Tese Final.pdf - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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a ideia da intervenção parental é cada vez mais difundida e também alvo de preocupação e atenção de muitas famílias, de escolas, municípios, estados e inclusive governos. Em concomitância, as informações da psicologia perinatal, hoje mais difundida, com o seu vasto conhecimento nas áreas das relações precoces da vida e do impacto da parentalidade no desenvolvimento infanto-juvenil, constitui-se como imprescindível, não só para a família que se pretende preparar com antigos e novos conhecimentos, mas também face à necessidade de realizar ajustes, com vista ao desenvolvimento social e crescimento pessoal, ao que parece actualmente não tão bem estruturado e tão pouco equilibrado. A intervenção na educação parental exerce a sua função através das atitudes da família. Implica perceber a relevância de problematizar questões que possam causar impacto negativo no desenvolvimento infantil, rever as punições físicas e humilhações verbais, verificar a negligência no cuidado e no incentivo da expressão dos sentimentos e emoções das crianças e adolescentes, com o intuito de promover uma profunda consciência pessoal e um conhecimento das histórias das pessoas, para que estas sejam capazes de se auto-analisar e auto-regular. Alguns aspectos importantes e elementares a ter em consideração na intervenção através da educação parental são as competências de gestão interpessoal (gestão de emoções negativas e positivas, controle de sentimentos de fúria, resolução de problemas), os aspectos afectivos da função parental, bem como a informação sobre o desenvolvimento da criança (Dore & Lee, 1999; Azar, 1989). Se o futuro depende mesmo das crianças, neste caso é ideal que nos preocupemos com elas, todavia, o mais importante dessas palavras é o que subjaz, isto é, são os jovens- adultos que geram as crianças e também que as preparam para o mundo. O investimento está na família e no início. Esse pensamento fundamenta e incita cada vez mais o investimento crescente neste tipo de intervenção, devido à sua real necessidade e, por ter a capacidade de transformar modelos comportamentais, que se transmitem através da identificação, de geração em geração nas famílias. Esses conhecimentos parecem justificar a criação de condições para que os casais ou aqueles que representam as figuras parentais encontrem recursos com suporte 30

prático/informativo e, especialmente, acompanhamento e apoio emocional para que consigam ultrapassar os desafios que a função educativa/parental acarreta. No Brasil há uma escassez de programas de educação e apoio familiar que foquem a orientação sobre os cuidados e exercício da parentalidade responsável. Porém, existem, por outro lado, grupos, organizações não governamentais e instituições que desenvolvem um trabalho de educação pré-natal e de assistência pós-parto, veiculando informação sobre a ciência do início da vida com o intuito de orientar os mais jovens para criarem as suas famílias com consciência, responsabilidade e amor. Percebe-se a importância e a necessidade de programas educativos familiares e comunitários que ofereçam condições para que as famílias possam reflectir e construir acções educativas mais flexíveis, inteligentes e emancipadoras e aprendam a actuar perante a violência, a negligência intra-familiar, constituindo como sua meta a protecção, a confiança e o amor incondicional dos filhos. O desenvolvimento de iniciativas e a intervenção na educação parental poderá possibilitar respostas à desorientação que as figuras parentais de alguma maneira possam sentir e vivenciar e, assim, poder contar com jovens adultos mais bem preparados e mais bem ajustados emocionalmente. A Família – A Primeira Escola dos Sentimentos No decurso da história, a instituição família moldou-se em função das transformações sociais, sofrendo alterações importantes a nível biológico, das limitações culturais, das diferenças sexuais, da função e evolução dos novos papéis a desempenhar como mulher e homem. Essas mudanças repercutem-se no interior de cada estrutura familiar, no seu funcionamento e escolhas de padrão de comportamento. Leal explica que o espaço cultural da maternidade é bastante complexo. [...] “Passou-se da família alargada à família nuclear e desta à família monoparental. Passou-se da mãe, doadora de afectos à mãe prestadora de cuidados e desta à mãe culpabilizada por tudo o que acontece ou não ao seu filho. Passou-se da mãe vagamente desleixada à mãe super-mulher que procura, no mínimo, corresponder aos estereótipos dominantes do que deve “ser mãe”(Leal, 2005, p. 15). 31

prático/informativo e, especialmente, acompanhamento e apoio emocional para que<br />

consigam ultrapassar os <strong>de</strong>safios que a função educativa/parental acarreta.<br />

No Brasil há uma escassez <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação e apoio familiar que foquem<br />

a orientação sobre os cuidados e exercício da parentalida<strong>de</strong> responsável. Porém, existem,<br />

por outro lado, grupos, organizações não governamentais e instituições que <strong>de</strong>senvolvem<br />

um trabalho <strong>de</strong> educação pré-natal e <strong>de</strong> assistência pós-parto, veiculando informação sobre<br />

a ciência do início da vida com o intuito <strong>de</strong> orientar os mais jovens para criarem as suas<br />

famílias com consciência, responsabilida<strong>de</strong> e amor.<br />

Percebe-se a importância e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> programas educativos familiares e<br />

comunitários que ofereçam condições para que as famílias possam reflectir e construir<br />

acções educativas mais flexíveis, inteligentes e emancipadoras e aprendam a actuar perante<br />

a violência, a negligência intra-familiar, constituindo como sua meta a protecção, a<br />

confiança e o amor incondicional dos filhos.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> iniciativas e a intervenção na educação parental po<strong>de</strong>rá<br />

possibilitar respostas à <strong>de</strong>sorientação que as figuras parentais <strong>de</strong> alguma maneira possam<br />

sentir e vivenciar e, assim, po<strong>de</strong>r contar com jovens adultos mais bem preparados e mais<br />

bem ajustados emocionalmente.<br />

A Família – A Primeira Escola dos Sentimentos<br />

No <strong>de</strong>curso da história, a instituição família moldou-se em função das<br />

transformações sociais, sofrendo alterações importantes a nível biológico, das limitações<br />

culturais, das diferenças sexuais, da função e evolução dos novos papéis a <strong>de</strong>sempenhar<br />

como mulher e homem. Essas mudanças repercutem-se no interior <strong>de</strong> cada estrutura<br />

familiar, no seu funcionamento e escolhas <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> comportamento.<br />

Leal explica que o espaço cultural da maternida<strong>de</strong> é bastante complexo. [...]<br />

“Passou-se da família alargada à família nuclear e <strong>de</strong>sta à família monoparental. Passou-se<br />

da mãe, doadora <strong>de</strong> afectos à mãe prestadora <strong>de</strong> cuidados e <strong>de</strong>sta à mãe culpabilizada por<br />

tudo o que acontece ou não ao seu filho. Passou-se da mãe vagamente <strong>de</strong>sleixada à mãe<br />

super-mulher que procura, no mínimo, correspon<strong>de</strong>r aos estereótipos dominantes do que<br />

<strong>de</strong>ve “ser mãe”(Leal, 2005, p. 15).<br />

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