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<strong>Automotive</strong><br />

SETEMBRO 2010<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

DENISE JOHNSON<br />

A ENGENHARIA<br />

NO TOPO DA GM


ÍNDICE<br />

36<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

18 <br />

REVISÃO DE ESTRATÉGIAS<br />

Atrás de modelos de negócio compensadores<br />

28 <br />

BESALIEL BOTELHO,<br />

SAE BRASIL<br />

Como recuperar a atração<br />

da engenharia?<br />

LUIS PRADO<br />

À CAÇA DE<br />

ESPECIALISTAS<br />

34 <br />

MULHER NO COMANDO DA GM<br />

A engenharia destrona finanças<br />

44 <br />

APOSTA EM ENERGIA E INOVAÇÃO<br />

Altran fala dos planos para o Brasil<br />

46 <br />

GM COMPRA MAIS SERVIÇOS<br />

As estratégias de Pedro Manuchakian<br />

50 <br />

IVECO FIDELIZA COMPETÊNCIAS<br />

Renato Mastrobuono alavanca a equipe<br />

24 <br />

NEW FIESTA NOS BASTIDORES<br />

O carro e a operação<br />

no México<br />

LUIS PRADO


52 <br />

NA FIAT CLIENTE DITA REGRA<br />

Web e pesquisas guiam os projetos<br />

56 <br />

O ESSENCIAL FICA EM CASA<br />

Terceirização de serviços na FPT<br />

60 <br />

OFFSHORING DAS ENGENHARIAS<br />

As oportunidades que o Brasil oferece<br />

62 SOFTWARES<br />

ALTA DEFINIÇÃO NO PROJETO<br />

Novidades da Si<strong>em</strong>ens <strong>em</strong> PLM<br />

64 <br />

SELF-SERVICE<br />

Flexibilização fica mais atraente<br />

68 <br />

SINAL DE ALERTA<br />

As oportunidades de avanço profissional<br />

71 <br />

O FIM DA PIRATARIA?<br />

Novos rumos no segmento de reparação<br />

73 CUSTOMER CARE<br />

CUIDADO COM O CLIENTE<br />

O valor da compra e do pós-venda<br />

76 <br />

HORA DE PROFISSIONALIZAR<br />

Dispara a exigência de qualificação<br />

82 <br />

PLANEJAR CAPACIDADE<br />

Desafio mortal no crescimento<br />

84 <br />

A VOZ DO CLIENTE<br />

J.D. Power ouve o mercado<br />

88 QUEM É QUEM<br />

As <strong>em</strong>presas de serviço<br />

93 <br />

SUSTENTABILIDADE S/A<br />

A nova cara a das <strong>em</strong>presas<br />

CONSCIÊNCIA:<br />

ações sustentáveis<br />

passam a ser mais<br />

mais comuns<br />

102 <br />

<br />

UM PROGRAMA QUE PEGA<br />

Os novos avanços do Formare<br />

104 <br />

LATA VELHA SEM DESTINO<br />

As iniciativas ainda derrapam<br />

para segurança<br />

de resíduos são uma raridade<br />

106 <br />

ACEITANDO O RISCO<br />

Aptidões interpessoais no topo<br />

MODELO DA EDIÇÃO – Harumi Onomishi, da Ford Models, 21 anos, 1,73 m, pai japonês e mãe brasileira, é<br />

uma prova da sinergia possível entre as culturas orientais e a nossa enquanto cresc<strong>em</strong> as apreensões sobre uma<br />

verdadeira invasão das nossas fronteiras por veículos e componentes asiáticos. Ela fez a sessão de fotos desta<br />

edição no Estúdio Luis Prado, <strong>em</strong> São Paulo.<br />

<strong>Automotive</strong>


EDITORIAL<br />

Foi fácil eleger Denise Johnson para a capa da revista. Além de representar<br />

um colírio <strong>em</strong> ambiente tradicionalmente dominado pelo sexo masculino,<br />

a nova presidente da General Motors do Brasil concentra a atenção do<br />

mercado, mexe com a estrutura da <strong>em</strong>presa, destrona os homens de finanças<br />

no comando da operação brasileira e coloca a engenharia no topo.<br />

Levar ao comando a primeira mulher presidente de um fabricante de veículos<br />

no País, no momento <strong>em</strong> que o sexo f<strong>em</strong>inino faz metade das compras e<br />

influencia a outra parte, foi inegavelmente uma boa jogada de marketing<br />

– intencional ou não. Denise é engenheira mecânica com mestrado <strong>em</strong><br />

administração pelo MIT, experiente <strong>em</strong> planejamento junto ao board e foi vicepresidente<br />

de relações trabalhistas na companhia. Foi, ainda, uma das c<strong>em</strong><br />

líderes da indústria nos EUA, segundo a revista <strong>Automotive</strong> News.<br />

Engenharia da mobilidade, carreira e serviços, destaque desta edição <strong>em</strong> 50<br />

páginas editoriais, estão <strong>em</strong> alta de 5 a 7 de outubro durante o Congresso da<br />

SAE Brasil no Expo Center Norte, <strong>em</strong> São Paulo. Besaliel Botelho, presidente<br />

da entidade, que entregará o cargo a Vagner Galeote, diretor de manufatura da<br />

Ford, é destaque na seção Entrevista para analisar os rumos da mobilidade e o<br />

papel da SAE Brasil, que <strong>em</strong> 2011 completa 20 anos de existência no País.<br />

A responsabilidade <strong>em</strong>presarial no setor automotivo é pauta de extensa<br />

análise do jornalista Pedro Kutney, que responde se existe<br />

apenas atenção com a imag<strong>em</strong> corporativa ou uma<br />

efetiva preocupação com a sustentabilidade e respeito<br />

ao capital humano e reservas naturais.<br />

Ariverson Feltrin volta para explicar se estamos,<br />

de fato, à véspera de um apagão logístico no País<br />

enquanto o setor automotivo <strong>em</strong>bala no crescimento.<br />

Do México o colaborador Sérgio Oliveira de<br />

Melo envia uma avaliação sobre a operação da<br />

Ford para revitalizar a fábrica de Cuautitlán e<br />

produzir o New Fiesta.<br />

A próxima edição, a sexta, marcará<br />

um ano da revista. O t<strong>em</strong>a central será o<br />

powertrain automotivo: motores, transmissões,<br />

combustíveis, matriz energética, carros elétricos<br />

e híbridos, lubrificantes. Já a publicação de<br />

dez<strong>em</strong>bro tratará dos cenários para 2011 e das<br />

novas gerações de caminhões, ônibus e outros<br />

veículos comerciais.<br />

6BUSINESS<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

paulobraga@automotivebusiness.com.br<br />

MULHER NO COMANDO<br />

Até a próxima.<br />

FOTOS: LUIS PRADO<br />

REVISTA<br />

www.automotivebusiness.com.br<br />

Tirag<strong>em</strong> de 10.500 ex<strong>em</strong>plares, com<br />

distribuição direta a executivos de fabricantes<br />

de veículos, autopeças, distribuidores,<br />

entidades setoriais, governo, consultorias,<br />

<strong>em</strong>presas de engenharia, transporte e<br />

logística, setor acadêmico.<br />

Diretores<br />

Maria Theresa de Borthole Braga<br />

Paula B. Prado<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

Editor<br />

Paulo Ricardo Braga<br />

MTPS 8858<br />

Redatora<br />

Giovanna Riato<br />

Colaboradores<br />

Alfonso Abrami, Ariverson Feltrin, Carlos<br />

Campos, Ivan Witt, Jon Sederstrom, Guilherme<br />

Manechini, Marcelo de Paula, Marta Pereira,<br />

Pedro Kutney, Sérgio Oliveira de Melo,<br />

Solange Calvo, Sonia Moraes e Sueli Osório<br />

Design e diagramação<br />

Ricardo Alves de Souza<br />

<br />

Estúdio Luis Prado<br />

Tel. 11 5092-4686<br />

www.luisprado.com.br<br />

<br />

Harumi Onomishi (Ford Models)<br />

Publicidade<br />

Paula B. Prado<br />

paulabraga@automotivebusiness.com.br<br />

Tel. 11 5095-8880<br />

<br />

CRM e database<br />

Josiane Lira<br />

josianelira@automotivebusiness.com.br<br />

Comercial<br />

Carina Costa<br />

carinacosta@automotivebusiness.com.br<br />

Monalisa Naves<br />

monalisanaves@automotivebusiness.com.br<br />

Comunicação e eventos<br />

Carolina Piovacari<br />

carolinapiovacari@automotivebusiness.com.br<br />

Media Center e WebTV<br />

Thais Celestino<br />

thaiscelestino@automotivebusiness.com.br<br />

<br />

Set<strong>em</strong>bro de 2010<br />

Distribuição<br />

ACF Acácias, São Paulo<br />

Editada por <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>,<br />

<strong>em</strong>presa associada à All Right Serviços de<br />

Comunicação e Marketing Ltda.<br />

<br />

Av. Iraí, 393, conjs. 52 e 53, Mo<strong>em</strong>a,<br />

04082-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5095-8888.<br />

redacao@automotivebusiness.com.br<br />

publicidade@automotivebusiness.com.br


MERCADO<br />

CARGA NA OPERAÇÃO DA<br />

JOHNSON CONTROLS<br />

fabricante de baterias Johnson Controls faz inves-<br />

A timento recorde de US$ 51 milhões no País para<br />

ampliar e modernizar a fábrica de Sorocaba, no interior<br />

paulista, até 2013. O aporte acontece <strong>em</strong> momento<br />

de d<strong>em</strong>anda aquecida, com a unidade operando 24<br />

horas por dia para atender as encomendas. “Mesmo<br />

assim, foi preciso importar produtos do México nos<br />

últimos seis meses” – admitiu Carlos Zaim, diretor geral<br />

da divisão de baterias para a América do Sul. Os<br />

bons resultados obtidos na região também pesaram<br />

na decisão da corporação: “Cresc<strong>em</strong>os ao ritmo de<br />

dois dígitos nos últimos dois anos”, revela o executivo,<br />

que está de olho na chegada das fábricas paulistas<br />

da Toyota, <strong>em</strong> Sorocaba, Hyundai, <strong>em</strong> Piracicaba,<br />

e Chery, <strong>em</strong> Jacareí. A Johnson Controls fornece a<br />

maioria das baterias originais utilizadas no País, baseadas<br />

na tecnologia de chumbo-ácido.<br />

A IDEIA LUMINOSA<br />

DA MARELLI<br />

U ma das novidades do novo Fiat Idea são as lanternas<br />

traseiras iluminadas por leds, desenvolvidas pela<br />

Magneti Marelli. “Trata-se de uma novidade absoluta no<br />

Brasil” – garante o presidente para o Mercosul, Virgílio Cerutti,<br />

que já negocia outras aplicações. O segmento<br />

dos monovolumes responde<br />

por 6% a 8% do mercado de veículos<br />

leves e continuará nesse<br />

patamar, segundo o diretor<br />

de planejamento de produto<br />

da Fiat Automóveis, Carlos<br />

Eugênio Dutra. A versão<br />

2011 do Idea traz desenho<br />

atualizado, opção pelos novos<br />

motores E.torQ e preços<br />

a partir de R$ 43.590.<br />

10BUSINESS<br />

CHERY CONFIRMA<br />

FÁBRICA EM JACAREÍ<br />

uis Curi, presi-<br />

L dente da Chery<br />

do Brasil, fechou<br />

acordo com a prefeitura<br />

de Jacareí, no<br />

Vale do Paraíba, a 80<br />

km da capital paulista,<br />

para a construção<br />

de uma fábrica<br />

de veículos às margens<br />

da via Dutra até<br />

o final de 2013. O<br />

investimento, confirmado<br />

<strong>em</strong> Wuhu,<br />

na China, pelo presidente<br />

da Chery Automobile, Yin Tongyue, começa<br />

com US$ 134 milhões para uma capacidade de 50 mil<br />

veículos/ano no final de 2013. Em uma segunda etapa<br />

a aplicação somará US$ 400 milhões para completar<br />

três mil <strong>em</strong>pregos e produzir 150 mil unidades/ano. A<br />

Nutriplus, de Salto, SP, deverá se afastar do controle<br />

da operação, de forma amigável. Representantes da<br />

Chery buscaram aproximação com o Sindipeças, tentando<br />

equacionar de forma racional a área de suprimentos<br />

da montadora.<br />

NOVOS PLAYERS EM<br />

VEÍCULOS COMERCIAIS<br />

nquanto Mercedes-Benz e Volkswagen Caminhões,<br />

E da MAN, disparam à frente do ranking de produção<br />

e vendas para atender uma d<strong>em</strong>anda interna que pode<br />

superar 180 mil caminhões este ano, há uma ebulição<br />

nos bastidores com a disposição de novos fabricantes<br />

de pesados se estabelecer<strong>em</strong> no País. A NC 2 anuncia<br />

a produção <strong>em</strong> território gaúcho, mobilizando recursos<br />

da Navistar e Caterpillar. A Paccar é outra marca que<br />

agita a praça, trabalhando <strong>em</strong> silêncio, da mesma forma<br />

que faz<strong>em</strong> players asiáticos como a Sinotruk, que se<br />

estabelece no Paraná. A Kia Motors, sob o comando de<br />

José Luiz Gandini, escolheu a Nordex, <strong>em</strong> Montevidéu,<br />

Uruguai, para montar o Bongo.


MERCADO<br />

TOYOTA: FUNDO DE PENSÃO E FÁBRICA<br />

A<br />

SANCHEZ DIRIGE A<br />

NAVISTAR NA REGIÃO<br />

aldey Sanchez, que comandava as ati-<br />

W vidades da Navistar na área de motores<br />

na região, como principal executivo da MWM<br />

International, foi nomeado presidente da operação<br />

na América do Sul. José Eduardo Luzzi<br />

assumiu seu posto e Luis Kanan<br />

a presidência no negócio de<br />

peças de reposição do grupo<br />

na região. Sanchez fará parte<br />

também do conselho de<br />

diretores da NC 2 , joint-venture<br />

da Navistar com a Caterpillar<br />

para a produção<br />

e comercialização<br />

de caminhões.<br />

12BUSINESS<br />

Toyota t<strong>em</strong> sinal verde da Superintendência Nacional de Previdência<br />

Compl<strong>em</strong>entar para constituir um fundo de pensão no Brasil. O Banco<br />

Toyota será um dos patrocinadores da fundação. A corporação possui<br />

3,3 mil funcionários no País e deverá contratar outros 1,5 mil para a fábrica<br />

de Sorocaba, no interior paulista, cuja pedra fundamental foi lançada <strong>em</strong><br />

set<strong>em</strong>bro com a presença do vice-presidente executivo da Toyota Motor,<br />

Atsuhi Niimi. A unidade, que receberá US$ 600 milhões e terá 1.500<br />

funcionários, produzirá um carro compacto da marca, s<strong>em</strong>elhante ao Etios,<br />

no segundo s<strong>em</strong>estre de 2012, inicialmente no ritmo de 70 mil veículos/ano.<br />

SAE TROCA COMANDO<br />

NO CONGRESSO<br />

SAE Brasil toma fôlego para abrir 2011 <strong>em</strong> alto astral e come-<br />

A morar 20 anos de existência no País. O Congresso deste ano<br />

(5 a 7 de outubro no Expo Center Norte, <strong>em</strong> São Paulo), marca um<br />

passo nessa trajetória, com a mudança de comando na entidade.<br />

Besaliel Botelho, vice-presidente executivo da Bosch, passa o bastão<br />

a Vagner Galeote, diretor de manufatura da Ford, que terá a<br />

responsabilidade de levar adiante o programa do próximo biênio. O<br />

congresso de 2011 terá à frente Pedro Manuchakian, vice-presidente<br />

de engenharia da General Motors para a América do Sul. Egon<br />

Feichter, presidente do encontro deste ano, fez um balanço otimista<br />

da iniciativa, sob o t<strong>em</strong>a da qualificação profissional de engenheiros<br />

e designers, com avanços <strong>em</strong> todas as frentes. O programa reuniu<br />

20 debates e apresentações nas áreas de veículos leves, caminhões<br />

e ônibus, setores aeroespacial e ferroviário, manufatura, tecnologia<br />

da informação, educação, máquinas agrícolas e de construção e<br />

duas rodas. Nada menos que 136 trabalhos técnicos foram para<br />

a lista de apresentações. A exposição registrou um recorde de 90<br />

<strong>em</strong>presas e área 32% maior do que <strong>em</strong> 2009 – cerca de 10 mil m 2 .


MERCADO<br />

MISTURA FINA, DO<br />

LONGA A WEB SÉRIES<br />

rbano Meirelles é um dos profissionais de comu-<br />

Unicação atraídos pelo barulho que os fabricantes<br />

de veículos armam nos lançamentos e promoções no<br />

varejo. Acostumado a eventos de grande porte, ele<br />

t<strong>em</strong> se ocupado <strong>em</strong> colocar no portifólio da produtora<br />

de vídeo Mistura Fina as novas linguagens do mercado<br />

na produção de peças institucionais, de treinamento<br />

e incentivo. “Atrás de todas as ações existe a necessidade<br />

de registrar imagens capazes de dar dimensão<br />

e dinamismo à cobertura e chegar a conteúdos diferenciados”<br />

– enfatizou. Depois de trabalhar <strong>em</strong> documentário<br />

de longa metrag<strong>em</strong>, ele foca a atenção <strong>em</strong><br />

web séries que julga adequadas para a velocidade da<br />

indústria automobilística.<br />

MUDANÇA NA DIREÇÃO DA VW<br />

ndreas Hinrichs, diretor geral da Autoeuropa <strong>em</strong><br />

A Portugal, assumiu a vice-presidência de operações<br />

da Volkswagen do Brasil <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro. Ele<br />

substitui Jörg Entzian, que comanda agora a nova<br />

unidade de veículos da marca <strong>em</strong> Yizheng, na China.<br />

António Pires, diretor da unidade de São José<br />

dos Pinhais, PR, passou a ser o novo diretor geral<br />

da Autoeuropa e foi substituído por Volker Germann,<br />

responsável até recent<strong>em</strong>ente pelo planejamento de<br />

carrocerias <strong>em</strong> Wolfsburg, na Al<strong>em</strong>anha.<br />

14BUSINESS<br />

CATERPILLAR VAI<br />

PRODUZIR NO PARANÁ<br />

A<br />

Caterpillar anunciou aporte de US$ 180 milhões<br />

nos próximos dois anos para ampliar a capacidade<br />

de produção e inaugurar uma fábrica <strong>em</strong> Campo<br />

Largo, no Paraná, que já pertenceu à Chrysler. A <strong>em</strong>presa<br />

iniciará a reforma da unidade no final do ano e a<br />

produção no segundo s<strong>em</strong>estre de 2011. A intenção é<br />

chegar a 2012 com mil funcionários para montar um<br />

modelo de retroescavadeira e dois de carregadeiras.<br />

PASQUOTTO PROMOVIDO<br />

NA CUMMINS<br />

uís Afonso Pasquotto foi promovido a vice-presi-<br />

Ldente corporativo da Cummins Inc., que estendeu<br />

seu comando da Unidade de Negócios de Motores<br />

para toda a América Latina desde agosto. O executivo<br />

brasileiro assume também a presidência do Conselho<br />

de Líderes de todas as unidades de negócios da Cummins<br />

na região. Engenheiro pelo ITA, com MBA <strong>em</strong><br />

administração de <strong>em</strong>presas pela ESPM, ele ingressou<br />

na <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> 1992, passou por cargos de liderança<br />

e tornou-se gerente de engenharia. A partir de 2000<br />

atuou como diretor de marketing e vendas.


MERCADO<br />

GOVERNO QUER<br />

INCENTIVAR AUTOPEÇAS<br />

governo trabalha para incluir a indústria de au-<br />

O topeças na segunda etapa da Política de Desenvolvimento<br />

Produtivo que está sendo preparada no<br />

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

(MDIC) para o período de 2011 a 2014. A informação<br />

é de Paulo Bedran, diretor do Departamento de<br />

Indústrias de Equipamento de Transporte, do ministério.<br />

“Existe no governo a compreensão de que não<br />

se pode ter uma indústria automotiva forte s<strong>em</strong> um<br />

setor de autopeças igualmente forte”, disse. Para ele,<br />

não bastam capacidade de investimento e redução da<br />

carga tributária para estimular o segmento. “É necessário<br />

também incentivar a engenharia e a inovação,<br />

com melhores processos produtivos e interação com<br />

tephan Keese, diretor da Roland Berger, alerta que o<br />

universidades de engenharia”. S Brasil figura apenas na 28 a posição do ranking mundial<br />

de capacidade de inovação. Nos investimentos <strong>em</strong><br />

tecnologia, fica com a 29 a colocação. O investimento <strong>em</strong><br />

pesquisa e desenvolvimento da indústria automotiva local<br />

também está abaixo do nível global. Para Keese, os cenários<br />

são claros: o País pode manter o ritmo atual e chegar<br />

a 2020 com produção de 4,8 milhões de unidades ao ano<br />

ou ganhar competitividade e avançar para o patamar de<br />

5,9 milhões de unidades. Ele acredita que o etanol é uma<br />

resposta para o País, mas não a única: “São Paulo é um<br />

terreno fértil para o avanço dos elétricos”.<br />

16BUSINESS<br />

COMPETITIVIDADE<br />

AUTOMOTIVA EM XEQUE<br />

J.D. POWER OUVE<br />

CLIENTE NO BRASIL<br />

J.D. Power já teve escritório no Brasil, mas só<br />

A agora decidiu estruturar uma operação para valer<br />

na América do Sul, baseada <strong>em</strong> São Paulo. Sob o<br />

comando do diretor de operações Jon Sederstrom,<br />

a intenção inicial é oferecer pesquisas com o consumidor<br />

e estudos personalizados para indústrias brasileiras<br />

do setor de automóveis e telefonia celular. Mais<br />

tarde a atuação será expandida para outros mercados<br />

e forecasting. “O trabalho é focado na opinião do<br />

consumidor”, esclarece o executivo. Um produto de<br />

destaque do portfólio são estudos de qualidade inicial<br />

dos carros, três a quatro meses após a compra.


MERCADO | CENÁRIOS GLOBAIS<br />

SOBRAM AMEAÇAS<br />

E DESAFIOS AOS<br />

FABRICANTES DE<br />

VEÍCULOS E<br />

COMPONENTES<br />

PARA ENCONTRAR<br />

MODELOS DE<br />

NEGÓCIO<br />

ATRATIVOS<br />

18BUSINESS<br />

REVISÃO INTENSA<br />

DE ESTRATÉGIAS<br />

Todos já sab<strong>em</strong>os que os países<br />

<strong>em</strong>ergentes vão fabricar e comprar<br />

mais veículos que os desenvolvidos,<br />

redesenhando a geografia<br />

do mercado automotivo. Mas qual é o<br />

tamanho dessas mudanças e do imbróglio<br />

que ameaça <strong>em</strong>presas e países<br />

tradicionalmente líderes na indústria automobilística?<br />

Como ficam montadoras<br />

e fornecedores nesse cenário?<br />

Michael Robinet, vice-presidente<br />

global da CSM Worldwide e especialista<br />

na arte de prever os cenários para<br />

a indústria automobilística, arrisca a<br />

primeira resposta: a produção nos<br />

mercados globais vai crescer 5,5% ao<br />

ano entre 2010 e 2016. Enquanto os<br />

desenvolvidos dev<strong>em</strong> avançar 3,8%, as<br />

regiões <strong>em</strong> desenvolvimento estarão<br />

acelerando muito mais, a 7,3%.<br />

Pelas projeções do executivo as linhas<br />

de montag<strong>em</strong> <strong>em</strong> países da Europa e<br />

nos Estados Unidos vão fazer mais 1,4<br />

milhão de unidades por ano; já as re-<br />

OS INVESTIDORES<br />

EXIGEM EXI RETORNO<br />

COMPENSADOR COM<br />

E<br />

FOGEM OG DE RISCOS.<br />

HÁ HÁ<br />

OBSESSÃO NA<br />

REDUÇÃO<br />

DE CUSTO<br />

ROBINET, vice-presidente Global<br />

da CSM Worldwide<br />

giões <strong>em</strong> desenvolvimento colocarão à<br />

venda 2,5 milhões de veículos leves adicionais<br />

por ano, <strong>em</strong> média, até 2016.<br />

Em 2009 a produção global de veículos<br />

leves recuou 14%, para 57 milhões<br />

de unidades. Para 2010 está previsto<br />

o patamar de 64 milhões, ou um milhão<br />

de carros a menos que <strong>em</strong> 2008.<br />

Em 2016 o planeta estará produzindo<br />

87 milhões de veículos leves, 50% dos<br />

quais nos países <strong>em</strong> desenvolvimento.<br />

Saiba que este ano a Europa Ocidental<br />

pode <strong>em</strong>placar 1,5 milhão menos<br />

veículos do que <strong>em</strong> 2009, enquanto<br />

outras regiões ensaiam uma reação.<br />

O mercado caminha para um nível<br />

médio de vendas do conturbado ano<br />

de 2008, que trouxe pânico e sensação<br />

de quebradeira geral.<br />

Nos Estados Unidos players poderosos<br />

como General Motors e Chrysler<br />

foram à lona naquela ocasião. O<br />

Chapter 11, aparato jurídico da legislação<br />

norte-americana para o que<br />

chamamos de concordata e dá fôlego<br />

às <strong>em</strong>presas <strong>em</strong> recuperação, atraiu<br />

gente de todo tamanho na derrubada<br />

geral entre fabricantes de autopeças.<br />

Robinet informa que <strong>em</strong> 2010 serão<br />

vendidos 61,3 milhões de automóveis<br />

e comerciais leves <strong>em</strong> todo o mundo.<br />

Algo b<strong>em</strong> razoável, depois de tudo. Se<br />

ele estiver certo, a d<strong>em</strong>anda ficará apenas<br />

100 mil unidades abaixo do volume<br />

de 2008.<br />

O mercado automotivo global, que<br />

vinha acelerando desde o início do<br />

milênio e perdeu vigor no tsunami<br />

planetário, espera sair da ressaca e<br />

escapar de novas surpresas no mundo<br />

financeiro, como aquelas que rondam<br />

os europeus. Depois da entressafra, a


MERCADO | CENÁRIOS GLOBAIS<br />

VOLUMES POR PLATAFORMAS DA MESMA FAMÍLIA<br />

Volume por plataforma<br />

Segmentos B a D globais<br />

1,4<br />

1,2<br />

1,0<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0<br />

CSM entende que a rampa de subida<br />

leva <strong>em</strong> direção à venda de 84,1 milhões<br />

de veículos leves <strong>em</strong> 2016.<br />

NOVO MODELO<br />

Os modelos de negócios das montadoras<br />

e seus fornecedores se transformam<br />

junto com os mercados, pressionados<br />

por legislações mais exigentes sobre<br />

<strong>em</strong>issões e políticas de meio ambiente.<br />

Enquanto o Brasil conta vantag<strong>em</strong> com<br />

o ciclo do etanol, europeus e norte-<br />

20BUSINESS<br />

Em milhões de unidades<br />

Honda Renault/<br />

Nissan<br />

americanos penam para seus veículos<br />

descer<strong>em</strong> a um nível aceitável.<br />

Assombrados com a nova realidade,<br />

os fabricantes do primeiro mundo se<br />

rend<strong>em</strong> ao exercício do downsizing<br />

para carros e motores. Autoridades e<br />

fabricantes norte-americanos tratam<br />

de definir um caminho para ajustar o<br />

perfil da frota às características da europeia,<br />

com veículos menores e mais<br />

eficientes. A distância nas <strong>em</strong>issões<br />

veiculares nos Estados Unidos <strong>em</strong> re-<br />

TENDÊNCIAS NO MERCADO<br />

AUTOMOTIVO GLOBAL<br />

Legislação de <strong>em</strong>issões mais rígida<br />

Veículos eficientes e menor consumo<br />

Maior dificuldade para atrair capitais<br />

Investidores exigentes e retorno compensador<br />

Plataformas e estruturas globais <strong>em</strong> destaque<br />

Operações mais flexíveis<br />

Obsessão para reduzir custos fixos<br />

Fazer mais com menos e mais parcerias<br />

Revisão intensa de estratégias<br />

Dinâmica de crescimento diferente nas regiões<br />

Triangulações entre fornecedores e OEMs<br />

Nova dinâmica e escopo na área de tecnologia<br />

Hyundai VW Ford Toyota GM Fiat/<br />

Chrysler<br />

2004 2008 2013 2016<br />

PSA BMW Daimler<br />

Fonte: CSM Worldwide, Inc.<br />

lação à Europa hoje chega a 105 g/km.<br />

Há uma corrida para reduzir a diferença<br />

a 42 g/km até 2016 e a 20 g/km por<br />

volta de 2030, junto com o Japão.<br />

Pensando nas <strong>em</strong>presas, Robinet<br />

adverte que o truque na sobrevivência<br />

dos <strong>em</strong>preendimentos passa por fazer<br />

mais com menos. Será difícil atrair capitais<br />

para projetos duvidosos e novos<br />

investimentos passarão pelo pente fino<br />

do pessoal que valoriza um bom retorno<br />

para o dinheiro aplicado. As estratégias<br />

passam por intensa revisão, com<br />

a análise de fusões, parcerias e ganhos<br />

de escala – como faz Sérgio Marchionne<br />

à frente da Fiat. Para ele, é preciso negociar<br />

6 milhões de veículos por ano<br />

para ser rentável.<br />

As companhias apostam <strong>em</strong> flexibilidade<br />

nas operações para ganhar<br />

mercado, alerta Robinet. Muita gente<br />

chega a invejar a fábrica da Fiat <strong>em</strong> Betim,<br />

MG, uma das mais produtivas do<br />

mundo graças a ganhos logísticos surpreendentes.<br />

Na Ásia, Estados Unidos e<br />

mesmo na abalada Europa há apostas<br />

vigorosas <strong>em</strong> tecnologias veiculares,<br />

especialmente no powertrain e sist<strong>em</strong>as<br />

eletrônicos que ampliam as fronteiras<br />

da conectividade, infotainment, segurança<br />

e funções relativas ao comportamento<br />

dinâmico dos veículos.<br />

Robinet, como os d<strong>em</strong>ais estrategistas<br />

do ramo, reconhece que a ele-


MERCADO | CENÁRIOS GLOBAIS<br />

PROJEÇÃO DA CSM PARA VENDAS GLOBAIS DE VEÍCULOS LEVES<br />

Em milhões de unidades<br />

64<br />

63<br />

62<br />

61<br />

60<br />

59<br />

58<br />

57<br />

56<br />

61,4<br />

milhões<br />

2008 2009<br />

trificação dos carros é uma tendência<br />

– mas de longo prazo. Pouco mais de<br />

300 mil híbridos foram comercializados<br />

nos Estados Unidos <strong>em</strong> 2009 –<br />

e a grande maioria era Toyota Prius.<br />

Elétricos ainda levam um traço nas<br />

estatísticas. O Brasil, você sabe, é a<br />

terra do flex e essa realidade não vai<br />

mudar tão cedo. Motores a combustão,<br />

no planeta inteiro, terão uma história<br />

longa a contar, com petróleo ou<br />

combustíveis alternativos.<br />

Carlos Ghosn, CEO da Renault, estima<br />

que <strong>em</strong> dez anos os elétricos serão<br />

10% do mercado. A projeção não serve<br />

para o Brasil, que está no marco zero<br />

da eletrificação e sequer fala <strong>em</strong> fabricar<br />

baterias de lítio. A Mitsubishi do Brasil<br />

avalia a comercialização e até mesmo<br />

uma montag<strong>em</strong> no País do i-MiEV um<br />

compacto elétrico japonês com dimensões<br />

s<strong>em</strong>elhantes às do Novo Uno.<br />

O i-MiEV faz sucesso no Japão, com<br />

incentivo do governo, mas hoje custaria<br />

R$ 100 mil aqui e, apesar da boa<br />

autonomia de 80 a 100 km, teria o de-<br />

22BUSINESS<br />

58,9<br />

milhões<br />

1,5<br />

milhão<br />

América<br />

do Norte<br />

1,1<br />

milhão<br />

Grande<br />

China<br />

634 mil<br />

Sul da<br />

Ásia<br />

229 mil<br />

América<br />

do Sul<br />

154 mil<br />

Centro/Leste<br />

Europa<br />

safio adicional de encontrar eletropostos<br />

para recarga <strong>em</strong> aventuras mais<br />

longas. Vale l<strong>em</strong>brar que até a Itaipu<br />

Binacional e a Fiat tiveram dificuldade<br />

para comprar componentes estrangeiros<br />

s<strong>em</strong> similar nacional para desenvolver<br />

o Palio Weekend elétrico.<br />

NOVOS CENÁRIOS<br />

O cenário no mundo do automóvel só<br />

não é melhor por causa dos graves probl<strong>em</strong>as<br />

ainda enfrentados na Europa<br />

Ocidental, que este ano <strong>em</strong>placará 1,5<br />

milhão de unidades menos do que <strong>em</strong><br />

2009, com a exaustão dos planos de<br />

subsídio à compra do carro novo. A recuperação<br />

está prevista para 2011.<br />

Na trajetória ascendente pelos próximos<br />

seis anos, o crescimento notável das<br />

vendas acontecerá <strong>em</strong> países como China,<br />

Brasil e Índia. Enquanto isso, Japão e<br />

Coreia dev<strong>em</strong> marcar passo no mesmo<br />

patamar registrado desde 2002. A América<br />

do Norte começa a avançar, mas só<br />

voltará ao ritmo de 2007 <strong>em</strong> 2013.<br />

O ritmo alucinante nas linhas de<br />

A análise cobre cerca de 96% da d<strong>em</strong>anda<br />

138 mil<br />

Oriente Médio/<br />

África<br />

50 mil<br />

Japão e<br />

Coreia<br />

-1,5<br />

milhão<br />

Europa<br />

Ocidental<br />

61,3<br />

milhões<br />

2010<br />

Fonte: CSM Worldwide, Inc.<br />

montag<strong>em</strong> da China será o principal<br />

motor dos mercados globais. Em<br />

2016, o país asiático contabilizará 18<br />

milhões de unidades leves produzidas,<br />

enquanto a Índia estará próxima dos<br />

5 milhões e o Brasil, junto com seus<br />

vizinhos da América do Sul, chegará à<br />

casa dos 6 milhões. Nessa época, Estados<br />

Unidos e Japão estarão na faixa<br />

dos 11 milhões de unidades.<br />

Robinet visualiza a Toyota como líder<br />

absoluto no ranking da produção até<br />

2016, quando terá ultrapassado 10<br />

milhões de unidades/ano. Atrás estarão<br />

a Volkswagen, GM, Hyundai-Kia,<br />

Renault Nissan, Ford, PSA. Honda e<br />

Fiat Chrysler estarão quase <strong>em</strong>patadas<br />

<strong>em</strong> quatro milhões de unidades.<br />

O especialista <strong>em</strong> mercados calcula<br />

que <strong>em</strong> 2009 apenas 65% das linhas de<br />

montag<strong>em</strong> estiveram ocupadas no mundo.<br />

O nível subirá para 73% este ano, para<br />

82% <strong>em</strong> 2013 e 87% <strong>em</strong> 2016. Nessa<br />

trajetória, a capacidade nominal das fábricas<br />

somadas pulará de 86 milhões para<br />

101 milhões de unidades/ano.


LANÇAMENTO | NEW FIESTA<br />

NEW FIESTA, OUTRO<br />

TRUNFO DA FORD<br />

DEPOIS DO FOCUS ARGENTINO, A FORD BRASIL TRAZ O<br />

NEW FIESTA SEDÃ PRODUZIDO NO MÉXICO E COLOCA A<br />

ENGENHARIA DE CAMAÇARI PARA RENOVAR O ECOSPORT E O KA<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS outros mercados que havia pouca novidade<br />

a acrescentar no lançamento.<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> pediu ao jornalista<br />

Sérgio Oliveira de Melo uma análise<br />

sobre a operação no México e o impacto<br />

do carro na América do Norte (leia<br />

nas páginas seguintes). Aqui no Brasil<br />

a chegada do sedã (nada se fala sobre<br />

o hatch) está cercada de boas expectativas<br />

para a disputa do segmento B<br />

Pr<strong>em</strong>ium, frequentado por veículos<br />

compactos com bom conteúdo.<br />

“Novo no conceito, no design e na<br />

proposta, o carro é um símbolo da re-<br />

A<br />

operação brasileira da Ford está<br />

<strong>em</strong> alta na corporação e na mídia<br />

internacional, que destacam<br />

a manufatura <strong>em</strong> Camaçari, na Bahia, e<br />

os constantes lucros na região. Enquanto<br />

isso, aqui, a praça agradece pela renovação<br />

da linha de veículos oferecida no País.<br />

A companhia coloca um trunfo na mesa<br />

com o New Fiesta mexicano, enquanto<br />

dá passos importantes para reprojetar o<br />

Ka e o utilitário esportivo EcoSport.<br />

O New Fiesta já foi tão badalado <strong>em</strong><br />

24BUSINESS<br />

novação da Ford no mundo”, resumiu<br />

Marcos de Oliveira, presidente para o<br />

Mercosul. Há três versões para os brasileiros.<br />

A básica parte de R$ 49.900,<br />

com ar-condicionado, direção elétrica,<br />

vidros, travas e espelhos elétricos, rodas<br />

de liga leve de 15 polegadas, CD-<br />

-player MP3, computador de bordo<br />

e alarme perimétrico de série. A seguinte,<br />

com ABS, custa R$ 51.150. A<br />

mais refinada, por R$ 54.900, oferece<br />

bancos de couro, sete airbags, direção<br />

com raios <strong>em</strong> acabamento metálico e<br />

descansa-braço das portas <strong>em</strong> vinil.


O desenho do carro, na evolução do<br />

conceito que a Ford chama de Kinetic,<br />

provoca impacto e deve agradar o brasileiro.<br />

Com 4,41 m de comprimento,<br />

t<strong>em</strong> porta-malas de 440 litros e formato<br />

lateral que sugere agilidade. Os<br />

adversários? O Honda City, com motor<br />

1.5 flex e 120 cavalos, t<strong>em</strong> 4,40 m, porta<br />

malas de 504 litros e preço de tabela<br />

de R$ 57,4 mil. O Fiat Linea 1.9 flex,<br />

de 130 cv, 4,56 metros e 500 litros de<br />

porta-malas, é encontrado pelo mesmo<br />

valor. O coreano Kia Cerato 1.6, de 126<br />

cv, 4,53 m, 415 litros de porta-malas, é<br />

mais barato (R$ 51,5 mil).<br />

O New Fiesta leva três anos de garantia,<br />

acabamento externo primoroso<br />

e apenas algum senão <strong>em</strong> virtude<br />

de economias no ambiente interno,<br />

como plásticos discutíveis no painel.<br />

Os airbags e os freios ABS são citados<br />

como evidência da preocupação com<br />

segurança, atestada pelas cinco estrelas<br />

no respeitado teste de impacto da<br />

agência Euro NCAP. As portas se travam<br />

a partir dos 7 km/h e há pontos<br />

de ancorag<strong>em</strong> para cadeiras infantis,<br />

dentro do sist<strong>em</strong>a latch. A segurança<br />

passiva se estende a alarme, vidros e<br />

travas elétricas das portas e bocal de<br />

abastecimento s<strong>em</strong> tampa r<strong>em</strong>ovível.<br />

A sexta geração do New Fiesta,<br />

global, com plataforma, carroceria e<br />

interior totalmente novos, deixa longe<br />

as anteriores <strong>em</strong> imponência. Na Europa<br />

o projeto <strong>em</strong>placou mais de 500<br />

mil unidades desde o lançamento <strong>em</strong><br />

meados de 2009. Agora o produto<br />

chega aos Estados Unidos, Canadá e<br />

países da América do Sul, depois de<br />

apresentado na Ásia.<br />

A equipe de engenharia de Camaçari,<br />

na Bahia, foi chamada a participar<br />

do desenvolvimento, mas o País terá<br />

de se contentar, pelo menos por enquanto,<br />

<strong>em</strong> importar o veículo produzido<br />

na fábrica de Cuautitlán, no México.<br />

Há linhas de montag<strong>em</strong> também <strong>em</strong><br />

Valência (Espanha) e Colônia (Al<strong>em</strong>anha)<br />

para a Europa, e Nanjing (China)<br />

e Rayong (Tailândia) para a Ásia.<br />

O sedã t<strong>em</strong> no powertrain a contribuição<br />

da fábrica de Taubaté, no<br />

interior paulista, que faz motores e<br />

transmissão. O propulsor Sigma 1.6<br />

Flex, com bloco, cabeçote, cárter e<br />

mancais de alumínio, é silencioso e<br />

oferece baixo nível de <strong>em</strong>issões, com<br />

acelerador eletrônico e uma calibração<br />

que produz 115 cv com etanol<br />

(a 5.500 rpm) e 110 cv com gasolina<br />

(6.250 rpm) e torque de 159 Nm com<br />

etanol (4.250 rpm) e 155 Nm com gasolina<br />

(4.250 rpm).<br />

Dados da engenharia da Ford indicam<br />

que o New Fiesta acelera de 0<br />

a 100 km/h <strong>em</strong> 11,9 segundos com<br />

gasolina e 11,5 segundos com etanol.<br />

A velocidade máxima é limitada a 190<br />

km/h, com os dois combustíveis. Ele<br />

roda 11,9 km/l com gasolina e 8,3<br />

km/l com etanol na cidade. Na estrada,<br />

faz 12,7 km/l com gasolina e 8,7<br />

km/l com etanol. O consumo médio<br />

ponderado é de 12,3 km/l com gasolina<br />

e 8,5 km/l com etanol. O tanque<br />

t<strong>em</strong> capacidade de 47 litros.<br />

“O carro t<strong>em</strong> um invejável nível de<br />

conforto acústico. Os compartimentos<br />

são altamente isolados e revestidos.<br />

Utilizamos para-brisa com propriedades<br />

de redução de ruído, além<br />

de isoladores no capô, nas caixas de<br />

rodas, no teto, nas colunas, nas portas,<br />

nos painéis, no assoalho e no<br />

porta-malas”, diz Klaus Mello, gerente<br />

de engenharia de veículos da Ford.<br />

O fabricante registra que a direção<br />

elétrica traz linearidade e progressividade<br />

ao volante, ajustando automaticamente<br />

o esforço de acordo com a<br />

velocidade do veículo, com respostas<br />

rápidas, s<strong>em</strong> tirar a conectividade do<br />

motorista com o piso.<br />

O painel exibe na parte central uma<br />

tela multifuncional de LCD, que concentra<br />

informações multimídia e funcionamento<br />

do veículo. Os comandos,<br />

abaixo da tela, são dispostos <strong>em</strong> um<br />

teclado tipo celular.


