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“sangue latino, coração de terra bruta”: a etnomusicalidade nativista ...

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a alguns que seja algo muito sutil para ser consi<strong>de</strong>rada uma alusão à formação hispânica do<br />

RS, porém, ainda há pouco tempo (ainda neste século...), se assistia “historiadores” afirmando<br />

que a história do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul iniciava apenas em 1737, com a fundação do Forte Jesus-<br />

Maria-José e da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, tudo organizado pelos portugueses. Sendo assim,<br />

trazer as Missões para integrar a história regional <strong>de</strong>monstra um entendimento diferenciado<br />

acerca da história e da gênese da população sul-rio-gran<strong>de</strong>nse, pois aceita, além da figura<br />

do espanhol, a figura do indígena. O autor articula características culturais <strong>de</strong> distintas<br />

origens, permitindo ao RS viver e exaltar sua formação multi-étnica e, consequentemente,<br />

multicultural (tava, atabaque, palavras como folguedos, tapejaras...).<br />

Aproxima ainda o RS e a região platina com peculiarida<strong>de</strong>s culturais semelhantes,<br />

representadas principalmente pelas características edafoclimáticas. De forma poética e<br />

musical, se po<strong>de</strong> observar que em 1980, havia pessoas que trabalhavam com questões culturais<br />

no RS, porém com um diálogo muito diferente com sua própria gênese.<br />

•<br />

2ª edição, 1981 – Música fonte: “Canto Alegretense”, letra <strong>de</strong> Antônio Augusto<br />

“Nico” Fagun<strong>de</strong>s e música <strong>de</strong> Bagre Fagun<strong>de</strong>s (ver anexo 2). Trecho em <strong>de</strong>staque:<br />

“Não me perguntes on<strong>de</strong> fica o Alegrete<br />

segue o rumo do teu próprio <strong>coração</strong><br />

cruzarás pela estrada algum ginete<br />

e ouvirás toque <strong>de</strong> gaita e <strong>de</strong> violão<br />

Pra quem chega <strong>de</strong> Rosário ao fim da tar<strong>de</strong><br />

ou quem vem <strong>de</strong> Uruguaiana <strong>de</strong> manhã<br />

tem o sol como uma brasa que ainda ar<strong>de</strong><br />

mergulhado no rio Ibirapuitan<br />

Ouve o canto gauchesco e brasileiro<br />

<strong>de</strong>sta <strong>terra</strong> que eu amei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> guri...”.<br />

Antônio Augusto Fagun<strong>de</strong>s diz, em Canto Alegretense, que “os corações” convergem<br />

naturalmente à região oeste do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e que nesta região existem gaitas e<br />

violões. Admitir ainda que a região sofre influência musical do violão é registrar o alcance da<br />

cultura hispânica no Estado, já que este é um instrumento originário da guitarra espanhola.<br />

A composição ainda cita outras cida<strong>de</strong>s da mesma região, Rosário do Sul e Uruguaiana,<br />

fazendo enten<strong>de</strong>r que a i<strong>de</strong>ntificação cultural <strong>de</strong> todas é a mesma, sendo estas cida<strong>de</strong>s da<br />

região do pampa cuja influência da colonização espanhola é bastante evi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

biótipo da população até o linguajar, com muita participação do popular “portunhol”. As<br />

características o local cantado, como o Rio Ibirapuitan, além <strong>de</strong> posicionar a composição<br />

geograficamente, também faz sua alusão aos povos autóctones, já que a toponímia do rio em<br />

questão é do tronco linguístico tupi-guarani.<br />

O autor também diz que este canto é gauchesco e também é brasileiro, o que nos<br />

permite interpretar que o autor se sente integrado ao restante do país, mas ao ser “gauchesco<br />

e brasileiro”, se admite também que há a influência platina e ela <strong>de</strong>ve ser entendida como<br />

componente da cultura popular brasileira através do estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

•<br />

3ª edição, 1982 – Música fonte: “Penas”, letra <strong>de</strong> Knelmo Amado Alves e música <strong>de</strong><br />

Francisco Alves. Trecho em <strong>de</strong>staque:<br />

“Uma estampa da pampa vai <strong>de</strong>saparecer<br />

não tem liberda<strong>de</strong> e não po<strong>de</strong> correr<br />

A máquina e o homem cortaram distâncias<br />

e léguas <strong>de</strong> estância não existem mais<br />

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