pelo governo entre 1965 e 1968. 157 Ainda mais importante na perspectiva<br />

de l<strong>on</strong>go prazo foi o impacto político da campanha da SECO. A decisão ”parlamentar”<br />

unânime, tomada pelos alunos do ensino secundário em prol da FRELIMO, foi tomada<br />

antes de o parlamento sueco ter adoptado o princípio da ajuda directa aos movimentos<br />

de libertação da África Austral. Os estudantes nunca se deixaram dissuadir nem pelo<br />

argumento de que a FRELIMO estava empenhada na luta armada nem pela morte súbita<br />

de Eduardo M<strong>on</strong>dlane. Tal como no caso da SDF, oriunda do meio universitário, é,<br />

pelo c<strong>on</strong>trário, provável que esses factores tenham c<strong>on</strong>tribuído positivamente para essa<br />

decisão. Acima de tudo, a campanha da SECO de 1969 desempenhou um papel muito<br />

importante nas relações futuras entre a Suécia e a FRELIMO, tendo o movimento de<br />

libertação em Moçambique tido a mesma abordagem. Num posterior relatório à SECO,<br />

Janet M<strong>on</strong>dlane escreveu<br />

não há palavras que possam expressar a nossa admiração pelos estudantes suecos, que trabalharam<br />

de forma incansável para ajudar os jovens estudantes oriundos de Moçambique. O efeito<br />

dos esforços dos nossos amigos suecos vai fazer-se sentir para além da nossa própria geração,<br />

pois será esta geração de estudantes que c<strong>on</strong>tinuará a lançar os alicerces de um novo país. 158<br />

Quase trinta anos depois, Janet M<strong>on</strong>dlane recordou a SECO, descrevendo-a como ”uma<br />

organização de juventude extremamente poderosa” e a ”Operação um dia de trabalho”<br />

de 1969 como um avanço decisivo:<br />

Foi assim que se começou, na prática, a gerar na Suécia uma espécie de c<strong>on</strong>sciência de massas<br />

quanto ao que se estava a passar em Moçambique. [...] Não foi só o dinheiro que foi importante,<br />

mas sim a sensibilização de toda a população. Esses jovens foram para casa e c<strong>on</strong>taram o que<br />

estavam a fazer. Foi um grande ac<strong>on</strong>tecimento. [...] A partir daí, os ac<strong>on</strong>tecimentos tiveram<br />

um efeito do tipo ”bola de neve”. 159<br />

Muito por inspiração de Eduardo e Janet M<strong>on</strong>dlane, os movimentos de estudantes c<strong>on</strong>tribuíram<br />

activamente tanto em termos de apoio material como de apoio político da Suécia<br />

ao movimento de libertação moçambicano. A partir de meados dos anos 60, o presidente<br />

da FRELIMO também desenvolveu uma relação inusitadamente próxima com o Partido<br />

Social Democrata no poder e também com vários políticos e líderes de opinião liberais.<br />

156. Elevorganisati<strong>on</strong>en i Sverige: Resposta a um questi<strong>on</strong>ário do <str<strong>on</strong>g>Nordic</str<strong>on</strong>g> Africa Institute, com data de 29 de Julho<br />

de 1996<br />

157. Como se viu acima, em 1968–69 as universidades suecas angariaram cerca de 250.000 coroas suecas para a FRE-<br />

LIMO e a c<strong>on</strong>tribuição da SECO foi de 2 milhões. Não há dados comparáveis sobre o apoio das ONGs para 1970.<br />

Num estudo realizado pela ASDI chegou-se, c<strong>on</strong>tudo, à c<strong>on</strong>clusão de que catorze organizações não-governamentais,<br />

em c<strong>on</strong>junto, em 1971, angariaram mais de 1,7 milhões de coroas suecas para a FRELIMO (Grupo de África de Estocolmo:<br />

”Apoio aos movimentos de libertação nas colónias portuguesas de organizações não governamentais suecas,<br />

1971”, Estocolmo sem data, mas provavelmente Fevereiro de 1973 (AGA). Entre 1968 e 1971, o apoio das ONGs<br />

suecas à FRELIMO chegou a pelo menos 4 milhões de coroas suecas, comparados com as 500 mil coroas pagas pelo<br />

governo sueco através da ASDI durante o ano fiscal de 1971–72. Podem tirar-se algumas c<strong>on</strong>clusões destes valores,<br />

que são muito semelhantes aos apurados para outros movimentos de libertação da África Austral. Uma delas é que,<br />

como é óbvio, os movimentos tinham uma grande base de apoio ao nível da sociedade civil sueca, por volta de 1970.<br />

Outra é que o apoio material c<strong>on</strong>junto dado pelas ONGs suecas, na altura, era c<strong>on</strong>sideravelmente maior do que o<br />

apoio oficial. Neste c<strong>on</strong>texto, deve sublinhar-se que não foi possível neste estudo determinar, de forma realista, o valor<br />

total da ajuda sueca, vinda da comunidade das ONGs e de particulares, em prol dos movimentos africanos de libertação.<br />

Pode-se, c<strong>on</strong>tudo, c<strong>on</strong>cluir com alguma segurança que as transferências m<strong>on</strong>etárias da Suécia para os movimentos<br />

de libertação da África Austral excedem por uma larga margem os valores oficiais apresentados no texto.<br />

158. Janet Rae M<strong>on</strong>dlane: ”Relatório da SECO”, Dar es Salaam sem indicação de data, mas provavelmente 1970<br />

(AHM).<br />

159. Entrevista com Janet M<strong>on</strong>dlane, p. 41.

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