18.06.2013 Views

Baixe aqui a revista na integra - Banco da Amazônia

Baixe aqui a revista na integra - Banco da Amazônia

Baixe aqui a revista na integra - Banco da Amazônia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A decisão dos madeireiros de fazer ou não<br />

exploração ilegal deve ser considera<strong>da</strong>, numa<br />

perspectiva estritamente econômica, uma decisão<br />

racio<strong>na</strong>l, como tal, ela considera os riscos do<br />

madeireiro ter sua madeira apreendi<strong>da</strong> ou sua<br />

ativi<strong>da</strong>de interrompi<strong>da</strong> (uma consequência <strong>da</strong><br />

eficiência <strong>da</strong> fiscalização).<br />

Mas além do risco, outros fatores entram<br />

em consideração para a decisão dos madeireiros<br />

sobre o padrão de exploração. Um deles está<br />

associado ao ambiente competitivo e institucio<strong>na</strong>l<br />

no qual a indústria encontra-se inseri<strong>da</strong>. Vale<br />

lembrar, os preços que as madeireiras recebem<br />

pelos seus produtos são determi<strong>na</strong>dos em um<br />

mercado competitivo, onde a existência desta<br />

ativi<strong>da</strong>de ilegal em uma proporção significativa<br />

do produto oferecido no mercado reduz os preços<br />

de ven<strong>da</strong> <strong>da</strong>s madeiras. Neste caso, (considerando<br />

a fiscalização imperfeita) o risco associado ao<br />

comando e controle (enforcement) é baixo e a<br />

atrativi<strong>da</strong>de de ter ao menos uma parte <strong>da</strong><br />

exploração feita ilegalmente passa a ser maior<br />

que o risco.<br />

Por outro lado, há um ambiente<br />

institucio<strong>na</strong>l que pode favorecer a manutenção<br />

de práticas de extração ilegais. A ausência ou<br />

indefinição sobre os direitos de proprie<strong>da</strong>des<br />

<strong>na</strong>s áreas de exploração, a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

legislação e a ineficiência do estado no<br />

fornecimento de autorizações as quais<br />

permitem a legalização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des,<br />

contribuem para a manutenção de uma parte<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de em situação de indefinição que<br />

facilita a permanência de práticas de extração<br />

ilegais.<br />

As consequências <strong>da</strong> permanência deste<br />

padrão misto de exploração com parte <strong>da</strong><br />

produção madeireira sendo feita ilegalmente<br />

vão além <strong>da</strong> destruição de partes <strong>da</strong> floresta<br />

por práticas pre<strong>da</strong>tórias e <strong>da</strong> combi<strong>na</strong>ção<br />

perversa entre exploração madeireira e<br />

desmatamento. Este padrão de exploração<br />

impacta, também, a evolução de longo prazo<br />

desta indústria como um todo. Os maiores níveis<br />

de risco <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de e o baixo grau de<br />

formalização <strong>da</strong> indústria (seja pela ausência<br />

de planos de manejo, seja pela existência de<br />

produção de origem de difícil comprovação)<br />

levam no longo prazo, à manutenção de padrões<br />

de investimento em níveis mais baixos <strong>na</strong><br />

indústria como um todo. Este investimento<br />

menor implica que a competitivi<strong>da</strong>de e a<br />

produtivi<strong>da</strong>de mantêm-se em um patamar<br />

baixo, comparado a outras ativi<strong>da</strong>des extrativas<br />

ou à indústria madeireira legaliza<strong>da</strong> de outras<br />

regiões do País e do mundo. Esta combi<strong>na</strong>ção<br />

<strong>da</strong> baixa competitivi<strong>da</strong>de sistêmica com baixo<br />

nível de investimento leva um lock-in difícil de<br />

romper. A trajetória estável para esta indústria<br />

seria de baixo investimento de capital,<br />

mantendo o setor num equilíbrio perverso e<br />

reduzindo sua possibili<strong>da</strong>de de crescimento e<br />

sobrevivência a longo prazo.<br />

As possíveis soluções para este problema<br />

não passem pela elimi<strong>na</strong>ção do setor madeireiro<br />

como um todo, passa pela mu<strong>da</strong>nça do ambiente<br />

institucio<strong>na</strong>l e pelo aumento do risco <strong>da</strong><br />

manutenção de estratégias de exploração ilegal.<br />

Esta transição não pode considerar ape<strong>na</strong>s o<br />

aumento <strong>da</strong> eficiência <strong>da</strong> fiscalização e uma<br />

melhoria no conjunto de regras formais e<br />

legislação para o setor. Para a mu<strong>da</strong>nça do padrão<br />

de evolução <strong>da</strong> indústria madeireira regio<strong>na</strong>l é<br />

necessário considerar a participação dos atores<br />

fun<strong>da</strong>mentais neste processo, os madeireiros.<br />

Estas considerações, longe de serem ape<strong>na</strong>s<br />

<strong>da</strong>dos de intuição são uma consequência <strong>da</strong><br />

moder<strong>na</strong> teoria institucio<strong>na</strong>l.<br />

<strong>Amazônia</strong>: Ci. & Desenv., Belém, v. 7, n. 13, jul./dez. 2011. 100

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!