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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE HEMIEPÍFITAS EM RELAÇÃO A ...

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<strong>DISTRIBUIÇÃO</strong> <strong>ESPACIAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>H<strong>EM</strong>IEPÍFITAS</strong> <strong>EM</strong> <strong>RELAÇÃO</strong> A GRADIENTES <strong>DE</strong><br />

UMIDA<strong>DE</strong><br />

Berbert, H. 1 , Canela, M.B. 2 , Cardoso,N.A. 3 , Silva,G.J.A. 4 , Stella, A 5 .<br />

RESUMO<br />

A fim de verificar se há modificação na distribuição espacial de hemiepífitas em relação<br />

aos gradientes horizontal e vertical foram feitas parcelas de 10x10m ao longo de um rio,<br />

registrando-se diâmetro das árvores hospedeiras; presença, ausência, espécie e abundância da<br />

hemiepífita; distância em relação ao rio e altura nas árvores hospedeiras. Nenhuma das 4 espécies<br />

encontradas diminuiu sua ocorrência a maiores distâncias do rio, árvores de pequeno diâmetro<br />

aportaram maiores abundâncias de hemiepífitas e houve uma tendência de diminuição de<br />

abundância em maiores alturas do fuste. É sugerido 1-)que tais plantas se fixem em árvores de<br />

menor diâmetro devido a maior facilidade das raízes envolverem troncos menores diâmetros e 2-)<br />

que até a distância investigada em relação ao rio, as raízes das hemiepífitas possam garantir o<br />

suprimento de água necessário à estas plantas.<br />

PALAVRAS-CHAVE: hemiepífitas, distribuição espacial, Araceae, Serra do Teimoso, Mata<br />

Atlântica<br />

INTRODUÇÃO<br />

Hemiepífitas são plantas que podem iniciar seu ciclo de vida tanto como epífitas, lançando<br />

raízes em direção ao solo (hemiepífitas primárias), ou como plântulas terrestres, que<br />

posteriormente ascendem à copa das árvores, mantendo ou não a conexão com o ambiente<br />

terrestre (Putz & Holbrook 1986). Várias famílias de plantas lenhosas ou herbáceas apresentam o<br />

hábito hemiepifítico. Esta conexão com o solo tampona até certo ponto as deficiências hídricas<br />

que são suportadas por plantas tipicamente epifíticas (Williams-Linera & Lawton 1995). Para<br />

hemiepífitas herbáceas é esperado uma maior associação a ambientes que possuam algum grau de<br />

1<br />

Engenheiro Agrônomo, MSc ; proprietário da RPPN Serra do Teimoso<br />

2<br />

Bióloga, Pós-graduação em Biologia Vegetal -Univ. Estadual de Campinas<br />

3<br />

Graduação em Ciências Biológicas - Univ. Estadual de Santa Cruz<br />

4<br />

Biólogo<br />

5<br />

Engenheiro florestal, Pós-graduação em Biologia Vegetal - Univ. Estadual de Campinas


umidade. Assim, o objetivo desse estudo foi testar a hipótese de que a abundância de hemiepífitas<br />

herbáceas está diretamente relacionada a um gradiente de umidade.<br />

METODOLOGIA<br />

Este estudo foi desenvolvido na Reserva do Particular do Patrimônio Natural da Serra do<br />

Teimoso, localizada no município de Jussari (15°12’S e 39° 29’W), Bahia. A área pode ser<br />

caracterizada como transição entre floresta úmida nos topos de morros e semidecídua para a base.<br />

Foram instaladas três parcelas de 10 x 10 metros ao longo das margens do Ribeirão da<br />

Bica. Todas as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 6,4 cm foram anotadas e plotadas<br />

em planta baixa, sob as coordenadas X (distância perpendicular ao rio) e Y (distância paralela à<br />

margem do rio). Para cada uma das árvores foi registrada a presença ou a ausência de<br />

hemiepífitas e a altura de seus ramos.<br />

Para as espécies com n ≥ 5 e para o conjunto de espécies encontrado foram feitas análises<br />

de regressão para verificar as relações entre abundância de hemiepífitas e DAP das hospedeiras,<br />

abundância de hemiepífitas e classes de altura.<br />

RESULTADOS<br />

Do total de árvores amostradas (N = 32, figura 1), 62,5% apresentou pelo menos um<br />

indivíduo das espécies Philodendrum sp. (Araceae), Rhodospatha oblongata (Araceae),<br />

Cyclantaceae e Indeterminada 1. A abundância foi decrescente nesta mesma ordem (tabela 1).<br />

A relação entre abundância de todas as hemiepífitas e o DAP das hospedeiras se ajustou a<br />

uma regressão polinomial de segunda ordem (R 2 = 0,95, figura 1A). O mesmo ocorreu para R.<br />

oblongata (R 2 = 0,79, figura 1B) e Philodendron sp. (R 2 = 0,9, figura 1C).<br />

As regressões lineares mais significativas entre abundância e altura das hemiepífitas foram<br />

obtidas na análise de todas as espécies (R 2 = 0,6, figura 2A) e para Philodendron sp. (R 2 = 0,66,<br />

figura 2C).<br />

Nem ocorrência nem a abundância de hemiepífitas sobre os troncos das árvores se<br />

modificou a maiores distâncias do ribeirão (figura 3).


