Tese Final.pdf - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
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Segundo Bowlby (1973/98), o que é aprendido no seio das relações pais-filhos<br />
ten<strong>de</strong> a ser generalizado a outros tipos <strong>de</strong> relações, particularmente nos primeiros anos, no<br />
<strong>de</strong>curso dos quais a criança não dispõe <strong>de</strong> recursos cognitivos para po<strong>de</strong>r questionar a<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas interacções, nem <strong>de</strong> exemplos que a contradigam.<br />
Na adolescência, novas capacida<strong>de</strong>s cognitivas permitem a reinterpretação das<br />
situações, o que possibilita um confronto e a elaboração <strong>de</strong> hipóteses cada vez mais<br />
complexas. A qualida<strong>de</strong> da vinculação aos pais nesse período po<strong>de</strong> ser posta em causa e vir<br />
a ser muito questionada nalguns casos.<br />
Daí que se a relação pais-filhos na adolescência pressupõe a história relacional<br />
passada, ela simultaneamente põe à prova o que se construiu anos antes (Sampaio, 2006).<br />
Porém, como diria Karen (1998), se não é possível negar o passado, é todavia possível<br />
reconstruir os significados que lhe atribuímos.<br />
Quando Patterson, Reid e Dshion (1992), examinaram os registos das observações<br />
que realizou relativamente às inúmeras famílias em estudo, foi capaz <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />
algumas características das situações familiares, nas quais os padrões coercivos são<br />
especialmente propensos a tornarem-se mais graves, à medida que o tempo passa:<br />
1. Falta <strong>de</strong> regras familiares;<br />
2. Falta <strong>de</strong> monitorização parental do comportamento da criança. (pais<br />
<strong>de</strong>satentos ao que os filhos fazem);<br />
3. Falta <strong>de</strong> contingências efectivas, (reacções dos pais, muitas vezes<br />
inconsistentes, não fazendo muita diferença para os comportamentos negativos e para os<br />
positivos);<br />
4. Falta <strong>de</strong> técnicas para lidar com as crises ou problemas familiares.<br />
Em suma, concluíram que esses pais lidam mal com as interacções da sua família<br />
porque, à semelhança dos homens <strong>de</strong> negócios ineficazes, não possuem capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
gestão a<strong>de</strong>quadas. Depois <strong>de</strong> Patterson e dos seus colegas terem ensinado técnicas mais<br />
apropriadas <strong>de</strong> gestão a alguns dos pais da sua amostra, o comportamento das crianças<br />
problemáticas <strong>de</strong>ssas famílias mudou significativamente para melhor (Patterson, Reid &<br />
Dshion, 1992).<br />
Po<strong>de</strong>-se dizer que o comportamento anti-social no início muito precoce resulta da<br />
interacção e combinação entre as influências estruturais, individuais e parentais.<br />
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