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(71,5%); Silvicultura Ipê (71,3%); Feijão (60,5%) e Milho (49,4%) (Tabela 2). A escolha das variáveis que compõem cada um dos cinco fatores se deu observando as cargas fatoriais de cada variável, da esquerda para direita, e na sequência de cada linha, elegendose a carga fatorial de maior valor absoluto. O primeiro fator, denominado pecuária e desflorestamento, explicou 18,5% da variância total dos dados e englobou as seguintes variáveis: Pecuária, Matas e Desflorestamento, sendo que as duas primeiras apresentaram as cargas fatoriais mais elevadas para este fator. O impacto direto do desflorestamento é refletido na redução da cobertura florestal e tem sido influenciado, na Amazônia, de várias formas e em diferentes níveis, pela presença humana e políticas governamentais passadas, que priorizavam alternativas de uso da terra pouco condizentes com a vocação de desenvolvimento da região. A variável Matas, por sua vez, apresentou uma relação negativa com o fator pecuária e desflorestamento. Considerando o contexto histórico, Soares (1963) relatou que a Amazônia não oferecia condições ideais para a criação de gado bovino, pois a região não contava com boas pastagens nativas, devido à pobreza do solo e ao clima com altas temperaturas. Na ausência de pastagens adequadas, por sua vez, a floresta é vista por Castro (2007), como um obstáculo a criação de gado, com as árvores de grande porte impedindo a penetração de luz, não permitindo a formação de vegetação rasteira que formam as pastagens. O clima regional excessivamente úmido, por sua vez, predispõe o gado à ação maléfica dos insetos transmissores de doenças as quais o afetam duramente. Assim, uma análise crítica da visão produtivista permite, a priori, que se relacione o aumento das áreas de pastagem à diminuição da área de florestas nativas. Tabela 2 - Matriz de cargas fatoriais rotacionada dos municípios das mesorregiões Nordeste e Sudeste Paraense. Fonte: dados da pesquisa. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 7, n. 13, jul./dez. 2011. 120
O segundo fator, denominado silvicultura nobre, explicou 15,1% da variância total dos dados e englobou as seguintes variáveis: Silvicultura Mogno e Silvicultura Ipê. Ambas apresentaram relação positiva. O ipê (Tabebuia sp.) é uma espécie florestal nativa e tem uma ampla distribuição nas florestas tropicais da América do Sul. Almeida et al. (2006), Sabogal et al. (2006) e Costa et al. (2010) identificaram diversas experiências silviculturais no estado do Pará, dentre as quais o ipê foi incluído. Nas mesorregiões Nordeste e Sudeste Paraense, a espécie foi identificada em Igarapé-Açu, Nova Ipixuna, Paragominas, Marabá, Garrafão do Norte, Dom Eliseu, Aurora do Pará, Vigia e Colares, além de Breu Branco, onde foi verificado um plantio com ipê. Esta preferência pode ser explicada pelo fato de que ambas espécies são consideradas madeira nobres, pelo valor comercial e aceitação no mercado. O valor do metro cúbico de ipê (madeira em pé) custava, em 2009, R$ 86,54 (IN 02/2010/IDEFLOR). No mercado internacional, o metro cúbico do mogno chegou a atingir o preço de US$ 1.8 mil (SIPAM, 2008). Devido ao alto valor comercial, seu plantio foi intensificado ao final da década de 1990 para atender as demandas do mercado e minimizar o problema da escassez e esgotamento das fontes nativas da espécie. No entanto, com Decreto n o 4.722 (BRASIL, 2003), que estabeleceu a proibição de corte, além das limitações silviculturais da árvore do mogno, resultado da ação da lagarta da mariposa Hypsipyla grandella, os plantios tiveram sua escala reduzida. Informações da SEMA-PA indicam a redução de licenciamentos de propriedades que realizam o plantio de mogno. Conforme Almeida et al. (2006), o volume exportado no período entre 1996 e 2001 foi de mais de 255 mil t de madeira serrada de mogno. Já nos sete anos Amazônia: Ci. & Desenv., Belém, v. 7, n. 13, jul./dez. 2011. seguintes (2002 até 2007) esse valor não chegou a 24 mil t, o que, provavelmente, abriu espaço para a entrada de novas espécies no mercado. Assim, em função das limitações silviculturais e os entraves de natureza político-ambiental, os produtores podem ter optado pelo plantio de outras espécies florestais. O terceiro fator, denominado lavoura temporária, explicou 13,5% da variância total dos dados e englobou as