Tese Final.pdf - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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aprender”, do que efectivamente como uma ferramenta segura de construção de um mundo melhor. Verifica-se pelos estudos conduzidos que o envolvimento parental na escola tem efeitos positivos na realização escolar dos alunos, traduzindo-se também num aumento das suas competências sociais e na diminuição dos seus problemas de comportamento (Webster – Stratton, 1998). É importante salientar, porém, que muitos pais ainda acreditam que à escola se deve todo o processo educativo dos filhos, enquanto ficam a trabalhar, entre outras ocupações, acabam por não disponibilizar e investir tempo nos filhos. O processo educacional ao qual crianças de toda a diversidade têm sido submetidas tem direccionado a sua atenção e preocupação para o desenvolvimento sócio-intelectual dos alunos, com o intuito de lhes assegurar uma educação formada em conhecimento. As escolas continuam a repetir conceitos e conteúdos pré-fixados, que certamente contribuem para a informação mas nem tanto para a formação. Entretanto, o que se está a observar, é que nem todas as instituições tem direccionado a sua atenção para a individualidade dos alunos, minimizando a importância do seu carácter, das suas histórias pessoais, anseios, dificuldades, qualidades e características. Os alunos, além de confiar nos seus professores, esperam algo a mais, muito mais que somente transmissões de conhecimento pragmático e teórico. Na verdade, as crianças, tal como os jovens e todos os alunos, desejam ser amadas, valorizadas nas suas possibilidades, respeitadas nos seus limites, incentivadas nas suas fraquezas, principalmente nas suas primeiras experiências. Este processo de desenvolvimento deve ser baseado na co-responsabilização de ambos, família e escola, visto que a influência de ambos se torna imprescindível pela repercussão daquilo que é aprendido nos anos iniciais de vida na vida inteira dos seres humanos. José Martins Filho, médico pediatra e professor na Unicamp – Universidade de Campinas, São Paulo – Brasil, comenta no seu livro, Cuidado Afeto e Limites, que não existe hoje em lugar nenhum uma escola para pais. As pessoas não recebem uma orientação especial para serem pais, elas aprendem vivendo, num processo que acontece 42

progressivamente desde o nascimento. E acrescenta que quando falamos em génese da violência - e a maioria das pessoas acentua o aspecto económico, que é real - deve considerar-se uma variável fundamental que é o abandono precoce das relações afectivas no lar (Capelatto, 2010). Descreve, a este propósito, José Martins “...mas estou convencido de que, um dia, teremos que desenvolver escolas de pais, mostrar o que é essa nobre função e orientar e estimular os que estão em dúvida. Que aguardem, que esperem, que só tenham filhos quando estiverem dispostos realmente a se dedicar a eles” (Martins, 2010, p.58). Existe frequentemente a noção de que ter um filho e ser responsável por ele são duas realidades que se estão a desvincular, considerando que a mãe que cuida está progressivamente a desaparecer, porque essa é uma função que ela delega cada vez mais aos outros. Cláudia Rodrigues, citada por José Martins, escreve de forma bastante peculiar e que vem ao encontro deste quase questionamento, “Então as mulheres que optam por ser mães não podem mais trabalhar, devem ficar confinadas à vida doméstica, como no inicio do século passado? Óbvio que não, mas não podemos fechar os olhos para as aberrações que estão acontecendo, para essas mães culturais que [os media ajudam] a fabricar. Mulheres que nunca sonharam em criar e educar crianças, que não têm o menor interesse em conviver com crianças, parindo-as, adoptando-as, abandonando-as, para obter o título de mães. Depois se desesperam, não sabem o que fazer com os bebés, não suportam conviver com crianças, fogem de casa como o diabo da cruz. Acham um saco parir, amamentar, cozinhar, cuidar, ler histórias, trocar fraldas, acompanhar o crescimento, as fases, o desenvolvimento (Rodrigues, cit., Martins, 2010, p. 56). Hoje educar não é só formar conhecimento. Acredita-se que é agir para a vida e que a educação é um processo que nunca tem fim. Compreende despertar a criança para a vida, dando-lhe a possibilidade de conhecer e descobrir todas as suas possibilidades de agir, dentro de padrões éticos e morais. Um país constrói-se e subsiste com a mentalidade que nele predomina, por isso pais, professores e educadores em geral deveriam imediatamente atentar para o que realmente pensam, para como agem, uma vez que este é o resultado da maneira como sentem e percebem o mundo em que vivem. É o que irão ensinar verdadeiramente às suas crianças e estas, por sua vez, terão de dar continuidade ao que aprenderam. 43

progressivamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento. E acrescenta que quando falamos em génese da<br />

violência - e a maioria das pessoas acentua o aspecto económico, que é real - <strong>de</strong>ve<br />

consi<strong>de</strong>rar-se uma variável fundamental que é o abandono precoce das relações afectivas<br />

no lar (Capelatto, 2010).<br />

Descreve, a este propósito, José Martins “...mas estou convencido <strong>de</strong> que, um dia,<br />

teremos que <strong>de</strong>senvolver escolas <strong>de</strong> pais, mostrar o que é essa nobre função e orientar e<br />

estimular os que estão em dúvida. Que aguar<strong>de</strong>m, que esperem, que só tenham filhos<br />

quando estiverem dispostos realmente a se <strong>de</strong>dicar a eles” (Martins, 2010, p.58).<br />

Existe frequentemente a noção <strong>de</strong> que ter um filho e ser responsável por ele são<br />

duas realida<strong>de</strong>s que se estão a <strong>de</strong>svincular, consi<strong>de</strong>rando que a mãe que cuida está<br />

progressivamente a <strong>de</strong>saparecer, porque essa é uma função que ela <strong>de</strong>lega cada vez mais<br />

aos outros.<br />

Cláudia Rodrigues, citada por José Martins, escreve <strong>de</strong> forma bastante peculiar e<br />

que vem ao encontro <strong>de</strong>ste quase questionamento, “Então as mulheres que optam por ser<br />

mães não po<strong>de</strong>m mais trabalhar, <strong>de</strong>vem ficar confinadas à vida doméstica, como no inicio<br />

do século passado? Óbvio que não, mas não po<strong>de</strong>mos fechar os olhos para as aberrações<br />

que estão acontecendo, para essas mães culturais que [os media ajudam] a fabricar.<br />

Mulheres que nunca sonharam em criar e educar crianças, que não têm o menor interesse<br />

em conviver com crianças, parindo-as, adoptando-as, abandonando-as, para obter o título<br />

<strong>de</strong> mães. Depois se <strong>de</strong>sesperam, não sabem o que fazer com os bebés, não suportam<br />

conviver com crianças, fogem <strong>de</strong> casa como o diabo da cruz. Acham um saco parir,<br />

amamentar, cozinhar, cuidar, ler histórias, trocar fraldas, acompanhar o crescimento, as<br />

fases, o <strong>de</strong>senvolvimento (Rodrigues, cit., Martins, 2010, p. 56).<br />

Hoje educar não é só formar conhecimento. Acredita-se que é agir para a vida e que<br />

a educação é um processo que nunca tem fim. Compreen<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a criança para a vida,<br />

dando-lhe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e <strong>de</strong>scobrir todas as suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agir,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> padrões éticos e morais.<br />

Um país constrói-se e subsiste com a mentalida<strong>de</strong> que nele predomina, por isso<br />

pais, professores e educadores em geral <strong>de</strong>veriam imediatamente atentar para o que<br />

realmente pensam, para como agem, uma vez que este é o resultado da maneira como<br />

sentem e percebem o mundo em que vivem. É o que irão ensinar verda<strong>de</strong>iramente às suas<br />

crianças e estas, por sua vez, terão <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> ao que apren<strong>de</strong>ram.<br />

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