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108 Tor Sellström do secundário pelas questões internacionais em acção prática” 144 O conceito era simples mas eficaz. Uma vez por ano, os estudantes do ensino secundário tinham um dia de folga das aulas para realizar vários trabalhos para empresas privadas e públicas, recebendo em troca uma remuneração abaixo das taxas normalmente praticadas. O lucro do trabalho, organizado com o objectivo de ”aumentar a compreensão e o empenho dos estudantes, de acordo com o princípio ”o jovem ajuda o jovem” 145 , foi depois canalizado para um ou mais projectos internacionais. A ”Operação um dia de trabalho” tornou-se rapidamente numa instituição, tendo lugar regularmente, entre Setembro e Outubro. Desde o início, a operação foi gerida pelos próprios alunos do ensino secundário que, no início de cada ano lectivo, reuniam a sessão anual do ”Parlamento de Estudantes” 146 para debater diferentes possíveis beneficiários. Depois de tomada uma decisão, o período até à ”Operação um dia de trabalho” propriamente dita era dedicado a permuta de informação, entre os estudantes e o público em geral, quanto ao objecto da campanha. Envolvendo a participação de todas as escolas secundárias, a Operation Dagsverke da SECO contribuía efectivamente para uma consciencialização internacional cada vez maior e mais rapidamente propagada entre a juventude sueca, nomeadamente quanto aos problemas da África Austral. 147 Muitos dos futuros activistas e membros do movimento organizado de solidariedade ficaram pela primeira vez a conhecer as de questões sobre as lutas de libertação da região através destas campanhas. Em meados de Fevereiro de 1969, o parlamento dos estudantes do ensino secundário decidiu dedicar a próxima ”Operação um dia de trabalho” aos projectos na área da saúde e educação do Instituto Moçambicano. 148 Se alguém teve influência na decisão, tomada dias após o assassinato de Eduardo Mondlane 149 , foi Janet Mondlane. Regressada à Suécia em Dezembro de 1968, encontrou-se com representantes da SECO, e dos estudantes do ensino secundário finlandeses 150 , e discutiu a ideia de lançar uma campanha a favor de Moçambique, e, ”maravilha das maravilhas, eles adoptaram o Instituto Moçambicano”! 151 Na assembleia seguinte da SECO, a proposta teve a concorrência de dois projectos de alfabetização na Tanzânia e na Tunísia, mas chegou-se unanimemente à decisão de apoiar o projecto moçambicano. Decidiu-se também, nessa mesma altura, que o apoio deveria ser gerido pela experiente organização sueca, chamada Save the Children (”Salvem 144. SECO: ”SECO’s insamling 1969: FRELIMO-Moçambique Institute” (”Campanha de angariação de fundos da SECO em 1969: FRELIMO-Instituto Moçambicano”), sem indicação de local nem de data, mas 1969 (AJC). A primeira operação ”Dia de Trabalho” foi organizada em prol do Dag Hammarskjöld Memorial Fund após a morte do secretário geral das Nações Unidas em Setembro de 1961. Como se disse anteriormente, a campanha, En dag för Dag (”Um dia por Dag”), permitiu angariar cerca de 400.000 coroas suecas. 145. Ibid. 146. Em sueco, Elevriksdag. 147. As campanhas da ”Operação um dia de trabalho” foram levadas a cabo para Moçambique em 1969 e 1972, angariando respectivamente 2 milhões e 450.000 coroas suecas; Zimbabué em 1979 (apenas informação); e África Austral (incluindo o ANC) em 1981 e 1985. O valor recolhido em 1981 foi de 1,6 milhões de coroas suecas e os resultados de 1985 deram resultados não inferiores a 8,5 milhões de coroas (Elevorganisationen i Sverige: Resposta a um questionário do ong>Nordicong> Africa Institute, datado de 29 de Julho de 1996). Operation Dagsverke continuou a realizar-se regularmente na Suécia. Em 1998, teve como objectivo Angola. 148. Svenska Dagbladet, 18 de Fevereiro de 1969. 149. O presidente da FRELIMO foi assassinado por uma carta armadilhada em Dar es Salaam, na Tanzânia, a 3 de Fevereiro de 1969. 150. Os estudantes do ensino secundário da Finlândia juntaram-se aos seus colegas suecos, organizando um importante taksvarkki em Outubro de 1969 e angariaram 450.000 markka finlandeses. Os proventos foram sobretudo usados para aquisição pública de mercadorias e criação da primeira tipografia da FRELIMO (Soiri e Peltola op. cit., pp.32–42). 151. Janet Mondlane citada em Soiri e Peltola op. cit.