LANÇAMENTO | NEW FIESTA<br />

PASSO NA DIREÇÃO<br />

DA MODERNIDADE A FÁBRICA MEXICANA<br />

26BUSINESS<br />

26BUSINESS<br />

FORD investiu US$ 3 bilhões<br />

para reformar a fábrica<br />

DE CUAUTITLÁN<br />

RECEBEU<br />

US$ 3 BILHÕES PARA<br />

FAZER UM CARRO<br />

QUE PRETENDE<br />

COLOCAR A FORD<br />

NO SÉCULO 21<br />

SÉRGIO OLIVEIRA DE MELO<br />

DA CIDADE DO MÉXICO<br />

Quando Alan Mullaly chegou<br />

à Ford Motor Company, <strong>em</strong><br />

2006, estudou rapidamente a<br />

<strong>em</strong>presa antes de tomar ações definitivas,<br />

algo que fez logo, logo. A mais conhecida<br />

de suas providências foi obter<br />

capital para financiar a reviravolta que<br />

a companhia precisava – iniciativa que<br />

salvou a <strong>em</strong>presa de recorrer ao Chapter<br />

11 do código legislativo dos Estados<br />

Unidos, aplicado às concordatárias.<br />

Outra ação, porém, é menos conhecida.<br />

Mullaly decidiu que a marca<br />

precisava se desfazer de “distrações”<br />

como a Volvo, a Jaguar e a Land Rover,<br />

para concentrar-se nela mesma.<br />

Assim, nasceu o plano “Uma só Ford”.<br />

Foi debaixo desse plano que surgiu o<br />

projeto do novo Fiesta.<br />

Já pensando nas linhas de montag<strong>em</strong>,<br />

<strong>em</strong> 2008 a Ford anunciou investimento<br />

de US$ 3 bilhões para adaptar<br />

a fábrica de Cuautitlán, vizinha à cidade<br />

do México. Essa unidade produzia<br />

a geração anterior do picape F-150,


que continuou sendo vendida mesmo<br />

depois da chegada da nova, importada<br />

dos Estados Unidos. Como seu único<br />

mercado era o mexicano, o volume de<br />

produção e vendas mal chegava às 15<br />

mil unidades por ano.<br />

Para modernizar e aumentar radicalmente<br />

a capacidade de produção<br />

da planta, a Ford ergueu 25.800 m 2<br />

adicionais. A fábrica, considerada uma<br />

das mais modernas da companhia no<br />

mundo, agora possui uma linha com<br />

cinco prensas e 270 robôs.<br />

A produção mexicana da Ford gira<br />

<strong>em</strong> torno das 460 unidades por dia. No<br />

primeiro ano de operação é esperada<br />

a montag<strong>em</strong> de 150 mil veículos, mas<br />

a montadora guarda segredo sobre os<br />

objetivos futuros. O carro será exportado<br />

para Estados Unidos, Canadá e<br />

Brasil, pelo menos.<br />

Uma das áreas que receberam<br />

maior investimento foi a de pintura,<br />

que passa o novo Fiesta pelo sist<strong>em</strong>a<br />

conhecido como “Three wet”. O processo<br />

permite a aplicação do primer,<br />

da pintura base e da pintura transparente,<br />

s<strong>em</strong> intervalo para secag<strong>em</strong> entre<br />

uma aplicação e outra.<br />

A entrega aos Estados Unidos foi<br />

atrasada por probl<strong>em</strong>as com um dos<br />

fornecedores, não revelado pela Ford.<br />

No México, depois de dois meses no<br />

mercado, a aceitação do carro t<strong>em</strong> sido<br />

apenas razoável.<br />

TAUBATÉ<br />

O Fiesta t<strong>em</strong> perto de 67% das partes<br />

feitas no México. Fornecedores como a<br />

Magna, encarregada das áreas de soldag<strong>em</strong><br />

e da carroceria, foram a Cuautitlán<br />

trabalhar junto à Ford no projeto.<br />

Outros fornecedores, como a Lear, que<br />

faz os bancos e todas as vestiduras do<br />

carro, também se instalaram no lugar.<br />

A Android, que fabrica as rodas e os<br />

papelões que forram as portas, seguiu<br />

o mesmo caminho, aproximando-se<br />

da montadora.<br />

O Brasil contribui com o motor de<br />

quatro cilindros, 1.6 litro e 120 cavalos,<br />

feito <strong>em</strong> Taubaté, junto com a caixa de<br />

marchas manual. A caixa automática,<br />

de dupla <strong>em</strong>breag<strong>em</strong>, é feita no México<br />

mesmo, pela Getrag, na cidade<br />

central de Irapuato, mais conhecida<br />

pelos seus morangos que pela capacidade<br />

industrial.<br />

Essa caixa de marchas é um dos<br />

maiores orgulhos da Ford no novo<br />

carro. Até hoje poucos carros do nível<br />

do Fiesta têm uma transmissão tão<br />

moderna e sofisticada. No México, só<br />

o Seat Ibiza t<strong>em</strong> dispositivo parecido.<br />

Vale dizer, porém, que para oferecer esse<br />

nível de tecnologia a Ford manteve<br />

a caixa automática s<strong>em</strong> modo manual.<br />

Esse não é, todavia, o único detalhe de<br />

sofisticação do novo Fiesta.<br />

ESTADOS UNIDOS<br />

Concebido principalmente para conquistar<br />

o público jov<strong>em</strong> dos Estados<br />

Unidos, o novo Fiesta t<strong>em</strong> a dura tarefa<br />

de mudar a imag<strong>em</strong> da Ford <strong>em</strong> seu<br />

próprio mercado. A relação de equipamentos<br />

traz sete airbags, sist<strong>em</strong>a de<br />

som com Bluetooth e até bancos forrados<br />

de couro. A Ford espera, com isso,<br />

fazer com que os americanos saibam e<br />

se acostum<strong>em</strong> à ideia de que um carro<br />

pequeno não t<strong>em</strong> por que ser barato,<br />

inseguro ou ter poucos agregados.<br />

No México, país que se acostumou<br />

com seus vizinhos do norte a comprar<br />

carro ‘por metro’, a estratégia é parecida.<br />

A Ford mexicana diz que seu alvo<br />

são homens e mulheres que iniciam a<br />

carreira profissional, mas já gozam de<br />

uma certa independência financeira –<br />

pessoas que procuram um carro com<br />

personalidade, desenho expressivo e vibrante,<br />

muita tecnologia e equipamento.<br />

Não será fácil conquistar pessoas<br />

acostumadas à ideia de que carros<br />

maiores são mais caros e, consequent<strong>em</strong>ente,<br />

melhores. Neste momento,<br />

um Focus sedã importado da Europa<br />

custa a partir de 196.000 pesos mexicanos<br />

(cerca de R$ 26 mil). O novo<br />

Fiesta mais equipado, custa 239.900<br />

pesos. Mesmo com maior segurança<br />

e equipamento, a história t<strong>em</strong> mostrado<br />

que o mexicano prefere um carro<br />

maior. Vamos ver se a Ford consegue<br />

mudar esse conceito.<br />

IMPRESSÕES<br />

O usuário vê e sente b<strong>em</strong> o carro. Os<br />

acabamentos são no geral de muito<br />

boa qualidade. O plástico do painel, nas<br />

partes que pod<strong>em</strong> ser tocadas, é bom,<br />

acolchoado e não produz reflexos no<br />

para-brisas. Mas o plástico detrás des -<br />

se, que chega junto ao vidro dianteiro,<br />

produz tanto reflexo que chega a ficar<br />

difícil dirigir sob um sol mais forte.<br />

O espaço interno é muito bom para<br />

o motorista e seu acompanhante.<br />

Atrás, porém, não há tanto espaço<br />

assim para as pernas. O porta-malas<br />

também é algo reduzido – o hatch<br />

t<strong>em</strong> 295 litros e o sedã 360 litros de<br />

capacidade.<br />

No México, com suas cidades quase<br />

s<strong>em</strong>pre muito acima do nível do mar,<br />

o motor sofre com a potência limitada.<br />

Em Guadalajara, a 1.560 metros,<br />

o carro d<strong>em</strong>orou quase 13 segundos<br />

para chegar a 100 km/h. Isso pode ser<br />

um probl<strong>em</strong>a na hora de convencer<br />

as pessoas a comprar um Fiesta – há<br />

concorrentes que sofr<strong>em</strong> menos com<br />

a altura, por um preço mais <strong>em</strong> conta.<br />

Assim, vamos ver se o ambicioso<br />

objetivo da Ford para o Fiesta se transforma<br />

<strong>em</strong> realidade.


ENTREVISTA | BESALIEL BOTELHO<br />

RECUPERAR A<br />

ATRAÇÃO DA<br />

ENGENHARIA<br />

PARA O PRESIDENTE DA SAE BRASIL,<br />

É PRECISO RESGATAR A ARTE DE<br />

ENGENHAR E ROMPER BARREIRAS<br />

AOS AVANÇOS DA TECNOLOGIA<br />

PAULO RICARDO BRAGA<br />

Quando finalizava o curso de engenharia na universidade de Karlsruhe,<br />

na Al<strong>em</strong>anha, o jov<strong>em</strong> Besaliel Botelho teve oportunidade<br />

de trabalhar na Si<strong>em</strong>ens e preparar a tese de graduação, sobre<br />

controle de operação digital para caldeiras e usinas. 26 anos depois,<br />

como presidente da SAE Brasil e vice-presidente da Bosch do Brasil,<br />

ele sugere uma experiência s<strong>em</strong>elhante para promover e romper o isolamento<br />

ainda forte aqui entre <strong>em</strong>presas e universidades. O executivo entende<br />

que o Brasil está ainda distante de aproximar o conhecimento acadêmico<br />

da indústria. Promover a inovação e a obtenção de patentes seria<br />

uma forma de estimular o mercado de trabalho dos engenheiros do futuro e levar<br />

cada vez mais mestres e doutores para os ambientes de negócio da indústria da<br />

mobilidade. Para que isso ocorra, a indústria precisaria reconhecer melhor esses<br />

talentos. Na entidade dos engenheiros da mobilidade, Besaliel encontrou profissionais<br />

experientes, <strong>em</strong>penhados <strong>em</strong> receber muitos jovens engenheiros, atraídos<br />

pela indústria automobilística. Mas está sendo preciso resgatar a arte de engenhar<br />

e romper barreiras aos avanços da tecnologia para realimentar o interesse dos<br />

jovens pela engenharia, que patinou por duas décadas, adaptando soluções de<br />

fora para a realidade local. A crescente aplicação da eletrônica <strong>em</strong>barcada e novos<br />

conceitos de design voltaram a motivar os engenheiros associados da SAE Brasil,<br />

enquanto a indústria automobilística é <strong>em</strong>purrada por uma onda de modernidade.<br />

Não era s<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po. Dos 700 mil engenheiros diplomados no País, pouco mais da<br />

metade se dedica às práticas aprendidas nos t<strong>em</strong>pos de faculdade – a maioria migrou<br />

para as áreas de finanças, administração e vendas. Sinal dos novos t<strong>em</strong>pos.<br />

Para Besaliel, a indústria t<strong>em</strong> que ficar atenta para isso e buscar sua atratividade<br />

para o engenheiro – caso contrário o desafio de crescer estará prejudicado com<br />

a falta de profissionais. Em outubro, durante o congresso anual da SAE Brasil,<br />

<strong>em</strong> São Paulo, ele entrega o comando da entidade a Vagner Galeote,<br />

diretor de manufatura da Ford, para o próximo biênio. Em 2011, a<br />

SAE Brasil completa 20 anos de existência no País.<br />

28BUSINESS<br />

FOTOS: LUIS PRADO


AUTOMOTIVE BUSINESS – A engenharia<br />

brasileira perdeu o bonde<br />

ao longo destes anos? Ficamos distantes<br />

dos centros desenvolvidos?<br />

BESALIEL BOTELHO – Não diria<br />

tanto, porém faltou sim estímulo aos<br />

jovens, que sofr<strong>em</strong> para terminar a<br />

faculdade. Outras especialidades ofereceram<br />

um caminho mais rápido e<br />

atrativo para chegar ao mercado de<br />

trabalho. Estudantes americanos e<br />

europeus se integram rápido à globalização,<br />

passam por mais de um país<br />

na sua formação e chegam depressa<br />

à indústria. Aqui a formação é longa<br />

até chegar à especialização. A SAE<br />

Brasil t<strong>em</strong> procurado estimular o formando,<br />

aproximá-lo de oportunidades<br />

profissionais, promover competições<br />

estudantis e abrir a participação<br />

dos jovens <strong>em</strong> workshops e cursos. A<br />

convivência com profissionais mais<br />

experientes pode ser decisiva para<br />

promover carreiras nessa fase inicial.<br />

A profissão de engenheiro automotivo<br />

retoma o atrativo?<br />

BESALIEL – Houve uma época até<br />

certo ponto romântica de construção<br />

das fábricas e dos primeiros veículos<br />

nos anos cinquenta e sessenta. Esse<br />

período foi sucedido por longos anos<br />

de dificuldade profissional até a segunda<br />

grande onda de investimentos<br />

nos anos 90, com a abertura às importações<br />

e chegada da nova indústria<br />

automobilística, com tecnologia de<br />

eletrônica <strong>em</strong>barcada. Estamos agora<br />

voltando a uma nova fase de ebulição,<br />

com rupturas <strong>em</strong> tecnologia, abertura<br />

à inovação, trabalho <strong>em</strong> cooperação<br />

global e chance de carreira no exterior<br />

com mais facilidade. Ao contrário do<br />

passado, o governo passa a dar atenção<br />

à pesquisa e ao desenvolvimento<br />

tecnológico. T<strong>em</strong>os uma série de<br />

instrumentos de fomento e incentivos<br />

à inovação no país que poderiam ter<br />

alcance muito maior entre as indústrias<br />

menores, queixosas da falta de<br />

recursos para criar conhecimento, diferenciação<br />

e patentes. Falta informação<br />

para diss<strong>em</strong>inar a oferta desses<br />

financiamentos de custo baixo. A Lei<br />

do B<strong>em</strong>, por ex<strong>em</strong>plo, que melhora o<br />

fluxo de caixa das <strong>em</strong>presas através<br />

de reduções de impostos, é de uso<br />

automático. Falta conhecer as leis e<br />

saber usá-las. A SAE t<strong>em</strong> se associado<br />

ao Sindipeças e à Anfavea para<br />

diss<strong>em</strong>inar cada vez mais a ideia para<br />

o seu parque de fornecedores.<br />

A SAE foi procurada pelo governo<br />

para contribuir com os ingredientes<br />

capazes de levar à promoção da<br />

tecnologia e inovação?<br />

AQUI A FORMAÇÃO É<br />

LONGA ATÉ CHEGAR<br />

À ESPECIALIZAÇÃO.<br />

A SAE ESTIMULA OS<br />

JOVENS E INCENTIVA<br />

AS OPORTUNIDADES<br />

PROFISSIONAIS<br />

BESALIEL – Não há um mecanismo<br />

formal para abastecer o governo<br />

nesse sentido. Mas abrimos canais de<br />

comunicação importantes. Trocamos<br />

informações frequentes com órgãos,<br />

como Cetesb, Proconve, Denatran,<br />

Inmetro, ABNT e outros, responsáveis<br />

por diretrizes importantes. T<strong>em</strong>os grupos<br />

de trabalho voltados para soluções<br />

<strong>em</strong> diferentes modais, na área de<br />

manufatura, combustíveis, transporte<br />

público e logística. Essa contribuição<br />

pretende encontrar respostas para a<br />

mobilidade no sentido mais amplo,<br />

promover a redução de <strong>em</strong>issões e<br />

mergulhar <strong>em</strong> questões como as novas<br />

gerações do flex, o papel do carro<br />

elétrico ou híbrido, biocombustíveis e<br />

eficiência logística.<br />

Qual t<strong>em</strong> sido o papel da SAE Brasil<br />

na promoção da engenharia e desenvolvimento<br />

tecnológico local?<br />

BESALIEL – A entidade, estruturada<br />

nos moldes da organização<br />

original norte-americana, teve um<br />

papel determinante <strong>em</strong> promover<br />

o entendimento entre <strong>em</strong>presas e<br />

profissionais <strong>em</strong> torno dos t<strong>em</strong>as<br />

atuais. Não há ingerência no mundo<br />

político, mas sim no técnico e na<br />

formação de engenheiros e técnicos.<br />

O estímulo ao desenvolvimento<br />

de carreiras na área da mobilidade é<br />

alvo de muitos de nossos encontros,<br />

diante das mudanças contínuas nas<br />

exigências do mercado. Ocorreu até<br />

um uma mudança na razão de ser da<br />

soci sociedade, que ampliou seu escopo<br />

para<br />

uma área mais ampla, a da mo-<br />

bilida bilidade, depois de ter sua orig<strong>em</strong><br />

relac relacionada à indústria automobilís-<br />

tica.<br />

Hoje, os modais aeroespacial e<br />

ferr ferroviário já faz<strong>em</strong> parte integrante<br />

e<br />

ativa de nossas atividades. Vale<br />

destacar, ainda, o esforço da SAE<br />

como uma entidade normalizadora<br />

<strong>em</strong> nível global, contribuindo para a<br />

organização e diss<strong>em</strong>inação de normas<br />

e padrões técnicos.


ENTREVISTA | BESALIEL BOTELHO<br />

O desenvolvimento do flex afasta o<br />

Brasil do desenvolvimento de tecnologias<br />

híbridas e do carro elétrico?<br />

BESALIEL – O Brasil t<strong>em</strong> uma matriz<br />

energética de fazer inveja a qualquer<br />

outra nação, passando por rios, sol e<br />

ventos generosos para gerar eletricidade.<br />

O agronegócio garante os combustíveis<br />

renováveis. O etanol trouxe<br />

uma condição privilegiada no combate<br />

às <strong>em</strong>issões e vantag<strong>em</strong> na corrida<br />

para reduzir o efeito do CO 2 . Eu diria<br />

que hoje já alcançamos patamares de<br />

<strong>em</strong>issões de CO 2 , com o uso do etanol<br />

nos veículos flex, que outros mercados,<br />

como o europeu, americano e asiáticos,<br />

vão d<strong>em</strong>orar para atingir com os<br />

veículos híbridos e elétricos.<br />

Mas essa solução confortável pode<br />

levar a um atraso no desenvolvimento<br />

de veículos elétricos?<br />

BESALIEL – Acho que não. É uma<br />

questão de prioridade e foco no que<br />

o nosso mercado precisa e absorve<br />

economicamente. Porém, entend<strong>em</strong>os<br />

que precisaríamos estar próximos<br />

dos desenvolvimentos da propulsão<br />

veicular do futuro. Vale l<strong>em</strong>brar<br />

que boa parte dos players globais na<br />

vanguarda da pesquisa de baterias e<br />

powertrains elétricos atua no Brasil.<br />

Uma situação s<strong>em</strong>elhante acontece<br />

no campo da eletrônica. Não t<strong>em</strong>os<br />

fábrica de s<strong>em</strong>icondutores, mas dominamos<br />

a aplicação e sab<strong>em</strong>os<br />

construir arquiteturas eletrônicas. Se<br />

não fabricamos os componentes e<br />

circuitos, t<strong>em</strong>os fontes de suprimento<br />

abundantes no exterior, s<strong>em</strong> pagar<br />

outra fortuna para o desenvolvimento<br />

repetido de sucessivas gerações<br />

de eletrônicos. Gostaria de enfatizar<br />

que não há engenharia apenas local<br />

<strong>em</strong> qualquer parte do mundo. Não se<br />

reinventa a roda. Se a resposta estiver<br />

pronta, melhor ir buscá-la.<br />

Vamos então adiar até segunda ord<strong>em</strong><br />

o veículo elétrico ou híbrido local?<br />

30BUSINESS<br />

O BRASIL TEM UMA<br />

MATRIZ ENERGÉTICA<br />

DE FAZER INVEJA A<br />

QUALQUER OUTRA<br />

NAÇÃO. O ETANOL<br />

TROUXE CONDIÇÃO<br />

PRIVILEGIADA PARA<br />

COMBATER EMISSÕES<br />

BESALIEL – O governo deve estimular<br />

<strong>em</strong> alguma medida o desenvolvimento.<br />

Haverá nichos a ser<strong>em</strong><br />

atendidos e precisamos conhecer o<br />

básico sobre a tecnologia. Mas é preciso<br />

considerar que o motor a combustão<br />

terá vida longa e a eletrificação<br />

deve ganhar força depois de 2020.<br />

Até lá ocorrerá um esforço gigantesco<br />

para viabilizar baterias leves, eficientes<br />

e baratas e também a definição do<br />

melhor modelo de negócio. A evolução<br />

do powertrain elétrico dependerá<br />

do sucesso dessa <strong>em</strong>preitada. Hoje<br />

nenhum programa será levado adian-<br />

te s<strong>em</strong> pesado subsídio de governos.<br />

S<strong>em</strong> essa subvenção os veículos<br />

tornam-se excessivamente caros, fora<br />

do alcance da maioria dos mercados.<br />

Desta forma acho correto que nosso<br />

governo desde já se preocupe e incentive<br />

o desenvolvimento e o conhecimento<br />

da tecnologia.<br />

Mesmo os veículos comerciais, como<br />

caminhões e ônibus?<br />

BESALIEL – S<strong>em</strong> dúvida. Mas há apostas<br />

importantes dentro dos diferentes<br />

modelos de negócio que estão sendo<br />

desenvolvidos usando principalmente<br />

o conceito híbrido <strong>em</strong> uma evolução<br />

mais rápida na oferta desses veículos<br />

para circulação no ambiente urbano.<br />

Enquanto se arquiteta essa revolução<br />

que promete mudar os rumos<br />

da indústria automobilística, como<br />

ficam nossos carros atuais?<br />

BESALIEL – T<strong>em</strong>os que reconhecer<br />

que t<strong>em</strong> havido ganhos importantes,<br />

com projetos atualizados que caminham<br />

junto com mercados maduros,<br />

como o europeu e o norte-americano.<br />

Há diversos ex<strong>em</strong>plos de plataformas<br />

globais que des<strong>em</strong>barcam no Brasil<br />

e tiveram contribuição da engenharia<br />

nacional tanto na fase de concepção<br />

quanto no detalhamento da solução<br />

local para suspensão, powertrain e<br />

outros sist<strong>em</strong>as. E isso deve continuar.<br />

É preciso reconhecer, no entanto, que<br />

t<strong>em</strong>os colocado no showroom apenas<br />

o que cabe no bolso ou ganha interesse<br />

extra do consumidor. Isso significa,<br />

muitas vezes, um painel digital mais<br />

bonito, a eletrônica <strong>em</strong>barcada mais<br />

aparente, como sist<strong>em</strong>as de som sofisticados<br />

e entretenimento de bordo<br />

etc. Muita coisa essencial virá por força<br />

da legislação, como ABS e airbag.<br />

Esses componentes de segurança vão<br />

se tornar viáveis por efeito da escala<br />

de produção provocada pela legislação.<br />

De outra forma não chegariam ao<br />

mercado <strong>em</strong> volume significativo.


A SAE faz a seleção das boas tecnologias?<br />

BESALIEL – Não. Esse não é o papel<br />

da entidade. Nós apoiamos o desenvolvimento<br />

de tecnologias, mas cabe<br />

ao mercado dar a resposta do que<br />

convém ou é viável.<br />

Quais seriam as novidades importantes<br />

no campo da mobilidade?<br />

BESALIEL – S<strong>em</strong> dúvida a mobilidade<br />

urbana é um desafio – não o que<br />

se usa para se mover, mas sim como<br />

se locomover nela. Investimentos <strong>em</strong><br />

vias, metrôs, viadutos, bolsões seguros<br />

de estacionamentos nas periferias<br />

e acesso aos meios de transportes<br />

são soluções fundamentais e urgentes<br />

para a mobilidade que precisam<br />

fazer parte dos planos de governos.<br />

O BRASIL PRECISA<br />

CONHECER<br />

O BÁSICO DE<br />

ELÉTRICOS. MOTOR<br />

A COMBUSTÃO TERÁ<br />

UMA VIDA LONGA E<br />

A ELETRIFICAÇÃO<br />

DEVE GANHAR<br />

FORÇA DEPOIS<br />

DE 2020<br />

No âmbito tecnológico t<strong>em</strong>os debatido<br />

várias soluções e melhorias nos<br />

nossos simpósios de tecnologia, como<br />

a redução do consumo de combustível<br />

com o sist<strong>em</strong>a start-stop, que<br />

desliga o motor do veículo de forma<br />

controlada nos congestionamentos e<br />

pode contribuir bastante para a redução<br />

da <strong>em</strong>issão de CO 2 . A evolução<br />

das tecnologias para os motores flex,<br />

a aplicação ampla do novo sist<strong>em</strong>a<br />

de partida a frio para eliminação do<br />

tanquinho de combustível, a extensão<br />

do uso do duofuel para veículos pesados,<br />

a aplicação de materiais mais<br />

leves e ecológicos são alguns ex<strong>em</strong>plos.<br />

Porém, precisamos, s<strong>em</strong> dúvida,<br />

dar velocidade na introdução dessas<br />

tecnologias. Patinamos dez anos com<br />

o flex, de 1994 a 2003, até chegar ao


ENTREVISTA | BESALIEL BOTELHO<br />

mercado. Agora t<strong>em</strong>os outras tecnologias<br />

que precisam ser introduzidas<br />

mais rapidamente no mercado e que<br />

irão contribuir significativamente na<br />

melhoria da eficiência energética dos<br />

motores flex e nas reduções de <strong>em</strong>issão<br />

de poluentes.<br />

A Copa e as Olimpíadas vão trazer<br />

oportunidades importantes na área<br />

da mobilidade?<br />

BESALIEL – Não só oportunidades,<br />

eu diria, mas também necessidades<br />

até b<strong>em</strong> antes de chegarmos às datas<br />

desses eventos. Nossa mobilidade,<br />

como disse, já sofre colapso nos diferentes<br />

modais nas grandes cidades.<br />

Não só no terrestre, como também<br />

no aéreo. Aqui falta coordenação de<br />

fluxo, seja de meios de locomoção de<br />

pessoas ou de cargas. Os congestio-<br />

32BUSINESS<br />

namentos se espalham nas filas para<br />

sair e para entrar no País, seja pelos<br />

aeroportos ou pelos portos. Falta escoamento<br />

coordenado. Não adianta<br />

termos tecnologia de ponta <strong>em</strong> veículos,<br />

<strong>em</strong> aviões, se não pod<strong>em</strong>os<br />

usá-los de forma eficiente. A redução<br />

de CO 2 pode ser muito maior se eliminarmos<br />

o desperdício e a ineficiência<br />

do nosso transporte.<br />

Caminhamos a passo firme para<br />

Euro 5?<br />

BESALIEL – Tudo indica que sim. Os<br />

trabalhos para se ter um combustível<br />

de baixo teor de enxofre <strong>em</strong> 2012 estão<br />

<strong>em</strong> curso e as tecnologias de motores<br />

diesel para atender tais limites de<br />

<strong>em</strong>issões estão disponíveis. Mas ainda<br />

há a herança de uma frota muito envelhecida,<br />

poluidora e insegura para<br />

ser equacionada. D<strong>em</strong>oramos mais<br />

de uma década para implantar parcialmente<br />

a inspeção veicular e a de segurança<br />

n<strong>em</strong> saiu do papel. É preciso<br />

refletir sobre essa questão. Não pod<strong>em</strong>os<br />

avançar somente nas tecnologias,<br />

precisamos cuidar da frota circulante e<br />

mantê-la dentro dos padrões sob os<br />

quais essas tecnologias foram introduzidas<br />

no mercado.<br />

O etanol t<strong>em</strong> ajudado<br />

bastante no controle<br />

de <strong>em</strong>issões.<br />

BESALIEL – Sim,<br />

t<strong>em</strong>. Quando analisamos<br />

a cadeia de<br />

produção do etanol<br />

como um todo v<strong>em</strong>os<br />

grande contribuição na<br />

redução de CO 2 , como<br />

já disse anteriormente.<br />

Al<strong>em</strong> disso, t<strong>em</strong>os ainda<br />

famílias inteiras de biocombustíveis<br />

<strong>em</strong> teste<br />

de desenvolvimento. É<br />

o caso do biodiesel, do<br />

etanol de celulose, do<br />

diesel de cana-de-açú-<br />

car, que acreditamos ter seu espaço<br />

na matriz energética do país.<br />

Como foi a experiência como presidente<br />

da SAE ao longo de dois<br />

anos?<br />

BESALIEL – Gratificante. A entidade<br />

t<strong>em</strong> hoje cinco mil associados, dos<br />

quais 50% são estudantes, e grande<br />

capilaridade entre <strong>em</strong>presas e polos<br />

regionais. Estimulamos nos últimos<br />

anos um intercâmbio importante com<br />

as representações <strong>em</strong> outros países,<br />

globalizando a troca de experiência<br />

e o acesso a papers sobre as mais<br />

diversas tecnologias. A indústria ajudou<br />

bastante. As atividades estudantis<br />

cresceram muito, motivando o desenvolvimento<br />

de competições como Baja,<br />

Fórmula SAE e AeroDesign. Nossa<br />

política de regionais t<strong>em</strong> se intensificado<br />

e estamos presentes nos principais<br />

polos industriais do país fomentando<br />

a engenharia nas suas mais diversas<br />

tecnologias da mobilidade.<br />

Quais os próximos desafios?<br />

BESALIEL – Essa resposta ficará para o<br />

Vagner Galeote, já escolhido como meu<br />

sucessor. Acredito que ele terá de se<br />

preocupar bastante com o crescimento<br />

de modais como o naval e o ferroviário,<br />

que avançam e estimulam o desenvolvimento<br />

da engenharia logística. Um desafio<br />

importante será recuperar a competitividade<br />

da engenharia brasileira.<br />

Hoje o hom<strong>em</strong>/hora aqui custa cinco<br />

vezes mais do que na Índia ou na China.<br />

Será indispensável desonerar a atividade,<br />

examinar as leis trabalhistas, evitar<br />

que tarefas importantes sejam desviadas<br />

para fora. O Brasil deixou há t<strong>em</strong>po<br />

de ser um low cost country. Precisamos<br />

encontrar novas fórmulas, evoluir <strong>em</strong><br />

direção a tarefas de maior significado<br />

e pensar de uma forma mais efetiva na<br />

ligação entre os elos da cadeia de valor.<br />

Somos um mercado <strong>em</strong>ergente, mas<br />

a indústria está madura. Precisamos<br />

aproveitar essa vantag<strong>em</strong>.


EXECUTIVOS<br />

MULHER NO<br />

COMANDO<br />

DA GM<br />

A CORPORAÇÃO MEXEU DE VEZ<br />

COM A OPERAÇÃO BRASILEIRA:<br />

TIROU DO COMANDO OS<br />

HOMENS DE FINANÇAS E<br />

COLOCOU NO TOPO UMA<br />

MULHER, ENGENHEIRA.<br />

A PRESIDENTE DENISE<br />

JOHNSON FOI UMA<br />

DAS MULHERES<br />

MAIS INFLUENTES<br />

NA INDÚSTRIA<br />

AUTOMOBILÍSTICA<br />

NORTE-<br />

AMERICANA<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

34BUSINESS<br />

LUIS PRADO


Denise Johnson ainda vai dar o<br />

que falar como nova presidente<br />

da General Motors do Brasil.<br />

Ela foi apresentada pelo seu novo<br />

chefe e antecessor, o colombiano Jaime<br />

Ardila, que assumiu as operações<br />

da <strong>em</strong>presa na América do Sul, <strong>em</strong><br />

concorrida sessão com jornalistas dia<br />

18 de junho no Hotel Renaissance,<br />

<strong>em</strong> São Paulo. Em ótima forma, que<br />

cultiva praticando corrida, ela impressiona<br />

pelo rosto bonito e serenidade.<br />

Ela deve dirigir um Malibu, seu carro<br />

preferido entre os importados da marca,<br />

mas poderá ser vista também a bordo<br />

do Agile, um produto importante no<br />

portfólio local da Chevrolet, que terá a<br />

linha inteira renovada até 2012, quando<br />

será inaugurada a fábrica de motores<br />

de Joinville, <strong>em</strong> Santa Catarina. Até lá a<br />

companhia completará o investimento<br />

de R$ 5 bilhões iniciado <strong>em</strong> 2008 para<br />

expansão de instalações e desenvolvimento<br />

de produtos, entre os quais os<br />

integrantes da família Onix.<br />

A chegada de Denise Johnson foi<br />

antecedida por uma série de mudanças<br />

importantes no comando da General<br />

Motors do Brasil, com o anúncio<br />

da aposentadoria do vice-presidente<br />

José Carlos Pinheiro Neto e do diretor<br />

geral da divisão Powertrain, Adh<strong>em</strong>ar<br />

Nicolini, há 50 anos na <strong>em</strong>presa.<br />

Johnny Saldanha foi transferido para<br />

a região Ásia-Pacífico e sucedido<br />

por Edgard Pezzo nas compras para<br />

a América do Sul. O diretor jurídico<br />

João Rotta foi substituído por Ana<br />

Cássia Mercante, na <strong>em</strong>presa desde<br />

1995; Marcos Munhoz, nomeado diretor<br />

geral de comunicações, relações<br />

públicas e governamentais, deixou o<br />

cargo para Ronaldo Znidarsis, que era<br />

diretor geral da GM venezuelana.<br />

Francisco Stefanelli, diretor nacional<br />

ACREDITO AC QUE<br />

MINHA EXPERIÊNCIA<br />

EM OPERAÇÕES OP E<br />

PRODUTO OD PESOU<br />

MAIS DO QUE<br />

O FATO DE<br />

SER MULHER<br />

DENISE JOHNSON, presidente<br />

da General Motors do Brasil<br />

de vendas, foi transferido para a GM<br />

Venezuela e ocupa o cargo de diretorgerente<br />

daquela subsidiária. Em seu<br />

lugar, no Brasil, assumiu Luiz Lacreta,<br />

que era diretor geral de pós-vendas. Isela<br />

Costantini, diretora geral de planejamento<br />

e pesquisa de mercado, agora é<br />

diretora geral de atendimento ao cliente<br />

e pós-vendas. Sua função anterior será<br />

ocupada por Marcos Paiva.<br />

MESTRE<br />

Denise des<strong>em</strong>barcou no País <strong>em</strong> companhia<br />

do marido, engenheiro como<br />

ela e especializado <strong>em</strong> manufatura. As<br />

três filhas de 19 a 24 anos estudam<br />

nos Estados Unidos. Tão logo assumiu<br />

o cargo, no início de agosto, a executiva<br />

disse que pretende levar a GM ao topo<br />

do ranking – uma tarefa árdua, com<br />

Fiat e a Volkswagen na dianteira.<br />

Dia 30 de agosto, quando participou<br />

do simpósio SAE Brasil Tendências<br />

na Indústria Automobilística, no<br />

Hotel Sheraton WTC, <strong>em</strong> São Paulo,<br />

diante de quatro centenas de execu-<br />

tivos do setor, enfrentou um dos primeiros<br />

desafios <strong>em</strong> público: explicar<br />

o recall de 59.714 unidades do Agile,<br />

por causa de um defeito na mangueira<br />

de combustível.<br />

Por que a corporação escolheu uma<br />

mulher e engenheira para comandar<br />

a operação brasileira, conduzida até<br />

agora por homens de finanças? Ela<br />

mesma respondeu a <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>:<br />

“Acredito que minha experiência<br />

<strong>em</strong> operações e produto pesou mais<br />

do que o fato de ser mulher, o que poderia<br />

ser interpretado como uma questão<br />

de marketing diante do crescimento<br />

do público f<strong>em</strong>inino como cliente<br />

da linha Chevrolet. Haverá desafios<br />

importantes daqui <strong>em</strong> diante para o<br />

desenvolvimento de novos veículos e<br />

expansão da manufatura, tarefas com<br />

as quais tenho familiaridade”.<br />

Graduada <strong>em</strong> mecânica com mestrado<br />

<strong>em</strong> administração pelo MIT –<br />

Massachusetts Institute of Technology,<br />

Denise é respeitada pela atuação<br />

no campo de produto e manufatura.<br />

Ingressou na corporação <strong>em</strong> 1989,<br />

na área de produto. Passou por várias<br />

posições na área de engenharia, manufatura<br />

e planejamento antes de ser<br />

apontada como gerente de área na<br />

fábrica de carros <strong>em</strong> Lansing. Entre<br />

2003 e 2005 foi diretora de planejamento<br />

de negócios junto ao board de<br />

planejamento estratégico da América<br />

do Norte. Atuou, depois, como diretora<br />

de relações trabalhistas.<br />

A engenheira da GM nasceu <strong>em</strong><br />

Lansing, Michigan, <strong>em</strong> 22 de set<strong>em</strong>bro<br />

de 1966. Em 2002 recebeu o <strong>Automotive</strong><br />

Hall of Fame como liderança<br />

jov<strong>em</strong>. Em 2010 foi apontada pela<br />

revista <strong>Automotive</strong> News como uma<br />

das c<strong>em</strong> mulheres líderes na indústria<br />

automobilística norte-americana.


