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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

Seis meses depois, em Abril de 1968, as organizações de estudantes da Universidade<br />

de Estocolmo decidiram c<strong>on</strong>ceder 100.000 coroas suecas aos projectos de educação da<br />

FRELIMO nas z<strong>on</strong>as libertadas de Moçambique, usando para o efeito o recém-criado<br />

Fundo Estudantil para o Desenvolvimento (SDF). 136 No mês seguinte, foi anunciado<br />

que cerca de quinhentos professores e quadros da Universidade de Gotemburgo, tinham<br />

reservado, durante o ano anterior, cerca de 1 por cento dos seus salários para ”outras acções<br />

de desenvolvimento”. 137 O valor angariado, 90.000 coroas suecas, deveria ser usado,<br />

em partes iguais, para a aquisição de um barco de pesca na Tanzânia e para o Instituto<br />

Moçambicano financiar os seus projectos educativos em Moçambique. 138 Nas vésperas<br />

da revolta estudantil de Maio de 1968, das manifestações de Båstad e do debate sobre<br />

Cahora Bassa, a solidariedade dos estudantes universitários suecos com a FRELIMO<br />

aumentou ainda mais em 1968–69. Centrou-se, em grande medida, na questão de como<br />

usar as dez coroas suecas que todos os estudantes pagavam como jóia para se filiar nas<br />

uniões de estudantes, e que eram usadas para causas humanitárias justas. Verificaram-se<br />

debates acesos, especialmente em Gotemburgo, <strong>on</strong>de a proposta de ajuda financeira ao<br />

Comité da África do Sul para a Educação Superior foi alvo de c<strong>on</strong>testação e acabou por<br />

ser derrotada em favor das ”dez coroas para a FRELIMO” 139 . Em Fevereiro de 1969, o<br />

SDF acabou por decidir atribuir 80.000 coroas suecas aos esforços em prol da educação<br />

do Instituto Moçambicano na Tanzânia e nas z<strong>on</strong>as libertadas. 140 Dois meses depois, a<br />

união de estudantes da Universidade de Umeå, no norte da Suécia, decidiu doar um valor<br />

suplementar da ordem das 15.000 coroas suecas, angariadas fora da esfera do SDF, como<br />

c<strong>on</strong>tribuição independente, directamente à FRELIMO. 141<br />

Por essa altura, os estudantes do secundário já tinham feito a sua importante entrada<br />

em cena. A partir de 1961, a União Sueca dos Estudantes do Ensino Secundário<br />

(SECO) 142 desenvolveu, em colaboração com o C<strong>on</strong>selho Naci<strong>on</strong>al da Juventude Sueca,<br />

o c<strong>on</strong>ceito de ”Operação um dia de trabalho” 143 para ”traduzisser o interesse dos alunos<br />

136. Dagens Nyheter e Svenska Dagbladet, 11 de Abril de 1968. <str<strong>on</strong>g>The</str<strong>on</strong>g> Students Development Fund (”Fundo Estudantil<br />

para o Desenvolvimento”) (sem nome em sueco) era a filial dedicada à ajuda internaci<strong>on</strong>al dos sindicatos suecos de<br />

estudantes universitários. Åke Magnuss<strong>on</strong>, que viria a escrever vários livros sobre a África do Sul e a participar, de<br />

forma activa e c<strong>on</strong>troversa, no debate sobre as sanções c<strong>on</strong>tra o apar<strong>the</strong>id, foi o primeiro presidente do SDF.<br />

137. Em sueco, U-hjälpsakti<strong>on</strong>en i Göteborg. O representante da FRELIMO, Lourenço Mutaca, e Anders Johanss<strong>on</strong><br />

do Dagens Nyheter desempenharam um papel muito importante para que esta decisão tivesse sido tomada.<br />

Johanss<strong>on</strong> tinha visitado há pouco tempo as z<strong>on</strong>as libertadas no norte de Moçambique. Ajudado por Mutaca,<br />

apresentou um memorando sobre as actividades da FRELIMO na área da educação ao U-hjälpsakti<strong>on</strong>en i Göteborg,<br />

pouco tempo antes de ser tomada a decisão (Anders Johanss<strong>on</strong>: ”Promemoria angående utbildningshjälp för Moçambique”/”Memorando<br />

sobre ajuda à educação em Moçambique”, Handen, 4 de Maio de 1968) (AJC).<br />

138. Dagens Nyheter, 10 de Maio de 1968.<br />

139. O projecto SACHED, um dos primeiros projectos educativos na África do Sul apoiado, desde meados dos<br />

anos sessenta pelo governo sueco recebeu grande oposição das organizações socialistas suecas de estudantes da Universidade<br />

de Gotemburgo. O SDS (Studerande för ett demokratiskt samhälle, Estudantes por Uma Sociedade Democrática)<br />

descrevia o SACHED como ”destinado a transformar os negros em cidadãos tolerantes e subservientes face<br />

ao regime branco sul-africano” (SDS: ”Vart tar GIS-tian vägen?”/”Para <strong>on</strong>de vão as nossas dez coroas?”, Folheto,<br />

Gotemburgo sem indicação de data, mas 1968 (AJC).<br />

140. Student Development Fund: ”Comunicado à imprensa”, Gotemburgo, 13 de Fevereiro de 1968 (AJC). Na mesma<br />

altura, decidiu-se reservar 30.000 coroas suecas para a formação académica dos refugiados angolanos no C<strong>on</strong>go<br />

e 7.500 coroas suecas para equipamento laboratorial para a Swaneng Hill School no Botswana.<br />

141. Dagens Nyheter, 20 de Abril de 1969.<br />

142. Em sueco, Sveriges Elevers Centralorganisati<strong>on</strong>. Reorganizada em 1982, mudou de nome para Elevorganisati<strong>on</strong>en<br />

Sverige (”União dos Estudantes Suecos”).<br />

143. Em sueco, Operati<strong>on</strong> Dagsverke.<br />

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