seguintes variáveis: arroz e milho. Essas variáveis apresentaram relação positiva com o fator. Conforme Santana et al. (2010), a partir de estudos sobre arranjos produtivos locais, estas duas culturas estão inseridas entre as lavouras temporárias de maior expressão socioeconômica e cultural do Pará e 27,3% dos municípios tem como especialidade potencial os cultivos das lavouras temporárias. A cultura é cultivada em diversos municípios paraenses, mas nas mesorregiões deste estudo, o plantio é predominante em Paragominas e São Félix do Xingu, porém, o terceiro maior produtor é o município de Dom Eliseu. Atualmente, segundo informações divulgadas pelo IDESP 1 , houve redução na produção de arroz entre o mês de abril de 2010/ 2011 na microrregião de Paragominas em função da redução da área plantada devido à ampliação do cultivo de soja. Quanto ao milho, o Pará é o maior produtor dessa commoditie na Região Norte. A cultura é plantada em, praticamente, todo o estado, mas alcança maior produtividade nas microrregiões de São Félix do Xingu e Redenção (Sudeste paraense) e Guamá (Nordeste paraense), onde se encontra São Domingos do Capim, considerado um dos municípios com maior produção de milho. Segundo dados divulgados pelo IDESP, no Pará ela cresceu em 7,84%, impulsionada pelo aumento na área plantada. As áreas colhidas de milho e arroz têm evoluído em função dos plantios de soja, que necessitam 121
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(71,5%); Silvicultura Ipê (71,3%); Feijão (60,5%)<br />
e Milho (49,4%) (Tabela 2).<br />
A escolha <strong>da</strong>s variáveis que compõem ca<strong>da</strong><br />
um dos cinco fatores se deu observando as cargas<br />
fatoriais de ca<strong>da</strong> variável, <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para<br />
direita, e <strong>na</strong> sequência de ca<strong>da</strong> linha, elegendose<br />
a carga fatorial de maior valor absoluto.<br />
O primeiro fator, denomi<strong>na</strong>do pecuária e<br />
desflorestamento, explicou 18,5% <strong>da</strong> variância<br />
total dos <strong>da</strong>dos e englobou as seguintes variáveis:<br />
Pecuária, Matas e Desflorestamento, sendo que<br />
as duas primeiras apresentaram as cargas fatoriais<br />
mais eleva<strong>da</strong>s para este fator. O impacto direto<br />
do desflorestamento é refletido <strong>na</strong> redução <strong>da</strong><br />
cobertura florestal e tem sido influenciado, <strong>na</strong><br />
<strong>Amazônia</strong>, de várias formas e em diferentes níveis,<br />
pela presença huma<strong>na</strong> e políticas gover<strong>na</strong>mentais<br />
passa<strong>da</strong>s, que priorizavam alter<strong>na</strong>tivas de uso <strong>da</strong><br />
terra pouco condizentes com a vocação de<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> região.<br />
A variável Matas, por sua vez, apresentou<br />
uma relação negativa com o fator pecuária e<br />
desflorestamento. Considerando o contexto<br />
histórico, Soares (1963) relatou que a <strong>Amazônia</strong><br />
não oferecia condições ideais para a criação de<br />
gado bovino, pois a região não contava com<br />
boas pastagens <strong>na</strong>tivas, devido à pobreza do<br />
solo e ao clima com altas temperaturas. Na<br />
ausência de pastagens adequa<strong>da</strong>s, por sua vez,<br />
a floresta é vista por Castro (2007), como um<br />
obstáculo a criação de gado, com as árvores de<br />
grande porte impedindo a penetração de luz,<br />
não permitindo a formação de vegetação<br />
rasteira que formam as pastagens. O clima<br />
regio<strong>na</strong>l excessivamente úmido, por sua vez,<br />
predispõe o gado à ação maléfica dos insetos<br />
transmissores de doenças as quais o afetam<br />
duramente. Assim, uma análise crítica <strong>da</strong> visão<br />
produtivista permite, a priori, que se relacione<br />
o aumento <strong>da</strong>s áreas de pastagem à diminuição<br />
<strong>da</strong> área de florestas <strong>na</strong>tivas.<br />
Tabela 2 - Matriz de cargas fatoriais rotacio<strong>na</strong><strong>da</strong> dos municípios <strong>da</strong>s mesorregiões Nordeste e Sudeste Paraense.<br />
Fonte: <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> pesquisa.<br />
<strong>Amazônia</strong>: Ci. & Desenv., Belém, v. 7, n. 13, jul./dez. 2011. 120