SERVIÇOS AUTOMOTIVOS<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS DEDICA<br />

50 PÁGINAS EDITORIAIS A SEGUIR ÀS<br />

QUESTÕES QUE ENVOLVEM A CARREIRA<br />

PROFISSIONAL, ESTRATÉGIAS DE<br />

FABRICANTES DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS<br />

EM PROJETOS E SERVIÇOS<br />

DE ENGENHARIA, SOFTWARES,<br />

CONSULTORIA, CERTIFICAÇÃO,<br />

CUSTOMER CARE, LOGÍSTICA,<br />

DISTRIBUIÇÃO E PESQUISA.<br />

À CAÇA DOS<br />

EXECUTIVOS DE OURO<br />

O AQUECIMENTO DO MERCADO INTERNO E A NOVA ONDA DE<br />

INVESTIMENTOS NO PAÍS, QUE ATÉ 2015 TRARÁ R$ 40 BILHÕES PARA<br />

EXPANSÃO DAS FÁBRICAS E NOVOS PRODUTOS, EXPLODEM A PROCURA<br />

POR PESSOAL QUALIFICADO, DISPUTADO A PREÇO DE OURO.<br />

36BUSINESS<br />

PAULO RICARDO BRAGA<br />

FOTOS: LUIS PRADO


O<br />

Bradesco adora engenheiros.<br />

O preparo desses profissionais,<br />

acostumados ao<br />

pen samento racional e cálculos complexos,<br />

atende sob medida a d<strong>em</strong>anda<br />

do banco por pessoal <strong>em</strong> diversas<br />

áreas, como admite o diretor de pesquisas<br />

e estudos econômicos, Octavio<br />

de Barros. O comentário do economista<br />

ecoa s<strong>em</strong> surpresa entre<br />

fabricantes de veículos e autopeças,<br />

que enfrentam uma evasão de profissionais<br />

das áreas de tecnologia para<br />

funções comerciais e financeiras.<br />

Ivan Witt, dono da Steer Recursos<br />

Humanos e ex-diretor de compras<br />

da Ford Brasil, revela dados do Ipea<br />

– Instituto de Pesquisa Econômica<br />

Aplicada para dimensionar a carência<br />

que envolve o suprimento de mão de<br />

obra especializada na indústria como<br />

um todo: o País forma 32 mil engenheiros<br />

por ano, enquanto a China<br />

chega a 400 mil, a Índia a 300 mil e<br />

a Coreia do Sul a 80 mil. As mulheres<br />

são apenas 14% do contingente<br />

de graduados no Brasil, que <strong>em</strong> 2008<br />

pode ter alcançado o nível acumulado<br />

de 750 mil profissionais.<br />

Nada menos do que 89% dos formandos<br />

são contratados ainda na universidade,<br />

que representa uma fonte<br />

importante de jovens <strong>em</strong> fase de qualificação<br />

para a indústria automobilística.<br />

“Nossos alunos são disputados por<br />

fabricantes de veículos e autopeças no<br />

final dos cursos, especialmente quando<br />

compl<strong>em</strong>entam o currículo básico”<br />

– disse a <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> o coordenador<br />

da pós-graduação <strong>em</strong> engenharia<br />

automotiva da Mauá, Fernando<br />

Malvezzi. O caminho é abreviado se<br />

o aluno estudou motores de combustão<br />

interna, engenharia automobilística<br />

ou mecatrônica.<br />

FIDELIZAÇÃO<br />

A caça a jovens talentosos capazes<br />

de estimular programas automotivos<br />

de fôlego extrapola as fronteiras brasi-<br />

Faltam profissionais<br />

qualificados <strong>em</strong> todos os níveis<br />

para o setor automotivo<br />

Engenheiro de projeto fica<br />

raro com migração para área<br />

comercial e finanças<br />

O Brasil forma só 32 mil<br />

engenheiros por ano – a China<br />

400 mil e a Índia 300 mil<br />

Profissionais brasileiros têm<br />

oportunidades também no<br />

exterior<br />

Brasil não é low cost country:<br />

hom<strong>em</strong>-hora custa até 5 vezes<br />

mais que na Ásia<br />

A terceirização de serviços<br />

avança, mas o body leasing<br />

predomina<br />

Trabalho <strong>em</strong> cooperação global<br />

traz expertise às equipes<br />

brasileiras<br />

Fidelização de competências<br />

é desafio contra concorrência<br />

predatória<br />

Empresas de engenharia<br />

se un<strong>em</strong> para ser<strong>em</strong> mais<br />

competitivas<br />

ENGENHEIROS ESTÃO<br />

ACOSTUMADOS AO<br />

PENSAMENTO RACIONAL<br />

E CÁLCULOS COMPLEXOS<br />

E ATENDEM DEMANDA<br />

DO BRADESCO<br />

OCTAVIO DE BARROS: Bradesco<br />

recebe b<strong>em</strong> os engenheiros<br />

leiras. “Há oportunidades na Al<strong>em</strong>anha<br />

para profissionais brasileiros” – garante<br />

Ralph Thoma, diretor da consultoria<br />

FEV. Uma das principais <strong>em</strong>presas<br />

mundiais na conceituação de serviços<br />

de engenharia, ela coloca à disposição<br />

dos clientes locais a força da rede internacional,<br />

que se vale também da<br />

vinculação com a Universidade de Aachen,<br />

na Al<strong>em</strong>anha.<br />

Conceitos, desenvolvimento, integração,<br />

realidade virtual, arquitetura<br />

eletroeletrônica, modelos e protótipos,<br />

montag<strong>em</strong> experimental, equipamentos<br />

e manufatura e powertrain<br />

são algumas das especialidades da<br />

FEV, que criou para a Fiat o Li-Ion Driven,<br />

um plug-in elétrico baseado no<br />

Cinquecento.<br />

Enquanto a indústria automobilística<br />

acelera a produção para montar<br />

3,4 milhões de veículos e crescer ao<br />

ritmo de 6,5% este ano, pouco abaixo<br />

da previsão para o avanço do PIB, de<br />

7,2%, a escassez de formandos evoluiu<br />

<strong>em</strong> todas as camadas da cadeia automotiva,<br />

que perde atratividade diante<br />

de segmentos que pagam melhor e<br />

oferec<strong>em</strong> ambiente de trabalho mais<br />

agradável.<br />

Fábricas de peças, carros e caminhões<br />

antiquadas, especialmente as


SERVIÇOS AUTOMOTIVOS<br />

MARTIN VOLMER,<br />

da Edag, quer projetos<br />

<strong>em</strong> turn key<br />

pioneiras dos anos 50 e 60, perd<strong>em</strong><br />

o atrativo por deficiências nas instalações,<br />

mobiliário, sist<strong>em</strong>as de computadores<br />

e comunicação, acesso precário<br />

à web. Nesses locais, <strong>em</strong> que até<br />

dispositivos como pendrives pod<strong>em</strong><br />

ser vedados por motivo de segurança,<br />

há um contraste evidente <strong>em</strong> relação à<br />

revolução que os novos veículos promet<strong>em</strong><br />

com a eletrônica <strong>em</strong>barcada.<br />

“O engenheiro automotivo viveu longo<br />

período de desmotivação” – alerta<br />

Witt, prevendo que os salários terão de<br />

evoluir para reverter a fuga atual. Ele<br />

preconiza um maior grau de rotatividade<br />

e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, um grande<br />

esforço para valorizar talentos.<br />

Na Iveco, <strong>em</strong> Sete Lagoas, interior de<br />

Minas Gerais, o diretor de engenharia<br />

Renato Mastrobuono promove o que<br />

chama de fidelização de competências<br />

para manter o time técnico <strong>em</strong> alta. Para<br />

ele, é preciso valorizar os especialistas<br />

e afastar a tentação de atrair gente da<br />

concorrência, providência que detonaria<br />

uma competição predatória.<br />

38BUSINESS<br />

Besaliel Botelho, presidente da SAE<br />

Brasil até início de outubro, quando<br />

cederá o posto a Vagner Galeote, diretor<br />

de manufatura da Ford Brasil, destaca<br />

o desafio de recuperar a competitividade<br />

da engenharia brasileira como<br />

um dos caminhos para segurar os<br />

especialistas no setor. Ele alerta que o<br />

ENGENHEIRO VIVEU<br />

VEU<br />

LONGO PERÍODO DO DE<br />

DESMOTIVAÇÃO. AÇÃO<br />

OS SALÁRIOS DEVEM M<br />

EVOLUIR P PPARA<br />

ARA<br />

REVERTER FUGA DO<br />

SETOR AUTOMOTIVO<br />

FOTOS: LUIS PRADO<br />

IVAN WITT, da Steer: hora<br />

de valorizar os talentos<br />

Brasil deixou de ser um low cost country<br />

e t<strong>em</strong> custos de hom<strong>em</strong>/hora até<br />

cinco vezes superiores aos da Índia e<br />

China. “Será indispensável desonerar a<br />

atividade, examinar as leis trabalhistas,<br />

evitar que tarefas importantes sejam<br />

desviadas para fora.”<br />

PACOTES<br />

Álvaro Costa Neto, diretor da <strong>em</strong>presa<br />

de engenharia Multicorpos, explica que<br />

alguns anos atrás o Brasil passou a ser<br />

visto como um país capaz de coordenar<br />

programas globais a custo atraente<br />

e ganhou uma parte das tarefas de<br />

conceber e projetar carros e sist<strong>em</strong>as.<br />

“Houve otimismo e uma busca de domínio<br />

dos <strong>em</strong>preendimentos”, diz.<br />

Foi nessa época que ele estruturou<br />

a <strong>em</strong>presa de serviços com escritórios<br />

<strong>em</strong> São Paulo e São Carlos, SP. Menos<br />

de dois anos depois veio o tsunami<br />

na área financeira global, com o<br />

congelamento de programas inteiros<br />

de engenharia, adiamento e reduções<br />

de escopo. O efeito simultâneo foi a<br />

concentração de atividades de projeto<br />

nas matrizes, esvaziando as regionais.<br />

As equipes de engenharia nas matrizes<br />

das montadoras, as consultorias<br />

internacionais e os fabricantes de veículos<br />

bra sileiros divid<strong>em</strong> uma carga


SERVIÇOS AUTOMOTIVOS<br />

de trabalho oscilante, dificultando a<br />

formação de equipes estáveis. O que<br />

sobra a fazer dos pacotes de serviços,<br />

especialmente se o volume de atividade<br />

explode, como <strong>em</strong> 2010 no Brasil,<br />

acaba encomendado a <strong>em</strong>presas de<br />

engenharia locais, <strong>em</strong> geral pequenos<br />

players que precisam recorrer a parceiros<br />

no exterior ou trabalhar de forma<br />

TERCEIRIZAÇÃO ESBARRA NO BODY LEASING<br />

FABRICANTES DE VEÍCULOS ELEVAM AS ENCOMENDAS DE SERVIÇOS, QUE SE<br />

CONCENTRAM NA CONTRATAÇÃO DE PESSOAL ADICIONAL E PREÇOS EM BAIXA<br />

Oferecer body leasing, que representa<br />

o <strong>em</strong>préstimo de mão de<br />

obra para a realização de serviços<br />

nas dependências de clientes, não<br />

é uma tarefa que agrada Martin Volmer,<br />

presidente da Edag do Brasil.<br />

“Evitamos atuar dessa maneira.<br />

Nosso objetivo é criar conhecimento,<br />

promover turn key”, enfatiza.<br />

Empresas do setor de prestação<br />

de serviços de engenharia reclamam<br />

que nos últimos dois ou três anos o<br />

valor por pessoa/hora valia R$ 100,<br />

mas entrou <strong>em</strong> queda diante da<br />

competição global. Com a Índia e<br />

seus vizinhos asiáticos oferecendo<br />

seus préstimos por valores mais baixos,<br />

uma fila de tarefas é desviada para aquela região.<br />

Nas grandes <strong>em</strong>presas fabricantes de veículos e autopeças<br />

os projetos são conduzidos de forma global,<br />

colocando lado a lado equipes multidisciplinares de<br />

diferentes países. O compartilhamento de conhecimento<br />

e experiências permite um avanço <strong>em</strong> expertise das<br />

equipes brasileiras, que pod<strong>em</strong> assumir a liderança no<br />

desenvolvimento <strong>em</strong> determinados programas. O time<br />

local da GM do Brasil é referência <strong>em</strong> projeto de baterias<br />

e de picapes leves.<br />

É o crescimento na indústria automobilística brasileira,<br />

baseado no ingresso de R$ 40 bilhões <strong>em</strong> investimentos<br />

até 2015, que estimula fabricantes de veículos e autopeças<br />

a sair <strong>em</strong> busca de serviços para compl<strong>em</strong>entar a<br />

capacidade das equipes internas de atender a expansão.<br />

Como regra, ficam dentro de casa as tarefas que estão<br />

40BUSINESS<br />

cooperada, associando grupos de diferentes<br />

especialidades.<br />

Até mesmo a Edag, reconhecida<br />

como um dos expoentes globais na<br />

área de serviços de engenharia, aderiu<br />

a essa fórmula no Brasil. Nos escritórios<br />

no Taboão, <strong>em</strong> São Bernardo do<br />

Campo, SP, a poucos metros da Ford,<br />

ela cede espaço à Netz Engenharia e à<br />

al<strong>em</strong>ã FEV, com as quais estabeleceu<br />

acordos. Com frequência são chamadas<br />

para completar tarefas na área de<br />

simulação também a Smarttech, Multicorpos<br />

e ESSS.<br />

Equipes internas trabalham na <strong>em</strong>presa<br />

de forma independente para<br />

atender clientes concorrentes como<br />

MAN, Mercedes-Benz e Iveco, sob cláu-<br />

mais próximas do conhecimento<br />

sensível da <strong>em</strong>presa, envolvendo<br />

novas estratégias, projetos e lançamentos.<br />

Pedro Manuchakian, vice-presidente<br />

de engenharia da General<br />

Motors na América do Sul, começa<br />

a terceirizar trabalhos mais próximos<br />

ao que considera core para a<br />

companhia. Até agora apenas 7% a<br />

8% das tarefas de projeto e detalhamento<br />

eram feitas fora. Com tanta<br />

coisa <strong>em</strong> andamento, o departamento<br />

deve dobrar as contratações<br />

externas. A Fiat Automóveis compra<br />

30% de serviços de engenharia<br />

e a Iveco 50%.<br />

Julian S<strong>em</strong>ple, diretor da Carcon <strong>Automotive</strong>, assessora<br />

montadoras e autopeças <strong>em</strong> pesquisa de mercado, inteligência<br />

competitiva e projeções de mercado. “Mesmo<br />

tendo equipes próprias, as <strong>em</strong>presas quer<strong>em</strong> ter uma<br />

visão externa de seus negócios face aos concorrentes e<br />

obter recomendações para ações e estratégias futuras”,<br />

afirma. Ele esclarece que a consultoria permite ao cliente<br />

manter a atenção nas atividades focais e evitar custos fixos<br />

para manter uma estrutura que pode exigir diferentes<br />

qualificações e recursos ao longo do t<strong>em</strong>po.<br />

Ao lado de <strong>em</strong>presas como a Carcon, há uma oferta<br />

expressiva de fornecedores de serviços de toda natureza<br />

para atender as operações e desenvolvimento de produto<br />

a partir da infraestrutura de tecnologia da informação,<br />

softwares, estações de trabalho sofisticadas, linhas de<br />

manufatura, automação e robotização.


sula de confidencialidade. As instalações<br />

têm padrão elevado, com dezenas<br />

de estações de trabalho e uma sala de<br />

realidade virtual equipada com equipamentos<br />

da Absolut Technologies.<br />

Mas como ser competitiva com essa<br />

forte estrutura, diante do câmbio<br />

desfavorável na prestação de serviços?<br />

Para Edgar de Luccas, líder de produto<br />

na Edag, o caminho é a eficiência,<br />

junto com uma boa dose de iniciativa<br />

técnica e comercial. Ele é um dos 142<br />

profissionais da companhia no Brasil,<br />

que deve faturar este ano R$ 42 milhões,<br />

com a entrega de 250 mil horas<br />

aos clientes.<br />

Uma parcela da receita provém do suporte<br />

oferecido para concepção, desenvolvimento<br />

e teste de linhas de produção<br />

<strong>em</strong> um enorme galpão onde equipamentos<br />

simulam a manufatura real antes<br />

de ser<strong>em</strong> transplantados para o destino<br />

final, na montadora ou <strong>em</strong>presa de<br />

autopeça. O acesso a essas instalações<br />

é restrito, já que a maior parte das tarefas<br />

diz respeito a novos produtos.<br />

Martin Volmer, engenheiro e presidente<br />

da Edag no Brasil, é filho de um<br />

dos fundadores da corporação na Al<strong>em</strong>anha,<br />

um <strong>em</strong>preendimento que ganhou<br />

dimensões respeitáveis na área<br />

CAÇA A TALENTOS JOVENS<br />

EXTRAPOLA AS NOSSAS<br />

FRONTEIRAS. HÁ<br />

OPORTUNIDADES DES NA<br />

ALEMANHA PARA A<br />

PROFISSIONAIS<br />

BRASILEIROS<br />

automotiva e faturou 568,7 milhões<br />

<strong>em</strong> 2009 com 5.840 <strong>em</strong>pregados, sob<br />

o controle acionário da Aton Holdings.<br />

A Volkswagen foi o principal cliente<br />

mundial, com 25% da receita, seguida<br />

pela Daimler (13%), BMW (11%), GM<br />

(10%), Airbus (8%), Ford (4%), DAF<br />

(1%) e fornecedores de sist<strong>em</strong>as (8%).<br />

“O núcleo brasileiro reúne competências<br />

para conduzir a maioria dos desafios<br />

<strong>em</strong> projetos de sist<strong>em</strong>as e veículos”<br />

– assegura Volmer, fazendo a ressalva<br />

que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é vantajoso criar pacotes<br />

completos no País. “Há muita coisa<br />

disponível na prateleira, na matriz da<br />

montadora ou das consultorias”.<br />

RALPH THOMA,<br />

DA FEV:<br />

oportunidade<br />

no exterior


SERVIÇOS AUTOMOTIVOS<br />

SEMCON<br />

Renato Perrota, diretor executivo da<br />

S<strong>em</strong> con do Brasil, entende que o mercado<br />

de serviços de engenharia passa<br />

por um momento de intensa concorrência.<br />

A <strong>em</strong>presa procura oferecer<br />

soluções integradas com suporte da<br />

matriz sueca e escritórios da Al<strong>em</strong>anha<br />

e Reino Unido, que acumulam o expertise<br />

da IVM <strong>Automotive</strong>, depois de uma<br />

fusão <strong>em</strong> 2007. Hoje as áreas de cálculos<br />

e simulações e de<br />

design e estilo são coordenadas<br />

por profissionais<br />

transferidos da<br />

Europa para o Brasil.<br />

O executivo atribui<br />

a falta de profissionais<br />

no setor a um probl<strong>em</strong>a<br />

estrutural. “O País<br />

não estava preparado<br />

para tamanha d<strong>em</strong>anda<br />

de profissionais<br />

qualificados” – afirma,<br />

42BUSINESS<br />

O PAPEL DAS EMPRESAS<br />

DE ENGENHARIA<br />

RENATO PERROTA: projeto<br />

recebe a ajuda da matriz<br />

destacando que a S<strong>em</strong>con trabalha<br />

com um programa anual de formação<br />

e prepara cerca de 15 trainees.<br />

Constituída no Brasil a partir de<br />

2006, a S<strong>em</strong>con do Brasil reúne duas<br />

centenas de profissionais nos escritórios<br />

de São Bernardo do Campo, SP,<br />

e de Resende, RJ, que se dedicam a<br />

atender o desenvolvimento de veículos<br />

e sist<strong>em</strong>as, incluindo simulações e<br />

testes para a Volkswagen Caminhões.<br />

A folha de serviços prestados no País<br />

inclui o desenvolvimento de exteriores<br />

do Agile, contratos de engenharia na<br />

área de projeto, engenharia e clínicas<br />

para as principais montadoras.<br />

GREENWORKS<br />

A Greenworks <strong>Automotive</strong> Engineering,<br />

criada por engenheiros brasileiros<br />

<strong>em</strong> 2005, t<strong>em</strong> como especialidades<br />

a calibração de powertrain,<br />

<strong>em</strong>issões e redução de CO 2. O diretor<br />

Uilson Gonçalves Júnior ressalta os<br />

trabalhos que a <strong>em</strong>presa v<strong>em</strong> desenvolvendo<br />

na área de tecnologias para<br />

veículos híbridos. Estão nesse pacote<br />

powertrain otimizado, chassi com<br />

materiais alternativos e sist<strong>em</strong>as de<br />

gerenciamento <strong>em</strong>barcado.<br />

GREENWORKS é especializada<br />

<strong>em</strong> calibração de powertrain<br />

LEANDRO LANDGRAF<br />

Este ano a <strong>em</strong>presa inaugurou um<br />

centro de inovação com dinamômetro<br />

de chassis para tração 4x4 (futuramente<br />

<strong>em</strong> câmara climatizada), e amplia<br />

o escopo de suas parcerias com Garret,<br />

PSA, Emerson Fittipaldi e Instituto<br />

Mauá. Entre os principais clientes estão<br />

a Bosch, Magneti Marelli, Visteon,<br />

PSA e Ford.<br />

WAGNER FONSECA: serviços<br />

para a área da mobilidade<br />

NETZ<br />

A Netz Automotiva presta serviços na<br />

área de mobilidade, desde a conceituação<br />

até a fabricação de um produto,<br />

passando por testes de diversas<br />

naturezas, comparativo com marcas<br />

concorrentes, avaliação de desenho,<br />

des<strong>em</strong>penho e durabilidade.<br />

Na carteira de serviços estão realizações<br />

singulares, como acompanhar<br />

o desenvolvimento e performance do<br />

ônibus a célula de combustível do consórcio<br />

PNUD, operado pela EMTU na<br />

região do ABC paulista. “Até dez<strong>em</strong>bro


deve estar concluída a avaliação” – diz<br />

Wagner da Costa Fonseca, diretor de<br />

marketing e vendas.<br />

A Netz supervisiona também a operação<br />

de três ônibus da Viação Santa<br />

Brígida, <strong>em</strong> São Paulo, que operam<br />

com 10% de diesel de cana adicionado<br />

ao tanque. O resultado obtido é comparado<br />

com o do blend normal, de<br />

diesel S50 e biodiesel. “Asseguramos<br />

que os testes são feitos nas mesmas<br />

condições e com motoristas treinados”,<br />

explica.<br />

Outra tarefa <strong>em</strong> andamento na <strong>em</strong>presa<br />

é o teste de durabilidade com o<br />

powertrain Euro 5 da Mercedes-Benz.<br />

META<br />

A Meta – Métodos <strong>em</strong> Testes Automotivos,<br />

de Tatuí, SP, foi concebida<br />

<strong>em</strong> 2002 e reúne um grupo de 25<br />

profissionais, entre eles quatro engenheiros,<br />

dedicados a teste e desenvolvimento<br />

de veículos leves e<br />

pesados. O grupo já realizou tarefas<br />

para a maioria dos fabricantes de veículos<br />

locais e mantém um time de<br />

90 profissionais no site da Iveco, <strong>em</strong><br />

Sete Lagoas, ocupado com testes de<br />

campo e montag<strong>em</strong> de protótipos.<br />

A FPT – Powertrain Technologies<br />

é outro cliente, que recorre à terceirização<br />

<strong>em</strong> tarefas como inspeção de<br />

motores na saída da linha. A Goodyear<br />

e outros fabricantes de pneus têm<br />

batido à porta da Meta <strong>em</strong> busca de<br />

auxílio na avaliação de produtos e<br />

comparativos com a concorrência.<br />

Parte dos testes pode ser conduzida<br />

na pista da <strong>em</strong>presa para eventos especiais<br />

<strong>em</strong> Tatuí.<br />

Newcomers chineses também procuram<br />

ajuda para certificação de produtos.<br />

“A procura t<strong>em</strong> se intensificado.<br />

Em geral damos um susto no pessoal<br />

quando alertamos para a legislação<br />

brasileira de segurança e <strong>em</strong>issões”<br />

– diz Adilson Nogueira, engenheiro e<br />

sócio da Meta. Junto com o também<br />

engenheiro José Fernando de Campos<br />

ele organiza rotas de testes e, s<strong>em</strong>pre<br />

que possível, promove treinamento e<br />

palestras nas escolas de engenharia.<br />

SIMULAÇÕES<br />

São muitas as <strong>em</strong>presas locais que<br />

atuam na área de simulações, incluindo<br />

Smarttech, ESSS, NHT, Multicorpos,<br />

VirtualCAE, National Instruments,<br />

RS Grupo e LMS. Sadao Hayashi, diretor<br />

da NHT, enfatiza que existe uma<br />

boa capacitação nacional para essas<br />

NA META, Nogueira e Campos<br />

organizam as rotas de testes<br />

SADAO HAYASHI: segurança<br />

e economia com simulações<br />

tarefas <strong>em</strong> todas as fases do projeto de<br />

engenharia, seja no desenvolvimento<br />

ou promoção de ensaios.<br />

“Há uma década eram necessários<br />

cinco anos para o projeto completo de<br />

um veículo. Hoje isso é feito <strong>em</strong> dois<br />

anos, <strong>em</strong> grande parte devido às simulações<br />

<strong>em</strong> computador, que abreviam<br />

os trabalhos e permit<strong>em</strong> economizar<br />

<strong>em</strong> protótipos”, assegura o especialista.<br />

As novas ferramentas mat<strong>em</strong>áticas<br />

traz<strong>em</strong> economias e permit<strong>em</strong> chegar<br />

a uma escala de produção controlável,<br />

com qualidade confiável. Com os novos<br />

softwares e conceitos, há ganhos<br />

no projeto, mocapes, protótipos, <strong>em</strong><br />

previsões, planejamento, manufatura,<br />

montag<strong>em</strong>.<br />

Hayashi destaca os bons resultados<br />

com a integração das diversas áreas<br />

que envolv<strong>em</strong> a concepção, projeto e<br />

manufatura de um produto. “Testes e<br />

simulações são compl<strong>em</strong>entares no<br />

desenvolvimento e dev<strong>em</strong> andar juntos,<br />

passando pela calibração do modelo<br />

mat<strong>em</strong>ático, busca de dados experimentais<br />

para dar precisão aos modelos,<br />

avaliação da convergência de resultados.<br />

Uma vez pronto, o protótipo deve<br />

passar por avaliações subjetivas e medidas<br />

<strong>em</strong> pista”, define.


CONSULTORIA<br />

ALTRAN APOSTA EM<br />

ENERGIA E INOVAÇÃO<br />

A CONSULTORIA, QUE PRETENDE AVANÇAR<br />

NA ÁREA DE SERVIÇOS NO BRASIL, ENVIOU O<br />

PRINCIPAL EXECUTIVO DA ÁREA AUTOMOTIVA PARA<br />

UM RECONHECIMENTO DE OPORTUNIDADES. ELE<br />

RECEBEU AUTOMOTIVE BUSINESS EM SÃO PAULO<br />

PARA FALAR DE SEUS PLANOS.<br />

Rieder Kirstan, principal executivo<br />

da Altran Technologies na área<br />

automotiva, esteve no Brasil no<br />

final de julho com a missão de reconhecer<br />

oportunidades e traçar estratégias<br />

regionais para a consultoria global<br />

especializada <strong>em</strong> inovação, engenharia,<br />

gestão, estratégia e tecnologia da<br />

informação. Na agenda apertada ele<br />

reservou duas horas para uma entrevista<br />

com <strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong>,<br />

<strong>em</strong> São Paulo, no Hotel<br />

Sheraton WTC.<br />

A companhia, presente<br />

no País desde 1999, com escritórios<br />

<strong>em</strong> São Paulo e Rio de Janeiro, mobiliza<br />

três mil engenheiros <strong>em</strong> todo o<br />

mundo, especializados <strong>em</strong> indústria<br />

automobilística, transportes terrestres,<br />

logística e infraestrutura. Fabricantes<br />

de veículos e fornecedores de autopeças<br />

de primeiro nível estão entre os<br />

44BUSINESS<br />

alvos principais para o crescimento da<br />

operação brasileira.<br />

Para o contato com executivos locais,<br />

Kirstan trouxe cases de sucesso<br />

registrados <strong>em</strong> outros países no campo<br />

da inovação e racionalização<br />

no consumo de energia.<br />

Para o executivo,<br />

que fica nos escritórios de Munique,<br />

o mercado local traz diferenças<br />

importantes <strong>em</strong> relação ao al<strong>em</strong>ão,<br />

que acaba de retomar do Brasil a quarta<br />

posição no ranking dos maiores<br />

mercados de veículos. Lá os carros<br />

agregam elevado conteúdo para atender<br />

um público exigente e disposto a<br />

pagar mais pela eficiência energética e<br />

redução de <strong>em</strong>issões. Aqui o portfólio<br />

reúne veículos de entrada, enquanto<br />

surge uma oferta de compactos pr<strong>em</strong>ium<br />

e veículos médios.<br />

Outra diferença<br />

anotada pelo executivo<br />

está na cadeia de produção.<br />

Na Al<strong>em</strong>anha os fabricantes<br />

de componentes básicos estão b<strong>em</strong><br />

capitalizados e prontos a investir <strong>em</strong><br />

pesquisa, desenvolvimento e inovação.<br />

No Brasil acontece o oposto, o que<br />

chega a trazer sérios obstáculos ao<br />

fluxo de componentes no supply chain.<br />

Para Kirstan, é indispensável resolver<br />

as dificuldades na área de autopeças<br />

a partir de soluções compartilhadas,<br />

possivelmente com programas<br />

especiais e incentivos à categoria:<br />

“Com a crescente complexidade dos<br />

projetos globais e avanço da eletroeletrônica<br />

torna-se vital para o setor<br />

estimular esses players e elevar o nível<br />

de competitividade”.


ENERGIA<br />

O diretor entende que o Brasil encontrou<br />

uma ótima solução com o motor<br />

flex e o etanol para resolver o probl<strong>em</strong>a<br />

das <strong>em</strong>issões veiculares, à medida que<br />

as tecnologias para eletrificação dos<br />

automóveis avançam lentamente e há<br />

uma troca crescente de sist<strong>em</strong>as mecânicos<br />

por eletrônicos.<br />

Ele reconhece que no caso de veículos<br />

leves será necessário t<strong>em</strong>po para<br />

essa consolidação -- <strong>em</strong> dez anos haverá<br />

apenas 1% a 2% de carros elétricos<br />

na Al<strong>em</strong>anha. O desafio? “São as<br />

baterias, a alma do negócio” – alerta.<br />

O Brasil pode ficar atrasado no desenvolvimento<br />

de elétricos e híbridos, mas<br />

terá oportunidade de adquirir projetos<br />

e tecnologias prontas no futuro.<br />

“Ao contrário do que acontece no<br />

Brasil, existe um esforço importante<br />

na Europa, Ásia e Estados Unidos <strong>em</strong><br />

direção aos elétricos”, justifica. “Na<br />

China, <strong>em</strong> particular, há um grande<br />

<strong>em</strong>penho do governo<br />

nesse sentido”.<br />

Por outro lado, o diretor da Altran<br />

t<strong>em</strong> expectativas radicais sobre o desenvolvimento<br />

do powertrain híbrido na<br />

área de veículos comerciais. Para ele, <strong>em</strong><br />

menos de dez anos caminhões e ônibus<br />

com propulsão elétrica e a combustão<br />

combinadas representarão cerca de<br />

20% na d<strong>em</strong>anda de novos veículos.<br />

Energia, no seu entender, é um motivo<br />

de preocupação global <strong>em</strong> todos<br />

os segmentos industriais e atividades.<br />

A Altran t<strong>em</strong> concentrado esforços<br />

<strong>em</strong> oferecer soluções nessa área, reunindo<br />

especialistas <strong>em</strong> off shore, distribuição<br />

e energias renováveis.<br />

“O uso eficiente das fontes energéticas<br />

assume dimensão extraordinária,<br />

passando pelo desenvolvimento de novas<br />

fontes e também por ganhos meticulosos.<br />

Hoje questionamos até mesmo<br />

se o levantador dos vidros de um carro<br />

deve ser elétrico ou manual”, conclui.<br />

A Altran trabalha ativamente no<br />

projeto Solar Impulse para d<strong>em</strong>onstrar<br />

o papel da alta tecnologia no desenvolvimento<br />

sustentável. O avião<br />

projetado pelo suíço Bertran Piccard<br />

t<strong>em</strong> como desafio uma viag<strong>em</strong> tripulada<br />

ao redor do mundo <strong>em</strong> 2011<br />

(veja www.solar-impulse.com). Em 8<br />

de julho o Solar Impulse completou<br />

26 horas de vôo s<strong>em</strong> levar qualquer<br />

combustível, comprovando que pode<br />

ganhar autonomia à noite depois de<br />

acumular energia solar durante o dia. <br />

ENERGIA É<br />

PREOCUPAÇÃO<br />

GLOBAL EM TODOS<br />

OS SEGMENTOS<br />

RIEDER KIRSTAN, lidera a<br />

Altran na área automotiva


ENGENHARIA<br />

GM ACELERA COMPRA<br />

DE SERVIÇOS<br />

O MERCADO AQUECIDO E A<br />

RENOVAÇÃO DA LINHA DE PRODUTOS<br />

LEVAM MONTADORA A BUSCAR AJUDA<br />

DAS EMPRESAS DE ENGENHARIA EM<br />

TAREFAS MAIS NOBRES<br />

46BUSINESS<br />

AUTOMOTIVE BUSINESS<br />

PEDRO MANUCHAKIAN:<br />

cresce a terceirização de serviços<br />

Pedro Manuchakian, o vice-presidente<br />

de engenharia de produtos<br />

da General Motors para a<br />

América do Sul reconhece: terá que<br />

comprar mais serviços no mercado.<br />

Até agosto ele ainda limitava a 7% ou<br />

8% as encomendas de horas a escritórios<br />

no Brasil, mas o volume excessivo<br />

de trabalho na montadora exige<br />

maior flexibilidade.


ENGENHARIA<br />

“Até pouco t<strong>em</strong>po procurávamos<br />

concentrar internamente todas as taarefas<br />

de engenharia. A terceirização o se<br />

estendia às tarefas mais simples, como omo<br />

detalhamento de partes. Agora precirecisamos encomendar também parte da-daquilo que consideramos mais próximo<br />

do conhecimento sensível que preservamos<br />

<strong>em</strong> casa” – afirma o executivo.<br />

Ele explica também que a aquisição<br />

se refere s<strong>em</strong>pre a horas trabalhadas,<br />

<strong>em</strong> processo que começa com a qualificação<br />

do fornecedor e avança para o<br />

contrato por meio da equipe de compras.<br />

“Não chegamos ainda a compras<br />

<strong>em</strong> turn key nesse campo”.<br />

Com a aposentadoria de Adh<strong>em</strong>ar<br />

Nicolini, diretor geral de powertrain<br />

para a região, o desenvolvimento dos<br />

motores passa a ser conduzido por<br />

Paulo Riedel, diretor que responde à<br />

matriz norte-americana e administrativamente<br />

a Manuchakian. A produção<br />

cabe ao vice-presidente de manufatura,<br />

José Eugênio Pinheiro.<br />

EM CONJUNTO<br />

O desenvolvimento de novos veículos<br />

começa na GM com Marcos Paiva,<br />

diretor de planejamento, que define<br />

segmentação, clientes, preço, volume<br />

de produção e oportunidades de exportação.<br />

Depois entram <strong>em</strong> campo<br />

as equipes de estilo, comandadas pelo<br />

diretor Carlos Barba, e de engenharia<br />

do produto.<br />

A interação é complexa já na fase<br />

de conceituação do automóvel:<br />

alguns engenheiros avaliam, junto<br />

com os designers, os condicionantes<br />

técnicos para os desenhos, estudando<br />

por ex<strong>em</strong>plo as dimensões e<br />

os campos de visão para o motorista<br />

<strong>em</strong> diferentes situações. Enquanto<br />

os primeiros desenhos surg<strong>em</strong>, representantes<br />

da área de manufatura<br />

contribu<strong>em</strong> para evitar que, mais<br />

tarde, seja preciso retomar o projeto<br />

por dificuldades na estampag<strong>em</strong> ou<br />

montag<strong>em</strong> dos componentes.<br />

48BUSINESS<br />

COM CO A ESCASSEZ<br />

DE PESSOAL PES<br />

QUALIFICADO QUALI A<br />

GM M AC ACELERA A<br />

FORMAÇÃO FOR DOS<br />

PROFISSIONAIS<br />

P<br />

DENTRO DE CASA<br />

“Os desenhos são validados tanto<br />

para a produção das peças como para<br />

efeito de montag<strong>em</strong>. Não adianta<br />

aprovar um conceito interessante para<br />

manufatura se, mais tarde, a peça<br />

acarreta dificuldades na linha de montag<strong>em</strong>”,<br />

esclarece Manuchakian.<br />

A GM ainda não definiu os softwares<br />

do gênero PLM (Product Life Manag<strong>em</strong>ent)<br />

para conduzir todo o programa<br />

de conceituação e desenvolvimento<br />

do projeto. São <strong>em</strong>pregados diferentes<br />

produtos <strong>em</strong> cada fase, enquanto a<br />

corporação avalia propostas mais amplas,<br />

padronizadas <strong>em</strong> âmbito global<br />

para permitir colaboração entre diferentes<br />

regiões.<br />

O time local da GM t<strong>em</strong> à disposição<br />

quase todos os recursos necessários<br />

ao projeto de veículos no Brasil. O que<br />

falta? Fazer aqui testes de interferência<br />

eletromagnética com veículos <strong>em</strong> movimento,<br />

conduzidos nos Estados Unidos<br />

e Al<strong>em</strong>anha, e avaliações <strong>em</strong> túnel<br />

aerodinâmico de produtos <strong>em</strong> escala<br />

um para um, realizados <strong>em</strong> geral nos<br />

Estados Unidos. Os investimentos<br />

para implantação dessas facilidades<br />

no Brasil seriam elevados e não compensadores<br />

<strong>em</strong> função dos volumes<br />

envolvidos.<br />

“Dominamos esses trabalhos. As<br />

equipes brasileiras se deslocam ao exterior<br />

para conduzir os testes” – ressalta<br />

Manuchakian.<br />

Em contrapartida, o Brasil exporta<br />

serviços de engenharia, seja participando<br />

do projeto de picapes leves,<br />

como líder global para esse gênero de<br />

veículos, ou de alguma etapa de outros<br />

desenvolvimentos. Em certas situações<br />

o grupo de trabalho brasileiro oferece<br />

os laboratórios e recursos do campo<br />

de prova da Cruz Alta, <strong>em</strong> Indaiatuba,<br />

SP, ou a adequação de um produto já<br />

existente às normas e especificações<br />

de um determinado país que pretenda<br />

produzi-lo. O Hummer H3T, uma picape<br />

com cabina dupla, foi fruto do trabalho<br />

de engenheiros brasileiros, que<br />

fizeram também aqui os testes.<br />

A POSTOS<br />

A maior parte da engenharia de produto<br />

é concluída com a validação do projeto<br />

e entrega à manufatura dos desenhos<br />

consolidados junto com o pessoal de<br />

estilo. Para chegar até aí a equipe de<br />

Manuchakian conta com infraestrutura<br />

própria para fazer ferramental e protótipos<br />

para volumes limitados.<br />

Tudo aprovado, o pacote é entregue<br />

à engenharia de manufatura, que elabora<br />

o ferramental definitivo, para alta<br />

produção, e passa a acelerar as linhas<br />

de montag<strong>em</strong>. A essa altura já foram<br />

aprovados, também, os programas de<br />

automação e as rotinas das operações<br />

de montag<strong>em</strong> pelos funcionários.<br />

“Não terminamos aí” – adverte Manuchakian.<br />

“Estamos s<strong>em</strong>pre a postos,<br />

junto com o pessoal de planejamento<br />

e estilo, para introduzir melhorias no<br />

programa”.<br />

PESSOAL<br />

Com a escassez de pessoal qualificado<br />

na área de engenharia automotiva a GM<br />

tomou a decisão de acelerar a formação<br />

dos profissionais dentro de casa. “Não<br />

pod<strong>em</strong>os buscar técnicos <strong>em</strong> concorrentes<br />

e fornecedores. Seria injusto aproveitar<br />

o esforço dedicado à formação deles<br />

e estaríamos iniciando uma guerra s<strong>em</strong><br />

sentido” – esclarece Manuchakian.


CARREIRAS<br />

FIDELIZAR COMPETÊNCIAS<br />

EM SETE LAGOAS, MG, O DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO DE<br />

PRODUTOS DA IVECO TRAÇA ESTRATÉGIAS PARA MOTIVAR A<br />

EQUIPE E CONTRATAR 50% DOS SERVIÇOS DE ENGENHARIA<br />

Depois de dedicar boa parte da<br />

carreira ao comando da engenharia<br />

na Volkswagen Caminhões,<br />

Renato Mastrobuono topou o<br />

desafio de começar tudo de novo ao<br />

aceitar o convite para trabalhar na Iveco,<br />

como diretor de desenvolvimento<br />

de produtos. Com escritório <strong>em</strong> Sete<br />

Lagoas, ele busca manter <strong>em</strong> alta o<br />

moral do time de engenheiros e técnicos<br />

que aceitaram a proposta de<br />

mudar para uma cidade pequena no<br />

interior de Minas Gerais.<br />

“Eu chamaria essa tarefa de fidelizar<br />

competências. Ao propor a um<br />

profissional juntar-se ao nosso time,<br />

é preciso compatibilizar uma série de<br />

interesses que sejam atrativos e passam<br />

por um novo estilo de vida com<br />

a família”, explica. Ele assegura que<br />

atrair talentos e oferecer uma oportunidade<br />

de carreira de longo prazo t<strong>em</strong><br />

sido uma preocupação dos fabricantes<br />

de veículos. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, sair<br />

<strong>em</strong> busca de bons engenheiros entre<br />

os concorrentes detonaria uma guerra<br />

predatória, reconhece.<br />

Na caminhada para desenvolver<br />

uma linha de produtos completamente<br />

nova que se estende de comerciais leves<br />

a caminhões pesados, a Iveco v<strong>em</strong><br />

terceirizando mais de 50% dos serviços<br />

de engenharia necessários para essa<br />

tarefa de desenvolvimento de produtos.<br />

Mastrobuono reconhece que esse<br />

patamar é elevado – o ideal seria estar<br />

ao nível dos 20%. Ele sabe que conseguirá<br />

reduzir de forma significativa essa<br />

proporção, recorrendo a <strong>em</strong>presas<br />

50BUSINESS<br />

especialistas como Altran, MSX, Inova,<br />

FEV, Edag, Stola e muitas outras.<br />

O diretor da Iveco acredita também<br />

que haverá dois ciclos importantes de<br />

antecipação na compra de caminhões.<br />

O primeiro para assegurar a compra<br />

de veículos 6x2 utilizados para puxar<br />

bitrens, tarefa que terá obrigatoriedade<br />

de 6x4 pela legislação no próximo ano.<br />

A outra corrida às compras acontecerá<br />

na mudança de legislação de <strong>em</strong>issões<br />

para Euro 5 ao final de 2011. Esta, sim,<br />

promete ser forte.<br />

MASTROBUONO:<br />

desafio de fidelizar<br />

competências<br />

Para ele, a d<strong>em</strong>anda por caminhões<br />

não vai esmorecer pelos próximos<br />

anos. “Estamos entrando <strong>em</strong><br />

um círculo virtuoso, alimentado pelo<br />

crescimento da economia e grandes<br />

investimentos <strong>em</strong> infraestrutura.<br />

Haverá muitas obras além daquelas<br />

dirigidas à Copa e às Olimpíadas”, garante.<br />

Com a ajuda de um programa<br />

incentivado de renovação de frota esse<br />

mercado poderá atingir entre 250<br />

mil e 300 mil caminhões por ano na<br />

próxima década.


