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baixar em PDF - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial

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Capítulo XVII<br />

Discordar para Criar<br />

É bom que se diga que eu não sou muito maleável<br />

como ator. Eu entro muito <strong>em</strong> conflito com o diretor.<br />

Num dos trabalhos mais recentes no teatro,<br />

Só os Doentes do Coração Deveriam Ser Atores, eu<br />

quase deixei o diretor Eduardo Figueiredo maluco.<br />

Tentava dar minha opinião, mas discordávamos.<br />

Ele não aceitava e discutíamos de novo. Eu faço<br />

isso quando eu dou minha opinião e a coisa não se<br />

cumpre, quando tenho certeza de que estou certo.<br />

Se algo está certo, aí eu não discuto nada. Porque<br />

se eu desconfio que uma situação, uma fala, um<br />

recurso não cabe na peça, isso não é confortável<br />

para o trabalho. Em cena, o ator precisa ter todo<br />

o conforto. Não estou falando de um objeto. É o<br />

conforto interior, dentro de mim, para realizar a<br />

cena que o diretor está propondo. Se não, eu não<br />

consigo fazer a cena, aí não se realiza mesmo.<br />

Um ex<strong>em</strong>plo nessa peça é que às vezes havia uma<br />

ação que eu achava que não tinha que ter. O personag<strong>em</strong>,<br />

um ator veterano, se voltava à pianista<br />

e contava a ela um momento de sua carreira. E<br />

ela tocando. Eu tinha que bater no ombro dela<br />

para ela parar de tocar, apanhar uma garrafa<br />

de bebida e me entregar. Ele (o diretor) queria<br />

quebrar a beleza, a <strong>em</strong>oção da cena. Eu achava<br />

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