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“sangue latino, coração de terra bruta”: a etnomusicalidade nativista ...

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Inhandu tuas penas, são penas que chegam<br />

nas tar<strong>de</strong>s amenas as lembranças <strong>de</strong> um piá<br />

(...)<br />

O avestruz do meu pago vai <strong>de</strong>sparecer<br />

São penas que trago e nada posso fazer<br />

a falta <strong>de</strong> espaço encurtou o seu passo<br />

e sem liberda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> viver.”<br />

Knelmo Alves elaborou a composição “Penas” para alertar quanto aos riscos <strong>de</strong> extinção<br />

da fauna da pampa em função do uso das penas <strong>de</strong> animais (neste caso o Inhandú) para fins<br />

vulgares. O autor utiliza na composição, as palavras “pampa” ou “pago” para se referir ao<br />

habitat do animal, sem <strong>de</strong>limitar a extensão <strong>de</strong>sta pampa/<strong>de</strong>ste pago. Enten<strong>de</strong>-se assim que<br />

o autor relaciona, através da fauna, as semelhanças da região platina.<br />

•<br />

4ª edição, 1983 – Música fonte: “Martin Fierro”, letra <strong>de</strong> Jayme Caetano Braun e<br />

música <strong>de</strong> Talo Pereyra (ver anexo 3). Trecho em <strong>de</strong>staque:<br />

“As entida<strong>de</strong>s divinas<br />

criando homens libertos<br />

nos horizontes abertos<br />

nas pátrias continentinas<br />

sem ter duas Argentinas<br />

dois Rio Gran<strong>de</strong>s<br />

sentindo no além dos An<strong>de</strong>s<br />

o drama dos Martins Fierros<br />

uniram pampas e cerros<br />

nas ‘Cordilheiras <strong>de</strong> Hernan<strong>de</strong>z’”.<br />

Este é o caso <strong>de</strong> composição que se explica por si. Braun, já no título <strong>de</strong> sua obra,<br />

traz a vivência platina na cultura do RS, pois Martin Fierro é uma obra chave que fala do<br />

gaucho acima das limitações <strong>de</strong> fronteira. É o que Braun explicita em sua obra, chamando<br />

<strong>de</strong> iguais (<strong>de</strong> “Martins Fierros”) os homens <strong>de</strong> Argentina, Uruguai e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Martin Fierro, originalmente, é um poema do argentino José Hernán<strong>de</strong>z publicado em 1872.<br />

Narra o gaúcho com um caráter heroico e sacrificado, escrito com a linguagem coloquial<br />

da Argentina à época. Na composição <strong>de</strong> Jayme Caetano Braun, ele apresenta o Sul-Rio-<br />

Gran<strong>de</strong>nse brasileiro como um Martin Fierro, uma figura tal qual aquela que vive do outro<br />

lado da fronteira. Enten<strong>de</strong> que fazem parte <strong>de</strong> uma mesma pátria – seu continente – que, por<br />

sua vez, é a “pampa” e seus cerros, que não admitem fronteiras nem outros tipos <strong>de</strong> divisão.<br />

É um espaço que engloba, que abarca, que une, que abriga a iguais.<br />

Como nosso objetivo neste trabalho é <strong>de</strong>monstrar trechos das composições com as<br />

revelações acerca do entendimento dos compositores <strong>nativista</strong>s quanto à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma gênese<br />

platina (vistos eles como propagadores <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia bastante forte entre a população em<br />

geral), <strong>de</strong>ixamos ao leitor o interesse em observar a obra em sua íntegra, junto aos anexos<br />

<strong>de</strong>ste trabalho.<br />

•<br />

5ª edição, 1984 – Música fonte: “Orelhano”, letra e música <strong>de</strong> Mário Eleú Silva (ver<br />

anexo 4). Trecho em <strong>de</strong>staque:<br />

“Orelhano<br />

<strong>de</strong> marca e sinal<br />

fulano <strong>de</strong> tal<br />

<strong>de</strong> charlas campeiras<br />

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