ESTRATÉGIA<br />

CLIENTE DITA REGRA A<br />

DESIGNER E ENGENHEIRO<br />

NOVO UNO: experiência b<strong>em</strong><br />

sucedida com o cliente<br />

O<br />

ritual de criar automóveis<br />

sofre transformação radical<br />

com a evolução da eletrônica,<br />

softwares e recursos da web para<br />

colaboração virtual e global. Estúdios<br />

como Italdesign Giugiaro, Pininfarina,<br />

Bertone e outros menos famosos<br />

deixaram de ser t<strong>em</strong>plos absolutistas<br />

da moda na indústria automobilística,<br />

enquanto a sofisticação tecnológica<br />

alavanca poderosos núcleos de design<br />

e projeto concentrados nos fabricantes<br />

dos veículos.<br />

Acabou a prática de <strong>em</strong>purrar carros<br />

de prateleira, como aconteceu desde<br />

os primórdios de uma indústria acostumada<br />

a ditar regras e olhar o mercado<br />

de cima para baixo. A competição fe-<br />

52BUSINESS<br />

roz mudou o jogo: marcas tradicionais<br />

passaram do push ao pull – <strong>em</strong> vez de<br />

vender produto enlatado, desenham e<br />

fabricam o que o consumidor pede.<br />

A mudança de perspectiva d<strong>em</strong>ocratiza<br />

o projeto automotivo e agrega<br />

novos players à equipe de criação e<br />

desenvolvimento. Se a tarefa fica mais<br />

complexa, t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> de evitar<br />

que verdadeiros micos sejam arquitetados<br />

e depois rejeitados no showroom,<br />

com prejuízos bilionários.<br />

Entre nós brasileiros tudo isso começou<br />

a ficar mais evidente com a iniciativa<br />

da Fiat de criar o Mio, ou FCC III, a partir<br />

de total interatividade com o público<br />

<strong>em</strong> hot site na internet. Em lugar de um<br />

frankenstein, que poderia ser o resultado<br />

NEM GIUGIARO<br />

NEM PININFARINA<br />

– AGORA SÃO<br />

INTERNAUTAS E AS<br />

PESQUISAS QUE<br />

DIRECIONAM O<br />

PROJETO DOS<br />

NOVOS CARROS<br />

POPULARES<br />

PAULO RICARDO BRAGA<br />

de um brainstorming global, surgiram<br />

propostas surpreendentes dos internautas<br />

que visitaram www.fiatmio.cc.<br />

A maneira de introduzir alterações<br />

no concept car inspirou o projeto revolucionário<br />

da montadora que revelou o<br />

sucessor do Uno. Embora nesse caso<br />

tenha prevalecido uma disciplina mais<br />

rígida, sob o comando do designer<br />

Peter Fassbender, gerente do Centro<br />

Stilo <strong>em</strong> Betim, a experiência de interagir<br />

com o mercado vingou. Nunca a<br />

Fiat Automóveis promoveu tantas pesquisas<br />

e clínicas para desenvolver um<br />

carro – e a criação foi coletiva.<br />

“A todo momento chegavam ideias,<br />

testadas e muitas vezes incorporadas<br />

ao projeto”, disse Fassbender. As


consultas populares evidenciaram a<br />

defesa do quadrado como el<strong>em</strong>ento<br />

de estilo no Uno. A solução de meio<br />

termo para agradar gregos e também<br />

os troianos que preferiam curvas, foi<br />

arrendondar os cantos.<br />

CONCEITO<br />

Buscar insights do mercado e oportunidades<br />

de lançamento é responsabilidade<br />

de Carlos Eugênio Fonseca<br />

Dutra, engenheiro especializado <strong>em</strong><br />

marketing e diretor de planejamento e<br />

estratégia de produto e desenvolvimento<br />

de negócios para o mercado externo<br />

na Fiat Automóveis. Nessa posição ele<br />

deve mostrar habilidade de lidar com<br />

múltiplas escolhas. Não bastass<strong>em</strong> as<br />

decisões internas da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> colegiado,<br />

ele compartilha os desejos de<br />

milhares de clientes potenciais via web<br />

e intermináveis pesquisas.<br />

A etapa inicial na longa <strong>em</strong>preitada<br />

que significa criar um novo carro<br />

mobiliza especialistas <strong>em</strong> produto,<br />

manufatura e compras. Integrados<br />

no desenvolvimento, engenheiros e<br />

técnicos somam esforços multidisciplinares<br />

para fechar a lógica e a<br />

viabilidade do programa. Sist<strong>em</strong>istas<br />

parceiros também são acionados <strong>em</strong><br />

codesign, oferecendo soluções e suporte<br />

de engenharia.<br />

Depois que o comitê diretivo da Fiat<br />

Automóveis assiste às d<strong>em</strong>onstrações<br />

na sala de realidade virtual, aprova os<br />

desenhos iniciais e escolhe a trajetória a<br />

seguir é hora de vender as ideias na matriz.<br />

Quando a viag<strong>em</strong> a Turim é marcada<br />

o <strong>em</strong>preendimento já deu passos<br />

importantes e os detalhes são razoavelmente<br />

conhecidos dentro da companhia.<br />

Atendendo as formalidades, Dutra<br />

NUNCA A FIAT<br />

PROMOVEU TANTAS<br />

PESQUISAS E CLÍNICAS<br />

COMO NO PROJETO<br />

DO NOVO UNO.<br />

A CRIAÇÃO FOI UM<br />

PROCESSO COLETIVO<br />

PETER FASSBENDER, designer chefe<br />

do Centro Estilo Fiat<br />

conduz a apresentação diante de uma<br />

plateia ansiosa pelas planilhas de custos<br />

e projeções de vendas.<br />

“Não costumamos perder a viag<strong>em</strong>”<br />

– garante o diretor, que t<strong>em</strong> o<br />

chefe Cledorvino Belini, presidente<br />

das operações na América Latina, como<br />

aliado nessas ocasiões.<br />

Foi assim com o Novo Uno. Com<br />

sinal verde, Dutra colocou o pé no<br />

acelerador. A etapa de pesquisa e<br />

conceituação havia consumido quase


ESTRATÉGIA<br />

seis meses. A fase seguinte, que compreendeu<br />

a aprovação de conceitos,<br />

pré-desenvolvimento, levantamento<br />

de custos e análise de viabilidade técnica,<br />

poderia abranger até dez meses,<br />

mas foi abreviada: “Em pouco mais<br />

de seis meses fechamos o pacote.”<br />

ENGENHARIA<br />

Entrou <strong>em</strong> cena para valer, a partir daí,<br />

a engenharia do produto, sob a batuta<br />

do diretor italiano Giancarlo Bertoldi,<br />

que t<strong>em</strong> no portfólio três plataformas<br />

da marca no Brasil. Uma delas, do Novo<br />

Uno, começava uma grande corrida<br />

para chegar à praça <strong>em</strong> maio.<br />

O grupo encarregado de consolidar<br />

o projeto do produto mobilizou<br />

os principais parceiros selecionados<br />

pela Fiat no desenvolvimento final<br />

dos sist<strong>em</strong>as, criando os desenhos<br />

das peças e do ferramental para fabricação.<br />

Empresas como Delphi,<br />

Denso, Stola, Aethra, Plascar, Marelli,<br />

Comau, FPT – Powertrain Technolo-<br />

DESIGN: O COMPUTADOR NÃO RESOLVE TUDO<br />

Celso Morassi, do Centro Stilo Fiat, é<br />

supervisor de modelação e o responsável<br />

pela produção dos modelos <strong>em</strong><br />

argila (clay) na proporção de quatro<br />

para um, utilizados para visualização<br />

do veículo depois dos desenhos iniciais<br />

e do projeto <strong>em</strong> computador.<br />

“Preparamos quatro modelos físicos,<br />

alterados à medida que o projeto<br />

evolui” – esclarece, assegurando que<br />

o trabalho virtual não basta para os<br />

responsáveis pelo projeto do carro tomar<strong>em</strong><br />

decisão. Dos quatro, dois são<br />

escolhidos para dar orig<strong>em</strong> a modelos<br />

<strong>em</strong> escala um para um.<br />

Batido o martelo no visual, é<br />

momento de fresar o protótipo <strong>em</strong> resina, também <strong>em</strong><br />

escala natural, com precisão de milésimo de milímetro<br />

e uma textura especial. “Agora, sim, é possível ter uma<br />

54BUSINESS<br />

gies e muitas outras se debruçaram<br />

no detalhamento.<br />

A maior parte do trabalho foi feita<br />

<strong>em</strong> casa, mas é comum a Fiat e os<br />

sist<strong>em</strong>istas recorrer<strong>em</strong> a <strong>em</strong>presas<br />

de engenharia <strong>em</strong> tarefas específicas.<br />

No caso da montadora, 30%<br />

do esforço de projeto foi terceirizado,<br />

driblando algumas limitações:<br />

há escassez de pessoal qualificado e<br />

aparelhamento para testes de componentes<br />

e sist<strong>em</strong>as. “Faltam bancos<br />

de prova e laboratórios especializados”<br />

– esclarece Dutra.<br />

A deficiência é contornada com<br />

uma ponte ao exterior. As principais<br />

<strong>em</strong>presas de engenharia automotiva<br />

têm representação local e acesso aos<br />

recursos disponíveis na matriz. Em todas<br />

as situações a compra de serviços<br />

obedece a critérios técnicos, avaliados<br />

pela engenharia da Fiat, e comerciais,<br />

conduzidos pela área de compras. Os<br />

contratos estabelec<strong>em</strong> tarefas específicas<br />

ou pacotes de horas.<br />

COMPRAS<br />

A escolha dos parceiros para cada<br />

projeto, como o do Novo Uno, resulta<br />

de intensas negociações da Fiat<br />

com os fornecedores, análise das<br />

propostas técnicas, custos, escala de<br />

produção, comunização de peças e<br />

inovação. “Nosso papel foi ajudar na<br />

definição de processos e suprimento,<br />

avaliando o que já estava disponível e<br />

valia a pena aproveitar” – disse José<br />

Francisco Maciel Romero, gerente<br />

de otimização de valor do produto,<br />

desenvolvimento de fornecedores e<br />

internacional da Fiat.<br />

No caso do Novo Uno o grau de<br />

inovação foi considerado elevado,<br />

já que 82% dos componentes foram<br />

desenhados especialmente para o veículo,<br />

que ganhou os novos motores<br />

Evo, da FPT, vidros anti<strong>em</strong>baçantes<br />

da Saint-Gobain Sekurit, e centrais de<br />

controle eletrônico evoluídas da Marelli.<br />

O elevado grau de customização,<br />

com inúmeros opcionais, inserts e<br />

visão completa do carro e descobrir<br />

coisas que não são percebidas no<br />

modelo virtual” – garante Morassi.<br />

O especialista diz que outros segmentos<br />

industriais utilizam bastante<br />

a mesma técnica, como no segmento<br />

de eletrodomésticos. Peças<br />

de pequenas dimensões são modeladas<br />

<strong>em</strong> estereolitografia, uma<br />

técnica que permite imprimir uma<br />

peça <strong>em</strong> três dimensões, com a deposição<br />

especial de material.<br />

O trabalho com clay é artesanal.<br />

O acabamento é feito com ajuda de<br />

lâminas e rastelos. As modificações<br />

no desenho pod<strong>em</strong> ser feitas com a<br />

adição ou retirada do material que é produzido no País.<br />

Os artistas, no entanto, apreciam bastante o clay al<strong>em</strong>ão,<br />

fornecido pela Ebehard Faber.


adesivos, foi uma resposta às pesquisas<br />

de mercado.<br />

MANUFATURA<br />

Transformar os desenhos de produto<br />

<strong>em</strong> instruções de manufatura é uma<br />

arte cada vez mais valorizada para racionalizar<br />

a montag<strong>em</strong>, com ganhos<br />

de t<strong>em</strong>po e fluxo de materiais. Desenhos<br />

de ferramentas adequados são<br />

tão importantes quanto o layout das linhas,<br />

o mapa de operação dos robôs e<br />

a ergonomia nas atividades dos profissionais<br />

encarregados da montag<strong>em</strong>.<br />

Os recursos de engenharia para<br />

equacionar e sincronizar todas essas<br />

tarefas evoluíram bastante no Brasil,<br />

com o suporte de softwares sofisticados<br />

para automatizar e gerenciar o<br />

processo. Assim, é possível otimizar<br />

ferramental, coordenar o trabalho dos<br />

robôs s<strong>em</strong> interferências e garantir<br />

que os <strong>em</strong>pregados não terão probl<strong>em</strong>as<br />

físicos na montag<strong>em</strong>.<br />

Tanto quanto na definição do produto,<br />

a manufatura recorre intensamente<br />

a sist<strong>em</strong>as de simulação para otimizar<br />

processos, mesmo <strong>em</strong> fábricas<br />

mais antigas. A GM, <strong>em</strong> São Caetano,<br />

e a Volkswagen, na fábrica Anchieta,<br />

investiram pesado <strong>em</strong> eficiência nesse<br />

ADEQUAR AD O DESENHO<br />

DE PRO PRODUTO<br />

À À MANUFATURA<br />

MAN<br />

E MONTAGEM MON É UMA<br />

ARTE VALORIZADA<br />

PARA P RACIONALIZAR<br />

AS OPERAÇÕES<br />

CARLOS EUGÊNIO DUTRA, diretor<br />

de estratégia do produto, Fiat<br />

campo para elevar a produtividade e<br />

modernizar instalações.<br />

O mesmo acontece <strong>em</strong> Betim, onde<br />

a Fiat opera uma das maiores fábricas<br />

do mundo e pode fazer 3.100<br />

veículos por dia. O desafio logístico<br />

para acelerar as linhas de montag<strong>em</strong><br />

passa pela chegada de materiais <strong>em</strong><br />

regime just in time sequenciado, movimentação<br />

intensa de componentes<br />

e sist<strong>em</strong>as, troca de ferramentas e, no<br />

final, por garantir que as cegonheiras<br />

chegarão para desafogar o pátio.<br />

Fábio D’Amico, diretor industrial reconhecido<br />

como um dos principais especialistas<br />

do grupo Fiat nessa atividade,<br />

lança mão de um arsenal de artifícios e<br />

muita ginástica para manter a operação<br />

azeitada. Afinal, qualquer descuido pode<br />

valer a perda da liderança nas vendas,<br />

preservada ao longo de oito anos.<br />

Fazer <strong>em</strong> casa ou comprar serviços<br />

fora? Na área de manufatura a Fiat<br />

utiliza os dois caminhos. Ferramentas<br />

e serviços de estampag<strong>em</strong> encontram<br />

parceiros de porte, como Stola e<br />

Aethra. Na praça há também outros fornecedores<br />

– KG, a Tower e a Automo tiva<br />

Usiminas, única que oferece também<br />

pintura e se candidata a entregar <strong>em</strong><br />

duas cores alguns lotes de veículos.


PROJETO DE MOTORES<br />

A FPT POWERTRAIN TECHNOLOGIES FICA COM AS TAREFAS MAIS<br />

COMPLEXAS NO DESENVOLVIMENTO E GUARDA SEGREDOS, MAS<br />

30% A 70% DOS SERVIÇOS PODEM SER TERCEIRIZADOS<br />

Na hora de vender um carro não<br />

basta convencer o cliente com<br />

um design moderno, painel de<br />

instrumentos bacana e uma porção de<br />

gadgets eletrônicos, com entrada para<br />

i-Pod, comando de voz e outras modernidades.<br />

Antes de fechar negócio o<br />

interessado, experiente ou não, vai fazer<br />

um test drive para saber o que pode<br />

esperar do motor. Não é suficiente oferecer<br />

um bom propulsor – ele deve ser,<br />

de preferência, melhor que o do carro<br />

concorrente. Sair na frente e ser mais<br />

econômico, por ex<strong>em</strong>plo.<br />

João Irineu Medeiros, diretor de<br />

engenharia da FPT – Powertrain Tech-<br />

56BUSINESS<br />

O FUNDAMENTAL É<br />

FEITO EM CASA<br />

nologies responsável pelo suprimento<br />

de motores à Fiat, Iveco, Case, New<br />

Holland, TAC e outras marcas, sabe<br />

disso e garante que boa parte da resposta<br />

às ansiedades do comprador do<br />

veículo depende do trabalho de centenas<br />

de técnicos e engenheiros da <strong>em</strong>presa<br />

especializados <strong>em</strong> powertrain.<br />

“Esse time é auxiliado s<strong>em</strong>pre por<br />

prestadores de serviços externos que<br />

pod<strong>em</strong> ajudar da fase de conceito às<br />

simulações, ensaios, calibração e homologação<br />

final”, enfatiza.<br />

Qual o consumo com gasolina e<br />

etanol na cidade e na estrada? Quanto<br />

t<strong>em</strong>po para ir de zero a c<strong>em</strong>? Acelera<br />

JOÃO IRINEU: desafio<br />

de acelerar os projetos<br />

b<strong>em</strong> na saída? Vai refugar na retomada?<br />

As <strong>em</strong>issões vão provocar efeito<br />

estufa? Essas e outras questões são<br />

levantadas pelo diretor da FPT muito<br />

antes do comprador do carro, ainda na<br />

fase de projeto do motor.<br />

TURBULÊNCIAS<br />

O projeto de motores veiculares, tarefa<br />

das mais complexas para a engenharia,<br />

exige serviços de diferentes naturezas<br />

no campo do cálculo, desenho,<br />

simulação e detalhamento. Boa parte<br />

do trabalho, especialmente o que<br />

constitui o core business do fabricante,<br />

é feita <strong>em</strong> casa. Mas é preciso comprar<br />

fora quando há pressa, muito trabalho<br />

envolvido ou certas especialidades.<br />

Não é difícil compreender que o<br />

desafio vai além de estruturar componentes<br />

e colocá-los lado a lado: há<br />

partes <strong>em</strong> movimento variável, como<br />

pistões e bielas, sob turbulência e intensa<br />

pressão. Dev<strong>em</strong> ser levadas <strong>em</strong><br />

conta dezenas de variáveis na injeção,<br />

câmara de combustão, exaustão e nos<br />

sist<strong>em</strong>as de controle para chegar às<br />

respostas que agradam ao motorista.<br />

A sonda lambda, no escapamento,<br />

mede as <strong>em</strong>issões e envia informações<br />

para assegurar uma queima perfeita,<br />

respondendo a diferentes combustíveis<br />

e estilos de pilotag<strong>em</strong>. Condições<br />

múltiplas de operação do motor são<br />

calibradas dentro de curvas de res-


Mostre qu<strong>em</strong> é sua<br />

<strong>em</strong>presa no setor<br />

automotivo<br />

Programe revista<br />

Dez mil ex<strong>em</strong>plares enviados a executivos que<br />

especificam e compram autopeças e serviços<br />

na indústria automobilística.<br />

Programe web<br />

Campanhas automotivas e ações na velocidade<br />

da web. <strong>Business</strong>-to-business via portal aberto<br />

e exclusivo de notícias e serviços. Acesso via<br />

celular. Newsletter diária para executivos da<br />

indústria automobilística. WebTV. Rede social<br />

inédita.


PROJETO DE MOTORES<br />

postas b<strong>em</strong> definidas a cada conjunto<br />

de variáveis de entrada no sist<strong>em</strong>a.<br />

“Um motor exige algo como 30<br />

meses de esforços para concepção, ção,<br />

projeto, ensaios e homologação”, , explica<br />

João Irineu. “Algumas tarefas s são<br />

desenvolvidas simultaneamente, en- envolvendo<br />

escolha de materiais, análise<br />

de desenhos, avaliação de vibrações,<br />

t<strong>em</strong>peraturas e termodinâmica. Cada<br />

um desses estudos recorre a certas<br />

práticas de engenharia e softwares.”<br />

A engenharia de motores está distante<br />

de contar com um único pacote<br />

de software para atender todos os<br />

desafios – é preciso recorrer a fornecedores<br />

especializados <strong>em</strong> cada fase.<br />

Como regra geral, 70% do projeto são<br />

conduzidos pelo grupo de engenharia<br />

do próprio fabricante do motor, garantindo<br />

o domínio sobre o conhecimento<br />

essencial e não compartilhado.<br />

Os outros 30% são distribuídos entre<br />

parceiros escolhidos pela reputação e<br />

disponibilidade de recursos pessoais,<br />

laboratórios e bancadas de prova. Entre<br />

os mais conhecidos estão a Mahle<br />

e FEV, que atuam globalmente e estão<br />

presentes no Brasil com boa parte de<br />

seu acervo na área de projeto.<br />

João Irineu ressalva, no entanto, que<br />

não é possível generalizar a participação<br />

dos serviços de terceiros nos <strong>em</strong>preendimentos.<br />

Há situações <strong>em</strong> que os parceiros<br />

respond<strong>em</strong> por até 70% dos trabalhos<br />

– dependendo dos compromissos<br />

internos da equipe de engenharia.<br />

TERCEIRIZAÇÃO<br />

A compra de serviços no mercado obedece<br />

a critérios técnicos e comerciais,<br />

nessa ord<strong>em</strong>. Depois de qualificados e<br />

devidamente certificados os fornecedores,<br />

v<strong>em</strong> a fase de negociação de contratos.<br />

Tarefas complexas têm endereço<br />

certo nas <strong>em</strong>presas tradicionalmente<br />

parceiras, enquanto as mais corriqueiras<br />

pod<strong>em</strong> ser submetidas a concorrência<br />

por meio do departamento de<br />

compras da fabricante de motores.<br />

58BUSINESS<br />

COMPRA TÉCNICA DE<br />

SERVIÇOS SERVIÇ LEVA DE 3 A<br />

6 MESES. MESE O FABRICANTE<br />

PRECISA SABER O QUE<br />

CONFIAR ONF A TERCEIROS,<br />

AS LLIMITAÇÕES<br />

E AS<br />

HABILIDADES DAS<br />

EQUIPES EXTERNAS<br />

Uma compra técnica de serviços leva<br />

de três a seis meses. “Exige experiên cia<br />

de ambos os lados. O fabricante precisa<br />

saber o que confiar a terceiros e<br />

compreender limitações e habilidades<br />

das equipes externas. Em geral sab<strong>em</strong>os<br />

o que exigir de nosso pessoal e<br />

como engenheiros e técnicos reag<strong>em</strong><br />

a cada situação. O mesmo não acontece<br />

<strong>em</strong> relação à resposta de equipes<br />

terceirizadas, encarregadas de tarefas<br />

específicas <strong>em</strong> cálculo ou otimização<br />

de componentes como bielas, pistões<br />

e bronzinas”, avalia João Irineu.<br />

Os serviços pod<strong>em</strong> ser encomendados<br />

na forma de pacotes pré-definidos<br />

ou de horas para execução de<br />

desenhos, documentação técnica,<br />

ensaios <strong>em</strong> bancos de prova. Parceiros<br />

mais importantes no projeto do<br />

motor, encarregados dos sist<strong>em</strong>as de<br />

injeção, arrefecimento ou tratamento<br />

de <strong>em</strong>issões, associam a prestação de<br />

serviços ao conjunto de componentes<br />

mecânicos e eletrônicos. É o caso da<br />

Marelli, do próprio grupo Fiat, ou da<br />

Delphi, Bosch, Continental ou Denso,<br />

entre outros fornecedores.<br />

AFINAÇÃO<br />

Se um motor exige dois anos e meio a<br />

três de trabalho intenso para criação a<br />

partir do zero, não é muito mais simples<br />

transformá-lo para novas aplicações.<br />

Assim, projetar um 1.8 L a partir de um<br />

propulsor 1.6L requer uma passag<strong>em</strong><br />

completa por todas as etapas de um<br />

motor novo. O mesmo acontece quando<br />

a montadora resolve trocar o sist<strong>em</strong>a<br />

de transmissão ou dar um toque de<br />

esportividade ao projeto: é preciso, no<br />

mínimo, recalibrar toda a operação do<br />

motor e a curva de respostas desejada.<br />

“O afinamento do projeto costuma<br />

ser feito <strong>em</strong> casa, porque é preciso<br />

experiência e familiaridade com os<br />

motores”, explica João Irineu, que fez<br />

engenharia mecânica e se especializou<br />

<strong>em</strong> diferentes práticas até chegar aos<br />

sofisticados sist<strong>em</strong>as eletrônicos de<br />

controle gravados nas ECUs, unidades<br />

de controle que registram softwares,<br />

parâmetros e instruções de calibração<br />

para governar o motor.<br />

Ainda que seja possível comprar pacotes<br />

prontos no mercado, como injeção,<br />

arrefecimento e tratamento de <strong>em</strong>issões,<br />

é preciso colocar tudo trabalhando<br />

<strong>em</strong> harmonia e saber a hora de dar<br />

novos passos. É vantajoso substituir um<br />

sist<strong>em</strong>a mecânico por um eletrônico? E<br />

trocar o bloco de ferro por outro mais<br />

leve, de alumínio? Que tal oferecer um<br />

câmbio automático junto com o motor?<br />

A resposta n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é simples e<br />

pode levar a cálculos, desenhos e avaliações<br />

durante s<strong>em</strong>anas ou meses. Em<br />

geral o fabricante do motor trata de avaliar<br />

a maior parte das alternativas que o<br />

mercado discute, como um bom sist<strong>em</strong>a<br />

de partida a frio, s<strong>em</strong> tanquinho.<br />

O uso de materiais mais leves ou resistentes<br />

é também repensado de t<strong>em</strong>pos<br />

<strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos e representa um trabalho<br />

que pode ser confiado a terceiros.<br />

No caso do motor E.torQ os estudos<br />

d<strong>em</strong>onstraram que não era vantajoso<br />

adotar bloco de alumínio. “O custo<br />

seria elevado, já que o alumínio custa<br />

três vezes mais e estaríamos reduzindo<br />

o peso do bloco <strong>em</strong> apenas três quilos”<br />

– enfatiza João Irineu.


investimos melhor negócio<br />

<br />

Claus Hoppen, presidente da Mahle Brasil<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Virgilio Cerutti, presidente do Grupo Magneti Marelli<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Bob Mangels, presidente da Mangels<br />

REDE de <strong>em</strong>presas parceiras FORMARE:<br />

Aché Alstom Amsted Maxion Bardella Behr Bosch Conpacel Consórcio Modular Continental Cot<strong>em</strong>inas<br />

Delphi DHL Duratex Eaton Elektro Equipav Ericsson Federal Mogul Fumagalli GJP Grupo Ultra<br />

Guerra Intermarine International Paper Knorr-Br<strong>em</strong>se Lear Magneti Marelli Mahle Mangels Maxion<br />

Mesquita Mextra Milenia MWM International Neumayer Pelzer Peugeot Citroen Plascar Santos<br />

Brasil Schaeffler Silubrin Suzano SYL Teksid Terra Viva ThyssenKrupp Videolar Voith ZF Sachs<br />

<br />

Max Forte, presidente da Behr Brasil<br />

www.formare.org.br


P&D | ALFONSO ABRAMI<br />

EMPRESAS<br />

TRAZEM PARA<br />

O BRASIL UMA<br />

PARCELA DAS<br />

ATIVIDADES<br />

EM P&D E DAS<br />

CARTEIRAS<br />

DE PROJETOS<br />

MUNDIAIS<br />

ALFONSO ABRAMI<br />

é sócio-diretor técnico da<br />

Pieracciani, consultoria<br />

especializada <strong>em</strong><br />

inovação e P&D<br />

60BUSINESS<br />

S<strong>em</strong> dúvida, as<br />

<strong>em</strong>presas que<br />

invest<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

atividades de pesquisa<br />

e desenvolvimento<br />

tecnológico consegu<strong>em</strong><br />

compreender as<br />

transformações havidas no<br />

mundo da inovação. Muitas<br />

dessas transformações<br />

ou mutações estão<br />

ocorrendo agora,<br />

impactando sobr<strong>em</strong>aneira<br />

a competitividade<br />

da <strong>em</strong>presa.<br />

Mesmo as <strong>em</strong>presas<br />

multinacionais que<br />

invest<strong>em</strong> fatias generosas<br />

de suas receitas <strong>em</strong> P&D,<br />

junto às matrizes ou<br />

países de orig<strong>em</strong>, estão<br />

percebendo a necessidade<br />

de entender melhor e<br />

in loco parte dessas<br />

transformações.<br />

O Brasil é um ex<strong>em</strong>plo.<br />

Hoje o País não é só um<br />

grande mercado e parte<br />

do BRIC, com todo o<br />

simbolismo que isso possa<br />

ter, mas representa um<br />

imenso campo de estudos<br />

e oportunidades científicas<br />

e tecnológicas, diferente<br />

ou igual à Rússia, Índia,<br />

OFFSHORING DAS<br />

ENGENHARIAS<br />

China, ou até mesmo à<br />

Coreia do Sul. Isso pouco<br />

importa, mas permitirá aos<br />

<strong>em</strong>presários “agentes da<br />

inovação”<br />

criar valor às suas<br />

<strong>em</strong>presas do ponto<br />

de vista de novos<br />

conhecimentos,<br />

patentes, transformações<br />

incr<strong>em</strong>entais e<br />

principalmente as<br />

inovações radicais que<br />

conferirão melhorias<br />

importantes nos resultados<br />

globais de seus grupos.<br />

Um processo<br />

natural nesse contexto<br />

é o “offshoring das<br />

engenharias”, que ocorre<br />

de forma bastante<br />

expressiva neste momento.<br />

Muitas <strong>em</strong>presas estão<br />

trazendo ao Brasil parte<br />

das atividades de P&D e<br />

parcela de suas carteiras<br />

de projetos mundiais.<br />

Essas <strong>em</strong>presas já faz<strong>em</strong><br />

parte da lista das <strong>em</strong>presas<br />

inovadoras pelo Ministério<br />

da Ciência e Tecnologia<br />

(MCT), desfrutando de<br />

marco legal e apoio público<br />

adequado à atividade de<br />

geração de conhecimento.<br />

Novos postos de<br />

trabalho para cientistas<br />

e técnicos estão<br />

sendo gerados, com<br />

novos investimentos<br />

<strong>em</strong> infraestrutura e<br />

laboratórios compatíveis<br />

com os projetos<br />

atuais e futuros.<br />

SETOR<br />

AUTOMOBILÍSTICO<br />

Há um bom cenário para<br />

as <strong>em</strong>presas do setor<br />

automobilístico, que<br />

representa hoje no Brasil<br />

um dos campos férteis<br />

para transformações<br />

e reorganizações.<br />

Empenhadas na<br />

impl<strong>em</strong>entação<br />

das políticas de<br />

desenvolvimento industrial,<br />

citamos duas grandes<br />

fabricantes mundiais que<br />

decidiram investir <strong>em</strong><br />

engenharia de produto de<br />

forma a cobrir inclusive as<br />

necessidades de outros<br />

mercados: GM e Fiat.<br />

Para fazer frente à<br />

responsabilidade por<br />

projetos mundiais de<br />

desenvolvimento, o<br />

Centro GM de Engenharia


de São Caetano do Sul<br />

recebe investimentos <strong>em</strong><br />

pessoal e laboratórios que<br />

serão <strong>em</strong>pregados no<br />

desenvolvimento de novos<br />

veículos. Esse investimento<br />

representa a adequação<br />

de recursos para projetos<br />

como um novo utilitário<br />

esportivo e um novo<br />

veículo compacto, além<br />

de todo o segmento de<br />

picapes médias para<br />

diversos mercados<br />

mundiais.<br />

No caso da Fiat, novos<br />

investimentos <strong>em</strong> P&D<br />

para projetos de motores<br />

são canalizados à FPT<br />

-- Powertrain Tecnologies,<br />

que se tornará grande<br />

exportadora de motores<br />

para diversas unidades<br />

do grupo com a<br />

modernização da fábrica<br />

de Campo Largo, no<br />

Paraná. Além disso,<br />

diferentes projetos de<br />

novos veículos estão<br />

sendo encabeçados pela<br />

engenharia de produto de<br />

Betim, como ocorreu com<br />

o novo Uno, totalmente<br />

projetado e desenvolvido<br />

no Brasil.<br />

GM e Fiat estão<br />

convencidas de que<br />

projetar e desenvolver no<br />

Brasil, com técnicos e<br />

pesquisadores brasileiros,<br />

com infraestrutura local<br />

necessária para isso,<br />

instalada ou mesmo<br />

a ser implantada, e<br />

ainda considerando<br />

variáveis mundiais como<br />

China e Índia, é mais<br />

econômico com resultados<br />

contundentes.<br />

Ainda no setor<br />

automobilístico, é cada vez<br />

maior a participação dos<br />

fornecedores de autopeças<br />

e dos sist<strong>em</strong>istas nos<br />

desenvolvimentos<br />

tecnológicos e nas<br />

inovações. Estima-se que<br />

hoje cerca de 80% das<br />

inovações tecnológicas dos<br />

veículos são desenvolvidos<br />

pelas <strong>em</strong>presas<br />

sist<strong>em</strong>istas. É por esse<br />

motivo que a Sogefi,<br />

fabricante dos filtros Fram,<br />

entre outros produtos,<br />

investe e reorganiza sua<br />

força de engenharia<br />

a fim de atender as<br />

necessidades por diversos<br />

projetos mundiais ora <strong>em</strong><br />

curso junto à matriz.<br />

Como <strong>em</strong> outros casos,<br />

a Sogefi fez as contas e<br />

chegou à conclusão de<br />

que seria mais econômico<br />

projetar e testar no Brasil.<br />

Para isso considerou<br />

também a ‘Lei do B<strong>em</strong>’,<br />

FÁBRICA DA FPT <strong>em</strong><br />

Campo Largo, no Paraná<br />

que oferece linhas de<br />

incentivos fiscais para dar<br />

suporte financeiro a uma<br />

grande parte do custeio das<br />

atividades de P&D no País.<br />

Fica claro que a<br />

inovação exerce papel<br />

central no desenvolvimento<br />

econômico e social e que<br />

o foco deve ser reforçado<br />

nas <strong>em</strong>presas e não nas<br />

universidades. Nenhuma<br />

universidade ou <strong>em</strong>presa<br />

pública de pesquisas pode<br />

substituir o papel das<br />

<strong>em</strong>presas na inovação<br />

tecnológica.<br />

S<strong>em</strong> inovação não<br />

será possível conquistar<br />

mercados e estimular o<br />

aumento da produtividade<br />

da economia brasileira.<br />

A agenda da inovação é<br />

decisiva para o futuro da<br />

economia e das <strong>em</strong>presas.<br />

E é aqui e agora!


SOFTWARES<br />

HELMUT LUDWIG, presidente da<br />

Si<strong>em</strong>ens PLM: interesse no Brasil<br />

ALTA DEFINIÇÃO NO<br />

PROJETO AUTOMOTIVO<br />

NOVOS SOFTWARES INCORPORAM TECNOLOGIAS PARA TOMAR<br />

DECISÕES COM MAIOR PRECISÃO E CONFIANÇA<br />

Tonny Affuso, CEO da Si<strong>em</strong>ens<br />

PLM, virou uma página na história<br />

da <strong>em</strong>presa dia 28 de junho<br />

no centro de convenções do Hotel<br />

Sheraton, <strong>em</strong> Dallas, no Texas, Estados<br />

Unidos, ao lançar a alta definição<br />

na linha de softwares para gerenciar<br />

o ciclo de vida de produtos como os<br />

automotivos. Ele justificou a iniciativa<br />

como forma de apoiar decisões precisas,<br />

com alto nível de confiança, nas<br />

tarefas de concepção, projeto e manufatura<br />

de produtos.<br />

Paulo Leal da Costa, que comanda<br />

a operação brasileira, faz coro com<br />

Affuso: o ambiente altamente competitivo<br />

da indústria automobilística t<strong>em</strong><br />

pressionado a tomada de decisões rápidas<br />

e críticas para levar ao mercado<br />

62BUSINESS<br />

componentes e veículos. “No mundo<br />

globalizado as escolhas acontec<strong>em</strong> de<br />

forma colaborativa, <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po real. A<br />

precisão do HD é um diferencial nessas<br />

ocasiões”, assegura.<br />

A designação HD adicionada ao nome<br />

PLM expressa a preocupação <strong>em</strong><br />

tratar de modo preciso a manipulação<br />

de dados, a condução dos projetos e<br />

as decisões a partir de informações<br />

digitais armazenadas <strong>em</strong> diversos formatos<br />

e múltiplas fontes.<br />

PORTFÓLIO<br />

A tecnologia HD-PLM está disponível<br />

nos softwares NX, Teamcenter e<br />

Tecnomatix, responsáveis pelo maior<br />

volume de licenças comercializadas<br />

pela Si<strong>em</strong>ens PLM <strong>em</strong> todo o mundo.<br />

Juntos eles formam uma plataforma<br />

para integrar planejamento, desenho<br />

industrial, engenharia e manutenção<br />

de produtos, utilizando ferramentas<br />

como CAD, CAE ou CAM <strong>em</strong> design,<br />

engenharia e manufatura.<br />

De uma forma simplificada, o NX<br />

é forte nas três áreas, o Tecnomatix é<br />

associado a funções de manufatura digital<br />

e o Teamcenter permite gerenciar<br />

o ambiente de negócios, de forma colaborativa<br />

e integrado a sist<strong>em</strong>as como<br />

ERP e CRM.<br />

A Si<strong>em</strong>ens PLM oferece também o<br />

Velocity Series, um pacote modular<br />

adequado para pequenas e médias<br />

<strong>em</strong>presas na área de design, simulação,<br />

manufatura e gerenciamento de<br />

dados. Estão reunidos no portfólio o


AFFUSO, CEO da Si<strong>em</strong>ens PLM:<br />

decisões precisas com confiança<br />

Teamcenter Express, Solid Edge, F<strong>em</strong>ap<br />

e CAM Express, soluções que<br />

pod<strong>em</strong> ser escaláveis para outras mais<br />

robustas como o NX ou o Tecnomatix,<br />

por ex<strong>em</strong>plo.<br />

EVOLUÇÃO<br />

A Si<strong>em</strong>ens PLM Software, unidade de<br />

negócios da Divisão de Automação<br />

Industrial da Si<strong>em</strong>ens com sede <strong>em</strong><br />

Plano, no Texas, EUA, é uma provedora<br />

de softwares PLM (Product Lifecycle<br />

Manag<strong>em</strong>ent) e serviços com 6,7 milhões<br />

de licenças e 63.000 clientes<br />

no mundo. A <strong>em</strong>presa, que trabalha<br />

com soluções abertas, iniciou sua trajetória<br />

como Unigraphics Soluctions<br />

Inc., cujas ações pertenciam <strong>em</strong> sua<br />

maioria à EDS. A aquisição da Structural<br />

Dynamics Research Corporation<br />

(SDRC), levou a EDS a promover uma<br />

fusão com a Unigraphics, criando a<br />

UGS PLM Solutions.<br />

A operação, absorvida pela Bain<br />

Capital, mudou seu nome para UGS,<br />

e acabou adquirida pela Si<strong>em</strong>ens AG<br />

<strong>em</strong> maio de 2007, com a designação<br />

de Si<strong>em</strong>ens PLM Software.<br />

<strong>Automotive</strong> <strong>Business</strong> esteve presente<br />

ao evento <strong>em</strong> Dallas a convite<br />

da Si<strong>em</strong>ens PLM. <br />

AVANÇO DO PLM NO BRASIL<br />

Helmuth Ludwig, presidente, que está na <strong>em</strong>presa desde 1990, reconhece<br />

a importância do mercado brasileiro. Chamam sua atenção, <strong>em</strong> especial,<br />

os avanços da indústria automobilística e investimentos bilionários<br />

anunciados para a área de petróleo e gás.<br />

Paulo Costa d<strong>em</strong>onstra equivalente otimismo com os progressos da <strong>em</strong>presa<br />

no segmento automotivo, já que a marca está presente <strong>em</strong> praticamente<br />

todas as operações locais das montadoras e avança na área de<br />

autopeças. Já no setor aeronáutico ele sabe que seu produto t<strong>em</strong> chances<br />

menores: a concorrente francesa, Dassault, dona das marcas Delmia, Catia<br />

e Enovia, chegou primeiro à Embraer.<br />

O crescimento das vendas do Tecnomatix ilustra, para ele, o avanço da<br />

manufatura no Brasil. O produto pode custar algo como US$ 20 mil e uma<br />

montadora chega a deter dezenas de licenças. No entanto, 40% da receita<br />

da operação brasileira provêm do NX, cotado a US$ 8 mil <strong>em</strong> média e um<br />

best seller aplicado <strong>em</strong> planejamento, estilo, design, simulação, ferramental,<br />

maquinário, montag<strong>em</strong>, robótica e operação de plantas.<br />

Na lista dos mais vendidos aparec<strong>em</strong> a seguir o Velocity (US$ 2 mil), o<br />

Teamcenter (um pacote econômico, que pode custar até US$ 1 mil) e o<br />

Tecnomatix. O resultado de cada um desses produtos está associado não<br />

apenas ao custo da licença, mas ao volume de vendas – o Teamcenter é<br />

barato, mas um s<strong>em</strong>-número de licenças costuma ser utilizado <strong>em</strong> uma<br />

mesma <strong>em</strong>presa.<br />

Como a maioria dos players da área de software, a Si<strong>em</strong>ens PLM oferece<br />

gratuitamente cópias de seus programas para fins acadêmicos. A prática<br />

leva à formação de profissionais familiarizados com as especificidades da<br />

tecnologia e à diss<strong>em</strong>inação dos produtos.<br />

A operação brasileira reúne 85 profissionais, a maioria especializada<br />

<strong>em</strong> software e também<br />

<strong>em</strong> mercados-alvo da<br />

companhia. “A venda<br />

do produto é técnica” –<br />

define Paulo Costa. Há<br />

16 distribuidores, cuja<br />

atuação é definida pelo<br />

faturamento do cliente<br />

potencial. A Si<strong>em</strong>ens<br />

PLM, é claro, atende<br />

os maiores. Ao lado<br />

das vendas são tarefas<br />

comuns o treinamento<br />

de pessoal do cliente<br />

e o suporte técnico. A<br />

prestação de serviços<br />

de engenharia, no entanto,<br />

não é feita pela<br />

<strong>em</strong>presa distribuidora.<br />

PAULO COSTA comanda no Brasil a<br />

Si<strong>em</strong>ens PLM com foco automotivo


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO<br />

SELF-SERVICE DE TI<br />

A FLEXIBILIDADE<br />

DOS MODELOS<br />

DE SERVIÇOS DE<br />

TECNOLOGIA DA<br />

INFORMAÇÃO<br />

TORNA A PRÁTICA<br />

DA TERCEIRIZAÇÃO<br />

AINDA MAIS<br />

ATRAENTE<br />

PARA O SETOR<br />

AUTOMOTIVO<br />

64BUSINESS<br />

SOLANGE CALVO*<br />

O<br />

cardápio atual é variado:<br />

um mix de infraestrutura de<br />

hardware, aplicativos e gerenciamento.<br />

De acordo com a consultoria<br />

IDC, especializada na área de<br />

tecnologia da informação, o mercado<br />

nacional de serviços de TI <strong>em</strong> 2009<br />

contabilizou mais de R$ 19 bilhões<br />

<strong>em</strong> receita, mantendo o setor de manufatura<br />

como o que movimenta o<br />

maior volume de recursos.<br />

TI acena com um vasto leque de<br />

serviços para uma área que t<strong>em</strong> a<br />

terceirização no DNA. “O setor automotivo<br />

foi a primeira cadeia de valor<br />

a terceirizar não propriamente a TI,<br />

mas o seu core business”, diz Souvenir<br />

Zalla, CEO e diretor de pesquisa e<br />

análise do EdgeGroup e gerente geral<br />

da Forrester Research no Brasil, ambas<br />

consultorias especializadas <strong>em</strong><br />

tecnologia da informação.<br />

Zalla aponta que para alinhar-se<br />

PARA GARANTIR A<br />

SINTONIA SIN COM OS<br />

INTEGRANTES INTEG DA<br />

CADEIA CADE DE NEGÓCIOS,<br />

É PRECISO PRE QUE A<br />

TECNOLOGIA TEC<br />

DA<br />

INFORMAÇÃO ESTEJA<br />

BEM ESTRUTURADA<br />

DENTRO DE CASA<br />

ZALLA, da Forrester Research no Brasil e<br />

EdgeGroup do Brasil<br />

com todos os atores dessa rede de<br />

negócios automotiva, “TI t<strong>em</strong> de estar<br />

b<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entada dentro de casa”.<br />

