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Book 2.indb - The Nordic Documentation on the Liberation Struggle ...

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Os M<strong>on</strong>dlane e a FRELIMO de Moçambique<br />

dos anos sessenta foi relegada para segundo plano. 116<br />

Os apelos do presidente da FRELIMO para a disp<strong>on</strong>ibilização de verbas e para o<br />

empenhamento activo na causa naci<strong>on</strong>alista de Moçambique teve impacto junto da juventude<br />

sueca. M<strong>on</strong>dlane voltou à Suécia em Abril de 1966 para participar na décima<br />

c<strong>on</strong>ferência da Internaci<strong>on</strong>al Socialista e, durante a sua estadia, esteve presente numa<br />

c<strong>on</strong>ferência em Uppsala sobre ”Desenvolvimento no pensamento socialista democrático<br />

e acção em novos países” e, pela primeira vez, falou para o movimento de trabalhadores<br />

suecos, nas comemorações do Primeiro de Maio, em Gävle. 117 Aproveitando sempre a<br />

comunicação social para transmitir a sua mensagem, por essa altura M<strong>on</strong>dlane já tinha<br />

c<strong>on</strong>vencido um grupo de jovens de Uppsala a iniciar uma campanha de angariação de<br />

fundos e informação em prol da FRELIMO, depois formalizada como grupo sueco da<br />

FRELIMO. 118 Organizado à margem das organizações políticas e dos Comités da África<br />

do Sul já existentes, tratou-se da primeira iniciativa privada de solidariedade para com<br />

um movimento específico de solidariedade da África Austral.<br />

Após ler uma entrevista com M<strong>on</strong>dlane na imprensa sueca, o promotor da iniciativa,<br />

Per Janss<strong>on</strong>, escreveu uma carta para o quartel-general da FRELIMO em Dar es Salaam,<br />

em Maio de 1966, informando o movimento da intenção de iniciar uma campanha de<br />

solidariedade e pedindo informação de apoio. Como primeira iniciativa do género, a carta<br />

merece ser citada. A carta revela as preocupações cada vez mais internaci<strong>on</strong>alistas entre<br />

segmentos cada mais alargados da juventude sueca, o papel desempenhado pela Frente<br />

de Libertação Naci<strong>on</strong>al do Vietname e um misto de inocência, moralismo e optimismo,<br />

que viria a caracterizar o movimento de juventude e estudantes de 1968. Janss<strong>on</strong> escreve<br />

à FRELIMO, num inglês um pouco deficitário:<br />

Eu dantes não c<strong>on</strong>hecia de todo a vossa organização, mas o vosso líder, o Sr. Eduardo M<strong>on</strong>dlane,<br />

está neste momento de visita à Suécia e, no outro dia, li um artigo sobre a FRELIMO<br />

no qual ele interveio. [...] O Sr. M<strong>on</strong>dlane comparou a FRELIMO à FNL (do Vietname do<br />

Sul) e eu julgo que a comparação faz sentido. Alguns estudantes aqui na Suécia começaram<br />

uma organização em apoio da FNL que, até agora, entregou 70.000 dólares norte-americanos<br />

ao movimento de libertação. Eu também apoio a FNL, apesar de estar um pouco preocupado<br />

com a sua dependência da República Popular da China. 119 Comparando o Vietname com Moçambique,<br />

não me parece que a FRELIMO venha a depender que qualquer grande potência.<br />

Outros países africanos provaram que é possível independência sem uma nova dependência.<br />

Uma vez c<strong>on</strong>cretizada a independência, a tarefa é resolver os problemas e as dificuldades do<br />

116. Em 1972, o Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin, sucessor do Syd- och Sydvästafrika, apresentava-se da seguinte<br />

forma: ”(O boletim) é publicado e editado c<strong>on</strong>juntamente pelos Grupos de África. Divulga sobretudo actualidades<br />

sobre a luta em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique; sobre os ac<strong>on</strong>tecimentos em Portugal, os interesses da Suécia<br />

em Portugal e em África; e sobre o papel do imperialismo norte-americano em África” (Södra Afrika Informati<strong>on</strong>sbulletin,<br />

Nº 15–16, Maio de 1972, p. 2). De uma cobertura quase exclusiva da África do Sul e da Namíbia, em meados<br />

dos anos sessenta, o órgão do movimento sueco de solidariedade com a África Austral viria, no início da década de<br />

setenta, a estar quase só preocupado com as lutas nas colónias portuguesas.<br />

117. Socialdemokratiska Partistyrelsen (Comissão Naci<strong>on</strong>al do Partido Social Democrata): ”Berättelse för år 1966”<br />

(”Relatório do exercício de 1966”), p. 7 (LMA).<br />

118. Em sueco, Svenska FRELIMO-gruppen. O grupo sediado em Uppsala não deve ser c<strong>on</strong>fundido com o Grupo<br />

para a FRELIMO (FRELIMO-gruppen) que foi formado dois anos antes por Sören Lindh, junto dos seus colegas da<br />

Agência Sueca para o Desenvolvimento Administrativo (Statsk<strong>on</strong>toret). Foi este último grupo, formalmente criado<br />

em Novembro de 1968, que sobreviveu aos anos turbulentos nos finais da década de sessenta e início dos anos<br />

setenta, acabando por se fundir com o Grupo de África de Estocolmo e promover, de forma aguerrida, a causa de<br />

Moçambique, no âmbito do movimento organizado de solidariedade na Suécia (Ver Kerstin Norrby e Sören Lindh:<br />

”FRELIMO-gruppen: Verksamhetsrapport per den 10 mars 1969” /”O Grupo FRELIMO: Relatório de actividades<br />

até 10 de Março de 1969” sem indicação de data nem local (AJC).<br />

119. Frase sublinhada pelo destinatário no gabinete do vice presidente da FRELIMO.<br />

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