Tese Final.pdf - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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Componentes dos Programas e a Intervenção Precoce As vertentes que compõem os programas de educação parental incluem o conhecimento (informação e conteúdo), as competências de gestão familiar (competências necessárias para que as figuras parentais controlem as exigências, as mudanças e adaptações) e as competências interpessoais (a qualidade das interacções e das relações) (Goodyear & Rubovits, 1982). Os programas adlerianos e/ou behavioristas sublinham primordialmente competências de modelagem e controlo do comportamento. Todavia, a maioria dos programas inclui informação e orientação como meio de aumentar o conhecimento dos pais, havendo até aqueles que recorrem exclusivamente à informação como forma de intervenção (Goodyear & Rubovits, 1982). Desta maneira, estes acabam por ficar incompletos, visto que é preciso vivenciar e sentir certas situações para que haja mudança significativa. É necessário experimentar, trocar, participar para se conhecer e identificar alguns comportamentos. Considera-se ainda, que no desenvolvimento de um programa de educação parental, o valor atribuído a cada componente deve variar em função da população-alvo junto da qual se pretende intervir (Dore & Lee, 1999; Fine & Henry, 1989; Goodyear & Rubovits, 1982). Isto porque nem todos os pais apresentam as mesmas necessidades e demandas e tão pouco assimilam de maneira similar. Tudo deve ser adaptado a uma linguagem acessível e bastante prática, dentro das suas respectivas realidades. Outra vertente a considerar é o nível de intervenção que o programa pretende atingir, podendo apresentar-se de forma a remediar determinados comportamentos, a prevenir, a promover mudanças e novos modelos parentais, e ainda actuar na forma de intervenção precoce, quer dizer também de maneira preventiva (Dore & Lee, 1999). Toda a prática com os pais sempre será bem-vinda, dada a complexa tarefa da criação e formação dos filhos, somado à questão pessoal do desenvolvimento individual de cada um, que, naturalmente, interfere na prática com os filhos. Contudo, sabe-se que quanto mais precoce for a estimulação, maior é a disponibilidade de se aderir às mudanças, visto que, os hábitos não estão demasiadamente incorporados e enraizados e as estratégias de explorar emocionalmente o facto são mais verdadeiras quanto mais jovem é o ser humano. 56

A intervenção precoce tem como objetivo primordial o de promover, numa fase prematura, o desenvolvimento infantil, focando de forma privilegiada as dimensões cognitiva e afectiva das funções parentais, no sentido de prevenir práticas parentais pouco eficazes (Dore & Lee, 1999). Os programas de prevenção e intervenção precoce destinam-se à população de pais em geral, independentemente das suas capacidades parentais ou problemas pontuais. O Programa Reflective Dialogue Parent Education (RDPED) é um dos exemplos de uma intervenção preventiva, centrada em duas áreas, designadamente a auto- consciência (“self-awareness”) e o funcionamento interpessoal dos pais, partindo do princípio de que estas áreas estão relacionadas com a função parental e exercem um considerável impacto sobre o desempenho desta função (Thomas, 1996). Neste programa, a promoção do desenvolvimento parental é o objectivo primordial, na perspectiva de acreditar que os pais podem atingir um nível mais elevado de desenvolvimento e, desta forma, aumentar o repertório para lidar com situações complexas e saber compreender a criança, as relações pais-filhos, assim como o seu papel parental no desenvolvimento e formação da criança (Upshur, 1988; Weiss, 1988; cit. Thomas, 1996). É na família, mais especificamente no contexto das relações pais-filhos, que ocorre o desenvolvimento da criança, e este é o ambiente onde a intervenção se deve iniciar. O grande objectivo da intervenção neste domínio é, pois, o de ajudar os pais a quebrarem o ciclo inter-geracional de transmissão de práticas educativas comprometedoras para o desenvolvimento da criança (Nicholson, Anderson, Fox, & Brenner, 2002), e promover famílias mais dispostas a interagirem entre si, no sentido do apoio, protecção, segurança e confiança. As questões relacionadas com a avaliação de programas de educação parental assumem uma importância extrema, na medida que se pode identificar os elementos de sucesso neste tipo de intervenção. Porém, construir contextos que vêm apoiar, nos quais os pais se sintam seguros para partilhar vivências, rever as suas próprias experiências de infância e garantir o suporte mútuo, é mais importante do que simplesmente disponibilizar informação sobre a educação da criança. 57

A intervenção precoce tem como objetivo primordial o <strong>de</strong> promover, numa fase<br />

prematura, o <strong>de</strong>senvolvimento infantil, focando <strong>de</strong> forma privilegiada as dimensões<br />

cognitiva e afectiva das funções parentais, no sentido <strong>de</strong> prevenir práticas parentais pouco<br />

eficazes (Dore & Lee, 1999).<br />

Os programas <strong>de</strong> prevenção e intervenção precoce <strong>de</strong>stinam-se à população <strong>de</strong> pais<br />

em geral, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das suas capacida<strong>de</strong>s parentais ou problemas pontuais.<br />

O Programa Reflective Dialogue Parent Education (RDPED) é um dos exemplos<br />

<strong>de</strong> uma intervenção preventiva, centrada em duas áreas, <strong>de</strong>signadamente a auto-<br />

consciência (“self-awareness”) e o funcionamento interpessoal dos pais, partindo do<br />

princípio <strong>de</strong> que estas áreas estão relacionadas com a função parental e exercem um<br />

consi<strong>de</strong>rável impacto sobre o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>sta função (Thomas, 1996).<br />

Neste programa, a promoção do <strong>de</strong>senvolvimento parental é o objectivo primordial,<br />

na perspectiva <strong>de</strong> acreditar que os pais po<strong>de</strong>m atingir um nível mais elevado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e, <strong>de</strong>sta forma, aumentar o repertório para lidar com situações complexas<br />

e saber compreen<strong>de</strong>r a criança, as relações pais-filhos, assim como o seu papel parental no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e formação da criança (Upshur, 1988; Weiss, 1988; cit. Thomas, 1996).<br />

É na família, mais especificamente no contexto das relações pais-filhos, que ocorre<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento da criança, e este é o ambiente on<strong>de</strong> a intervenção se <strong>de</strong>ve iniciar.<br />

O gran<strong>de</strong> objectivo da intervenção neste domínio é, pois, o <strong>de</strong> ajudar os pais a<br />

quebrarem o ciclo inter-geracional <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> práticas educativas comprometedoras<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento da criança (Nicholson, An<strong>de</strong>rson, Fox, & Brenner, 2002), e<br />

promover famílias mais dispostas a interagirem entre si, no sentido do apoio, protecção,<br />

segurança e confiança.<br />

As questões relacionadas com a avaliação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação parental<br />

assumem uma importância extrema, na medida que se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os elementos <strong>de</strong><br />

sucesso neste tipo <strong>de</strong> intervenção.<br />

Porém, construir contextos que vêm apoiar, nos quais os pais se sintam seguros<br />

para partilhar vivências, rever as suas próprias experiências <strong>de</strong> infância e garantir o suporte<br />

mútuo, é mais importante do que simplesmente disponibilizar informação sobre a educação<br />

da criança.<br />

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