Segundo ele, o back office (toda<br />

a administração contábil, financeira e<br />

de Recursos Humanos) das principais<br />

<strong>em</strong>presas desse universo já está automatizado,<br />

com seus ERPs (programas<br />

de gestão <strong>em</strong>presarial). E grande<br />

parte dele terceirizado. “É uma obrigação”,<br />

sentencia.<br />

Mas n<strong>em</strong> todos os bastões dev<strong>em</strong><br />

ser passados ao terceiro, alerta o executivo.<br />

“A gestão da TI nunca deverá<br />

sair de casa. E esse setor sabe disso”,<br />

pontua. “Há um gestor e profissionais<br />

internamente para cuidar dos terceiros,<br />

por meio de contratos de níveis de serviços<br />

– os SLAs. É uma tarefa crítica,<br />

mas eles têm grande experiência.”<br />

Concorda com Zalla, Reinaldo Roveri,<br />

analista de pesquisas da IDC<br />

Brasil, consultoria especializada <strong>em</strong><br />

tecnologia da informação. “A governança<br />

de TI deve estar garantida. O<br />

responsável por ela t<strong>em</strong> de estabelecer<br />

métricas para satisfazer as exigências<br />

de negócios e traçar planos de<br />

desenvolvimento.”<br />

Outro ponto de atenção no segmento<br />

automotivo é o gerenciamento<br />

da informação, na opinião de Roveri.<br />

Ela t<strong>em</strong> de estar cuidada para<br />

ser melhor utilizada <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as de<br />

CRM (gerencia o relacionamento com<br />

clientes) e de <strong>Business</strong> Intelligence<br />

(BI), que permite o cruzamento e a<br />

identificação de dados inusitados e a<br />

elaboração de perfis que contribuam<br />

para rápidas tomadas de decisão e<br />

criação de ações de marketing.<br />

“BI e CRM são as maiores oportunidades<br />

de investimento nesse setor, que


ainda não as explora como deveria”,<br />

afirma Roveri. Segundo ele, a cultura<br />

automotiva ainda está muito voltada<br />

para ativos e controle de estoque. “Se<br />

eles conseguir<strong>em</strong> cruzar esses dois sist<strong>em</strong>as<br />

<strong>em</strong> um outro, que capte a visão<br />

do cliente, certamente vão saltar para<br />

um patamar diferenciado de entendimento<br />

desse mercado.”<br />

Grande parte dessa indústria terceiriza<br />

infraestrutura de data center ou irá<br />

fazê-lo, porque gera economia considerável<br />

de custos. S<strong>em</strong> contar que pode<br />

ser consumida de acordo com a necessidade.<br />

Não por acaso, a IDC aponta<br />

que o outsourcing de infraestrutura foi<br />

o destaque da pesquisa sobre serviços<br />

de TI. Hospedag<strong>em</strong> de aplicações e infraestrutura<br />

de hardware, ambos incluídos<br />

no conceito de cloud computing<br />

(computação <strong>em</strong> nuv<strong>em</strong>), registraram<br />

crescimento de 30% <strong>em</strong> relação a<br />

2008, segundo a consultoria.<br />

Tom Bittman, vice-presidente da<br />

consultoria Gartner, afirmou recent<strong>em</strong>ente<br />

<strong>em</strong> seu blog que segundo levantamento<br />

realizado com executivos<br />

de TI, questões ligadas à segurança e<br />

à privacidade são as principais barreiras<br />

para a adoção da computação <strong>em</strong><br />

nuv<strong>em</strong>. Um outro estudo, diz o executivo,<br />

apurou que 75% dos profissionais<br />

BI E CRM SÃO<br />

AS A MAIORES M<br />

OPORTUNIDADES OPO<br />

DE<br />

INVESTIMENTO INVES DESSE<br />

SETOR, ETO QUE AINDA<br />

NÃO NÃ<br />

AS EXPLORA<br />

COMO DEVERIA. HÁ<br />

GRANDE POTENCIAL<br />

ROVERI, da IDC Brasil<br />

que avaliam a adoção do conceito, até<br />

2012, priorizam a nuv<strong>em</strong> privada.<br />

O modelo ainda requer amadurecimento,<br />

sobretudo <strong>em</strong> relação à segurança,<br />

mesmo <strong>em</strong> nuv<strong>em</strong> privada, na<br />

opinião de Bittman e de renomados<br />

consultores de TI. Mas é, s<strong>em</strong> dúvida,<br />

uma tendência s<strong>em</strong> volta, afirmam, e<br />

deve avançar na aceitação neste e nos<br />

PARA CHEGAR ÀS NUVENS<br />

próximos anos. Até porque <strong>em</strong>punha<br />

as bandeiras da flexibilidade e da redução<br />

significativa de custos.<br />

DARWINISMO TECNOLÓGICO<br />

As variadas formas de oferecer serviços<br />

faz<strong>em</strong> parte da evolução do mercado.<br />

Na verdade, elas se tornaram mais flexíveis<br />

<strong>em</strong> resposta às novas exigências<br />

e ao crescimento cada vez mais rápido<br />

dos ambientes de TI, tanto <strong>em</strong> tamanho<br />

quanto <strong>em</strong> complexidade.<br />

O campeão de audiência é o outsourcing<br />

de data center, mas a cada dia<br />

as <strong>em</strong>presas se preocupam <strong>em</strong> contratar<br />

soluções que tragam ou fortaleçam<br />

a competitividade. “Já está começando<br />

a acontecer no cenário automotivo, mas<br />

pode e deve crescer bastante”, diz Zalla.<br />

A aquisição de aplicativos e soluções<br />

no modelo on d<strong>em</strong>and, <strong>em</strong> que<br />

o usuário paga apenas pelo o que utiliza,<br />

t<strong>em</strong> sido música para os ouvidos<br />

de muitas <strong>em</strong>presas. E ainda com a<br />

vantag<strong>em</strong> de tirar dos ombros da área<br />

de TI a árdua tarefa de gerenciar aplicativos<br />

<strong>em</strong> desktops individuais.<br />

Mas o que é cloud computing? Não é uma tecnologia. É um conceito <strong>em</strong><br />

que a computação (processamento, armazenamento e softwares) está <strong>em</strong><br />

algum lugar da rede e pode ser acessada r<strong>em</strong>otamente por meio da internet<br />

(nuv<strong>em</strong>).<br />

Um ex<strong>em</strong>plo bastante simples para ajudar no entendimento é o e-mail.<br />

As mensagens ficam salvas no software de e-mail (hotmail, gmail ou outro<br />

qualquer) no seu computador, por isso pode acessá-las, a qualquer hora ou<br />

lugar, por meio da internet (nuv<strong>em</strong>).<br />

O conceito é apresentado nas modalidades nuv<strong>em</strong> pública e nuv<strong>em</strong><br />

privada. No primeiro caso, é um ambiente que oferece serviços de TI a<br />

qualquer pessoa conectada à internet. No segundo, atende a um grupo<br />

determinado de usuários, que pode acessar os serviços via VPN (rede privada)<br />

ou web.<br />

A torta de serviços oferecidos no modelo de computação <strong>em</strong> nuv<strong>em</strong><br />

pode ser divida <strong>em</strong> três grandes fatias. Uma delas é o IaaS (infraestrutura<br />

como serviço), que provê o ambiente de processamento. Outra é o PaaS<br />

(plataforma como serviço), que entrega serviços de aplicativos e desenvolvimento.<br />

E o SaaS (software como serviço), consumido sob d<strong>em</strong>anda.


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO<br />

Esse desenho aumenta muito as<br />

possibilidades de modernização de ambientes<br />

de tecnologia da informação<br />

das pequenas e médias <strong>em</strong>presas da<br />

cadeia de valor automotiva. E, segundo<br />

analistas de TI, representam forte potencial<br />

para a expansão do setor.<br />

“O IBGE divulga cerca de 7 mil <strong>em</strong>presas<br />

com mais de 500 funcionários.<br />

Mas quando falamos de menores,<br />

INFRAESTRUTURA COM EXPERTISE AUTOMOTIVO<br />

A T-Syst<strong>em</strong>s v<strong>em</strong> somar-se ao portfólio<br />

de oferecimento de infraestrutura.<br />

A <strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> no setor automotivo,<br />

vindo da Mercedes-Benz e<br />

da Volkswagen, depois de aquisições<br />

de companhias pertencentes a essas<br />

montadoras. Hoje, é responsável pelo<br />

ambiente de TI da Mercedes e da<br />

Volkswagen no Brasil e ainda atende<br />

outros atores da rede automotiva.<br />

Luiz Hirayama, vice-presidente de<br />

Desenvolvimento de Negócios da T-Syst<strong>em</strong>s, diz ser muito<br />

importante proporcionar tranquilidade ao cliente, especialmente<br />

no que se refere ao t<strong>em</strong>po de resposta e também ao<br />

suporte. “T<strong>em</strong>os de ser ágeis e atendê-los com qualidade<br />

66BUSINESS<br />

NOSSO DIFERENCIAL<br />

É TRANSFORMAR<br />

TRA R<br />

CUSTOS CUSTO FIXOS<br />

EM EM VVARIÁVEIS. VAR<br />

ESSA SA S A VANTAGEM V É<br />

MUITO MUIT IMPORTANTE<br />

PARA P EMPRESAS DE<br />

QUALQUER VERTICAL<br />

PAPALEO, da Oracle para a América Latina<br />

que possu<strong>em</strong> entre 100 e 500 funcionários,<br />

esse patamar do instituto salta<br />

para um universo de 36 mil <strong>em</strong>presas”,<br />

alerta Roveri, da IDC.<br />

Consultores arriscam dizer que o futuro<br />

esculpe um modelo de self-service<br />

on d<strong>em</strong>and de TI, mais simples e barato.<br />

Contudo, diz<strong>em</strong>, os fornecedores terão<br />

de adaptar seus modelos tradicionais<br />

de oferecimento de serviços, processos<br />

e estratégias. “Qu<strong>em</strong> não se adaptar,<br />

sofrerá seleção natural”, estimam.<br />

A Oracle, fornecedora de soluções<br />

de negócios na área de TI, além do<br />

modelo tradicional, também oferece<br />

a flexibilidade de serviço sob d<strong>em</strong>anda.<br />

“É uma forma de transformar os<br />

custos fixos <strong>em</strong> variáveis”, simplifica<br />

André Papaleo, vice-presidente da<br />

Unidade de Indústria da Oracle para<br />

a América Latina. Ele diz ser essa<br />

vantag<strong>em</strong> muito importante para<br />

<strong>em</strong>presas de qualquer vertical e abre<br />

portas às menores.<br />

Para o setor, Papaleo diz ser interessante<br />

o Oracle <strong>Business</strong> Transformation.<br />

Esta área dispõe de um time de<br />

especialistas, que ouve e discute os<br />

desafios de negócio do cliente e, se<br />

for o caso, indica uma infraestrutura<br />

de hardware e software, que é paga<br />

mensalmente. “Essa estrutura, que fica<br />

geralmente hospedada na Oracle,<br />

possui tecnologia de ponta e pode<br />

crescer ou reduzir, de acordo com as<br />

necessidades do cliente”, explica. “E<br />

todo o ambiente customizado é construído<br />

<strong>em</strong> 21 dias úteis”, garante.<br />

Além de Mercedes e Volkswagen, a T-Syst<strong>em</strong>s t<strong>em</strong> na carteira forte presença de pequenas e médias <strong>em</strong>presas<br />

e rapidez”, avisa. “Quando terceirizam<br />

TI, estão preocupadas com o nível de<br />

serviço e não com a responsabilidade<br />

da tecnologia que está sendo usada.<br />

Essa preocupação é nossa.”<br />

O mercado Small & Medium <strong>Business</strong><br />

(SMB), formado por pequenas e<br />

médias <strong>em</strong>presas, t<strong>em</strong> forte presença<br />

na carteira de clientes da T-Syst<strong>em</strong>s.<br />

“Elas estão terceirizando para reduzir<br />

custos. Manter um data center é muito<br />

caro”, diz. “Oferec<strong>em</strong>os um serviço on d<strong>em</strong>and por capacidade<br />

de processamento e gigabyte de storage. Ele t<strong>em</strong><br />

proporcionado redução de custo por mês ao SMB entre<br />

20% e 25%”, afirma.


A Locaweb também oferece terceirização<br />

de infraestrutura de hardware<br />

e ainda o serviço <strong>em</strong> cloud computing.<br />

Este bastante atraente para as<br />

pequenas e médias companhias <strong>em</strong><br />

relação a custos. De acordo com Roberto<br />

Rozon, gerente comercial da<br />

<strong>em</strong>presa, eles pod<strong>em</strong> hospedar todos<br />

os serviços de TI, sites e hotsites.<br />

O core business da Locaweb é a alta<br />

disponibilidade no data center, afirma<br />

o executivo. “O sist<strong>em</strong>a não pode cair<br />

e t<strong>em</strong> de ser veloz e seguro.” Para isso,<br />

somente no ano passado, a <strong>em</strong>presa<br />

investiu R$ 49 milhões e t<strong>em</strong> previsão<br />

de alocar mais R$ 111 milhões nos<br />

próximos sete anos. “T<strong>em</strong>os de garantir<br />

a mais alta tecnologia.”<br />

A IBM entende que o setor automotivo<br />

é estratégico, tanto pelo crescimento<br />

da indústria automotiva no País,<br />

como pela participação desse setor<br />

na receita da <strong>em</strong>presa no Brasil e <strong>em</strong><br />

nível global. “Eles consom<strong>em</strong> muitos<br />

dos nossos serviços de consultoria,<br />

infraestrutura e softwares”, diz Wagner<br />

Poleto, gerente de Soluções do Segmento<br />

Automotivo da IBM Brasil.<br />

De acordo com Poleto, por meio da<br />

consolidação, otimização e integração,<br />

a oferta de terceirização de processos<br />

de negócios e de TI da IBM t<strong>em</strong> ajudado<br />

a indústria automotiva a obter<br />

novos patamares de benefícios e produtividade.<br />

“Incluindo redução de custos,<br />

melhora de processos e controles<br />

financeiros mais rigorosos. Tudo isso<br />

também na modalidade on d<strong>em</strong>and.”<br />

Com participação expressiva no<br />

back office da indústria automobilística<br />

no País, com seu sist<strong>em</strong>a de<br />

gestão <strong>em</strong>presarial, a SAP escoa sua<br />

tecnologia no setor por meio exclusivo<br />

da rede de parceiros, <strong>em</strong> variadas<br />

modalidades de serviços.<br />

Daniel Bio, especialista <strong>em</strong> indústria<br />

da SAP Brasil, destaca a coleta de informações<br />

no chão de fábrica como<br />

uma operação crítica que t<strong>em</strong> estimulado<br />

a procura por tecnologia SAP. “Es-<br />

sas <strong>em</strong>presas precisam ter uma visão<br />

clara sobre as solicitações que estão<br />

chegando da área de vendas, para poder<br />

fazer as customizações e adaptar<br />

a linha de montag<strong>em</strong> à d<strong>em</strong>anda”,<br />

destaca Bio, acrescentando que a solução<br />

de <strong>Business</strong> Intelligence (BI) da<br />

<strong>em</strong>presa t<strong>em</strong> ajudado o setor nessa<br />

tarefa.“São recursos para integração,<br />

inteligência e visibilidade.”<br />

Passada a fase da construção da<br />

estrutura básica de TI, que envolve<br />

back office, com os sist<strong>em</strong>as de ERP<br />

e a instauração da governança dentro<br />

A TERCEIRIZAÇÃO<br />

DE NEGÓCIOS E DE<br />

TI TEM AJUDADO DO A<br />

INDÚSTRIA A OBTER BTER<br />

NOVOS PATAMARES<br />

DE BENEFÍCIOS S E<br />

PRODUTIVIDADE<br />

POLETO, da IBM<br />

OFERECER ALTA<br />

DISPONIBILIDADE DIS<br />

COM<br />

TECNOLOGIA TECN DE<br />

PONTA PONT É NOSSO CORE<br />

BUSINESS. BUSI INVESTIMOS<br />

NO ANO PASSADO<br />

R$ 49 MILHÕES EM<br />

INFRAESTRUTURA<br />

ROZON, da Locaweb<br />

de casa, a indústria automotiva aquece<br />

os motores para a adoção de serviços<br />

que proporcion<strong>em</strong> diferencial competitivo<br />

na cadeia, possibilitando maior<br />

visibilidade para a tomada de decisão.<br />

Como diz<strong>em</strong> os especialistas, na<br />

bandeja do mercado, é possível encontrar<br />

conhecimento, inteligência de<br />

negócios e competitividade. Pratos<br />

principais de um farto cardápio. Equipamentos<br />

e pacotes de software isolados<br />

viraram couvert. <br />

(*Editora-executiva do Now!Digital <strong>Business</strong>)


RECURSOS HUMANOS<br />

FALTA DE ENGENHEIROS<br />

ACENDE SINAL DE ALERTA<br />

CONTORNAR<br />

AUMENTO DE<br />

CUSTOS COM MÃO<br />

DE OBRA É UM DOS<br />

GRANDES DESAFIOS<br />

DO SETOR, QUE<br />

INTENSIFICA<br />

PROGRAMAS DE<br />

CAPACITAÇÃO<br />

GUILHERME MANECHINI<br />

68BUSINESS<br />

Jovens interessados <strong>em</strong> cursar a<br />

faculdade de engenharia e buscar<br />

uma especialização na indústria<br />

automobilística têm hoje um<br />

futuro promissor. Antes mesmo de<br />

formados são grandes as chances de<br />

estar<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregados, com estágios<br />

no exterior e, de quebra, ainda ser<strong>em</strong><br />

assediados pelo mercado financeiro.<br />

Há 15 anos, tal descrição da carreira<br />

de engenheiro era tratada como<br />

um sonho distante ou até insensatez.<br />

Mas, atualmente, é encarada como<br />

uma realidade que t<strong>em</strong> enorme potencial<br />

para ser incr<strong>em</strong>entada. Como<br />

pano de fundo, o cenário amplamente<br />

favorável ao Brasil, que já resultou no<br />

avanço do País na produção mundial<br />

de veículos.<br />

Por isso, o sinal de alerta para a contratação<br />

de mão de obra qualificada<br />

t<strong>em</strong> piscado <strong>em</strong> ritmo intenso nas <strong>em</strong>presas.<br />

Ele acendeu entre 2006 e 2007,<br />

MONTADORA DO<br />

PARANÁ PERGUNTOU<br />

SE ERA POSSÍVEL<br />

CONTRATAR 60<br />

ALUNOS DO CURSO<br />

DE ENGENHARIA<br />

AUTOMOTIVA<br />

BOCK, professor da FEI, diz<br />

que montadoras recorr<strong>em</strong> aos<br />

programas de trainees<br />

quando ficaram claras as condições de<br />

crescimento da economia brasileira,<br />

mas arrefeceu logo na sequência com<br />

a crise financeira internacional. Passado<br />

o susto, a corrida por profissionais<br />

qualificados volta à pauta.<br />

“A situação é chocante. Estamos<br />

vendo a Coreia do Sul formar quase<br />

80 mil engenheiros por ano e no Brasil<br />

não chegamos à metade”, ex<strong>em</strong>plificou<br />

José Edison Parro, presidente da<br />

Associação Brasileira de Engenharia<br />

Automotiva. Ex-engenheiro da General<br />

Motors, Parro acredita que o déficit<br />

crescente de engenheiros pode ser<br />

um grande <strong>em</strong>pecilho à atração de<br />

centros de desenvolvimento de tecnologias<br />

para o País.<br />

E a situação tende a piorar. Estimativa<br />

da Confederação Nacional da Indústria,<br />

que executa o programa Inova<br />

Engenharia, destinado a incentivar a<br />

formação de engenheiros, mostra que,<br />

<strong>em</strong> 2012, o mercado terá um déficit de<br />

150 mil profissionais. De acordo com<br />

a entidade, o Brasil forma hoje cerca<br />

de 32 mil engenheiros por ano, que<br />

correspond<strong>em</strong> a 4,2% do total de formandos<br />

nas universidades.<br />

Na indústria automobilística, esse<br />

quadro t<strong>em</strong> feito montadoras e autopeças<br />

recorrer<strong>em</strong> cada vez mais<br />

aos programas de trainees. Um bom<br />

ex<strong>em</strong>plo é o da Faculdade de Engenharia<br />

Industrial (FEI), que possui um<br />

curso específico para a área. Recent<strong>em</strong>ente,<br />

contou o professor Ricardo<br />

Bock, uma montadora instalada no<br />

Paraná perguntou a ele se era possível<br />

contratar 60 alunos do curso de engenharia<br />

automobilística. O detalhe


é que isso significa uma turma inteira<br />

de formandos do curso.<br />

“É algo cada vez mais comum no<br />

nosso setor”, afirmou Bock. A disputa<br />

por estagiários, acrescentou, está<br />

mais acirrada. “Se formáss<strong>em</strong>os duas<br />

vezes mais engenheiros, certamente<br />

eles sairiam daqui <strong>em</strong>pregados”.<br />

Para atrair os alunos, as <strong>em</strong>presas<br />

sofisticaram seus programas de estágio.<br />

Na Michelin, o intercâmbio Brasil-<br />

França é uma das possibilidades oferecidas<br />

ao novo talento. A <strong>em</strong>presa<br />

pretende contratar 200 profissionais<br />

<strong>em</strong> 2011, a maior parte engenheiros,<br />

para dar continuidade ao plano de expansão<br />

no País.<br />

Segundo Benoit De La Bretèche,<br />

diretor de Recursos Humanos na<br />

América do Sul, o programa de estágio<br />

da Michelin foi ampliado há dois<br />

anos com esse objetivo. A orientação<br />

da matriz é de tentar prever a necessidade<br />

de profissionais com até três<br />

anos de antecedência. “É uma política<br />

mundial, mas que, especialmente<br />

no Brasil, é mais importante, pois a<br />

situação já é crítica”, disse.<br />

Na Volkswagen, o cenário é s<strong>em</strong>elhante.<br />

Raimundo Ramos, gerente executivo<br />

e de educação corporativa da<br />

montadora, informou que o programa<br />

NA MICHELIN,<br />

O INTERCÂMBIO<br />

IN<br />

BRASIL-FRANÇA BRAS É UMA<br />

DAS POSSIBILIDADES<br />

OFERECIDAS O AO<br />

NOVO TALENTO<br />

BRETÈCHE, diretor de Recursos<br />

Humanos da Michelin<br />

de trainees da Volks t<strong>em</strong> sido atualizado<br />

constant<strong>em</strong>ente para torná-lo mais<br />

atrativo. “O passo mais recente é a inclusão<br />

de um módulo internacional. É<br />

preciso manter a qualificação das pessoas<br />

<strong>em</strong> um ambiente de forte competição”,<br />

afirmou Ramos.<br />

Segundo ele, no último processo<br />

de seleção mais de 20 mil estudantes<br />

de diversas áreas se candidataram. A<br />

questão, como ocorre na maior parte<br />

das <strong>em</strong>presas, é a qualidade destes<br />

formandos. “É briga de gente grande. E<br />

leva qu<strong>em</strong> estiver melhor estruturado”.<br />

INFLAÇÃO<br />

A primeira consequência da escassez<br />

de profissionais está na valorização da<br />

mão de obra local. Com um turnover<br />

maior, os salários mantêm a tendência<br />

de alta.<br />

Luis Saverio, diretor-geral da <strong>Business</strong><br />

Partners, consultoria que atende<br />

bancos e montadoras no País, l<strong>em</strong>bra<br />

ainda que a instalação de fábricas de<br />

montadoras asiáticas deve inflacionar<br />

mais o mercado. “Somando ao crescimento<br />

do mercado interno, ter<strong>em</strong>os<br />

hoje duas novas montadoras chinesas<br />

– Chery e JAC Motors. Cada fábrica<br />

t<strong>em</strong> pelo menos dois mil <strong>em</strong>pregados<br />

com um perfil técnico”, disse.<br />

Para o consultor, o País está entrando<br />

<strong>em</strong> um ciclo vicioso de inflação de<br />

salários e <strong>em</strong> um processo de canibalização.<br />

“É um cenário que não será<br />

bom para ninguém. No início, o engenheiro<br />

t<strong>em</strong> um salário de R$ 5 mil e<br />

no curto prazo ele vai pular para algo<br />

entre R$ 8 mil e R$ 9 mil”.<br />

Vale l<strong>em</strong>brar que, além das montadoras<br />

chinesas e coreanas, os fabricantes<br />

já instalados no País contam<br />

com planos agressivos de investimentos.<br />

A última estimativa é de<br />

investimentos superiores a US$ 11<br />

bilhões até 2012.<br />

PROGRAMA DE<br />

TRAINEES TRAIN DA<br />

VOLKS V TEM SIDO<br />

ATUALIZADO<br />

ATUALI<br />

CONSTANTEMENTE<br />

ONS<br />

PARA PAR<br />

SE TORNAR<br />

MAIS ATRATIVO<br />

RAMOS, gerente executivo e de<br />

Educação Corporativa da Volks


RECURSOS HUMANOS<br />

LEI ROUANET<br />

A Câmara de Comércio Americana<br />

(Amcham) apresentou aos candidatos<br />

à presidência uma proposta para<br />

tentar minimizar os impactos da falta<br />

de mão de obra presente no País. A<br />

entidade, que t<strong>em</strong> a Ford e a General<br />

Motors entre seus associados, propõe<br />

incentivos fiscais para a <strong>em</strong>presa que<br />

investir <strong>em</strong> educação e capacitação<br />

dos funcionários. Trata-se de uma espécie<br />

de Lei Rouanet focada na qualificação<br />

da mão de obra.<br />

Luiz Gabriel Rico, presidente da<br />

Amcham, entende que essa seria uma<br />

maneira de minimizar os altos custos<br />

com qualificação. Para ele, o quadro<br />

atual justifica a proposta. Conforme<br />

pesquisa da entidade, realizada pelo<br />

Ibope com 211 associadas, 76% das<br />

<strong>em</strong>presas invest<strong>em</strong> <strong>em</strong> programas<br />

de treinamentos internos. O levantamento<br />

indicou ainda que, na opinião<br />

de 70% das <strong>em</strong>presas, a expansão dos<br />

centros de formação técnica proporcionalmente<br />

ao nível do crescimento<br />

ÍNDIA FORMA 500 MIL<br />

ENGENHEIROS POR ANO<br />

70BUSINESS<br />

EXPANSÃO DOS<br />

CENTROS OS DE<br />

FORMAÇÃO TÉCNICA ÉCNICA C<br />

ESTÁ ENTRE TRE OS<br />

PRINCIPAIS DESAFIOS<br />

PARA QUALIFICAR CAR C<br />

MÃO DE OBRA<br />

RICO, presidente da Amcham,<br />

propõe incentivos para reduzir<br />

custos com capacitação<br />

econômico está entre os principais<br />

desafios para qualificar a mão de obra.<br />

REVERSÃO<br />

A solução para o déficit de mão de<br />

obra, na opinião do professor da USP<br />

e integrante do Conselho para a Agenda<br />

Global sobre o Futuro da América<br />

Singaram Radhakrishnan, diretor sênior para a cadeia de suprimentos da<br />

ArvinMeritor na região Ásia Pacífico, provocou alguma surpresa ao falar do<br />

mercado de trabalho na Índia durante uma reunião promovida na filial brasileira<br />

<strong>em</strong> Osasco, SP, <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro. Ele destacou que o país diploma nada<br />

menos do que 500 mil engenheiros por ano, dos quais 350 mil possu<strong>em</strong><br />

formação plena, de cinco anos. Os d<strong>em</strong>ais 150 mil receb<strong>em</strong> o certificado<br />

após três anos de estudos.<br />

Com a generosa oferta de profissionais no mercado de trabalho, as <strong>em</strong>presas<br />

pagam o equivalente a US$ 16 a US$ 25 por hora na contratação de<br />

serviços para projetos de engenharia. Jovens formandos receb<strong>em</strong> salários<br />

de US$ 400 a US$ 550 por mês.<br />

Enquanto isso, o Brasil forma 32 mil engenheiros, por ano, segundo dados do<br />

IPEA – Instituto de Pesquisa Aplicada colhidos pela Steer Consultoria. Ivan Witt,<br />

diretor da <strong>em</strong>presa, calcula que o País formou até 2008 cerca de 750 mil engenheiros,<br />

entre os quais 14% são mulheres. “Apenas dois <strong>em</strong> cada sete atua m<br />

efetivamente <strong>em</strong> posições de engenharia. Os outros cinco des<strong>em</strong>penham outras<br />

ocupações ou estão fora do mercado formal de trabalho”, observa.<br />

Latina do Fórum Econômico Mundial,<br />

Jacques Marcovitch, passa pela aproximação<br />

da acad<strong>em</strong>ia com a iniciativa<br />

privada. “Em outros países, principalmente<br />

na Al<strong>em</strong>anha, isto faz parte da<br />

cultura. Não é por acaso que eles têm<br />

hoje esse reconhecimento de potência<br />

industrial”, disse Marcovitch.<br />

Segundo ele, o envolvimento das<br />

<strong>em</strong>presas na educação dos jovens<br />

chega ao ponto de elas decidir<strong>em</strong> os<br />

t<strong>em</strong>as de pesquisa das universidades,<br />

algo que acaba sendo positivo para o<br />

desenvolvimento tecnológico no país.<br />

“É a <strong>em</strong>presa qu<strong>em</strong> diz o que precisa.<br />

Na América Latina, isso ainda é interpretado<br />

como uma interferência”.<br />

Neste sentido, a Associação Brasileira<br />

de Engenharia Automotiva já começa<br />

a trabalhar <strong>em</strong> um plano que envolva<br />

universidades, governo e <strong>em</strong>presas.<br />

A ideia é fazer com que todas as partes<br />

envolvidas convers<strong>em</strong> entre si.<br />

Para Saverio, da <strong>Business</strong> Partners,<br />

o prazo mínimo para que a situação<br />

comesse a ser revertida é entre dois<br />

e três anos, levando <strong>em</strong> conta que as<br />

<strong>em</strong>presas vão aplicar programas de<br />

treinamento <strong>em</strong> grande escala, pegando<br />

o aluno ainda na faculdade.<br />

“A princípio, isso reverteria uma situação<br />

de colapso”, finalizou o executivo.


CERTIFICAÇÃO<br />

O FIM DA<br />

PIRATARIA?<br />

HOMOLOGAÇÃO DE COMPONENTES<br />

PODE DITAR NOVOS RUMOS AO<br />

MERCADO DE REPARAÇÃO<br />

Há cinco anos <strong>em</strong> discussão<br />

entre entidades do segmento,<br />

a certificação de autopeças finalmente<br />

foi colocada <strong>em</strong> prática <strong>em</strong><br />

2010. A lista de itens já assegurados pelo<br />

Inmetro inclui pneus, capacetes, veículos<br />

acessíveis e vidros automotivos.<br />

Apesar de essencial para garantir a<br />

segurança do consumidor e estimular<br />

a livre competição, a medida d<strong>em</strong>orou<br />

para chegar ao Brasil. A Argentina, que<br />

t<strong>em</strong> um mercado de veículos b<strong>em</strong> menor,<br />

já possui a regulamentação.<br />

GIOVANNA RIATO<br />

Será necessário aguardar ainda<br />

cerca de dois anos para que todas<br />

as peças sejam certificadas.<br />

A d<strong>em</strong>ora acontece porque,<br />

depois de definir uma norma<br />

ABNT para cada componente, é<br />

necessário reconhecer as peças<br />

no Inmetro.<br />

“O órgão é responsável pela<br />

certificação dos mais diversos<br />

produtos e, por isso, deve d<strong>em</strong>orar<br />

um pouco para todas as<br />

peças ser<strong>em</strong> homologadas. Há<br />

um pequeno gargalo para que a<br />

entidade atenda a toda a d<strong>em</strong>anda”,<br />

explica Antonio Carlos Bento,<br />

conselheiro do Sindipeças e coordenador<br />

do GMA – Grupo de Manutenção<br />

Automotiva.<br />

Para o executivo, a certificação é<br />

o primeiro passo para combater um<br />

dos grandes vilões do setor: a pirataria.<br />

“Estamos <strong>em</strong> negociação com o<br />

governo para que, finalizado o processo<br />

de certificação, já exista uma<br />

legislação que iniba a ilegalidade”,<br />

explica.<br />

A missão não é fácil. Bento estima<br />

que entre 5% e 10% das peças<br />

comercializadas no Brasil são piratas,<br />

um mercado de cerca de R$ 1,2 bilhão<br />

por ano. “Com os clientes conscientes<br />

do que adquir<strong>em</strong> será mais<br />

fácil combater a pirataria”, enfatiza.<br />

BENTO: certificação é o primeiro<br />

PRADO<br />

passo para combater a pirataria LUIS<br />

<strong>Automotive</strong>


CERTIFICAÇÃO<br />

GUITTI: as pessoas dev<strong>em</strong> ser<br />

atuantes, não pod<strong>em</strong> se omitir<br />

“Quando eu compro um tênis pirata<br />

sei que aquilo não t<strong>em</strong> qualidade. No<br />

caso das peças isso não é visível”, comenta<br />

José Aurélio Ramalho, diretor<br />

de operações do Cesvi – Centro de Experimentação<br />

e Segurança Viária que<br />

defende a certificação das autopeças<br />

como única garantia ao consumidor de<br />

que o produto é seguro.<br />

COMBATE<br />

A luta contra a pirataria no setor de autopeças<br />

precisará atuar <strong>em</strong> várias frentes.<br />

Além de intensificar a fiscalização,<br />

as entidades do segmento estudam a<br />

impl<strong>em</strong>entação de um disque-denúncia<br />

e a criação de meios de rastreabilidade<br />

nas peças. Desenvolver algum tipo de<br />

marcação que não possa ser apagada<br />

dos componentes ajudaria na tarefa de<br />

identificar a procedência da peça.<br />

Junto com as diversas medidas, o<br />

setor aposta <strong>em</strong> uma ampla campanha<br />

de conscientização. A ação será<br />

desenvolvida pelo GMA aos moldes<br />

das campanhas Carro, Caminhão e<br />

Moto 100%, que reforçam a importância<br />

da manutenção preventiva dos veículos.<br />

“As pessoas dev<strong>em</strong> ser atuantes,<br />

não pod<strong>em</strong> se omitir. É necessário que<br />

BUSINESS<br />

RAMALHO: setor passou muito t<strong>em</strong>po<br />

para tomar providências<br />

todos sejamos fiscais”, acredita Mário<br />

Guitti, superintendente do IQA – Instituto<br />

de Qualidade Automotiva.<br />

O dirigente aposta na informação<br />

como a principal arma para defender<br />

consumidores do risco das peças piratas.<br />

A entidade é responsável por certificar<br />

oficinas. Segundo Guitti, apesar<br />

do instituto não poder atuar na conduta<br />

ética de cada indivíduo, já foi detectado<br />

que quanto mais expressiva a formação<br />

dos profissionais, menos eles<br />

trabalham na ilegalidade. “Uma oficina<br />

boa é clara com o cliente. O consumidor<br />

com um conhecimento mínimo<br />

sobre o próprio veículo não se deixa<br />

enganar com facilidade”, explica.<br />

A campanha pretende alertar os consumidores<br />

sobre o risco de segurança<br />

ao comprar componentes piratas. Já<br />

os profissionais, principal elo entre o<br />

mercado ilegal e os clientes, receberão<br />

instrução sobre as consequências do<br />

uso de peças s<strong>em</strong> qualidade.<br />

“As oficinas são responsáveis pelo<br />

que aplicam. S<strong>em</strong>pre diz<strong>em</strong>os para<br />

os mecânicos que usar peça pirata é<br />

desvalorizar o próprio trabalho, já que<br />

há um investimento de mão de obra<br />

desperdiçado”, analisa Antonio Fiola,<br />

FIOLA enfatiza: as oficinas são<br />

responsáveis pelo que aplicam<br />

presidente do Sindirepa – Sindicato da<br />

Indústria de Reparação de Veículos.<br />

MERCADO<br />

O avanço da certificação, apesar de lento,<br />

deve ditar novas regras para o jogo<br />

das <strong>em</strong>presas que fornec<strong>em</strong> autopeças<br />

ao mercado de reposição. Ramalho, do<br />

Cesvi, avalia que o setor d<strong>em</strong>orou d<strong>em</strong>ais<br />

para colocar a homologação <strong>em</strong><br />

prática e que a medida deve impulsionar<br />

o aumento da competição.<br />

Ele explica que hoje um consumidor<br />

preocupado com a qualidade acaba escravo<br />

de peças de reposição originais,<br />

do mesmo fabricante que forneceu para<br />

a montadora e que geralmente têm<br />

preços mais altos. “Com a certificação,<br />

posso escolher entre uma peça original<br />

que custa mais caro e outra homologada<br />

que é mais barata”, destaca.<br />

Na opinião de Ramalho o setor passou<br />

muito t<strong>em</strong>po discutindo s<strong>em</strong> tomar<br />

providências. Com a chegada do selo<br />

de qualidade a pirataria deve diminuir,<br />

mas os fabricantes terão que correr para<br />

ganhar competitividade. “A criação<br />

de um selo traz mais transparência e<br />

oferece critérios para que o consumidor<br />

tome a decisão de compra”, conclui.