Os Mondlane e a FRELIMO de Moçambique No Instituto Moçambicano: Janet Mondlane com uma delegação do governo sueco em 1973. (Foto gentilmente cedida por Anders Möllander) as Crianças”). 152 Pouco tempo depois, a União Sueca dos Estudantes do Ensino Secundário anunciou, a todas as escolas do ensino secundário do país o lançamento de uma campanha, dizendo: O tema da nossa campanha para este ano é o Instituto Moçambicano. Trata-se duma organização que se preocupa sobretudo com a saúde e a educação, numa região, o nordeste de Moçambique, libertada do poder colonial português e que precisa urgentemente de apoio financeiro. Com a nossa acção não queremos apenas contribuir com fundos. É nossa vontade consciencializar para a existência de pessoas que, em condições muito difíceis, lutam neste momento pelo direito a terem o seu país, uma existência digna de seres humanos e de poderem decidir o seu próprio futuro. É, numa perspectiva de longo prazo, da maior importância que aumente o interesse na Suécia pelos problemas dos países em vias de desenvolvimento. Vamos então manifestar, na prática, a nossa solidariedade através da ”Operação um dia de trabalho”, que é organizado em cooperação com a Save the Children e constitui uma acção da juventude em apoio da juventude.153 O livro de Eduardo Mondlane ong>Theong> Struggle for Mozambique (”A Luta Por Moçambique”) foi muito usado, como material de estudo, na campanha seguinte. Foi publicado em sueco pouco depois da sua morte, no início de 1969, no mesmo ano em que foi publicado em inglês. 154 A ”Operação um dia de trabalho” propriamente dita realizou-se em Outubro de 1969, precedida de um campanha interna de informação 155 e com cobertura em toda a comunicação social. De um ponto de vista puramente material, o resultado foi impressionante. Numa altura em que o apoio oficial sueco ao Instituto Moçambicano ainda es- 152. Em sueco, Rädda Barnen. 153. SECO: ”SECO’s insamling 1969: FRELIMO-Moçambique Institute” (”Campanha de angariação de fundos da SECO 1969: FRELIMO-Instituto Moçambicano”) sem indicação de local nem de data, mas 1969 (AJC). 154. Eduardo Mondlane: Kampen för Moçambique, TEMA/Rabén och Sjögren, Estocolmo, 1969. 155. Janet Mondlane participou activamente nas campanhas, nomeadamente falando em reuniões, em várias escolas na Suécia (entrevista com Janet Mondlane, p. 41). 109

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Tor Sellström<br />

do secundário pelas questões internaci<strong>on</strong>ais em acção prática” 144 O c<strong>on</strong>ceito era simples<br />

mas eficaz. Uma vez por ano, os estudantes do ensino secundário tinham um dia de folga<br />

das aulas para realizar vários trabalhos para empresas privadas e públicas, recebendo em<br />

troca uma remuneração abaixo das taxas normalmente praticadas. O lucro do trabalho,<br />

organizado com o objectivo de ”aumentar a compreensão e o empenho dos estudantes,<br />

de acordo com o princípio ”o jovem ajuda o jovem” 145 , foi depois canalizado para um ou<br />

mais projectos internaci<strong>on</strong>ais. A ”Operação um dia de trabalho” tornou-se rapidamente<br />

numa instituição, tendo lugar regularmente, entre Setembro e Outubro. Desde o início,<br />

a operação foi gerida pelos próprios alunos do ensino secundário que, no início de<br />

cada ano lectivo, reuniam a sessão anual do ”Parlamento de Estudantes” 146 para debater<br />

diferentes possíveis beneficiários. Depois de tomada uma decisão, o período até à ”Operação<br />

