Tese Final.pdf - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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comportamentos, expressão autêntica dos sentimentos, resolução de problemas. Pode contribuir igualmente para a compreensão e ajustes de hábitos menos saudáveis. De acordo com Beatriz Teresinha Dias, “A educação não pode ser firmada em cima de caprichos, de hipóteses, de dar tiros no escuro. A educação deve ser alicerçada em exemplos concretos, no amor verdadeiro dos pais para com seus filhos, o que vem acompanhado de vários factores que contribuem para a construção dessa educação; e, um deles, é o saber respeitar o outro.” (Dias, 2007, p. 47). Porém, nos dias de hoje os pais precisam de se desdobrar com o ritmo desorganizado e pouco eficaz de uma sociedade em transformação. Muitos ainda acreditam que impondo certos padrões de comportamento baseados em autoritarismo, disciplina, limites e horários rígidos pré-estabelecidos, a par da convicção de que a própria experiência deles, de quando foram também filhos, será suficiente para educarem os seus descendentes. Esta crença ecoa frequentemente o que a sociedade entende erradamente como as atitudes mais correctas e equilibradas. Na verdade, o potencial para se melhorar a qualidade da competência parental dependerá da capacidade dos pais de se vincularem aos filhos e de atenderem e responderem às suas necessidades, e ainda da capacidade de avaliarem conscientemente os modelos educativos de aprendizagens que foram transmitidas de geração em geração. Consequentemente, quanto mais as pessoas conhecerem as suas limitações, características, qualidades e dificuldades, somados aos recursos emocionais, cognitivos e comportamentais que os casais enquanto pais possuem, tanto mais lhes será permitido proporcionar uma resposta adequada e pertinente às necessidades dos seus filhos. O início do período de transição entre o século XIX e o século XX coincide com o arranque do movimento de educação parental, sendo que parte da bibliografia advém da realidade norte-americana, onde até hoje a educação e a intervenção parental se vem a desenvolver com grandes avanços (Jalongo, 2002). No entanto, somente no século XX, começou-se a revelar a importância do desenvolvimento psíquico na infância e a enfatizar a sua relação íntima com a posterior vida adulta. O desenvolvimento infantil colheu o interesse do meio académico na terceira década do século XX, trazendo com o movimento, a criação de centros de estudo e pesquisa da criança, justamente para sondar e conhecer os resultados e as suas 28

consequências, e poder assim traçar os métodos e as intervenções educativas através da educação parental (Jalongo, 2002). Destes estudos derivam os primeiros programas de intervenção parental, sendo o de Thomas Gordon, na época de 1970, um dos mais populares. Baseando-se nas teorias humanísticas de Carl Rogers, assentes na compreensão e aceitação incondicional do ser humano, o programa procura utilizar abordagens educativas parentais não punitivas. A isto intitula-se PET - Parent Effectivennes Training, estratégia que incide nas competências de comunicação pais-filhos e na resolução de conflitos, com o propósito de fortalecer os laços familiares (Gordon, 1970). Nas décadas de 70 e 80 a educação parental chega a assumir a proporção de um movimento nacional, levando à criação de novos e diferentes programas, que também vieram a revelar um grande impacto neste domínio de intervenção, como a Active Parenting e o STEP – Systematic Training for Effctive Parenting (Croake, 1983), os quais, entre outros serão comentados no capítulo referente aos programas de orientação para a parentalidade. Intervenção na Educação Parental A família é a primeira instituição responsável que pode, dependendo da sua actuação, inibir ou alterar o desenvolvimento das crianças (Machado & Morgado, 1992), sendo a estrutura familiar o factor passível de agir, por vezes mudar o decurso da história pessoal e familiar, prevenir ou reforçar certos comportamentos. Nesta perspectiva, os modelos de função parental são reproduzidos e reinventados nas relações entre as gerações familiares, transmitindo-se características que podem vir a tornar-se defeitos ou qualidades, de pais para filhos; entretanto, não são proporcionadas às famílias situações para a reflexão crítica a respeito desta transmissão geracional que ocorre na família, tão pouco orientações a respeito das características que podem prejudicar todo o desenvolvimento, podendo marcar o carácter para sempre. Face aos novos estudos e conhecimentos científicos, advindos do campo da antropologia, psicologia e das neurociências, existem mais informações sobre o desenvolvimento humano, com especial ênfase nos anos inicias da vida. Neste seguimento, 29

consequências, e po<strong>de</strong>r assim traçar os métodos e as intervenções educativas através da<br />

educação parental (Jalongo, 2002).<br />

Destes estudos <strong>de</strong>rivam os primeiros programas <strong>de</strong> intervenção parental, sendo o <strong>de</strong><br />

Thomas Gordon, na época <strong>de</strong> 1970, um dos mais populares. Baseando-se nas teorias<br />

humanísticas <strong>de</strong> Carl Rogers, assentes na compreensão e aceitação incondicional do ser<br />

humano, o programa procura utilizar abordagens educativas parentais não punitivas. A isto<br />

intitula-se PET - Parent Effectivennes Training, estratégia que inci<strong>de</strong> nas competências <strong>de</strong><br />

comunicação pais-filhos e na resolução <strong>de</strong> conflitos, com o propósito <strong>de</strong> fortalecer os laços<br />

familiares (Gordon, 1970).<br />

Nas décadas <strong>de</strong> 70 e 80 a educação parental chega a assumir a proporção <strong>de</strong> um<br />

movimento nacional, levando à criação <strong>de</strong> novos e diferentes programas, que também<br />

vieram a revelar um gran<strong>de</strong> impacto neste domínio <strong>de</strong> intervenção, como a Active<br />

Parenting e o STEP – Systematic Training for Effctive Parenting (Croake, 1983), os quais,<br />

entre outros serão comentados no capítulo referente aos programas <strong>de</strong> orientação para a<br />

parentalida<strong>de</strong>.<br />

Intervenção na Educação Parental<br />

A família é a primeira instituição responsável que po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua<br />

actuação, inibir ou alterar o <strong>de</strong>senvolvimento das crianças (Machado & Morgado, 1992),<br />

sendo a estrutura familiar o factor passível <strong>de</strong> agir, por vezes mudar o <strong>de</strong>curso da história<br />

pessoal e familiar, prevenir ou reforçar certos comportamentos.<br />

Nesta perspectiva, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> função parental são reproduzidos e reinventados<br />

nas relações entre as gerações familiares, transmitindo-se características que po<strong>de</strong>m vir a<br />

tornar-se <strong>de</strong>feitos ou qualida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> pais para filhos; entretanto, não são proporcionadas às<br />

famílias situações para a reflexão crítica a respeito <strong>de</strong>sta transmissão geracional que ocorre<br />

na família, tão pouco orientações a respeito das características que po<strong>de</strong>m prejudicar todo o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong>ndo marcar o carácter para sempre.<br />

Face aos novos estudos e conhecimentos científicos, advindos do campo da<br />

antropologia, psicologia e das neurociências, existem mais informações sobre o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento humano, com especial ênfase nos anos inicias da vida. Neste seguimento,<br />

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