CUSTOMER CARE<br />

CUIDADO COM O CLIENTE<br />

COMPRADORES DE CAMINHÕES<br />

E AUTOMÓVEIS TÊM MOTIVAÇÃO<br />

DIFERENTE, MAS QUEREM SER<br />

PAPARICADOS E BEM ATENDIDOS DA<br />

MESMA FORMA. ENTENDA O QUE O<br />

FABRICANTE DOS VEÍCULOS PENSA DISSO<br />

SUELI OSÓRIO<br />

ISELA COSTANTINI faz<br />

o customer care na GM<br />

A<br />

fidelização do consumidor não<br />

depende apenas do automóvel<br />

ou do caminhão comprado<br />

exibir um design atraente, ter motor<br />

potente e econômico e oferecer uma<br />

generosa lista de equipamentos de série.<br />

A lealdade à marca após a primeira<br />

compra está intimamente ligada ao<br />

atendimento pós-venda prestado pela<br />

rede de concessionários.<br />

Isela Costantini, diretora de pós-<br />

-vendas da GM do Brasil e primeira<br />

mulher no País a ocupar esse cargo<br />

<strong>em</strong> uma montadora, comprou essa<br />

<strong>Automotive</strong>


CUSTOMER CARE<br />

ideia. “A percepção dos cuidados recebidos<br />

após a entrega do veículo é<br />

decisiva na escolha do próximo veículo.<br />

Vale 95%. Os outros 5% cab<strong>em</strong> ao<br />

portfólio competitivo”, avalia.<br />

“Procuramos entender o que deixa<br />

o cliente entusiasmado e o mantém<br />

conosco”, explica a executiva. A GM<br />

realizou uma grande pesquisa de<br />

mercado segmentada por itens como<br />

motorização, carroceria, modelos atitudinais<br />

e faixa etária. O resultado permitiu<br />

criar um questionário aplicado<br />

mensalmente a clientes, por telefone,<br />

para identificar o grau de satisfação e<br />

os desejos de cada um.<br />

“O segredo de nossa existência é<br />

o cliente. Tratamos de entender tam-<br />

BUSINESS<br />

bém suas necessidades futuras”, justifica<br />

Isela, assegurando que a companhia<br />

t<strong>em</strong> um índice de 80% dos<br />

clientes totalmente satisfeitos e os trabalhos<br />

de customer care ainda estão<br />

<strong>em</strong> aprimoramento.<br />

Segundo a diretora, 90% dos consumidores<br />

almejam suprir as suas<br />

necessidades básicas, como ter bom<br />

atendimento, <strong>em</strong> local limpo, ter serviço<br />

rápido e resolver o probl<strong>em</strong>a na<br />

primeira vez que vão à concessionária.<br />

O relacionamento com o técnico que<br />

faz o atendimento é tido como muito<br />

importante e alvo de atenção – serve<br />

para criar vínculo. “O treinamento dos<br />

funcionários é vital para conquistar o<br />

cliente. Eles não aprend<strong>em</strong> apenas<br />

QUEM QUE COMPRA<br />

QUER TODAS<br />

AS S FA FACILIDADES<br />

E BENEFÍCIOS<br />

BE<br />

DO PRODUTO<br />

ARI DE CARVALHO, pós-venda<br />

na Mercedes-Benz<br />

como fazer o serviço, mas também<br />

como tratar o consumidor.”<br />

NOVO SERVIÇO<br />

Desde janeiro do ano passado, 100%<br />

das oficinas da rede adotaram o Novo<br />

Serviço Chevrolet, conceito de atendimento<br />

ao cliente implantado <strong>em</strong><br />

abril de 2006. O proprietário do veículo<br />

agenda o serviço com a central<br />

de atendimento da concessionária<br />

de sua preferência e pode escolher o<br />

mecânico. Conhece depois os detalhes<br />

do serviço a ser feito, as peças<br />

a ser<strong>em</strong> trocadas, o orçamento para<br />

aprovação e até o horário <strong>em</strong> que o<br />

veículo poderá ser retirado. É possível<br />

acompanhar todo o serviço ou apenas<br />

visitar as dependências da concessionária.<br />

Avaliada a quilometrag<strong>em</strong> média<br />

rodada pelo dono do veículo, as próximas<br />

visitas são pré-agendadas pela<br />

central de atendimento que, à véspera<br />

de cada retorno, mantém contato para<br />

confirmar o agendamento.<br />

CAMINHÕES<br />

Para Ari de Carvalho, diretor de pósvenda<br />

da Mercedes-Benz do Brasil,


qu<strong>em</strong> compra um automóvel, caminhão,<br />

ônibus ou utilitário quer todas as<br />

facilidades e benefícios que acompanham<br />

o produto. “A oferta de um pacote<br />

completo de serviços de pós-venda<br />

é uma preocupação permanente para<br />

que o cliente fique tranquilo e seguro<br />

da qualidade, durabilidade e apoio logístico<br />

que a marca propiciará.”<br />

Carvalho afirma que a montadora<br />

aposta <strong>em</strong> diversos serviços e ferramentas<br />

para o cliente se sentir amparado<br />

e colocar a marca <strong>em</strong> primeiro<br />

lugar na hora de comprar um novo<br />

veículo. A sintonia com o consumidor,<br />

tida como fundamental, é obtida<br />

pelo monitoramento constante<br />

das fontes de contato – via central<br />

de atendimento, concessionárias ou<br />

redes sociais.<br />

Uma pesquisa de satisfação é con-<br />

duzida pela central de atendimento<br />

com o cliente após cada interação –<br />

via 0800, chat ou sms. Assim, o consumidor<br />

pode pontuar o atendimento<br />

e deixar dicas e sugestões de melhoria.<br />

Com base nestas percepções são<br />

traçados planos de treinamento e<br />

ações corretivas ou impl<strong>em</strong>entados<br />

novos processos.<br />

O monitoramento da qualidade resulta<br />

de parceria com um instituto de<br />

pesquisa que audita mensalmente a<br />

central e compara seu des<strong>em</strong>penho<br />

com a concorrência, identificando<br />

possibilidades de melhoria e tendências<br />

do mercado. Esse benchmarking<br />

mensal com serviços pós-venda <strong>em</strong> relação<br />

aos principais concorrentes analisa<br />

a satisfação dos clientes que passaram<br />

pelas oficinas e as impressões e<br />

comentários sobre o atendimento.<br />

PERFIS<br />

Carvalho explica que o perfil dos proprietários<br />

de automóveis e caminhões<br />

são b<strong>em</strong> diversos. “O carro t<strong>em</strong> um<br />

fim particular, enquanto o veículo comercial<br />

geralmente é uma ferramenta<br />

de trabalho. A despeito destas particularidades,<br />

ambos são extr<strong>em</strong>amente<br />

exigentes e conscientes dos produtos<br />

e serviços que adquiriram.”<br />

O dono de automóvel dá preferência<br />

pelo atendimento eletrônico, por<br />

e-mail ou chat. A maioria é constituída<br />

por admiradores da marca interessados<br />

na experiência que a Mercedes pode<br />

oferecer com a compra do produto.<br />

Já os clientes de caminhões gostam<br />

mais do telefone 0800 e as requisições<br />

são mais voltadas para o des<strong>em</strong>penho<br />

do produto, formas de melhorar o des<strong>em</strong>penho<br />

e características gerais.


LOGÍSTICA | CENÁRIOS<br />

CRESCIMENTO IMPÕE A<br />

PROFISSIONALIZAÇÃO<br />

EXPANSÃO SUSTENTADA DO SETOR<br />

AUTOMOTIVO DISPARA EXIGÊNCIA<br />

DE QUALIFICAÇÃO E DEVE ACELERAR<br />

FUSÕES E AQUISIÇÕES DE OPERADORES<br />

LOGÍSTICOS EM BUSCA DE ESCALAS MAIS<br />

EFICIENTES E COMPETITIVAS.<br />

EM 2015 PODE HAVER DEZ PLAYERS<br />

PESOS-PESADOS FATURANDO MAIS DE<br />

R$1 BILHÃO POR ANO COM VW, TOYOTA,<br />

FORD, GM, CUMMINS, HONDA,<br />

CATERPILLAR E MERCEDES ENTRE OS<br />

PRINCIPAIS CLIENTES<br />

ARIVERSON FELTRIN<br />

O<br />

ex-ministro do Planejamento no governo<br />

militar, Reis Velloso, costumava<br />

dizer que não existe <strong>em</strong>presa mais nacionalista<br />

do que uma multinacional aqui instalada.<br />

Mesmo a contragosto dos que já estavam<br />

hospedados, do final dos anos 1970<br />

para cá o Brasil mais que viu dobrar<br />

a entrada de novas marcas de<br />

veículos, atraídas por um<br />

mercado que, mesmo<br />

com picos e vales, tripli-<br />

76BUSINESS


cou de tamanho. Afinal, com uma<br />

taxa ao redor de sete habitantes por<br />

veículo, o carro t<strong>em</strong> muito brasileiro<br />

por conquistar na medida <strong>em</strong> que a<br />

economia cresce e permite o ingresso<br />

de novas levas de consumidores.<br />

Os números já contabilizados e<br />

aqueles previstos indicam que o Brasil<br />

desabrochou. Com 3,14 milhões de<br />

veículos licenciados no exercício passado<br />

– exatamente o dobro do volume<br />

atingido cinco anos antes, de 1,57<br />

milhão de unidades – o mercado brasileiro<br />

de carros, comerciais leves, caminhões<br />

e ônibus cresceu 15% ao ano<br />

no período de 2004 a 2009. Ainda que<br />

se considere daqui <strong>em</strong> diante uma taxa<br />

mais comportada de expansão, de 8%<br />

ao ano, o porte do mercado atingiria<br />

ao redor de 5 milhões de veículos licenciados<br />

<strong>em</strong> 2015.<br />

“Estamos diante de um bom dil<strong>em</strong>a,<br />

o dil<strong>em</strong>a do crescimento. Ser<strong>em</strong>os<br />

o quarto, quinto mercado do<br />

mundo”, diz Antonio Wrobleski Filho,<br />

sócio da Awro Logística e Participações<br />

e que durante anos presidiu no<br />

Brasil a Ryder Logistics.<br />

“Mercado interno t<strong>em</strong> e vai ter. O probl<strong>em</strong>a<br />

é a infraestrutura logística, decisivo<br />

fator de limitação do crescimento<br />

do PIB brasileiro nos próximos anos”,<br />

diz Paulo de Tarso Petroni, engenheiro,<br />

sócio da PricewaterhouseCoopers e<br />

consultor no setor automobilístico nas<br />

competências relacionadas a supply<br />

chain manag<strong>em</strong>ent.<br />

A velocidade do investimento <strong>em</strong><br />

infraestrutura logística “no mínimo<br />

está menor do que a velocidade de<br />

aumento da d<strong>em</strong>anda”, assinala Petroni,<br />

para <strong>em</strong> seguida responder se o<br />

País está diante de iminente ‘apagão’<br />

logístico. “Não acredito <strong>em</strong> um evento<br />

tipo crash ou apagão (como no<br />

caso de energia), mas <strong>em</strong> uma lenta<br />

e gradual perda de competitividade,<br />

como, aliás, já estamos enfrentando”.<br />

E compara. “Estamos como o ‘sapo<br />

fervendo na panela’. Vamos nos aco-<br />

modando, buscando soluções alternativas<br />

(as quais por si só já aumentam<br />

as despesas) e pagando custos a<br />

mais e imprevistos.”<br />

PRECARIEDADES<br />

O insuspeito senador Aloísio Mercadante,<br />

um dos fundadores do PT,<br />

braço direito do presidente Luiz Inácio<br />

Lula da Silva, economista e candidato<br />

a governador de São Paulo, <strong>em</strong><br />

seu recente livro ‘Brasil a construção<br />

retomada’ lista infraestrutura e logística<br />

precárias entre os três mais gra-<br />

LOGÍSTICA NO SETOR<br />

AUTOMOTIVO AUTO T GIRA<br />

R$ 12 BBILHÕES<br />

POR<br />

ANO, OOU<br />

12% DA<br />

RECEITA CEITA DAS<br />

MONTADORAS.<br />

MO<br />

TRANSPORTE É 70%<br />

WROBLESKI JR., sócio da Awro<br />

Logística e Participações<br />

ves entraves que “nos imped<strong>em</strong> de<br />

alçar voos maiores para um desenvolvimento<br />

sustentado”. Outras duas<br />

chagas são a educação de baixa qualidade<br />

– que repercute na ausência de<br />

inovação e pesquisas mais robustas<br />

– e a desigualdade social, que limita<br />

o mercado interno e gera tensões sociais<br />

e políticas.<br />

Mercadante enxerga nas riquezas do<br />

petróleo na camada do pré-sal uma<br />

tábua de salvação para livrar o Brasil<br />

dos entraves à evolução: “Os megacampos<br />

ampliaram o nosso horizonte.<br />

RECEITA DE EFICIÊNCIA DA PWC<br />

A despeito da deficiência na infraestrutura é possível interferir para que a<br />

logística tenha algum grau de eficiência do portão para fora? Quais as receitas<br />

para isso? O diretor Paulo Petroni, da PwC, recomenda:<br />

Planejamento integrado entre os elos da cadeia e aumento do sincronismo<br />

das atividades<br />

Estabelecimento de regras de negócio que lev<strong>em</strong> <strong>em</strong> consideração as<br />

deficiências existentes, tanto da distribuição quanto da flexibilidade da<br />

manufatura<br />

Respeito às regras estabelecidas<br />

Adequado dimensionamento e gestão dos estoques<br />

Redefinição de pontos de armazenag<strong>em</strong><br />

Consolidação de cargas<br />

Sinergia entre as <strong>em</strong>presas, otimizando rotas e locais de armazenag<strong>em</strong>


LOGÍSTICA | CENÁRIOS<br />

Eles tornam possível o Brasil com educação<br />

de qualidade, impulsionado pela<br />

sociedade de conhecimento, logística<br />

apropriada e inclusão social.”<br />

Para Petroni, o que não dá para<br />

aturar é a imprevidência. “Já há alguns<br />

anos estamos recomendando<br />

aos grandes <strong>em</strong>barcadores a revisão<br />

de seus posicionamentos referentes<br />

às questões logísticas”. Ele reivindica<br />

moderação na terceirização destas<br />

atividades, “muitas vezes exageradamente<br />

realizadas e com retorno bastante<br />

questionável”, assinala.<br />

“Minimamente o planejamento logístico<br />

passa a ter uma importância<br />

quase que core no panorama que se<br />

antevê” o executivo. E ex<strong>em</strong>plifica: “No<br />

cenário crítico que estamos passando<br />

nesta área, é muito inconveniente ver<br />

um caminhão partir com urgência<br />

com 30% (ou menos) de ocupação e<br />

pagando-se frete extraordinário...”<br />

Wrobleski entende que fazer logística<br />

no Brasil é uma tarefa desafiadora e<br />

rica <strong>em</strong> oportunidades. “O crescimento<br />

do setor automotivo, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

t<strong>em</strong> atraído fundos de investimentos<br />

que buscam negócios na área da logística.<br />

Por isso mesmo, a tendência é<br />

a consolidação, a formação de novos<br />

78BUSINESS<br />

MERCADO INTERNO<br />

TEM TEM E VAI TER. O<br />

PROBLEMA PROBLE É A<br />

INFRAESTRUTURA<br />

IN RA R E<br />

LOGÍSTICA, OGÍS Í QUE<br />

LIM LIMITA AVANÇO<br />

DO PIB BRASILEIRO<br />

PAULO PETRONI, sócio-diretor da<br />

PricewaterhouseCoopers<br />

players, estruturados, focados. Com<br />

essa gente nova vai se quebrar a barreira<br />

atual do mercado, que d<strong>em</strong>anda<br />

qualidade a preço baixo”.<br />

Para Wrobleski tal barreira será<br />

quebrada com eficiência, agilidade,<br />

quesitos implícitos na operação<br />

dessa nova safra de operadores que<br />

chega comprometida <strong>em</strong> oferecer full<br />

service na logística - inbound, intralogística,<br />

alimentação de linhas, etc.<br />

O consultor da Awro calcula que o<br />

mercado de logística no setor da in-<br />

ABSORVEMOS CADA<br />

ETAPA DA CADEIA ADEIA<br />

LOGÍSTICA A PARA R<br />

ATENDER A DEMANDA ANDA<br />

DO CLIENTE, AGREGAR<br />

VALOR E OCUPAR PAR<br />

ESPAÇO MAIS CEDO<br />

FARIA JR., gestor comercial do<br />

Expresso Mirassol<br />

dústria automobilística brasileira gira<br />

por ano <strong>em</strong> torno de R$ 12 bilhões<br />

(12% do faturamento anual das montadoras).<br />

Nos cálculos dele, dos R$ 12<br />

bilhões, o transporte representa 70%<br />

ou R$ 8,4 bilhões. “Todo o restante da<br />

logística fica com 30%, algo como R$<br />

3,6 bilhões. E nesse campo há muitas<br />

oportunidades para os operadores –<br />

as montadoras só terceirizam cerca<br />

de 20% dessas operações e tend<strong>em</strong> a<br />

abrir mais espaços”.<br />

PESOS-PESADOS<br />

O Expresso Mirassol, com faturamento<br />

de R$ 130 milhões por ano, 50%<br />

provenientes do setor automotivo,<br />

está aproveitando os espaços para<br />

aprofundar principalmente a logística<br />

nas montadoras. “Estamos nos consolidando<br />

como operador, absorvendo<br />

cada etapa da cadeia logística. É<br />

uma maneira de atender a d<strong>em</strong>anda<br />

do cliente, agregar valor e ocupar um<br />

espaço antes que outro o faça”, explica<br />

Luiz Carlos de Faria Jr., gestor comercial<br />

corporativo do Mirassol.<br />

Na atividade de movimentação de<br />

cargas há mais de 60 anos, o Expresso<br />

Mirassol t<strong>em</strong> contabilizado desde<br />

a década de 1990 progressos como<br />

operador logístico. Faz, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

operações de milk run para a Volkswagen<br />

e Mercedes-Benz, responde pela<br />

consolidação de peças e componentes<br />

que abastec<strong>em</strong> as linhas da MAN<br />

Latin America e executa várias outras<br />

operações dentro da cadeia automotiva,<br />

entre elas a estufag<strong>em</strong> com peças<br />

de reposição de contêineres para<br />

alimentar a cabotag<strong>em</strong> que zarpa de<br />

portos do Sul-Sudeste na direção dos<br />

mercados do Norte e Nordeste.<br />

“A logística automotiva está evoluindo.<br />

Estimo que por volta de 2015<br />

ter<strong>em</strong>os dez players pesos-pesados,<br />

cada um deles com faturamento<br />

anua l acima de R$ 1 bilhão – grande<br />

parte vinda da operação com montadoras”,<br />

diz Wrobleski.


LOGÍSTICA | OPERADOR<br />

JULIO SIMÕES<br />

APOSTA NA BOLSA<br />

E GOVERNANÇA<br />

A INDÚSTRIA AUTOMOTIVA<br />

REPRESENTOU 12,8% DA RECEITA BRUTA<br />

DE SERVIÇOS DA COMPANHIA EM 2009<br />

Já perfilada no pelotão das maiores<br />

operadoras logísticas do País, a Julio<br />

Simões Logística executa trabalhos<br />

<strong>em</strong> todas as etapas logísticas da<br />

cadeia de suprimentos na indústria automotiva.<br />

“Atuamos de forma integrada<br />

e customizada, incluindo atividades<br />

como o planejamento de coletas de<br />

autopeças, roteirização, dimensionamento<br />

de veículos de carga (quantidade<br />

e capacidade), acompanhamento<br />

das coletas nos fornecedores (desde<br />

o cumprimento de horários até apontamentos<br />

e registros de divergências e<br />

atrasos), consolidação de cargas e rastreamento<br />

até o destino final”, explica<br />

Irecê Andrade, diretora comercial da<br />

Julio Simões Logística.<br />

A diretora esclarece: “Atuamos inclusive<br />

no controle da devolução de<br />

<strong>em</strong>balagens a fornecedores, assim<br />

como a garantia de disponibilidade<br />

destas por meio de sist<strong>em</strong>as personalizados<br />

<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po real, online.”<br />

Com Volkswagen, Toyota, Ford,<br />

General Motors, Cummins, Honda,<br />

Caterpillar e Mercedes alinhados entre<br />

o portfólio de seus principais clientes,<br />

a Julio Simões nos últimos t<strong>em</strong>pos<br />

t<strong>em</strong> se destacado <strong>em</strong> aquisições para<br />

reforçar sua expansão. “A integração<br />

com as <strong>em</strong>presas Grande ABC e<br />

Lubiani fortaleceu a atuação da Julio<br />

Simões Logística no setor automotivo.<br />

Isso permitiu crescimento dentro<br />

dos clientes para os quais já trabalhávamos<br />

com a incorporação de novos<br />

serviços”, diz a diretora.<br />

Uma das raríssimas operadoras<br />

logísticas brasileiras com ações negociadas<br />

na Bolsa de Valores, a Julio<br />

Simões, segundo Irecê Andrade, ao<br />

abrir o capital deu um passo natural<br />

dentro do processo de desenvolvimento<br />

e nível de profissionalização.<br />

“O ingresso no Novo Mercado, o mais<br />

alto nível de governança corporativa<br />

da Bolsa de Valores, exige a transparência<br />

com a qual a companhia<br />

já está habituada <strong>em</strong> seus negócios<br />

e contribuirá para sua perpetuação e<br />

garantia de seu crescimento orgânico.<br />

Com mais facilidade para realizar<br />

investimentos, ter<strong>em</strong>os oportunidades<br />

igualmente diferenciadas não só<br />

no setor automotivo como <strong>em</strong> todos<br />

os importantes segmentos da economia<br />

brasileira.”<br />

Com faturamento bruto de R$<br />

869 milhões no primeiro s<strong>em</strong>estre<br />

de 2010, 26% superior ao obtido <strong>em</strong><br />

igual período do ano passado, a Julio<br />

Simões Logística atua no mercado<br />

automotivo através da linha de negócio<br />

de serviços dedicados à cadeia de<br />

suprimentos. Essa linha de negócios,<br />

que consiste na prestação de serviços<br />

customizados de alto valor agregado<br />

aos clientes, correspondeu, <strong>em</strong> 2009,<br />

a 51% do faturamento da companhia<br />

(incluindo serviços para clientes de<br />

diversos segmentos, como papel e<br />

celulose, sucroalcooleiro, mineração,<br />

siderurgia, químico e petroquímico,<br />

alimentício e automotivo).<br />

“Vistos de maneira isolada, os serviços<br />

para a indústria automotiva corresponderam,<br />

<strong>em</strong> 2009, a 12,8% da receita<br />

bruta de prestação de serviços da<br />

companhia”, diz a diretora comercial.<br />

“Devido ao potencial de mercado<br />

para a terceirização dos serviços logísticos<br />

nos diversos segmentos da<br />

economia e considerando a posição<br />

estratégica e o portfólio de serviços da<br />

Julio Simões, é possível dizer que as<br />

perspectivas para este ano e para os<br />

próximos são positivas no setor automotivo”.<br />

Irecê Andrade l<strong>em</strong>bra que a<br />

conjuntura joga a favor.<br />

“À medida que os diversos setores<br />

estão aquecidos, as <strong>em</strong>presas tend<strong>em</strong><br />

a focar, cada vez mais, no seu core<br />

business, terceirizando para operadores<br />

especializados. Para se ter uma noção<br />

dessa oportunidade de mercado,<br />

atualmente, cerca de 70% das <strong>em</strong>presas<br />

ainda não realizam a gestão integrada<br />

de sua logística.” (AF)<br />

IRECÊ ANDRADE, da Julio Simões,<br />

no pelotão de frente da logística


LOGÍSTICA | FIAT AUTOMÓVEIS<br />

“É LAMENTÁVEL DEPENDER<br />

SÓ DAS RODOVIAS”<br />

GERENTE GERAL DE<br />

LOGÍSTICA DA FIAT,<br />

MAURICÉLIO FARIA<br />

É TAXATIVO: “NÃO<br />

CONSEGUIMOS<br />

USAR NENHUM<br />

OUTRO MODAL<br />

DE TRANSPORTE.<br />

OU NÃO HÁ<br />

DISPONIBILIDADE,<br />

OU CUSTA MAIS OU<br />

TEMOS UM TRANSIT<br />

TIME MAIOR”<br />

80BUSINESS<br />

Economista pós-graduado <strong>em</strong> desenvolvimento gerencial pela PUC de<br />

Minas Gerais e com MBA <strong>em</strong> gestão <strong>em</strong>presarial pela Fundação Getúlio<br />

Vargas, Mauricélio Gomes Faria, gerente geral de logística da Fiat para a<br />

América Latina, completará 20 anos de casa <strong>em</strong> 2011. Nesse largo t<strong>em</strong>po acumulou<br />

bagag<strong>em</strong> nas áreas de compras de materiais indiretos, desenvolvimento<br />

de novos produtos e compras de materiais diretos. Foi ainda diretor de compras<br />

no transcurso da joint venture GM-Fiat World Wide Purchasing. Antes de ingressar<br />

na Fiat Automóveis trabalhou durante 13 anos na Açominas, nas áreas de<br />

compras, contratos e transportes.<br />

Com esse currículo, Mauricélio Faria, comanda a logística de uma das fábricas<br />

mais eficientes do mundo, <strong>em</strong> Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte,<br />

responsável pela produção diária de 3 mil carros e comerciais leves. Para<br />

sustentar a produção e garantir a liderança da marca no mercado brasileiro de<br />

carros e comerciais leves, a Fiat superou muitas barreiras, entre elas a distância<br />

dos centros fornecedores de peças e componentes.<br />

Nesse contexto, equacionar a logística t<strong>em</strong> sido fundamental para a fábrica<br />

mineira que todo santo dia de operação recepciona, entre idas e vindas, 600 cegonheiras,<br />

3.600 caminhões contendo suprimentos e 1.600 viagens de ônibus<br />

contratados para o transporte de metalúrgicos.<br />

Se do portão para dentro a Fiat quebrou paradigmas e colocou Minas Gerais<br />

no mapa como segundo polo automotivo do País, do portão para a rua as dificuldades<br />

são imensamente conhecidas. “Sofr<strong>em</strong>os d<strong>em</strong>ais com a deficiência<br />

logística, falta de estradas, burocracia alfandegária, entre outros velhos probl<strong>em</strong>as<br />

estruturais brasileiros”, diz Mauricélio Faria, que deu a seguinte entrevista:


Quais os prós e contras logísticos<br />

contabilizados por uma montadora<br />

localizada fora do tradicional polo<br />

fornecedor?<br />

MAURICÉLIO FARIA - As vantagens<br />

estão nas oportunidades <strong>em</strong> desenvolver<br />

fornecedores que atendam a<br />

necessidade específica da planta. A<br />

desvantag<strong>em</strong> maior é justamente o<br />

custo logístico até que este parque<br />

seja desenvolvido.<br />

E como a Fiat (na área logística) transformou<br />

eventuais contras <strong>em</strong> prós?<br />

Foi com o projeto chamado de ‘mineirização’.<br />

Consistiu resumidamente<br />

<strong>em</strong> transferir para perto da Fiat os<br />

principais fornecedores.<br />

Conte sobre a ‘mineirização’ na área<br />

da logística e seus passos.<br />

Não há segredo, mas sim muita dedicação<br />

e convencimento aos fornecedores<br />

que a Fiat era uma aposta<br />

certa para o futuro. No sist<strong>em</strong>a de<br />

montag<strong>em</strong> de veículos há vários modelos<br />

- a) sist<strong>em</strong>a tradicional <strong>em</strong> que<br />

a fábrica está isolada fisicamente da<br />

cadeia de fornecedores; b) sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>em</strong> que a montadora t<strong>em</strong> fornecedores<br />

como vizinhos, mas fora do<br />

site; c) sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> que a montadora<br />

t<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>istas dentro do seu site;<br />

d) modelo <strong>em</strong> que a montadora t<strong>em</strong><br />

sist<strong>em</strong>istas participando ativamente<br />

da montag<strong>em</strong>.<br />

A Fiat está enquadrada <strong>em</strong> qual<br />

modelo?<br />

Nosso modelo é um misto de tudo<br />

que se vê hoje <strong>em</strong> dia e procuramos<br />

s<strong>em</strong>pre a melhor solução levando<br />

<strong>em</strong> conta o tipo da peça, o tamanho,<br />

onde é montada e sua complexidade.<br />

T<strong>em</strong>os fornecedores dentro da<br />

planta, t<strong>em</strong>os fora da fábrica e também<br />

ao lado da Fiat, preparando e<br />

ou sequenciando as peças. Só não<br />

t<strong>em</strong>os sist<strong>em</strong>istas chegando à linha<br />

de montag<strong>em</strong>.<br />

Qual é a matriz de transporte da Fiat?<br />

Nossa matriz é 100% rodoviária seja<br />

no inbound ou outbound. Não há no<br />

Brasil qualquer possibilidade de se fazer<br />

o transporte de autopeças e carros<br />

por via ferroviária ou cabotag<strong>em</strong>. Não<br />

há investimentos n<strong>em</strong> do governo e<br />

n<strong>em</strong> dos que detêm as concessões<br />

das ferrovias.<br />

Você costuma dizer que o Brasil não<br />

pode se dar ao luxo de desperdiçar<br />

a cabotag<strong>em</strong>. A Fiat ao menos t<strong>em</strong><br />

procurado recorrer a outros modais<br />

além do rodoviário?<br />

É lamentável esta verdade, mas não<br />

conseguimos usar nenhum outro<br />

modal. Ou não há disponibilidade, ou<br />

custa mais que o rodoviário, ou t<strong>em</strong>os<br />

um transit time maior.<br />

Você disse que sofr<strong>em</strong>os d<strong>em</strong>ais<br />

com a deficiência logística, falta de<br />

estradas, burocracia alfandegária,<br />

entre outros velhos probl<strong>em</strong>as estruturais<br />

brasileiros. Por conta disso, os<br />

fretes são caros. Aeroportos e portos<br />

ineficientes dificultam nossa competitividade”.<br />

O que a Fiat t<strong>em</strong> feito para<br />

atenuar tais desequilíbrios?<br />

Procuramos melhorar o que t<strong>em</strong>os<br />

de disponível. Antecipamos importações,<br />

mant<strong>em</strong>os mais estoque viajando<br />

e <strong>em</strong> casa, trabalhamos com<br />

vários portos e aeroportos. Além, é<br />

claro, de termos muita flexibilidade na<br />

produção e na logística.<br />

Toda vez que o Brasil cresce o probl<strong>em</strong>a<br />

logístico aparece. Você e outros<br />

especialistas preve<strong>em</strong> que o<br />

Brasil está diante de iminente apagão<br />

logístico. Analise esta questão<br />

e diga especialmente como a Fiat<br />

lida com este permanente incômodo.<br />

Há antídotos para apagões que<br />

não sejam investimentos consistentes<br />

e continuados <strong>em</strong> infraestrutura?<br />

O primeiro antídoto s<strong>em</strong> dúvida seria<br />

triplicar os investimentos <strong>em</strong> infraestrutura,<br />

desburocratizar a máquina<br />

governamental e exigências fiscais,<br />

seja no âmbito federal quanto estadual.<br />

Quanto ao setor privado buscam-<br />

-se constant<strong>em</strong>ente fornecimentos<br />

alternativos, novas operações descentralizadas,<br />

mais estoques de segurança<br />

e muita flexibilidade. Evident<strong>em</strong>ente<br />

que isso tudo atrai mais custos e<br />

menos competitividade frente ao concorrente<br />

estrangeiro.<br />

Na distribuição de carros, o caminhão<br />

domina. Não há um acordo<br />

para o uso de outros modais?<br />

Não t<strong>em</strong>os conhecimento de nenhum<br />

tipo de acordo e acreditamos que se<br />

há alguma alternativa de transporte<br />

que seja mais eficiente (custo, t<strong>em</strong>po<br />

e qualidade) que o rodoviário pod<strong>em</strong>os<br />

experimentá-lo imediatamente.<br />

Se utilizamos hoje 100% o modal rodoviário<br />

é por falta de infraestrutura<br />

de outros meios. (AF) <br />

PÁTIO da Fiat junto à<br />

fábrica de Betim, <strong>em</strong><br />

Minas Gerais


DISTRIBUIÇÃO | CARLOS CAMPOS<br />

A REDE DE<br />

CONCESSIONÁRIAS<br />

FOI CONCEBIDA<br />

PARA ATENDER<br />

2 MILHÕES DE<br />

VEÍCULOS ANO,<br />

MAS O MERCADO<br />

VAI DOBRAR.<br />

PLANEJAR O QUE<br />

FAZER COM OS<br />

PONTOS ATUAIS<br />

É TÃO CRUCIAL<br />

QUANTO DEFINIR<br />

OS NOVOS.<br />

COMO PROCEDER?<br />

CARLOS CAMPOS<br />

Sócio-fundador da Prime<br />

Action. Administrador<br />

de <strong>em</strong>presas, mestre <strong>em</strong><br />

administração pela FGV-SP.<br />

Fez cursos de especialização<br />

de Desenvolvimento<br />

Organizacional pela<br />

Universidade da Califórnia,<br />

Riverside, de Estratégia de<br />

Serviço e Liderança de Serviços<br />

Profissionais pela Harvard<br />

<strong>Business</strong> School e IESE Navarra,<br />

e Advanced Leadership Program<br />

pela Carlson Manag<strong>em</strong>ent<br />

School de Minneapolis.<br />

82BUSINESS<br />

Saber que o mercado<br />

automotivo está<br />

crescendo e avançará<br />

ainda mais nos próximos<br />

anos não é novidade para<br />

ninguém. É fácil ver que<br />

todas as marcas, s<strong>em</strong><br />

exceção, estão apostando<br />

e investindo no mercado<br />

brasileiro como nunca o<br />

fizeram. Notícias de novos<br />

produtos, expansões de<br />

linha e construção de<br />

novas fábricas chegam a<br />

ser lugar-comum na mídia<br />

atualmente.<br />

Os planos de expansão,<br />

o desenvolvimento de<br />

novos produtos, a abertura<br />

de novas fábricas e de<br />

novos concessionários,<br />

hoje <strong>em</strong> dia, são t<strong>em</strong>as de<br />

alta prioridade na agenda<br />

dos executivos. A expansão<br />

da rede é vista como<br />

estratégia necessária para<br />

dar vazão ao aumento<br />

de volume e assegurar<br />

as metas de participação<br />

de mercado da <strong>em</strong>presa.<br />

Portanto, aumentar o<br />

número de pontos e a<br />

cobertura de mercado<br />

<strong>em</strong> áreas não atendidas<br />

torna-se a principal ação<br />

PLANEJAR<br />

CAPACIDADE<br />

DE SERVIÇOS,<br />

DESAFIO MORTAL<br />

estratégica na distribuição<br />

automotiva nos próximos<br />

anos. Assim, estudos<br />

de dimensionamento e<br />

localização de rede estão<br />

<strong>em</strong> alta.<br />

O que é critico, para<br />

não dizer mortal, e que<br />

não é tão priorizado<br />

atualmente <strong>em</strong> algumas<br />

marcas, é o planejamento<br />

da capacidade da<br />

rede <strong>em</strong> servir este<br />

mercado. Aumentar o<br />

número de pontos com<br />

concessionários maiores é<br />

apenas parte do probl<strong>em</strong>a.<br />

Engana-se profundamente<br />

o executivo que acredita<br />

que abrir novos pontos de<br />

serviço será o suficiente<br />

para atender b<strong>em</strong> seus<br />

clientes no futuro.<br />

Planejar o que fazer com<br />

os pontos atuais é tão<br />

monstruosamente crucial<br />

quanto definir o aumento<br />

do número de novos<br />

pontos.<br />

A rede de<br />

concessionários atual<br />

foi construída para um<br />

mercado <strong>em</strong> torno de<br />

dois milhões de veículos.<br />

Projeta-se que o mercado<br />

brasileiro atingirá quatro<br />

milhões de veículos <strong>em</strong><br />

três ou quatro anos. Isto<br />

quer dizer que muitos<br />

concessionários já estão<br />

no limite da capacidade<br />

física de atendimento e<br />

ainda terão um incr<strong>em</strong>ento<br />

de vendas e de passagens<br />

na oficina na ord<strong>em</strong> de<br />

30%, caso acompanh<strong>em</strong> o<br />

crescimento do mercado.<br />

Quais são os<br />

concessionários existentes<br />

que, com a infraestrutura<br />

atual, conseguirão<br />

aumentar a capacidade<br />

de atendimento de forma<br />

condizente com as metas<br />

de crescimento de vendas<br />

da <strong>em</strong>presa? Precisarão<br />

investir <strong>em</strong> mais espaço?<br />

Ter mais baias e elevadores?<br />

Qual o espaço para crescer<br />

<strong>em</strong> termos de produtividade<br />

de serviços? Já estão<br />

b<strong>em</strong> otimizados e o único<br />

movimento possível é a<br />

expansão de ponto? Qual<br />

o investimento necessário<br />

para cada concessionário?<br />

Haverá retorno? E a<br />

localização do ponto será<br />

tão boa quanto a atual?<br />

Achar um bom ponto, e


que seja financeiramente<br />

viável, nas grandes capitais<br />

é encontrar uma agulha<br />

num palheiro.<br />

Posso contar nos dedos<br />

de uma única mão os<br />

fabricantes que estão<br />

trabalhando seriamente<br />

<strong>em</strong> responder a estas<br />

perguntas. O pior é que as<br />

prováveis consequências<br />

de um mau planejamento<br />

de capacidade de serviço<br />

são oceânicas. Não<br />

atender b<strong>em</strong> os clientes<br />

pode ser tão ruim quanto<br />

sair desvairadamente<br />

aumentando o número<br />

de oficinas e pontos de<br />

atendimento. Elevar a<br />

capacidade onde ainda há<br />

espaço para aumento de<br />

produtividade é colocar a<br />

saúde financeira da rede<br />

<strong>em</strong> uma roleta russa.<br />

Histórias como esta muitas<br />

fábricas já conhec<strong>em</strong>,<br />

porém ações reais de<br />

planejamento ainda são<br />

epidérmicas.<br />

Para ir fundo nesta<br />

questão é necessário um<br />

trabalho conjunto entre<br />

Vendas e Pós-vendas. Ou<br />

seja, planejar e desenhar a<br />

PRINCIPAIS INDICADORES NO PLANEJAMENTO<br />

DA CAPACIDADE EM SERVIÇOS<br />

Relação passagens/vendas de novos<br />

Market share de serviços<br />

Passagens/box<br />

Passag<strong>em</strong>/produtivo<br />

Passag<strong>em</strong>/consultor<br />

% certo da primeira vez<br />

Horas vendidas/horas disponíveis<br />

Horas vendidas/horas trabalhadas<br />

% de entrega no dia<br />

% de atraso na entrega<br />

Nº de dias entre agendamento e atendimento<br />

rede vendo as implicações<br />

de todos os negócios que<br />

a compõ<strong>em</strong>, uma vez que<br />

medidas de adequação<br />

<strong>em</strong> vendas (ex<strong>em</strong>plo:<br />

aumento do showroom<br />

para acomodar novas<br />

linhas de produto) somadas<br />

a um aumento de recepção<br />

e elevadores de oficina e/<br />

ou de pátio para usados<br />

pod<strong>em</strong>, <strong>em</strong> conjunto,<br />

justificar a busca por um<br />

novo ponto. Está certo...<br />

Unir Vendas e Pós-vendas<br />

não é tão difícil como<br />

transpor a muralha da<br />

China, mas muitos hão de<br />

concordar que ainda há<br />

um enorme espaço para<br />

melhoria na relação entre<br />

estas duas áreas.<br />

Outro obstáculo, no<br />

que tange a oficina, são as<br />

métricas de produtividade<br />

e capacidade de serviços.<br />

Em algumas marcas,<br />

a qualidade destas<br />

informações e de seu<br />

processo de análise e<br />

monitoramento é préescolar.<br />

Os consultores<br />

regionais, focados <strong>em</strong><br />

reclamações de serviços<br />

ou <strong>em</strong> venda de peças<br />

não desenvolv<strong>em</strong> planos<br />

e conversas estratégicas<br />

com seus concessionários<br />

com vistas a analisar e<br />

planejar este crescimento.<br />

Falta de prioridade e<br />

de alinhamento do<br />

plano da <strong>em</strong>presa, falta<br />

de conhecimento <strong>em</strong><br />

análises de crescimento<br />

e dimensionamento de<br />

capacidade de serviços e<br />

ausência de informações<br />

e ferramentas de análise<br />

são as principais causas<br />

do não planejamento do<br />

crescimento <strong>em</strong> serviços.<br />

Com isso, aqueles<br />

mais capitalizados e<br />

afoitos sa<strong>em</strong> à busca de<br />

um ponto maior s<strong>em</strong><br />

considerar um adequado<br />

dimensionamento de sua<br />

capacidade. Invest<strong>em</strong> s<strong>em</strong><br />

calcular corretamente a<br />

provável taxa de retorno<br />

que terão. Outros, menos<br />

afortunados, acomodados<br />

ou s<strong>em</strong> planejamento<br />

estratégico, esperam<br />

sentados as diretrizes da<br />

fábrica, até “a água bater”.<br />

Planejar o aumento da<br />

capacidade <strong>em</strong> serviços<br />

requer a compreensão<br />

das metas futuras de<br />

volume de serviços à luz da<br />

condição atual. D<strong>em</strong>anda<br />

conhecer o quanto se<br />

pode ainda crescer <strong>em</strong><br />

atendimento pelo aumento<br />

de produtividade ou por<br />

pequenos ajustes na<br />

oficina dentro do ponto<br />

e infraestrutura atual.<br />

Requer rever as métricas<br />

de infraestrutura <strong>em</strong> todos<br />

os aspectos, e obviamente,<br />

não esquecer que serviços<br />

não andam sozinhos.<br />

Planos de crescimento<br />

<strong>em</strong> vendas varejo, vendas<br />

diretas, peças, usados,<br />

etc., também precisam ser<br />

considerados.<br />

Em um mercado de<br />

baixas margens, onde<br />

ganhar 3 ou 4% já é<br />

motivo de com<strong>em</strong>oração,<br />

maximizar o retorno<br />

sobre investimento é<br />

crucial para ter uma<br />

rede financeiramente<br />

sustentável. Uma rede<br />

descapitalizada ou<br />

subdimensionada é<br />

igualmente entrave para o<br />

sucesso e retorno de todas<br />

as expansões planejadas<br />

para os próximos anos.