um dia de trabalho” propriamente dita era dedicado a permuta de informação,<br />

entre os estudantes e o público em geral, quanto ao objecto da campanha. Envolvendo a<br />

participação de todas as escolas secundárias, a Operati<strong>on</strong> Dagsverke da SECO c<strong>on</strong>tribuía<br />

efectivamente para uma c<strong>on</strong>sciencialização internaci<strong>on</strong>al cada vez maior e mais rapidamente<br />

propagada entre a juventude sueca, nomeadamente quanto aos problemas da<br />

África Austral. 147 Muitos dos futuros activistas e membros do movimento organizado de<br />

solidariedade ficaram pela primeira vez a c<strong>on</strong>hecer as de questões sobre as lutas de libertação<br />

da região através destas campanhas.<br />

Em meados de Fevereiro de 1969, o parlamento dos estudantes do ensino secundário<br />

decidiu dedicar a próxima ”Operação um dia de trabalho” aos projectos na área da saúde<br />

e educação do Instituto Moçambicano. 148 Se alguém teve influência na decisão, tomada<br />

dias após o assassinato de Eduardo M<strong>on</strong>dlane 149 , foi Janet M<strong>on</strong>dlane. Regressada à Suécia<br />

em Dezembro de 1968, enc<strong>on</strong>trou-se com representantes da SECO, e dos estudantes<br />

do ensino secundário finlandeses 150 , e discutiu a ideia de lançar uma campanha a favor<br />

de Moçambique, e, ”maravilha das maravilhas, eles adoptaram o Instituto Moçambicano”!<br />

151 Na assembleia seguinte da SECO, a proposta teve a c<strong>on</strong>corrência de dois projectos<br />

de alfabetização na Tanzânia e na Tunísia, mas chegou-se unanimemente à decisão de<br />

apoiar o projecto moçambicano. Decidiu-se também, nessa mesma altura, que o apoio<br />

deveria ser gerido pela experiente organização sueca, chamada Save <strong>the</strong> Children (”Salvem<br />

144. SECO: ”SECO’s insamling 1969: FRELIMO-Moçambique Institute” (”Campanha de angariação de fundos<br />

da SECO em 1969: FRELIMO-Instituto Moçambicano”), sem indicação de local nem de data, mas 1969 (AJC).<br />

A primeira operação ”Dia de Trabalho” foi organizada em prol do Dag Hammarskjöld Memorial Fund após a morte<br />

do secretário geral das Nações Unidas em Setembro de 1961. Como se disse anteriormente, a campanha, En dag för<br />

Dag (”Um dia por Dag”), permitiu angariar cerca de 400.000 coroas suecas.<br />

145. Ibid.<br />

146. Em sueco, Elevriksdag.<br />

147. As campanhas da ”Operação um dia de trabalho” foram levadas a cabo para Moçambique em 1969 e 1972,<br />

angariando respectivamente 2 milhões e 450.000 coroas suecas; Zimbabué em 1979 (apenas informação); e África<br />

Austral (incluindo o ANC) em 1981 e 1985. O valor recolhido em 1981 foi de 1,6 milhões de coroas suecas e os<br />

resultados de 1985 deram resultados não inferiores a 8,5 milhões de coroas (Elevorganisati<strong>on</strong>en i Sverige: Resposta<br />

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realizar-se regularmente na Suécia. Em 1998, teve como objectivo Angola.<br />

148. Svenska Dagbladet, 18 de Fevereiro de 1969.<br />

149. O presidente da FRELIMO foi assassinado por uma carta armadilhada em Dar es Salaam, na Tanzânia, a 3 de<br />

Fevereiro de 1969.<br />

150. Os estudantes do ensino secundário da Finlândia juntaram-se aos seus colegas suecos, organizando um importante<br />

taksvarkki em Outubro de 1969 e angariaram 450.000 markka finlandeses. Os proventos foram sobretudo<br />

usados para aquisição pública de mercadorias e criação da primeira tipografia da FRELIMO (Soiri e Peltola op. cit.,<br />

pp.32–42).<br />

151. Janet M<strong>on</strong>dlane citada em Soiri e Peltola op. cit.

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