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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

regularidade na sua actividade. 128 Apesar de a questão de Cahora Bassa ter mobilizado<br />

uma corrente de opinião ampla e forte na Suécia no final da década de sessenta, o Grupo<br />

da FRELIMO de Uppsala acabou por ser dissolvido no início de 1970 e, em vez disso,<br />

os jovens aderiram a um movimento de solidariedade com o Vietname.<br />

O fim, tal como o princípio, do primeiro grupo local sueco de apoio à FRELIMO<br />

fora do movimento de solidariedade e das organizações políticas já existentes é também<br />

reflexo da perspectiva que tinha uma grande parte da juventude sueca da altura. Ao anunciar<br />

a sua dissolução, o promotor da campanha declarou o seguinte em Abril de 1970<br />

o epicentro na luta c<strong>on</strong>tra o imperialismo norte-americano situa-se actualmente no Sudeste<br />

Asiático. É aí que os imperialistas c<strong>on</strong>centraram o grosso das suas forças, e é aí também que a<br />

luta de libertação está mais bem organizada e tem mais êxito. Uma vitória do povo vietnamita<br />

será uma vitória de todos os povos do mundo, pelo que tem de estar certo participar na luta<br />

c<strong>on</strong>tra o imperialismo, o col<strong>on</strong>ialismo e o neocol<strong>on</strong>ialismo, trabalhando na frente anti-imperialista<br />

dos grupos suecos da FNL e apoiando a sua campanha de angariação de fundos. [...]<br />

Dar maior grau de prioridade à FRELIMO seria cometer mais do que um erro estratégico.<br />

As forças anti-imperialistas ficariam divididas e a luta ficaria posta de lado. [...]. Quando<br />

adquirimos este c<strong>on</strong>hecimento rudimentar, parámos de alguma forma a nossa actividade no<br />

seio do grupo sueco da FRELIMO. Estamos agora prestes a dissolver formalmente o grupo e<br />

a encerrar a campanha de angariação de fundos. 129<br />

Com o slogan ”frente anti-imperialista unida para o Vietname” muitos activistas suecos<br />

da solidariedade aband<strong>on</strong>ariam, em finais dos anos sessenta, o empenho anteriormente<br />

expresso com a África Austral mas o debate prepararia também o terreno para a reorganização<br />

e reactivação dos Comités da África Austral, com cada vez menos gente, o<br />

que levaria, a partir de 1970, à formação de Grupos de África mais militantes. Fazendo<br />

a p<strong>on</strong>te entre a primeira e a segunda geração de correntes de opinião de solidariedade<br />

com a África Austral, o Comité da África do Sul de Lund e a redacção do boletim de<br />

informação Södra Afrika rejeitaram a ”teoria da focalização” de inspiração maoísta e a<br />

noção de um único ”epicentro” no mundo para, em vez disso, adoptar uma ”visão global,<br />

<strong>on</strong>de a opressão racial na África Austral e a guerra no Vietname c<strong>on</strong>stituem duas faces<br />

do mesmo fenómeno, nomeadamente os excessos c<strong>on</strong>tra as pessoas pobres e de côr”. 130<br />

Esta perspectiva inspirou novas expressões de solidariedade para com a África Austral e<br />

Moçambique. Quando o grupo de Uppsala se dissolveu e aderiu ao movimento em favor<br />

do Vietname já tinha, por exemplo, sido formado outro grupo da FRELIMO em Estocolmo,<br />

em Novembro de 1968. Este grupo, também chamado Grupo da FRELIMO,<br />

aderiu posteriormente ao Grupo de África de Estocolmo, após a reorganização e deu um<br />

c<strong>on</strong>tributo eficaz para um trabalho de solidariedade sustentado em prol da FRELIMO<br />

na Suécia. 131<br />

128. O grupo de Uppsala, no seu trabalho de informação, defendia, na sua inocência, posições indefensáveis. Falando<br />

do tema da COREMO, e apesar do seu nome e intenções iniciais, declarava em 1967 que ”as divisões são sempre<br />

de lamentar, mas não se deve, só por isso, criticar organizações que se separam de outras, anteriormente criadas. Em<br />

termos muito limitados, o objectivo do grupo sueco da FRELIMO é apoiar apenas a FRELIMO, mas pretendemos,<br />

apesar disso, deixar em aberto todas as opções e não tomar posições c<strong>on</strong>tra, por exemplo, a COREMO, sabendo<br />

c<strong>on</strong>tudo que a FRELIMO o faz” (Ibid.).<br />

129. Svenska FRELIMO-gruppen: Circular de Pär Janss<strong>on</strong>, Uppsala, 18 de Abril de 1970 (AJC). Os principais resp<strong>on</strong>sáveis<br />

pelo Comité da África do Sul de Uppsala tinham, alguns anos antes, argumentado que a solidariedade com a África<br />

Austral dividia o movimento anti-imperialista e desviava a atenção do ”epicentro” situado no Sudeste Asiático, o que<br />

explica por que razão as organizações pró-chinesas, que tinham tanta influência no movimento de solidariedade com o<br />

Vietname, se mantinham à margem dos movimentos de solidariedade com a África Austral e com a América Latina.<br />

130. Aft<strong>on</strong>bladet, 29 de Janeiro de 1967.<br />

131. Ver a entrevista com Sören Lindh, p. 303.<br />

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