DISCUSSÃO<br />

Todas as hemiepífitas mostraram forte tendência de se fixarem em árvores de menor<br />

diâmetro em detrimento às árvores maiores. Assim, a colonização de árvores por hemiepífitas<br />

parece relacionada ao estágio de desenvolvimento das árvores devido a maior facilidade de<br />

fixação das raízes de hemiepífitas em fustes de menor diâmetro.<br />

No gradiente vertical a abundância de hemiepífitas tende a diminuir em maiores alturas<br />

nos fustes das árvores. Nestes locais ocorrem também modificações anatômico-fisiológicas em<br />

algumas espécies de Araceae (Mantovani 1997) para suportar maiores níveis de dessecamento.<br />

No gradiente horizontal, a não modificação na abundância de hemiepífitas sugere que, até a<br />

distância investigada, raízes podem suprir possíveis deficiências hídricas que possam acontecer.<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Aos proprietários da Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN Serra do Teimoso<br />

Henrique e Lucélia Berbert; aos financiadores Global Canopy Programme-International Canopy<br />

Network e Fundação Boticário de Proteção a Natureza; às equipes de escaladores das empresas<br />

Soluções Verticais e Jardins Suspensos - Jardinagem Vertical e ao monitor em escalada Marcial<br />

C.Jorge; e aos organizadores do curso Talita Fontoura e Flavio Santos


Tabela 1 - Ocorrência de hemiepífitas nas árvores amostradas ao longo do Ribeirão da Bica. RO<br />

= Rhodospatha oblongata, P1= Philodendrum sp, CY= Cyclantaceae e Indet1 = Indeterminada 1.<br />

Parcela Árvores % de ocorrência de hemiepífitas<br />

N com hemi RO P1 CY Indet 1 Total<br />

A 10 8 3 7 0 0 30<br />

B 8 6 2 5 3 2 75<br />

C 14 6 0 4 1 1 42,6<br />

TOTAL 32 20 5 16 4 3 62,5<br />

Abundância total<br />

Ab R. oblongata<br />

Ab de Philodendron sp.<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

-5<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

-5<br />

1 2 3 4 5<br />

1 2 3 4 5<br />

1 2 3 4 5<br />

Classes de DAP<br />

Figura 1 - Relação abundância de hemiepífitas por classes de DAP nas árvores hospedeiras. 1 =<br />

6,7 a 19,9 cm; 2 = 20,0 a 33,1 cm; 3 = 33,2 a 46,3 cm; 4 = 46,4 a 59,5 cm e 5 = 59,6 a 72,7 cm. A<br />

- Y= 2,0714X 2 - 16,729X + 33 (n = 28, r 2 = 0,95); B - Y = 0,2857X 2 -2,3143X + 4,8 (n = 5, r 2 =<br />

0,7905); C - Y = 1,6429X 2 - 12,557 + 22,8 (n = 16, r 2 = 0,9013). Linas sólidas representam<br />

ajustes à regressão polinomial de segunda ordem.<br />

A<br />

B<br />

C


Abundancia total<br />

Ab R. oblongata<br />

Ab Philodendron sp.<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 2 4 6 8<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 2 4 6 8<br />

0 2 4 6 8<br />

Classes de altura<br />

Figura 2 - Relação abundância de hemiepífitas por classes de altura nas árvores hospedeiras. 1 =<br />

até 1 m; 2 = de 1,01 a 2,00 m; 3 = de 2,01 a 3,00 m; 4 = de 3,01 a 4,00; 5 = de 4,01 a 5,00; 6 = de<br />

5,01 a 6,00; 7 = de 6,01 a 7,00 e 8 = de 7,01 a 8,00. A - Y= 7 - 0,75X (n = 28, r 2 = 0,6); B - Y =<br />

0,8571 - 0,00357X (n = 5, r 2 = 0,01); C - Y = 5 - 0,6786X (n = 16, r 2 = 0,66). Linhas sólidas<br />

representam ajuste à regressão linear simples.


Distância do ribeirão (m)<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30<br />

Distância da borda superior (m)<br />

Figura 3 - Distribuição espacial das árvores amostradas nas parcelas instaladas ao longo do<br />

Ribeirão da Bica.


LITERATURA CITADA<br />

WILLIANS, G. & LAWTON, R. O. 1995. The ecology of the hemiepiphytes in forest canopies.<br />

In Lowman, M. D. & Nadkarni, N. M. (eds.). Forest Canopies. pp 255-284, Academic Press,<br />

California.<br />

MANTOVANI, A. 1997. Considerações iniciais a conquista do hábito epifítico na família<br />

Araceae. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 216pp.<br />

PUTZ, F.E. & HOLBROOK, N.M. 1986. Notes on the natural history of hemiepiphytes.<br />

Selbyana 9:61-69.

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