PESQUISA | J.D. POWER<br />

NOS ESTADOS<br />

UNIDOS OS<br />

PROPRIETÁRIOS<br />

RELATAM<br />

PROBLEMAS<br />

COM FUNÇÕES<br />

INTERNAS E<br />

QUALIDADE.<br />

NA ALEMANHA,<br />

CONCENTRAM-SE<br />

MAIS NOS<br />

ASPECTOS<br />

MECÂNICOS<br />

*JON SEDERSTROM<br />

é diretor da J.D. Power and<br />

Associates no Brasil<br />

84BUSINESS<br />

Para a maioria dos<br />

consumidores,<br />

independente do<br />

país <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>,<br />

comprar um carro novo é<br />

compromisso financeiro<br />

significativo. Isso inclui<br />

o preço de compra, o<br />

custo da manutenção<br />

rotineira e do combustível,<br />

a despesa <strong>em</strong> potencial<br />

de reparos inesperados.<br />

Como resultado disso,<br />

os consumidores tomam<br />

muito cuidado ao escolher<br />

o veículo certo.<br />

Como pod<strong>em</strong>os definir<br />

o veículo certo para um<br />

consumidor <strong>em</strong> particular?<br />

A resposta depende de<br />

uma grande variedade<br />

de fatores, como a renda<br />

familiar, o tamanho da<br />

família, frequência de uso,<br />

as distâncias percorridas<br />

regularmente e as<br />

condições das estradas.<br />

Independente dos<br />

critérios adotados<br />

pelos consumidores, a<br />

escolha de um veículo e<br />

a avaliação subsequente<br />

feita pelo proprietário<br />

envolv<strong>em</strong> duas medidas<br />

amplas:<br />

QUALIDADE:<br />

A VOZ DO<br />

CLIENTE<br />

JON SEDERSTROM*<br />

<br />

A prova mais clara<br />

refere-se aos probl<strong>em</strong>as<br />

encontrados (ou não) no<br />

veículo.<br />

<br />

veículo e seus recursos<br />

e equipamento atend<strong>em</strong><br />

as expectativas de seus<br />

proprietários.<br />

QUALIDADE<br />

DO VEÍCULO<br />

Todo ano a J.D. Power<br />

and Associates consulta<br />

milhares de novos<br />

compradores de veículos<br />

sobre suas experiências<br />

como proprietários. Com<br />

base nas respostas <strong>em</strong><br />

relação a probl<strong>em</strong>as<br />

específicos detectados,<br />

é calculada a gravidade<br />

relativa do probl<strong>em</strong>a para<br />

determinar o impacto<br />

de um dado caso na<br />

fidelidade do consumidor.<br />

A <strong>em</strong>presa compartilha<br />

essas informações com<br />

os fabricantes de veículos<br />

para ajudar a priorizar as<br />

mudanças que precisam<br />

ser feitas nos vários<br />

modelos fabricados e<br />

comercializados.<br />

As pesquisas da J.D.<br />

Power apontam três<br />

categorias primárias de<br />

probl<strong>em</strong>as importantes<br />

globalmente: motor/<br />

transmissão, exterior e<br />

experiência de direção.<br />

Essas categorias não<br />

são completamente<br />

inesperadas. Os<br />

proprietários no mundo<br />

todo esperam que seu<br />

veículo novo tenha uma<br />

boa aparência e um bom<br />

des<strong>em</strong>penho com relação<br />

às funções operacionais<br />

mais básicas.<br />

Olhando para os dados<br />

mais de perto, porém,<br />

identificamos diferenças<br />

entre os países. Com<br />

base nas pesquisas mais<br />

recentes da <strong>em</strong>presa<br />

os seguintes probl<strong>em</strong>as<br />

têm o maior impacto na<br />

satisfação do cliente <strong>em</strong><br />

três mercados chave no<br />

mundo (página 86).<br />

Os probl<strong>em</strong>as estão<br />

listados <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> de<br />

gravidade para cada<br />

mercado. A gravidade do<br />

probl<strong>em</strong>a é função da<br />

incidência e impacto na<br />

qualidade geral percebida


pelo proprietário. Os<br />

resultados da pesquisa<br />

global foram ajustados<br />

para representar o mix de<br />

veículos e a metodologia<br />

de pesquisa.<br />

VISÕES DIFERENTES<br />

Os dados de qualidade da<br />

J.D. Power ilustram dois<br />

pontos importantes. Em<br />

primeiro lugar, n<strong>em</strong> todos<br />

os proprietários são iguais.<br />

Nos Estados Unidos eles<br />

relatam probl<strong>em</strong>as com<br />

as funções internas e<br />

questões de qualidade<br />

dos seus novos veículos<br />

com maior frequência. Na<br />

Al<strong>em</strong>anha, concentramse<br />

mais nos aspectos<br />

mecânicos.<br />

Em segundo lugar,<br />

como muitos dos<br />

veículos produzidos <strong>em</strong><br />

uma única planta são<br />

vendidos para países ao<br />

redor do mundo, essas<br />

constatações confirmam<br />

que a psicologia do<br />

consumidor des<strong>em</strong>penha<br />

um papel importante na<br />

qualidade percebida. Em<br />

alguns mercados maduros<br />

o número de probl<strong>em</strong>as<br />

relatado<br />

é bastante alto. Isso<br />

talvez não indique que<br />

a qualidade do veículo<br />

<strong>em</strong> si seja pior; poderia<br />

meramente refletir o fato<br />

dos proprietários nesses<br />

mercados ser<strong>em</strong> mais<br />

sensíveis aos probl<strong>em</strong>as.<br />

ATENDENDO<br />

EXPECTATIVAS<br />

A J.D. Power também<br />

pede aos proprietários<br />

para avaliar<strong>em</strong> o design<br />

e funcionalidade de seu<br />

novo veículo, definidos<br />

alternativamente como sua<br />

atração ou as preferências<br />

do dono.<br />

Assim como no caso<br />

da medida de probl<strong>em</strong>as,<br />

é dada muita atenção<br />

à importância relativa<br />

de cada el<strong>em</strong>ento de<br />

LUIS PRADO


PESQUISA | J.D. POWER<br />

atração do veículo, para<br />

ajudar os fabricantes de<br />

automóveis a entender<strong>em</strong><br />

melhor o que realmente<br />

orienta o entusiasmo dos<br />

proprietários – ou a falta<br />

deste – <strong>em</strong> relação ao seu<br />

novo veículo.<br />

A tabela da página 87<br />

mostra os seis recursos<br />

de veículos de maior<br />

impacto nos mesmos três<br />

mercados chaves.<br />

Os recursos estão<br />

listados <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> de<br />

importância para cada<br />

mercado. A importância<br />

é função do impacto do<br />

recurso na satisfação geral.<br />

Os resultados globais da<br />

pesquisa foram ajustados<br />

para representar o mix de<br />

veículos e a metodologia<br />

de pesquisa.<br />

Uma s<strong>em</strong>elhança notável<br />

nos três mercados é o valor<br />

de eficiência de combustível<br />

(expressa como consumo<br />

de combustível ou como a<br />

variação entre as paradas<br />

para reabastecimento),<br />

que está <strong>em</strong> primeiro<br />

ou segundo lugar <strong>em</strong><br />

importância nos<br />

três mercados.<br />

86BUSINESS<br />

MAIORES PROBLEMAS POR MERCADO<br />

China<br />

1. Espaço para porta copo/encaixe ruim<br />

2. Material do assento danificado/sujo na entrega<br />

3. Controles de ajuste de assento reclinável difíceis de usar<br />

4. Portas deslizantes difíceis de abrir/fechar<br />

5. Ajuste de suporte lombar quebrado/não funciona<br />

6. Imperfeições na pintura<br />

Índia<br />

1. Relógio difícil de usar/<strong>em</strong> local ruim<br />

2. Bateria falhou<br />

3. Ajuste do assento para frente/para traz quebrado/não funciona<br />

4. Transmissão automática falha/muda irregularmente<br />

5. Teto solar ou lunar quebrado/não funciona<br />

6. Painéis da porta quebrados/danificados<br />

Estados Unidos<br />

1. Acionamento s<strong>em</strong> contato manual perde conexão<br />

2. Caixas de som vibram/chacoalham<br />

3. Tapetes não ficam no lugar<br />

4. Prateleira de cobertura de carga no porta-malas quebrada/danificada<br />

5. Controles do assento para frente/para traz difíceis de usar<br />

6. Cobertura do teto range/chacoalha<br />

O estilo e a aparência<br />

também possu<strong>em</strong> uma<br />

importância sist<strong>em</strong>ática<br />

nos três mercados,<br />

enquanto os orientadores<br />

de estilo são variados e<br />

regionais. Os proprietários<br />

de veículos na China dão<br />

maior importância ao<br />

des<strong>em</strong>penho do motor<br />

e da transmissão <strong>em</strong><br />

relação aos proprietários<br />

de veículos de outros<br />

mercados mais maduros.<br />

Embora existam<br />

s<strong>em</strong>elhanças entre os<br />

mercados <strong>em</strong> termos<br />

dos melhores recursos<br />

que os proprietários<br />

prefer<strong>em</strong> <strong>em</strong> seu veículo,<br />

exist<strong>em</strong> diferenças claras<br />

nos aspectos mais<br />

detalhados do veículo. Os<br />

proprietários nos Estados<br />

Unidos dão importância<br />

para a aparência das<br />

rodas, os aros da roda e os<br />

pneus. Outros ex<strong>em</strong>plos<br />

gerais de vários países<br />

inclu<strong>em</strong> o design e layout<br />

do painel de instrumentos<br />

e o cockpit, a coordenação<br />

das cores e materiais no<br />

interior do veículo, e o som<br />

das portas ao fechar.<br />

Os recursos listados<br />

provavelmente vão<br />

animar os consumidores<br />

que estão pensando <strong>em</strong><br />

comprar um veículo novo.<br />

Esses recursos muito<br />

provavelmente também<br />

serão influenciados<br />

pelo ambiente cultural<br />

– como, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

a idade média dos<br />

compradores num<br />

dado mercado e sua<br />

familiaridade com ser<strong>em</strong><br />

donos de um veículo<br />

novo. Na Índia, onde os<br />

compradores de veículos<br />

novos são mais jovens<br />

<strong>em</strong> comparação com os<br />

de outros mercados, os<br />

aspectos específicos do<br />

sist<strong>em</strong>a de som como a<br />

intensidade e claridade<br />

<strong>em</strong> volumes mais altos<br />

são extr<strong>em</strong>amente<br />

importantes.<br />

SATISFAÇÃO<br />

MELHORA<br />

Durante a década<br />

passada os fabricantes<br />

automotivos ao redor do


mundo investiram muitos<br />

bilhões de dólares para<br />

melhorar o design e a<br />

fabricação do veículo.<br />

Eles fizeram isso por um<br />

motivo simples: maior<br />

satisfação do cliente leva<br />

a um volume maior de<br />

vendas, b<strong>em</strong> como preços<br />

oferecidos ao consumidor<br />

mais altos e valores de<br />

revenda mais altos.<br />

Esse foco na melhoria<br />

da qualidade do veículo<br />

é evidente na pesquisa<br />

da J.D. Power. O número<br />

de probl<strong>em</strong>as médio<br />

relatado nos Estados<br />

Unidos t<strong>em</strong> diminuído<br />

significativamente desde<br />

2000. Essa melhoria<br />

t<strong>em</strong> sido coerente para<br />

todas as marcas<br />

de veículos.<br />

As avaliações de design<br />

do veículo e atração com<br />

relação ao des<strong>em</strong>penho<br />

têm melhorado numa<br />

velocidade mais lenta,<br />

porém estável.<br />

Em ambas as métricas<br />

as diferenças entre as<br />

marcas de des<strong>em</strong>penho<br />

maior e menor<br />

diminuíram.<br />

RECURSOS MAIS IMPORTANTES<br />

DE VEÍCULOS POR MERCADO<br />

China<br />

1. Economia de combustível<br />

2. Distância rodada entre paradas para reabastecimento<br />

3. Maciez do câmbio<br />

4. Aparência e estilo do perfil lateral<br />

5. Estilo da traseira do veículo<br />

6. Des<strong>em</strong>penho durante aceleração rápida<br />

Índia<br />

1. Economia de combustível<br />

2. Distância rodada entre paradas para reabastecimento<br />

3. Dar impressão de profundidade ou “surround”<br />

4. Uso de controles montados no volante<br />

5. Visibilidade para frente do assento do motorista<br />

6. Facilidade de ver/ler controles/mostradores<br />

Estados Unidos<br />

1. Economia de combustível<br />

2. Distância rodada entre paradas para reabastecimento<br />

3. Estilo da frente do veículo<br />

4. Aparência da pintura exterior<br />

5. Estilo da traseira do veículo<br />

6. Som das portas ao fechar<br />

RECURSOS E<br />

EQUIPAMENTOS<br />

A J.D. Power espera que<br />

a qualidade continue<br />

a melhorar, apesar<br />

do passo mais lento,<br />

e que os fabricantes<br />

continu<strong>em</strong> a ouvir seus<br />

clientes para fabricar<br />

veículos que funcionam<br />

melhor e atendam suas<br />

necessidades. Isso vai<br />

levar a uma convergência<br />

ainda maior na qualidade<br />

das marcas e a uma<br />

importância maior dada aos<br />

recursos e ao equipamento.<br />

Na medida <strong>em</strong> que a<br />

qualidade real melhora,<br />

os fabricantes vão<br />

precisar mudar parte do<br />

seu foco nos defeitos do<br />

veículo fabricados para<br />

os aspectos de design<br />

e entrega. Níveis mais<br />

altos de conteúdo e<br />

controles mais complexos<br />

pod<strong>em</strong> fazer com que os<br />

proprietários percebam um<br />

probl<strong>em</strong>a de qualidade,<br />

quando na verdade,<br />

apesar de funcionar b<strong>em</strong>,<br />

o recurso ou controle é<br />

difícil de usar ou não foi<br />

explicado adequadamente.<br />

Recursos difíceis de<br />

usar são um probl<strong>em</strong>a<br />

de design e dev<strong>em</strong><br />

ser analisados pelos<br />

fabricantes antes de iniciar<br />

a produção do veículo.<br />

A explicação e a<br />

d<strong>em</strong>onstração de<br />

recursos vão por<br />

necessidade se tornar<br />

uma parte mais<br />

formal do processo de<br />

entrega do veículo na<br />

concessionária, pois os<br />

proprietários de veículos<br />

não necessariamente<br />

diferenciam entre<br />

o fabricante e a<br />

concessionária.<br />

Em última análise,<br />

os consumidores vão<br />

continuar a tomar muito<br />

cuidado na compra de<br />

um veículo novo, focando<br />

na qualidade, além dos<br />

recursos e equipamentos.<br />

Para continuar<strong>em</strong><br />

competitivos os fabricantes<br />

vão ter que projetar e<br />

fabricar os modelos<br />

‘certos’ para atrair esses<br />

consumidores.


GUIA | FORNECEDORES<br />

EMPRESAS E EXECUTIVOS<br />

QUEM É QUEM NO SETOR AUTOMOTIVO NA ÁREA DE SERVIÇOS<br />

CERTIFICADORAS<br />

ABNT<br />

Av. Treze de Maio, 13, 27º e 28º,<br />

20031-901, Rio de Janeiro, RJ,<br />

tel. 21 3974-2300, www.abnt.org.br<br />

Diretor de Certificações: Antonio Carlos<br />

B. Oliveira<br />

ABRICEM<br />

Al. dos Guatás, 477, 04053-041,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5071-4433.<br />

www.abric<strong>em</strong>.com.br<br />

Presidente: Leonel Sant’Anna<br />

ABS<br />

R. Fidêncio Ramos, 100, 4º,<br />

04551-010, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3707-1055, www.abs-qe.com<br />

Gerente de Certificações:<br />

Fernando Pimenta<br />

BRTÜV<br />

Al. Madeira, 222, 3º, 06454-010,<br />

Barueri, SP, tel. 11 4689-9400.<br />

www.brtuv.com<br />

Gerente de Certificações: Antônio<br />

Carlos Machado<br />

BSI<br />

R. Gomes de Carvalho, 1.306, cjs. 111<br />

e 112, 04547-005, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 2148-9600.<br />

www.bsibrasil.com.br<br />

Presidente: Carlos Pitanga<br />

BVQI<br />

Av. do Café, 277, TB, 5º, 04311-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5070-9800.<br />

www.certification.bureauveritas.com.br<br />

Diretor Geral e Certificações: Luiz<br />

Roberto Duarte Pinho<br />

CCB<br />

R. Nª Sª do Carmo, 96, 13510-000,<br />

Santa Gertrudes, SP, tel. 19 3545-1614.<br />

www.ccb.org.br<br />

Diretora de Certificações: Lilian Lima Dias<br />

CESVI<br />

Av. Amador Aguiar, 700, 02998-020,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3948-4800.<br />

www.cesvibrasil.com.br<br />

Supervisor de Certificações: Paulo<br />

Roberto Weingartner<br />

88BUSINESS<br />

DNV<br />

Av. Alfredo Egídio de Souza Aranha,<br />

100, 3º, bl. D, 04726-170, São Paulo,<br />

SP, tel. 11 3305-3305.<br />

www.dnv.com.br<br />

Diretor Geral para América do Sul:<br />

Maurício Venturin<br />

DQS<br />

Av. Adolfo Pinheiro, 1.001, 3º, 04733-<br />

100, São Paulo, SP, tel. 11 5696-5920.<br />

www.dqs.com.br<br />

Gerente de Certificações e Qualidade:<br />

Roberto Melo<br />

FCAV – Sede<br />

Av. Paulista, 967, 5º, 01311-100,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3145-3700.<br />

www.vanzolini.org.br<br />

Presidente da Diretoria Executiva:<br />

Antonio R. Namur<br />

FCAV – Certificações<br />

R. Camburiú, 255, 05058-020,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3836-6566.<br />

www.vanzolini.org.br<br />

Diretor de Certificações: José Joaquim<br />

Ferreira<br />

GL Group<br />

Av. Pompéia, 2.425, 05023-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3862-4781.<br />

www.gl-group.com<br />

Diretor Geral e Responsável por<br />

Certificações: Reginaldo Maia<br />

INMETRO<br />

R. Santa Alexandrina, 416, 20261-232,<br />

Rio de Janeiro, RJ, tel. 21 2563-2800.<br />

www.inmetro.gov.br<br />

Diretor de Certificações e Qualidade:<br />

Alfredo O. Lobo<br />

IQA<br />

Al. dos Nhambiquaras, 1.509,<br />

04090-013, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5533-4545.<br />

www.iqa.org.br<br />

Gerente Técnico de Certificação de<br />

Produtos e Sist<strong>em</strong>as: Sérgio Hiroshi Kina<br />

Lloyd´s Register<br />

R. Helena, 235, 6º, 04552-050,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3523-3940.<br />

www.lrqa.com.br<br />

Diretor Geral: Luiz C. Bueno<br />

RINA<br />

Av. Jandira, 257, cjs. 9 e 10,<br />

04080-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5054-3332.<br />

www.rina.it<br />

Diretor Geral para o Brasil: Francisco<br />

Sedeno<br />

SGS do Brasil<br />

Av. das Nações Unidas, 11.633,<br />

São Paulo, SP, 04578-000<br />

tel. 11 3883-8800<br />

Diretora de Certificação: Rosimary<br />

Vianna<br />

SAS<br />

R. Rio Grande do Norte, 1.164, cj. 101,<br />

30130-131, Belo Horizonte, MG,<br />

tel. 31 3261-2450.<br />

www.sascertificadora.com.br<br />

Diretor de Certificações e Qualidade:<br />

Carlos Figueiredo<br />

Tecpar<br />

R. Prof. Algacyr Munhoz Mader, 3.775,<br />

81350-010, Curitiba, PR,<br />

tel. 41 3316-3000.<br />

www.tecpar.br<br />

Presidente: Luiz Fernando Ribas<br />

TUV<br />

Av. Paulista, 302, 4º, 01310-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3638-5700.<br />

www.tuvbrasil.com.br<br />

Presidente: Antônio Carlos Caio Silva<br />

UL<br />

R. Fidêncio Ramos, 195, 5º, 04551-010,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3049-8300.<br />

www.ul-brasil.com<br />

Gerente de Certificações e Qualidade:<br />

Adenauer Siqueira


CONSULTORIAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA<br />

ABI Consult<br />

R. Derval, 122, cj. 62, 04362-050,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5564-4995.<br />

www.abiconsult.com.br<br />

Diretor: Arnaldo Pellizzaro<br />

Sócio-Diretor: Leandro Pellizzaro<br />

Accenture<br />

R. Alexandre Dumas, 2.051, 04717-<br />

004, São Paulo, SP, tel. 11 5188-3000.<br />

www.accenture.com<br />

Presidente: Roger Ingold<br />

Altran<br />

Al. Rio Negro, 585, 4°, bl. C, Ed.<br />

D<strong>em</strong>ini, 06454-000, Barueri, SP,<br />

tel. 11 2175-9800, www.altran.com.br.<br />

Presidente: Anderson de N. M. Alves<br />

ATSG<br />

R. Vicente da Fontoura, 2.630, cj. 204,<br />

90640-002, Porto Alegre, RS,<br />

tel. 51 3333-4440.<br />

www.atsg.com.br<br />

Diretor Executivo: Rogério Campos<br />

A.T. Kearney<br />

R. Joaquim Floriano, 72, cj. 201,<br />

04534-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3040-6200.<br />

www.atkearney.com<br />

Presidente: Raul Aguirre<br />

Avalons Consulting<br />

R. Dr. Renato Paes de Barros, 696, cj.<br />

22, 04530-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3562-1003.<br />

www.avalons.com.br<br />

Dir. Geral e Projetos: João Paulo de Souza<br />

Bain & Company<br />

R. Olimpíadas, 205, 12º, 04551-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3707-1200.<br />

www.bain.com.br<br />

Contato de Negócios: Giovanni Fiorentino<br />

BDO Trevisan<br />

R. Bela Cintra, 934, 01415-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3138-5000.<br />

www.bdotrevisan.com.br<br />

CEO: Eduardo Augusto Rocha Pocetti<br />

Booz & Company<br />

Av. das Nações Unidas, 12.901, 18º,<br />

TN, 04578-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5501-6200.<br />

www.booz.com<br />

Presidente: Ivan de Souza<br />

Carcon <strong>Automotive</strong><br />

R. Formosa 79, cj. 21, 09626-060,<br />

S. B. do Campo, SP, tel. 11 2355-5873.<br />

www.carcon.com.br<br />

Diretor: Julian S<strong>em</strong>ple<br />

C<strong>em</strong>pre - Educação nos Negócios<br />

R. Plínio de Moraes, 58, 01252-030,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3873-1953.<br />

www.c<strong>em</strong>pre.org.br<br />

Sócio-Diretores: Silvio Bugelli e Roberto<br />

Tranjan<br />

CGE Consulting<br />

Al. dos Jurupis, 452, 2º, bl. A,<br />

04088-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5052-6681.<br />

www.cgeconsulting.com.br<br />

Diretores: Osvaldo Guedes,<br />

Eder Gomes e Ruy Cortez<br />

CSM<br />

Av. José de Souza Campos, 243, sl. 11,<br />

13025-320, Campinas, SP,<br />

tel. 19 3295-8740.<br />

www.csmauto.com<br />

Vice-Presidente: Paulo Cardamone<br />

Danton Velloso<br />

R. da Imperatriz, 42, 09779-280,<br />

S. B. do Campo, SP, tel. 11 4122-2446.<br />

www.dvca.com.br<br />

Sócio-Diretores: Danton Velloso,<br />

Reinaldo Geraldo, Delma Santina e<br />

Nirma Gaioto<br />

Edag<br />

Av. do Taboão, 1.195, 09655-000,<br />

S. B. do Campo, SP, tel. 11 4173-9600.<br />

www.edag.de<br />

Diretor: Martin Vollmer<br />

Gerente Comercial: Arnaldo Marques<br />

Efeso Consulting<br />

Av. São Gabriel, 201, cjs. 201 a 208,<br />

01435-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3704-7299, www.efeso.com.<br />

Presidente: Alberto Messano<br />

Egon Zehnder<br />

R. Hungria, 1240, 8º, 01455-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3039-0700.<br />

www.egonzehnder.com<br />

Diretores: Edílson Camara, Christian<br />

Spr<strong>em</strong>berg<br />

Engeval<br />

R. Jesuíno Arruda, 769, 13º, 14º,<br />

04532-082, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3079-6944, www.engeval.com.br<br />

Diretor Comercial: Frederico<br />

Vasconcellos<br />

COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA.<br />

Estrada de Santa Izabel, 3383 - KM 38,5<br />

Itaquaquecetuba - SP - CEP 08599-000 - BRASIL<br />

TEL.: +55-(0)11-4648-6222 FAX: +55-(0)11-4648-6737<br />

www.muratec.co.jp<br />

torno@muratec.com.br


GUIA | FORNECEDORES<br />

ALGUMAS EMPRESAS PREFERIRAM NÃO DIVULGAR SEUS DADOS. PARA CORREÇÕES OU ACRÉSCIMOS À LISTA<br />

ENVIE E-MAIL PARA CONTATO@AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR.<br />

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE EMPRESAS E EXECUTIVOS EM<br />

90BUSINESS<br />

GUIA | FORNECEDORES<br />

WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR


CONSULTORIAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA<br />

EPR Americas<br />

Al. dos Mognos, 1.341, 13341-044,<br />

Indaiatuba, São Paulo, tel. 19 3801-0312.<br />

www.epramericas.com.br<br />

Diretores Associados: Carlos Louzada e<br />

Marco Antonio do Nascimento<br />

Ernst & Young<br />

Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.830, TI,<br />

5º ao 8º, 04543-900, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 2573-3000, www.ey.com<br />

Sócio: Rene Eduardo Martinez<br />

Fesa<br />

Al. Santos, 1.800, 6º, 01418-200,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3365-3800.<br />

www.fesa.com.br<br />

Presidente: Alfredo Assumpção<br />

Fraga Marketing<br />

R. José da Silva Pinto, 555, 13033-650,<br />

Campinas, SP, tel. 19 3243-7420.<br />

www.fraga.com.br<br />

Diretor: Edgar Fraga Moreira Filho<br />

Go to Market<br />

Av. das Nações Unidas, 12.551, 9º,<br />

04578-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3443-7773, www.gotomarket.com.br.<br />

Sócio-Diretores: Maria Aida Alves<br />

Teixeira e Márcio Amaral Baptista<br />

Goldratt<br />

R. Carmo do Rio Verde, 241, cj. 73,<br />

04729-010, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5641-4237.<br />

www.goldrattassociados.com.br<br />

Diretor Geral: Celso Calia<br />

Gouvea de Souza & MD<br />

Av. Paulista, 171, 10º, 01311-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3405-6666.<br />

www.gsmd.com.br<br />

Diretor Geral: Marcos Gouveia<br />

Greenworks<br />

R. Emilio Marconato, 1.000, Cond.<br />

Industrial Brenha Fontoura, 13820-000,<br />

Jaguariúna, SP, tel. 19 8179-5990.<br />

www.greenworks.com.br<br />

powertrain@greenworks.com.br<br />

Diretores: Alfredo Cesar Nuti, Angelo<br />

Cesar Nuti, Fernando Fusco Rovai,<br />

Uilson Gonçalves Jr., Vinicio Franco e<br />

Valdir Staub<br />

Great Place to Work<br />

R. Ferreira de Araújo, 202, 5º, 05428-<br />

000, São Paulo, SP, tel. 11 3093-7777.<br />

www.greatplacetowork.com.br<br />

Sócio: José Tolovi Neto<br />

Sócio CEO Mundial: José Tolovi Jr.<br />

Grupo Ecosyst<strong>em</strong>s<br />

Av. Costabile Romano, 999,<br />

14096-380, Ribeirão Preto, SP,<br />

tel. 16 3624-2639.<br />

www.grupoecosyst<strong>em</strong>s.com.br<br />

Presidente: Ivo Antônio Cl<strong>em</strong>ente<br />

GSBB<br />

Av. José de Souza Campos, 1.815,<br />

sl.412, Campinas, SP, tel. 19 3794-4588.<br />

Diretor Geral: Nelson Carvalho Maestrelli<br />

HB.SIS<br />

R. Ângelo Dias, 220, 5º, 89010-020,<br />

Blumenau, SC, tel. 47 2123-5400.<br />

www.hbsis.com.br<br />

Presidente: João Luis Kornelly<br />

IBM<br />

R. Tutóia, 1.157, 04007-900,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 2132-5317.<br />

www.ibm.com.br<br />

Presidente para AL: Rogério Oliveira<br />

Kaiser Associates<br />

Al. Campinas, 579, 1º, 01404-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3266-7151.<br />

www.kaiserassociates.com<br />

Consultor: David Wong<br />

Lannes & Hoffmann<br />

Al. Rio Negro, 1.084, Mezanino 04 e<br />

06, 06454-000, Barueri, SP,<br />

tel. 11 4195-3001.<br />

www.lannes-hoffmann.com.br<br />

Sócio-Diretor: João José Lannes<br />

Lean Institute<br />

R. Brás Cubas, 187, 04109-040,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5571-6887.<br />

www.lean.org.br<br />

Diretor Executivo: Gilberto I. Kosaka<br />

Loss<br />

R. Marcelino Champagnata, 600,<br />

04114-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5579-6226.<br />

www.lossprevention.com.br<br />

Dir. Técnico Comercial: Walter Tonelotto Jr.<br />

LWT<br />

Av. Kennedy, 164, 4º, 09726-250,<br />

S. B. do Campo, SP, tel. 11 4125-5040.<br />

www.lwt.com.br<br />

Diretor: Thomas Wessely<br />

M&A<br />

R. Pequetita, 145, 7º, 04552-907,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3844-6060.<br />

www.mariaca.com.br<br />

Presidente: Marcelo C. Mariaca<br />

Megadealer<br />

Av. Major Sylvio de Magalhães, 5.200,<br />

sl. 806, 05693-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3759-1321.<br />

www.megadealer.com.br<br />

Presidente: Elton A. Nigri<br />

Moog<br />

R. Prof. Campos de Oliveira, 338,<br />

04675-100, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3572-0400, www.moog.com.<br />

Diretor: Mario Valdo<br />

Monitor<br />

Pç. João Duran Alonso, 34, 10º,<br />

04571-070, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5501-2300, www.monitor.com.<br />

Diretor Geral: Francisco Salazar<br />

Multicorpos<br />

R. Augusta, 1.598, cj. 41, 01304-001,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3459-7040.<br />

www.multicorpos.com.br<br />

Diretores Gerais: Robson Vial Galvão e<br />

Álvaro Costa Neto<br />

Netz Engenharia<br />

R. Caucaia, 16 A, 04147-100,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5587-1166.<br />

www.netz.com.br<br />

Diretor Geral: Luso M. Ventura<br />

NHT<br />

Av. Sen. Flaquer, 646, 09725-442,<br />

S. B. do Campo, SP, tel. 11 4125-2299.<br />

www.nht.com.br<br />

Diretor: Sadao Hayashi<br />

Ger. Adm. Financeiro: Andre Hayashi<br />

Prada Assessoria<br />

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.744, 1º, cj.<br />

11, 01451-910, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 2366-4468.<br />

Sócia-Diretora: Letícia Costa<br />

PricewaterhouseCoopers<br />

Av. Francisco Matarazzo, 1.400, 05001<br />

903, São Paulo, SP, tel. 11 3674-2000.<br />

www.pwc.com/br<br />

Presidente: Fernando Alves<br />

Prime Action<br />

R. Verbo Divino, 1.207, 3º, 04719-002,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3927-3100.<br />

www.primeaction.com<br />

Dir. de Projetos e Planej.: Arnaldo Brazil<br />

Promon<br />

Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1.830,<br />

1º, T2, 04543-900, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5213-4410, www.promon.com.br.<br />

Diretor Executivo: Rodrigo Parreira


GUIA | FORNECEDORES<br />

CONSULTORIAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA<br />

Rieger<br />

R. Hungria, 888, 8°, 01455-905,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3093-0433.<br />

www.manag<strong>em</strong>entengineers.com<br />

Sócio-Diretor: Alexandre Bueno Incerra<br />

Roland Berger<br />

Av. Pres. Juscelino Kubtischek, 510, 15º,<br />

04543-906, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3046-7111.<br />

www.rolandberger.com<br />

Diretor Geral: Rodrigo Dantas<br />

RS Grupo<br />

R. Perrella, 69, 09520-660,<br />

S. C. do Sul, SP, tel. 11 4227-5827.<br />

www.rsgrupo.com.br<br />

Presidente: Rogério de Siqueira<br />

Russell Reynolds<br />

Av. das Nações Unidas, 8.501, 11º,<br />

04578-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3566-2400.<br />

www.russellreynolds.com<br />

Diretora-Presidente: Fátima Zorzato<br />

Search Consultoria <strong>em</strong> RH<br />

R. Fidêncio Ramos,100, cj. 03,<br />

04551-010, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3881-6784, www.searchrh.com.br.<br />

Sócio-Diretores: Ilana Lissker, Luis<br />

Antonio Marcondes e Marcelo Braga<br />

Setec<br />

Av. Lavandisca, 741, 4º, 04515-011,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5051-3933.<br />

www.setecnet.com.br<br />

Presidente: Márcio Abraham<br />

S<strong>em</strong>con<br />

R. Aurora, 163, 09726-420, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 4121-6684, www.s<strong>em</strong>con.com.<br />

Diretor Geral: Renato Perrotta<br />

Simon Franco Recursos Humanos<br />

R. Gomes de Carvalho, 1.666, 6º,<br />

04547-006, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3897-0800, www.simonfranco.com.br.<br />

Presidente: Simon Franco<br />

Starhunter<br />

R. Comendador Araújo, 499, 10º,<br />

80730-350, Curitiba, PR,<br />

tel. 41 3336-8643.<br />

www.starhunter.com.br<br />

Presidente: Aristides Girardi<br />

92BUSINESS<br />

Steer<br />

R. Luigi Galvani, 146, 12º, 04575-020,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 2191-4664.<br />

www.steer.com.br<br />

Diretor: Ivan Witt<br />

Strong Security Brasil<br />

R. Rio Branco, 427, cj. 7.004, 09710-<br />

090, S. B. do Campo, SP,<br />

tel. 11 2897-1566.<br />

www.strongsecurity.com.br<br />

Diretor Geral: Dario Caraponale<br />

Sustera<br />

R. Helena, 335, 4º, 04552-000,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 3845-7733.<br />

www.sustera.com.br<br />

Sócios: Renato Garcia e Godofredo<br />

Carbinatto<br />

Synchro<br />

R. Samuel Morse, 74, 12º, 04576-060,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 2163-3056.<br />

www.synchro.com.br<br />

Diretor-Presidente: Ricardo Funari<br />

Sygma Motors<br />

Av. Cassiano Ricardo, 1.364,<br />

12240-540, S. J. dos Campos, SP,<br />

tel. 12 3878-5500.<br />

www.sygma.com.br<br />

Diretor Executivo: Marcos Lageani<br />

Taktica<br />

R. Guapuruvú, 180, cj. 7, 13098-322,<br />

Campinas, SP, tel. 19 3262-0011.<br />

www.taktica.com.br<br />

Diretor Geral: Paulo Correa Lima<br />

TBM<br />

Av. Mo<strong>em</strong>a, 170, cj. 45, 04077-020,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 5051-7490.<br />

www.tbmcg.com<br />

Diretor de Consultoria: Washington<br />

Kazuo Kusabara<br />

The Boston Consulting Group<br />

Av. Brig. Faria Lima, 3.064, 5º,<br />

01451-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3046-3533, www.bcg.com.<br />

Presidente: Marcos Aguiar<br />

Try<br />

Pç. Alpha Centauro, 54, cj. 3,<br />

06541-075, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 5573-8048.<br />

www.trytests.com.br<br />

Diretor Executivo: Fabio E. P. Braga<br />

The Gallup<br />

R. do Rócio, 220, 1º, cj. 11,<br />

04552-903, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3529-4700, www.gallup.com.br.<br />

Presidente: Brian Heap<br />

Value Partners<br />

R. Pe. João Manuel, 755, 1º,<br />

01411-001, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3068-0999.<br />

www.valuepartners.com<br />

Presidente: Alberto Antonioli<br />

VirtualCAE<br />

R. Tiradentes, 160, sl. 22, 09541-220,<br />

São Paulo, SP, tel. 11 4229-1349.<br />

www.virtualcae.com.br<br />

Diretor de Engenharia: Valmir<br />

Fleischmann<br />

Diretor Comercial: Leandro Garbin<br />

White Mountain<br />

Av. Brig. Faria Lima, 2.355, cj. 410,<br />

01452-000, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3037-7277.<br />

www.whit<strong>em</strong>ountain.com.br<br />

Diretor: Martin Mitteldorf<br />

Zilveti e Sanden<br />

Av. Paulista, 1.499, 20º,<br />

01311-928, São Paulo, SP,<br />

tel. 11 3254-5500.<br />

www.zilvetisanden.com.br<br />

Diretor: Fernando Aurelio Zilveti<br />

ZLU<br />

Al. dos Manacas, 11, sl. 4, 06453-036,<br />

Barueri, SP, tel. 11 4208-7723.<br />

www.zlu.com.br<br />

Diretor: Fábio Orsi Paias


TENDÊNCIAS | RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL<br />

SUSTENTABILIDADE S/A,<br />

A NOVA CARA<br />

DAS EMPRESAS<br />

OBRIGAÇÕES SOCIAIS E AMBIENTAIS<br />

MUDAM AS CORPORAÇÕES E JÁ SÃO PARTE<br />

DA ESTRATÉGIA DE GESTÃO<br />

Produzir, vender, lucrar – e ser sustentável. A primeira<br />

parte dessa equação já era de difícil resolução, mas<br />

a conta ficou ainda mais complexa nos últimos anos<br />

com a inclusão dos conceitos de sustentabilidade<br />

socioambiental. É o que o inglês John<br />

Elkington, festejado guru da responsabilidade<br />

social corporativa, convencionou<br />

chamar de “triple bottom line”, ou resultado<br />

triplo, composto de pessoas, planeta<br />

e lucro. Quer dizer que não basta mais<br />

só obter lucro. Será preciso ir além dele.<br />

Nenhuma organização no futuro poderá<br />

se sustentar só com números<br />

azuis no balanço, pois para chegar<br />

PEDRO KUTNEY<br />

a eles terão de mostrar também alguns dígitos pintados de<br />

verde – cor que representa a adoção de princípios sociais e<br />

ambientais à gestão. S<strong>em</strong> isso, os balanços poderão ficar<br />

vermelhos muito <strong>em</strong> breve.<br />

“O des<strong>em</strong>penho econômico é a primeira responsabilidade<br />

de uma <strong>em</strong>presa, s<strong>em</strong> a qual não se alcança a dimensão<br />

desejada como boa <strong>em</strong>pregadora, boa cidadã,<br />

boa vizinha. Mas é cada vez mais claro que a estratégia<br />

econômica deve contribuir para o desenvolvimento<br />

econômico e social s<strong>em</strong> exaurir os recursos para o<br />

futuro.” Assim Cledorvino Belini, presidente do<br />

Grupo Fiat na América Latina, resumiu a convivência<br />

do lucro com a sustentabilidade, <strong>em</strong><br />

editorial assinado por ele na revista “Mun-


TENDÊNCIAS | RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL<br />

do Fiat” de dez<strong>em</strong>bro de 2009.<br />

A consultoria AMCE Negócios Sustentáveis<br />

já prestou serviços a algumas<br />

das <strong>em</strong>presas mais evoluídas nesse<br />

campo no País, como Natura e Banco<br />

Real. Sérgio Esteves, sócio-diretor da<br />

AMCE, prevê que os conceitos de sustentabilidade<br />

vão mudar não só a vida<br />

das <strong>em</strong>presas, mas de todas as pessoas.<br />

“Não é algo privado, pertence a<br />

todos, porque afeta a todos”, diz. Ele<br />

avalia que as preocupações socioambientais<br />

vão se diss<strong>em</strong>inar no tecido<br />

social e <strong>em</strong>purrar as corporações a<br />

adotar políticas cada vez mais complexas.<br />

“Estamos vivendo o fim de um ciclo<br />

econômico tradicional e migrando<br />

para outro, de baixa <strong>em</strong>issão de carbono<br />

e rearranjo de recursos naturais.<br />

O probl<strong>em</strong>a é que muitas <strong>em</strong>presas<br />

quebram nesses períodos, porque são<br />

obrigadas a fazer o que nunca fizeram<br />

antes. Vão ter de reinventar processos<br />

e materiais. É um momento de crise e<br />

oportunidade”, analisa Esteves.<br />

Em seu livro “Do Global ao Local”,<br />

de 2005, o economista José Eli da Veiga<br />

afirma que a sustentabilidade socioambiental<br />

é “uma forte expressão<br />

utópica que veio para ficar”. Traduzindo:<br />

o que era utopia de ambientalistas<br />

e até de socialistas virou estratégia<br />

94BUSINESS<br />

A ESTRATÉGIA<br />

ECONÔMICA DEVE<br />

CONTRIBUIR PARA O<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

ECONÔMICO E<br />

SOCIAL SEM EXAURIR<br />

OS RECURSOS<br />

BELINI, presidente do Grupo Fiat<br />

na América Latina<br />

de gestão e sobrevivência, que busca<br />

conciliar eficiência econômica, equidade<br />

social e equilíbrio ecológico. “É<br />

um novo modelo de gestão, porque<br />

os métodos tradicionais não são suficientes<br />

para sobreviver na realidade<br />

atual”, diz João Gilberto Azevedo, gerente<br />

de comunicação e mobilização<br />

do Instituto Ethos.<br />

Pressões sociais por melhores condições<br />

de trabalho e renda, escassez<br />

de recursos naturais e degradação<br />

ambiental são fatores que obrigam as<br />

<strong>em</strong>presas a buscar a sustentabilidade<br />

EM ALGUNS CASOS,<br />

PARA TER ACESSO A<br />

LINHAS DE CRÉDITO<br />

AS EMPRESAS SÃO<br />

AVALIADAS PELO<br />

SEU GRAU DE<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

HEINERMANN, sócio da área de<br />

sustentabilidade da consultoria KPMG<br />

socioambiental como instrumento<br />

de sobrevivência. Por isso, segundo<br />

o Ethos, a responsabilidade socioambiental<br />

<strong>em</strong>presarial está se deslocando<br />

da periferia para o núcleo das<br />

estratégias corporativas. “A habilidade<br />

de se sustentar t<strong>em</strong> a ver com a habilidade<br />

de continuar a fazer negócios ao<br />

longo do t<strong>em</strong>po”, conceitua Ernesto<br />

Cavasin, sócio responsável pela área<br />

de sustentabilidade da consultoria PricewaterhouseCoopers<br />

(PwC). “O lucro<br />

v<strong>em</strong> com a otimização de pessoas<br />

e recursos. Por isso ser sustentável é<br />

fundamental para manter as fontes do<br />

lucro”, compl<strong>em</strong>enta.<br />

BENEFÍCIOS<br />

Mais do que um custo adicional às<br />

operações, adotar a sustentabilidade<br />

como guia de gestão também significa<br />

oportunidade de ganhos. Entre<br />

os principais estão: maior eficiência<br />

na utilização de recursos (com consequente<br />

redução de custos operacionais),<br />

necessidade de inovação constante<br />

(para fazer frente a exigências<br />

legais, sociais e de economia de recursos),<br />

planejamento e visão estratégica<br />

(tornando o futuro mais previsível<br />

e administrável), melhoria de imag<strong>em</strong><br />

(o que atrai clientes), aumento da pro-


dutividade (com maior engajamento<br />

dos <strong>em</strong>pregados, pela identificação<br />

com causas que afetam a vida de todos)<br />

e aproximação com os públicos<br />

da companhia (identificando melhor<br />

as tendências de consumo).<br />

E algumas corporações já descobriram<br />

esses benefícios, ainda que <strong>em</strong><br />

diferentes níveis. “Não dá para generalizar.<br />

A sustentabilidade não se transformou<br />

<strong>em</strong> valor para todas as companhias,<br />

mas já é um conceito que afeta<br />

a maioria das operações internas, nos<br />

processos produtivos, e das externas,<br />

nos produtos”, avalia Alexandre Heinermann,<br />

sócio da área de sustentabilidade<br />

da consultoria KPMG. Ele desta-<br />

ca que esses conceitos já alteraram até<br />

o custo do dinheiro: “Em alguns casos,<br />

para ter acesso a linhas de crédito as<br />

<strong>em</strong>presas são avaliadas pelo seu grau<br />

de sustentabilidade. Qu<strong>em</strong> é mais sustentável<br />

paga juro menor”.<br />

Muitos conceitos de sustentabilidade<br />

socioambiental já chegaram – e<br />

para ficar – a boa parte das <strong>em</strong>presas<br />

no Brasil e no exterior. “Contudo,<br />

esses conceitos ainda não causaram<br />

mudanças profundas de comportamento”,<br />

diz Azevedo, do Ethos. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, todos gostam da ideia de<br />

carros verdes, contudo, segundo<br />

pesquisas, poucos se preocupam<br />

<strong>em</strong> procurar por eles, e menos ainda<br />

DELPHI: ações de sustentabilidade<br />

extrapolam os limites das fábricas<br />

acreditam ser necessário pagar mais<br />

por tecnologias amigáveis ao meio<br />

ambiente. “Ver<strong>em</strong>os saltos expressivos<br />

nesse sentido nos próximos<br />

anos”, prevê Azevedo.<br />

NOVIDADE<br />

Os conceitos de sustentabilidade ainda<br />

são muito novos, por isso d<strong>em</strong>oram a<br />

ser absorvidos pelo tecido corporativo.<br />

“O grande desafio é começar a tratar<br />

a sustentabilidade de maneira sistêmica”,<br />

afirma Carlos Alberto Silva, gerente<br />

da área de sustentabilidade da KPMG.<br />

“As grandes corporações ainda tratam<br />

do t<strong>em</strong>a de maneira departamental,<br />

para atender legislações. Ainda não é


TENDÊNCIAS | RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL<br />

96BUSINESS<br />

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Mais eficiência na utilização<br />

de recursos<br />

Redução de custos<br />

operacionais<br />

Aumento da produtividade<br />

Inovação constante<br />

Planejamento e visão<br />

estratégica<br />

Ganho de imag<strong>em</strong><br />

Maior aproximação dos<br />

públicos da companhia<br />

(stakeholders)<br />

O LUCRO VEM COM<br />

A OTIMIZAÇÃO DOS<br />

RECURSOS. POR ISSO,<br />

SER SUSTENTÁVEL É<br />

FUNDAMENTAL PARA<br />

MANTER AS FONTES<br />

DO LUCRO<br />

CAVASIN, sócio responsável pela<br />

área de sustentabilidade da consultoria<br />

PricewaterhouseCoopers (PwC).<br />

um princípio transversal na gestão da<br />

companhia”, avalia.<br />

Cavasin, da PwC, compara a sustentabilidade<br />

com a tecnologia da<br />

informação: “Há cerca de 15 anos os<br />

computadores ficavam confinados na<br />

sala do CPD, onde poucos especialistas<br />

entravam. Hoje exist<strong>em</strong> computadores<br />

espalhados <strong>em</strong> quase todas as<br />

mesas da companhia, todos pensam<br />

<strong>em</strong> informática e acessam a internet.<br />

O mesmo acontecerá com a sustentabilidade.<br />

Ela fará parte da consciência<br />

de todos nos próximos anos”.


