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“sangue latino, coração de terra bruta”: a etnomusicalidade nativista ...

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XIX da Tertúlia Musical Nativista <strong>de</strong> Santa Maria. É a 19ª edição <strong>de</strong> um Festival que não<br />

nascera há apenas 19 anos atrás. A história da Tertúlia percorre os meados da década <strong>de</strong> 80,<br />

sendo o 2º festival <strong>de</strong> música <strong>nativista</strong> surgido no RS. A 1ª Tertúlia Musical <strong>de</strong> Santa Maria<br />

aconteceu em março <strong>de</strong> 1980, na Associação Tradicionalista Estância do Minuano (ATEM),<br />

após ter sido i<strong>de</strong>alizada por José Figueiredo Vasseur (mais conhecido como “Xirú Vasseur”),<br />

apoiado por Amaury Dalla Porta, patrão da Estância do Minuano da época. O festival<br />

nasce do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Vasseur que, acompanhando como radialista da Rádio Universida<strong>de</strong> as<br />

edições da Califórnia da Canção <strong>de</strong> Uruguaiana <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu surgimento em 1971, acreditava<br />

ser possível um evento <strong>de</strong>ste porte em Santa Maria. Os <strong>de</strong>mais envolvidos com a produção<br />

musical da década <strong>de</strong> 1970, viam em Santa Maria uma região chave para a criação <strong>de</strong> um<br />

novo festival <strong>nativista</strong>, por ser no centro do Estado e <strong>de</strong> fácil acesso para músicos <strong>de</strong> diversas<br />

localida<strong>de</strong>s.<br />

Vasseur elaborou o projeto da Tertúlia e passou às mãos <strong>de</strong> Dalla Porta, quando<br />

optaram por realizar o festival junto ao Ro<strong>de</strong>io Campeiro já tradicional da entida<strong>de</strong>. O<br />

nome “Tertúlia” fora escolhido também por Vasseur, o que gerou muita polêmica, por ser<br />

um palavra “castelhana”. Em entrevista realizada com Vasseur, ele conta da dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> explicar que a cultura hispânica também era parte da cultura gaúcha, por isso o termo<br />

<strong>de</strong>veria ser mais bem quisto coletivamente. Isso <strong>de</strong>monstra que, se músicos e compositores<br />

conseguiam alimentar com certa sobrieda<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong>sta origem hispânica, isto não quer<br />

dizer que estas idéias fossem comuns à socieda<strong>de</strong> em geral, nem mesmo entre aqueles que<br />

vieram se tornar organizadores do evento. Se Vasseur era um dos que tinham clareza quanto<br />

sua origem platina, muitos tiveram <strong>de</strong> ser convencidos por ele <strong>de</strong>sta situação.<br />

No livreto da 4ª edição da Tertúlia, em 1983, consta um texto <strong>de</strong> Bicca Larré explicando<br />

o termo e os motivos que fazem com que ele se encaixe perfeitamente nos objetivos do festival,<br />

dizendo que “nos séculos XVII e XVIII ‘tertúlia’ na Espanha, significou mais restritamente<br />

uma reunião <strong>de</strong> pessoas que se reuniam para discorrer sobre matéria literária, ou para simples<br />

conversa amigável ou passatempo honesto e proveitoso”. Encerra seu texto dizendo que<br />

“não há palavra que diga tudo isso do que essa que o vocabulário riogran<strong>de</strong>nse foi tomar <strong>de</strong><br />

empréstimo à cultura hispânica que, <strong>de</strong> resto, tanto influenciou as nossas tradições gaúchas”.<br />

Assim, o próprio nome escolhido por Vasseur para o festival <strong>de</strong>ixa em voga o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

relacionar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Sul Rio-Gran<strong>de</strong>nse com a formação espanhola.<br />

A primeira edição acontece com o objetivo <strong>de</strong> encontrar até mesmo um hino para a<br />

Estância do Minuano, entida<strong>de</strong> que aceitou a proposta da realização do evento. Assim,<br />

todas as composições concorrentes <strong>de</strong>veriam apresentar músicas com temáticas relativas à<br />

Minuano, fosse o vento Minuano, o índio Minuano ou a Estância do Minuano. O sucesso<br />

<strong>de</strong>sta primeira edição po<strong>de</strong> ser dito em seus números, pois mais <strong>de</strong> 100 composições foram<br />

inscritas para o festival. Estas dimensões fizeram com que a 2ª edição em 1981 expandisse<br />

o festival, que adquiria porte <strong>de</strong> um evento que podia acontecer isoladamente (já que fora<br />

criado para “anexar-se” à festa campeira da entida<strong>de</strong>). Josseny Nunes, artista plástico, fora<br />

chamado para trabalhar aspectos teatrais na 3ª Tertúlia, <strong>de</strong> forma que envolvesse o público<br />

ainda mais com as composições que seriam apresentadas. Foi aí que o costume <strong>de</strong> haver<br />

uma payada antes que a composição subisse ao palco nasceu. Era uma forma <strong>de</strong> envolver o<br />

público com a temática da música e, até mesmo, explicar o que ela viria a dizer, caso o tema<br />

não fosse confortavelmente conhecido pelo público.<br />

A divisão do Festival da Festa Campeira da ATEM acontecera na 3ª edição, em 1982,<br />

acontecendo em maio e não mais no mês <strong>de</strong> março. Durante o mês do evento, era montado<br />

um escritório na Praça Saldanha Marinho, no centro <strong>de</strong> Santa Maria, com informações e<br />

materiais exclusivos da Tertúlia. Em palavras <strong>de</strong> Dinara Paixão 9 , “Santa Maria respirava a<br />

Tertúlia Musical Nativista todo mês <strong>de</strong> Maio”! Neste escritório, se reuniam músicos, poetas,<br />

9 Dinara fora radialista <strong>de</strong> cobertura dos eventos, vindo a se tornar membro da comissão organizadora na 8ª<br />

edição.<br />

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