O CONCEITO É<br />

MUITO AMPLO,<br />

CAUSA DIFICULDADE<br />

DE INTERPRETAÇÃO<br />

E A FALTA DE<br />

CLAREZA DIFICULTA<br />

A APLICAÇÃO<br />

LETÍCIA , da Prada<br />

Assessoria Empresarial<br />

A consultora Letícia Costa, da Prada<br />

Assessoria Empresarial, avalia que<br />

as políticas de sustentabilidade são<br />

muito heterogêneas de <strong>em</strong>presa para<br />

<strong>em</strong>presa porque cada uma t<strong>em</strong> visões<br />

diferentes do que isso seja. “O conceito<br />

é muito amplo, causa dificuldade<br />

de interpretação e a falta de clareza<br />

dificulta a aplicação”, diz ela. Esteves,<br />

da consultoria AMCE, completa: “Cada<br />

um t<strong>em</strong> suas ideias sobre o t<strong>em</strong>a.<br />

São verdades portáteis”.<br />

Ainda que heterogêneos, é fato que<br />

os conceitos de sustentabilidade socioambiental<br />

estão se espalhando nas<br />

<strong>em</strong>presas, até porque muitas já aprenderam<br />

a ganhar com a ecoeficiência.<br />

“Redução de consumo ajuda a cortar<br />

custos, o que é obrigação de todo gestor”,<br />

destaca Letícia Costa. “A médio e<br />

longo prazo a gestão sustentável traz<br />

ganhos de economia e inovação, porque<br />

as restrições legais e ambientais<br />

obrigam a inovar, a adotar processos e<br />

materiais alternativos”, diz.<br />

APLICAÇÃO<br />

Usualmente, a sustentabilidade entra<br />

na vida das <strong>em</strong>presas pela porta da<br />

administração de riscos, para aten-


TENDÊNCIAS | RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL<br />

der a legislações ambientais e trabalhistas,<br />

e assim evitar passivos com<br />

multas e processos. Muito antes de<br />

se falar <strong>em</strong> sustentabilidade, a 3M,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, adotou <strong>em</strong> 1975 o programa<br />

3P: “Prevenção da Poluição se<br />

Paga”. Em uma leitura livre, pode-se<br />

dizer que deixar de poluir evita prejuízos.<br />

Mas também gera ganho. Desde<br />

a criação do 3P, segundo a 3M foram<br />

impl<strong>em</strong>entados 8,1 mil projetos que<br />

evitaram a <strong>em</strong>issão de 1,1 milhão de<br />

toneladas de poluentes. Ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po, a redução no consumo de re-<br />

ACERBI, gerente de saúde, segurança e<br />

meio ambiente da Delphi<br />

98BUSINESS<br />

CUMPRIR A LEI<br />

É OBRIGAÇÃO.<br />

É O QUE VAI<br />

ALÉM DELA QUE<br />

SE TRANSFORMA<br />

EM OPORTUNIDADE<br />

PARA A EMPRESA<br />

A 3M TRATA DO<br />

ASSUNTO COM<br />

SERIEDADE E<br />

TEM POLÍTICAS<br />

CONSISTENTES NA<br />

ÁREA AMBIENTAL<br />

E SOCIAL<br />

RIBEIRO, gerente de sustentabilidade e<br />

meio ambiente da 3M do Brasil<br />

cursos garantiu a economia de US$<br />

1,37 bilhão no mesmo período.<br />

“Atender à legislação não é mais do<br />

que obrigação. O que vai além da lei<br />

se transforma <strong>em</strong> oportunidade para<br />

a <strong>em</strong>presa”, diz Klaus Wagner Acerbi,<br />

gerente de segurança, saúde e meio<br />

ambiente da Delphi <strong>Automotive</strong> Syst<strong>em</strong>s.<br />

Como ex<strong>em</strong>plo disso, ele cita a<br />

diminuição de 40% no envio de resíduos<br />

da <strong>em</strong>presa para aterros, com<br />

benefícios ambientais e sociais: só na<br />

fábrica de chicotes elétricos de Espírito<br />

Santo do Pinhal (SP) 37 famílias se<br />

sustentam com a venda de 30 toneladas<br />

por mês de materiais recicláveis<br />

colhidos na unidade.<br />

“Sustentabilidade contamina como<br />

vírus”, afirma Acerbi. De fato, o<br />

caráter agregador e cooperativo das<br />

políticas corporativas de responsabilidade<br />

socioambiental t<strong>em</strong> o efeito<br />

de unir pessoas <strong>em</strong> prol de causas<br />

comuns, o que eleva a identificação<br />

dos <strong>em</strong>pregados com a <strong>em</strong>presa e<br />

aumenta sua produtividade. E essa<br />

“contaminação” muitas vezes atravessa<br />

os portões da <strong>em</strong>presa. Funcionários<br />

da Delphi no Brasil, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, desde 2003 já deram palestras<br />

sobre preservação ambiental<br />

para cerca de 15 mil crianças da rede<br />

pública de ensino nas cidades onde a<br />

<strong>em</strong>presa mantém unidades.<br />

A prática da responsabilidade <strong>em</strong>presarial<br />

socioambiental traz, ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po, benefícios interiores<br />

e exteriores. “Nossos funcionários d<strong>em</strong>onstram<br />

orgulho por fazer parte de<br />

uma <strong>em</strong>presa que se preocupa e investe<br />

<strong>em</strong> ações e programas <strong>em</strong> favor<br />

do meio ambiente. Muitos participam<br />

com ideias e projetos”, conta Ricardo<br />

Ribeiro, gerente de sustentabilidade e<br />

meio ambiente da 3M do Brasil. “E externamente,<br />

entre os nossos clientes,<br />

perceb<strong>em</strong>os posições favoráveis, pois<br />

sab<strong>em</strong> que a 3M trata do assunto com<br />

seriedade e t<strong>em</strong> políticas consistentes<br />

na área ambiental e social.”<br />

“A economia verde certamente significa<br />

uma grande oportunidade de<br />

prosperidade econômica, pois não<br />

há dúvidas que os produtos ambientalmente<br />

corretos serão muito mais<br />

valorizados pelo mercado, até mesmo<br />

pela maior restrição aos produtos nocivos<br />

ao ambiente”, afirma Windson Paz,<br />

diretor de qualidade da Fiat América<br />

Latina e responsável pelo Comitê de<br />

Desenvolvimento Sustentável da <strong>em</strong>presa.<br />

Nesse cenário, melhor aproveitar<br />

os benefícios dessa nova era – para<br />

não ter de pagar por seus prejuízos.


SETOR AUTOMOTIVO<br />

NA VITRINE DA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

PADRÕES ESTÃO CRESCENDO, MAS AS<br />

EMPRESAS FAZEM MENOS NO BRASIL DO<br />

QUE EM SEUS PAÍSES DE ORIGEM<br />

O<br />

setor automotivo entrou na<br />

vitrine da sustentabilidade,<br />

pois seus produtos estão<br />

diretamente ligados à queima de<br />

combustíveis fósseis e deixam grandes<br />

pegadas de carbono por onde<br />

passam, contribuindo para o processo<br />

de aquecimento global. A indústria<br />

automobilística mundial foi cobrada a<br />

prestar contas e apresentar alternativas<br />

de mobilidade mais sustentáveis<br />

e amigáveis ao meio ambiente. Seja<br />

por força de legislações cada vez mais<br />

apertadas, ou da conscientização cada<br />

vez maior da sociedade, o fato é<br />

que a sustentabilidade socioambiental<br />

virou condição de sobrevivência para<br />

todo o segmento econômico.<br />

As multinacionais do setor automotivo<br />

costumam seguir <strong>em</strong> boa medida<br />

políticas globais de sustentabilidade.<br />

Mas também faz<strong>em</strong> adaptações locais.<br />

No caso do Brasil, os padrões<br />

avançaram bastante. Principalmente<br />

na última década, os produtos melhoraram<br />

(especialmente <strong>em</strong> termos de<br />

<strong>em</strong>issões) e os processos industriais<br />

foram modernizados, mas as subsidiárias<br />

aqui ainda faz<strong>em</strong> menos do que<br />

as matrizes na Europa, Estados Unidos<br />

e Japão – a começar pela falta de<br />

transparência no des<strong>em</strong>penho financeiro,<br />

um componente importante<br />

dos indicadores de<br />

sustentabilidade<br />

de qualquer <strong>em</strong>presa.<br />

Só a Fiat<br />

divulga balanço<br />

próprio no País,<br />

as outras montadoras<br />

escond<strong>em</strong><br />

no balanço mundial os<br />

resultados regionais.<br />

Por conta dessa falta de transparência,<br />

nenhuma <strong>em</strong>presa automotiva<br />

está listada no Índice de Sustentabilidade<br />

Empresarial (ISE) da Bovespa,<br />

<strong>em</strong>bora muitas das matrizes integr<strong>em</strong>,<br />

na Bolsa de Nova York, o Dow Jones<br />

Sustainability World e o Dow Jones<br />

Sustainability STOXX, onde estão<br />

listadas as corporações que se destacam<br />

no âmbito econômico-financeiro,<br />

ambiental e social. Também não<br />

há representantes do setor no Conselho<br />

Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento<br />

Sustentável (CEBDS), braço<br />

brasileiro do World <strong>Business</strong> Council<br />

for Sustainable Development.<br />

“A falta de transparência é uma característica<br />

de multinacionais fora de<br />

suas próprias sedes”, avalia João Gilberto<br />

Azevedo, gerente de comunicação<br />

e mobilização do Instituto Ethos.<br />

“Na França era até permitido lançar<br />

pagamento de subornos como des-


TENDÊNCIAS | RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL<br />

pesa operacional <strong>em</strong> outros países.<br />

Agrotóxicos proibidos <strong>em</strong> países desenvolvidos<br />

continuam a ser vendidos<br />

aqui”, ex<strong>em</strong>plifica. Azevedo ressalta<br />

que só a maior conscientização, e<br />

consequente pressão, da sociedade<br />

vai nivelar para cima os padrões de<br />

responsabilidade socioambiental das<br />

<strong>em</strong>presas no Brasil.<br />

EFICIÊNCIA ESCONDIDA<br />

Outro ex<strong>em</strong>plo de falta de transparência<br />

no setor automotivo nacional são<br />

os níveis de consumo e de <strong>em</strong>issões<br />

dos carros brasileiros. Na Europa esses<br />

dados já são usados como argumento<br />

de venda. Aqui as montadoras<br />

procuram não fazer publicidade disso.<br />

Para descobrir se o consumidor brasileiro<br />

tinha informações suficientes<br />

para comprar os carros mais econômicos<br />

e menos poluentes, <strong>em</strong> 2009<br />

o Instituto Brasileiro de Defesa do<br />

Consumidor (Idec) fez uma pesquisa<br />

com as dez marcas mais vendidas do<br />

mercado. O Idec não conseguiu encontrar<br />

essas informações sobre consumo<br />

e <strong>em</strong>issões <strong>em</strong> nenhum dos<br />

serviços de atendimento (SAC) das<br />

montadoras pesquisadas, tampouco<br />

<strong>em</strong> seus web sites ou concessionárias.<br />

Com o intuito de promover a efi-<br />

100BUSINESS<br />

NÃO SE CONSERTA<br />

O PLANETA POR<br />

DECRETO, E<br />

NEM SE IMPÕE A<br />

CONSCIÊNCIA<br />

ECOLÓGICA DA<br />

NOITE PARA O DIA<br />

PAZ, diretor de qualidade da Fiat<br />

América Latina e responsável pelo Comitê<br />

de Desenvolvimento Sustentável<br />

ciência energética dos veículos leves<br />

vendidos no Brasil, <strong>em</strong> 2008 o Inmetro<br />

lançou o Programa de Etiquetag<strong>em</strong><br />

Veicular que, por meio de um selo com<br />

notas de A a E, indica os carros mais<br />

econômicos <strong>em</strong> cinco categorias. Com<br />

adesão voluntária, dois anos depois<br />

apenas seis marcas (das 30 comercializadas<br />

no País) entraram no programa.<br />

Mesmo assim, Fiat, Volkswagen, Renault,<br />

Honda, Toyota e Kia entregaram<br />

este ano para as medições do Inmetro<br />

só 31 dos modelos que fabricam – e<br />

nenhuma quis dar publicidade ao selo,<br />

como acontece com os eletrodomésticos<br />

nas lojas. Apesar de os resultados<br />

estar<strong>em</strong> disponíveis no site do Inmetro,<br />

os consumidores não encontram o selo<br />

de eficiência energética colado no parabrisa<br />

dos veículos nas concessionárias<br />

– talvez porque só sete dos modelos tenham<br />

sido avaliados com nota A.<br />

Esse passo atrás do Brasil é explicado<br />

pela falta de d<strong>em</strong>anda social. “Não se<br />

conserta o planeta por decreto, da mesma<br />

forma que não se impõe a consciência<br />

ecológica da noite para o dia. O processo<br />

de conscientização é lento, mas<br />

certamente será acelerado por medidas<br />

de restrição provocadas pela questão<br />

ambiental”, diz Windson Paz, diretor de<br />

qualidade da Fiat América Latina e responsável<br />

pelo Comitê de Desenvolvimento<br />

Sustentável da <strong>em</strong>presa.<br />

Em países onde a conscientização<br />

da população <strong>em</strong> torno das questões<br />

ambientais é maior, os clientes cobram<br />

produtos mais verdes. Mas mesmo<br />

na civilizada Europa essa conscientização<br />

ainda engatinha. Segundo<br />

uma pesquisa feita na Al<strong>em</strong>anha, <strong>em</strong><br />

2007, pela consultoria PricewaterhouseCoopers,<br />

nenhum dos consumidores<br />

ouvidos consideram mudar seus<br />

hábitos de usar veículos por causa<br />

de probl<strong>em</strong>as ambientais, 30% deles<br />

NA FRANÇA ERA ATÉ<br />

PERMITIDO LANÇAR<br />

PAGAMENTO<br />

DE SUBORNOS<br />

COMO DESPESA<br />

OPERACIONAL EM<br />

OUTROS PAÍSES<br />

AZEVEDO, gerente de comunicação e<br />

mobilização do Instituto Ethos


TODAS AS<br />

MONTADORAS<br />

INSTALADAS<br />

NO PAÍS ESTÃO<br />

DESENVOLVENDO<br />

MOTORES MAIS<br />

EFICIENTES<br />

FERREIRA, diretor do Comitê de Veículos<br />

Leves do Congresso SAE Brasil 2010<br />

só mudariam por força da lei, 69%<br />

não consideram o carro híbrido uma<br />

opção, 10% só comprariam se fosse<br />

pelo mesmo preço de um automóvel<br />

comum e 21% aceitariam pagar mais<br />

– ainda assim, 11% pagariam até o teto<br />

de 2 mil euros.<br />

“É uma questão de educação e de<br />

política de preços, mas os consumidores<br />

brasileiros estão sim solicitando<br />

cada vez mais esse valor, tanto que todas<br />

as montadoras instaladas no País<br />

estão desenvolvendo motores mais<br />

eficientes”, diz Fábio Ferreira, diretor<br />

do comitê de veículos leves do Congresso<br />

SAE Brasil 2010.<br />

EMISSÕES<br />

Apesar das exigências estar<strong>em</strong> abaixo<br />

das dos países desenvolvidos, pelo lado<br />

dos produtos, <strong>em</strong> alguns aspectos<br />

da sustentabilidade a indústria automotiva<br />

brasileira evoluiu e até se sobressai<br />

<strong>em</strong> relação ao resto do mundo.<br />

A motorização de pequeno porte<br />

da maioria dos veículos e a matriz<br />

energética veicular mais limpa e renovável,<br />

sustentada pela larga utilização<br />

do etanol (puro ou misturado à gasolina),<br />

são fatores que elevam a eficiência<br />

dos carros brasileiros e mitigam os<br />

efeitos negativos da frota antiga e po-<br />

luente, que usa combustíveis fósseis<br />

com altos índices de poluentes, como<br />

o enxofre.<br />

“A tecnologia flex não foi motivada<br />

por razões de sustentabilidade, mas<br />

serve muito b<strong>em</strong> à causa e coloca o<br />

Brasil <strong>em</strong> posição de liderança nessa<br />

questão”, avalia a consultora Letícia<br />

Costa, da Prada Assessoria. Graças <strong>em</strong><br />

parte ao uso de etanol, <strong>em</strong> termos de<br />

<strong>em</strong>issões veiculares o País se encontra<br />

<strong>em</strong> posição relativamente confortável.<br />

O transporte terrestre responde hoje<br />

por apenas 6% das <strong>em</strong>issões de gases<br />

de efeito estufa no País, de acordo<br />

com um levantamento da consultoria<br />

McKinsey publicado <strong>em</strong> 2009.<br />

Segundo o estudo, até 2030 esse<br />

porcentual mudará pouco e poderá<br />

chegar a 7% de todo o CO 2 <strong>em</strong>itido,<br />

considerando o uso estimado de 46%<br />

de álcool nos motores ciclo Otto e de<br />

5% de biodiesel. Ou seja, o salto esperado<br />

de quase 100% da frota brasileira<br />

nos próximos 20 anos, para perto de<br />

50 milhões de veículos <strong>em</strong> circulação,<br />

não causará impacto significativo nas<br />

<strong>em</strong>issões, devido à maior penetração<br />

dos biocombustíveis e às melhorias<br />

tecnológicas que estão no horizonte,<br />

entre elas o desenvolvimento de motores<br />

mais eficientes, redução de peso<br />

com uso de materiais leves, diminuição<br />

do arrasto aerodinâmico e pneus<br />

com baixa resistência de rolamento.<br />

Assim, s<strong>em</strong> muito esforço tecnológico,<br />

a indústria automotiva brasileira já<br />

consegue produzir veículos mais sustentáveis.<br />

Segundo dados da Cetesb,<br />

<strong>em</strong> média os carros a gasolina novos<br />

<strong>em</strong>it<strong>em</strong> cerca de 190 gramas de CO 2<br />

por quilômetro rodado, e os a álcool,<br />

160 g/km – o combustível puro produz<br />

queima mais limpa. Isso s<strong>em</strong> considerar<br />

que a própria lavoura de cana-de-<br />

-açúcar reabsorve quase 90% do CO 2<br />

<strong>em</strong>itido pela queima do etanol. A título<br />

de comparação, os países da União<br />

Europeia têm meta de atingir a <strong>em</strong>issão<br />

média de 130 g/km até 2015. “O Brasil<br />

está <strong>em</strong> um bom caminho na redução<br />

de <strong>em</strong>issões, mas não pod<strong>em</strong>os ficar<br />

parados, esse ritmo deve ser acelerado,<br />

porque há muito espaço para melhorar”,<br />

resume Ferreira, da SAE.<br />

Nos Estados Unidos e na Europa os<br />

governos deram incentivos às vendas de<br />

automóveis na fase mais aguda da crise<br />

econômica de 2009, mas cobraram de<br />

volta investimentos no desenvolvimento<br />

de alternativas de mobilidade menos<br />

poluentes. No Brasil, o desconto no IPI<br />

foi concedido s<strong>em</strong> contrapartidas. “É<br />

bom l<strong>em</strong>brar que aqui foi dado abatimento<br />

no menor dos impostos que<br />

incid<strong>em</strong> sobre os veí culos, enquanto<br />

nos países desenvolvidos chegou-se a<br />

dar dinheiro a qu<strong>em</strong> trocasse de carro”,<br />

pondera Letícia Costa. Ainda assim,<br />

especialistas são unânimes <strong>em</strong> afirmar<br />

que falta ao País uma política de incentivo<br />

ao desenvolvimento de tecnologias<br />

sustentáveis.<br />

“Já exist<strong>em</strong> leis de incentivo à cultura<br />

e ao esporte. Por que não fazer o<br />

mesmo para incentivar a adoção de<br />

práticas socioambientais”, pergunta<br />

Ernesto Cavasin, sócio responsável<br />

pela área de sustentabilidade da<br />

consultoria PricewaterhouseCoopers<br />

(PwC). Boa pergunta, que aguarda<br />

uma resposta sustentável. (PK)


RESPONSABILIDADE SOCIAL<br />

PROGRAMA ENCAMINHA JOVENS CARENTES E APONTA EMPRESAS<br />

QUE LEVAM A SÉRIO O COMPROMISSO COM A COMUNIDADE<br />

Educação, segurança, saúde. Em<br />

t<strong>em</strong>pos de eleição, essas são as<br />

principais bandeiras dos candidatos,<br />

seja qual for o partido, o ano, o<br />

cargo pretendido. Eleitos, pouca coisa<br />

muda. Tanto que o discurso se repete<br />

no pleito seguinte. Felizmente, além do<br />

governo, outros se preocupam com as<br />

necessidades básicas da sociedade.<br />

As <strong>em</strong>presas faz<strong>em</strong> a sua parte. No<br />

segmento automotivo, o Projeto Formare<br />

é um dos ex<strong>em</strong>plos b<strong>em</strong>-suce-<br />

102BUSINESS<br />

A IDEIA DO<br />

FORMARE PEGA<br />

BETH CALLIA, coordenadora<br />

do Projeto Formare<br />

didos dessa atuação social, quando o<br />

foco é a educação. Por tabela, chegam<br />

junto segurança e saúde para os jovens<br />

que o programa atende.<br />

Com 22 anos de existência, o Formare<br />

conta com 51 <strong>em</strong>presas parceiras,<br />

que contabilizam 85 escolas,<br />

espalhadas por 12 estados e 65 cidades<br />

brasileiras, e uma na Argentina.<br />

Os atuais 1.700 alunos, com 16 a 18<br />

anos, receb<strong>em</strong> educação profissional<br />

pelo período de um ano. Do total, 80%<br />

sairão da sala de aula <strong>em</strong>pregados.<br />

Desse contingente, o<br />

segmento automotivo<br />

responde por aproximadamente<br />

70%.<br />

A explicação para a<br />

forte parceria do setor com o<br />

Formare é simples. O projeto<br />

nasceu <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa do<br />

segmento. Foi <strong>em</strong> 1988, na<br />

Iochpe-Maxion, <strong>em</strong> Canoas,<br />

RS. Inicialmente, foi batizado<br />

de ETIM (Escola Técnica<br />

Iochpe-Maxion). Em 1994,<br />

a Fundação Iochpe, braço<br />

filantrópico do grupo, assumiu<br />

o programa, que além<br />

do nome atual (que <strong>em</strong> latim<br />

significa formar) ganhou<br />

parceiros técnicos, como a<br />

Universidade Tecnológica Federal<br />

do Paraná), grade curricular<br />

aprovada pelo Ministério<br />

MARTA PEREIRA<br />

da Educação e Cultura, carga horária e<br />

certificado. Em 1999, o Formare começou<br />

a atrair outras organizações e<br />

virou uma franquia social, alcançando<br />

os números elencados anteriormente.<br />

INVESTIMENTO<br />

Segundo Beth Callia, coordenadora do<br />

Projeto Formare, o custo médio anual<br />

para a <strong>em</strong>presa que adota o programa<br />

é de R$ 130 mil. Nesse valor estão<br />

inclusos a contribuição mensal de R$<br />

2.450,00 para o Fundo de Desenvolvimento<br />

da Metodologia Formare e<br />

todos os benefícios aos alunos, como<br />

bolsa-auxílio, <strong>em</strong> torno de meio salário<br />

mínimo, alimentação, transporte,<br />

seguro de vida <strong>em</strong> grupo, assistência<br />

médica e odontológica e uniforme.<br />

“Esse custo ainda pode ser rateado<br />

com outros parceiros, como as <strong>em</strong>presas<br />

de transporte e de alimentação<br />

que atend<strong>em</strong> a organização.”<br />

Ao decidir pelo investimento no<br />

Formare, ainda é preciso dispor de<br />

instalações com cerca de 60 m² para<br />

a sala de aula, definir a coordenação<br />

e motivar os funcionários a integrar o<br />

quadro de educadores voluntários, devidamente<br />

capacitados pela equipe pedagógica<br />

do projeto responsável pela<br />

grade curricular.<br />

“A definição dos conteúdos considera<br />

as características da <strong>em</strong>presa<br />

<strong>em</strong> conjunto com uma análise das de-


mandas profissionais da região onde a<br />

unidade está instalada. Dessa forma, o<br />

Formare deixa de ser apenas um projeto<br />

de educação profissional. Não forma<br />

especialistas, mas desenvolve habilidades<br />

para que o jov<strong>em</strong> possa trabalhar<br />

tanto <strong>em</strong> sua área de formação, como<br />

<strong>em</strong> outras similares”, explica Beth.<br />

BENEFÍCIOS<br />

E quais os benefícios para as organizações?<br />

Em termos de incentivos fiscais,<br />

apenas a contribuição mensal para o<br />

projeto se enquadra na lei de doações<br />

a entidades s<strong>em</strong> fins lucrativos de utilidade<br />

pública ou às qualificadas como<br />

Organizações da Sociedade Civil de<br />

Interesse Público. Assim mesmo, <strong>em</strong><br />

caso de doações até o limite de 2% do<br />

lucro operacional.<br />

Segundo a pesquisa “A Iniciativa Privada<br />

e o Espírito Público – A evolução<br />

da ação social das <strong>em</strong>presas privadas<br />

do Brasil”, realizada <strong>em</strong> 2004 pelo<br />

IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica<br />

Aplicada), com cerca de 870 mil <strong>em</strong>presas,<br />

o investimento social privado<br />

é pouco influenciado pela política de<br />

benefícios tributários. Dentre as entrevistadas,<br />

somente 2% que atuaram no<br />

social fizeram uso dos incentivos.<br />

“Os principais ganhos são difíceis de<br />

mensurar, mas perceptíveis. O educador<br />

voluntário sente-se um protagonista<br />

na transformação do ser humano,<br />

dentro do seu ambiente de trabalho.<br />

Aumenta a sua autoestima e o orgulho<br />

por trabalhar <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa que se<br />

preocupa com a comunidade”, conta<br />

Beth, l<strong>em</strong>brando que a integração entre<br />

as áreas também é reforçada. “Alguns<br />

parceiros afirmam que, nesse aspecto,<br />

os resultados são melhores do que os<br />

dos programas de team building.”<br />

Outra vantag<strong>em</strong> é a troca de experiên<br />

cias entre as organizações. “Anualmente,<br />

promov<strong>em</strong>os workshops,<br />

nos quais reunimos os coordenadores<br />

do Formare de cada <strong>em</strong>presa.<br />

Nesse momento, não há concor-<br />

rentes. O objetivo é somar, expor os<br />

desafios e conquistas, aperfeiçoar o<br />

trabalho”, compl<strong>em</strong>enta Beth.<br />

Das <strong>em</strong>presas do setor automotivo<br />

que adotaram o Projeto Formare, a<br />

Delphi é a que possui o maior número<br />

de escolas: são sete no total. A primeira<br />

foi inaugurada <strong>em</strong> 2001, na unidade<br />

de Piracicaba, SP, e a última, <strong>em</strong> junho<br />

deste ano, <strong>em</strong> Jaguariúna, SP. Cerca<br />

de 300 educadores voluntários participam<br />

do programa, que atualmente<br />

t<strong>em</strong> 140 alunos. Até o fim do ano, 700<br />

RETRATO DO FORMARE<br />

51 <strong>em</strong>presas parceiras<br />

85 escolas <strong>em</strong> 12 estados e 65 cidades brasileiras e uma na Argentina<br />

8 mil adolescentes formados <strong>em</strong> 22 anos<br />

5 mil educadores voluntários<br />

80% dos formandos terminam o curso <strong>em</strong>pregados<br />

R$ 130 mil é o custo médio anual para a <strong>em</strong>presa<br />

90 escolas é expectativa do Projeto Formare para 2011<br />

Inauguração na Delphi,<br />

que possui 7 unidades<br />

jovens terão se formado nas escolas<br />

Formare da Delphi.<br />

Gábor Deák, presidente da Delphi<br />

para a América do Sul, considera que<br />

o Formare ajuda a <strong>em</strong>presa a des<strong>em</strong>penhar<br />

o seu papel frente à sociedade e<br />

a encontrar novos profissionais qualificados,<br />

não só para suas próprias unidades,<br />

mas também para a comunidade.


RECICLAGEM<br />

EM DEBATE HÁ MAIS DE DUAS<br />

DÉCADAS, A RECICLAGEM DE VEÍCULOS<br />

DERRAPA E INICIATIVAS ISOLADAS<br />

AMENIZAM OS PROBLEMAS<br />

Embora esteja <strong>em</strong> discussão há pelo<br />

menos 20 anos, a reciclag<strong>em</strong><br />

de veículos ainda não <strong>em</strong>placou<br />

no Brasil. “Apesar de termos tecnologia<br />

compatível com países de primeiro<br />

mundo, falta estimular uma cultura que<br />

nos leve a pensar de forma sistêmica e<br />

analisar ainda na fase de concepção dos<br />

veículos como será o reaproveitamento<br />

das partes no final de sua vida”, observa<br />

Eduardo Santos, gerente institucional<br />

do Cesvi Brasil – Centro de Experimentação<br />

e Segurança Viária.<br />

Santos l<strong>em</strong>bra que a realidade local<br />

é b<strong>em</strong> diferente da Europa, onde o nível<br />

de reciclag<strong>em</strong> dos veículos deverá<br />

subir de 95% para 98% <strong>em</strong> 2011. Para<br />

chegar a esse patamar o Brasil precisará<br />

criar, quase do zero, uma estrutura capaz<br />

de viabilizar novo uso a uma enorme<br />

variedade de materiais de seus veículos.<br />

“Com os debates entre sociedade e governo<br />

acredito que <strong>em</strong> breve poder<strong>em</strong>os<br />

ver uma luz no fim do túnel”, afirma.<br />

Ele informa que já exist<strong>em</strong> órgãos e<br />

associações se unindo por uma lei que<br />

regulamente o tratamento de veículos<br />

fora de uso no País. “Será questão<br />

de t<strong>em</strong>po termos regras. A questão<br />

ambiental ganha prioridades <strong>em</strong><br />

104BUSINESS<br />

LATA VELHA<br />

AINDA SEM<br />

DESTINO<br />

SONIA MORAES<br />

mercados mundiais”. Pilares deverão<br />

ser erguidos, como o desenvolvimento<br />

de legislação específica, a criação<br />

de centros de reciclag<strong>em</strong>, incentivos<br />

fiscais, um certificado de destruição<br />

do veículo. Haveria também projetos<br />

paralelos, como o seguro popular e a<br />

apólice verde.<br />

“Descartar veículos velhos da frota<br />

de forma inadequada trará probl<strong>em</strong>as<br />

adicionais. Nos pátios das Ciretrans<br />

SANTOS, gerente<br />

institucional do Cesvi Brasil<br />

exist<strong>em</strong> dois milhões de unidades<br />

estacionadas. A represa de Guarapiranga,<br />

<strong>em</strong> São Paulo, esconde 22 mil<br />

carros”, alerta, assegurando que uma<br />

legislação eficaz ajudaria a solucionar<br />

questões como essas, mobilizando<br />

<strong>em</strong>presas interessadas na reciclag<strong>em</strong><br />

e a contribuição da indústria automobilística.<br />

José Edison Parro, presidente da Associação<br />

Brasileira de Engenharia Automotiva<br />

(AEA), explica que o Departamento<br />

Nacional de Trânsito (Denatran)<br />

já solicitou estudos para reciclag<strong>em</strong><br />

dos veículos e o setor automotivo v<strong>em</strong><br />

colaborando. “O setor de chapas é o<br />

que mais avançou”, diz, enfatizando<br />

também o esforço para aproveitamento<br />

de materiais nobres, vidros laminados<br />

e certas peças plásticas.<br />

Mas qual é a dificuldade para implantar<br />

um programa reconhecido pela<br />

importância e que só t<strong>em</strong> derrapado?<br />

Santos entende que há uma série de<br />

obstáculos que não pod<strong>em</strong> ser equacionados<br />

prontamente – o t<strong>em</strong>a é complexo,<br />

traz desafios técnicos, envolve<br />

inúmeros interesses e esbarra <strong>em</strong> culturas<br />

solidificadas. “Não se trata simplesmente<br />

de virar a chave e promover mudanças.<br />

Qualquer decisão precipitada<br />

pode prejudicar <strong>em</strong>presas e cidadãos.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, não pod<strong>em</strong>os esperar<br />

apenas que o governo promova uma<br />

ação e resolva o probl<strong>em</strong>a”, adverte.<br />

O começo seria um estudo de melhoria<br />

e desenvolvimento da rede de<br />

transporte coletivo. A retirada de veículos<br />

de circulação, associada a incentivos<br />

e crédito para facilitar a renovação<br />

da frota com veículos menos poluentes<br />

e ambientalmente corretos, teria como<br />

efeito colateral positivo a r<strong>em</strong>oção de<br />

componentes potencialmente perigosos,<br />

como baterias e fluidos. Haveria<br />

também a neutralização de componentes<br />

pirotécnicos de airbags e prétensores<br />

de cintos de segurança.<br />

A iniciativa acabaria por promover<br />

a revenda de peças reaproveitáveis de


forma organizada e levaria à criação de<br />

<strong>em</strong>pregos para atender novas atividades.<br />

Outro aspecto seria evitar focos<br />

de contaminação comuns quando veículos<br />

são abandonados e acumulam<br />

água de chuvas.<br />

Para o gerente do Cesvi Brasil, os<br />

resultados de um programa amplo<br />

de reciclag<strong>em</strong> dependerão do grau<br />

de adesão de <strong>em</strong>presas, pessoas e do<br />

governo. “Na ponta do lápis, ver<strong>em</strong>os<br />

que a economia pode ser considerável”,<br />

ressalta. Experiências <strong>em</strong> outros<br />

países têm sido acompanhadas de<br />

perto pelo Cesvi, que busca inspiração<br />

nas boas soluções.<br />

Santos acredita que o aumento da<br />

frota circulante, os probl<strong>em</strong>as de mobilidade<br />

nos grandes centros urbanos e<br />

as mudanças climáticas são argumentos<br />

para justificar esforços <strong>em</strong> torno do<br />

t<strong>em</strong>a. O Cesvi dá sua contribuição promovendo<br />

levantamentos e finalizando<br />

o projeto para um centro de desmontag<strong>em</strong><br />

de veículos e reaproveitamento<br />

de peças, dentro de critérios técnicos e<br />

práticas já adotadas <strong>em</strong> outros locais.<br />

PNEUS<br />

Enquanto as soluções nacionais não<br />

chegam, o País registra cases isolados<br />

para aproveitamento de componentes<br />

veiculares. Produtos como<br />

baterias, filtros de óleo e fluidos já têm<br />

destino previsto pela legislação. A Anip,<br />

entidade dos fabricantes de pneus, eleva<br />

para quase 500 os pontos de coleta<br />

de produtos usados e já destinou mais<br />

de 1,2 milhão de toneladas de materiais<br />

para a reciclag<strong>em</strong> -- o equivalente a 240<br />

milhões de pneus de passeio.<br />

O programa é desenvolvido por meio<br />

de parceiros, na maioria dos casos com<br />

prefeituras, que ced<strong>em</strong> terreno dentro<br />

de normas específicas de segurança e<br />

higiene para recolher o material vindo<br />

de borracharias, revendedoras e dos<br />

próprios cidadãos. A lista de todos os<br />

pontos de coleta pode ser conferida<br />

<strong>em</strong> www.reciclanip.com.br.<br />

As destinações são aprovadas pelo<br />

Ibama. O pneu triturado pode ser reaproveitado<br />

como combustível alternativo<br />

para as indústrias de cimento ou<br />

<strong>em</strong> caldeiras, na fabricação de asfalto<br />

ecológico, solados de sapato, borrachas<br />

de vedação, dutos pluviais, pisos<br />

para quadras poliesportivas, pisos industriais<br />

e tapetes para automóveis.<br />

Com a previsão de investimento de<br />

US$ 25 milhões <strong>em</strong> 2010, os fabricantes<br />

pretend<strong>em</strong> investir 20% a mais que<br />

<strong>em</strong> 2009 no Programa Nacional de<br />

Coleta e Destinação de Pneus Inserví-<br />

RESÍDUO: faltam espaços<br />

com este para a separação<br />

PARRO: AEA colabora<br />

com estudos de reciclag<strong>em</strong><br />

veis. A iniciativa já recebeu US$ 95 milhões<br />

desde a criação, <strong>em</strong> 1999.<br />

INDÚSTRIA<br />

Grande parte do trabalho ambiental da<br />

Fiat Automóveis está concentrada na<br />

“Ilha Ecológica”, um espaço na fábrica<br />

de Betim, MG. Os resíduos industriais<br />

são separados por categoria,<br />

armazenados e enviados a <strong>em</strong>presas<br />

recicladoras e de tratamento, possibilitando<br />

o reaproveitamento de 98,5%<br />

de todo o resíduo gerado.<br />

A Ilha Ecológica t<strong>em</strong> um papel importante<br />

na reciclag<strong>em</strong> do poliestireno<br />

expandido, (isopor), processado e<br />

transformado <strong>em</strong> matéria-prima para<br />

produção de vasilhames, solas para<br />

calçados, mangueiras, <strong>em</strong>balagens<br />

dentre outros.<br />

A <strong>em</strong>presa informa que desde 1994<br />

essas iniciativas permitiram reciclar<br />

30 mil toneladas de papel e papelão e<br />

poupar 660 mil árvores. Outras 15 mil<br />

toneladas de plásticos e 1,7 mil toneladas<br />

de isopor foram tratadas.


VIDA CORPORATIVA | IVAN WITT<br />

IVAN WITT é sócio-diretor<br />

da Steer Recursos Humanos<br />

Grandes<br />

corporações<br />

necessitam<br />

segmentar bastante seus<br />

departamentos para<br />

que possam atender<br />

adequadamente todos<br />

os aspectos de seus<br />

negócios. A indústria<br />

automobilística não é<br />

exceção. Manter todos os<br />

colaboradores focados no<br />

negócio principal é um dos<br />

maiores desafios que essas<br />

organizações enfrentam.<br />

Se o colaborador perde<br />

o foco e se aprofunda<br />

no micromundo de sua<br />

área, toma decisões<br />

com precisão técnica,<br />

mas que pod<strong>em</strong> ser<br />

contraproducentes para<br />

a organização como um<br />

todo. Se norteia-se pelo<br />

macro apenas, cometerá<br />

deslizes que custarão<br />

caro à <strong>em</strong>presa. E erros<br />

não são b<strong>em</strong> tolerados<br />

pelas organizações. Por<br />

isso a grande maioria dos<br />

colaboradores orientase<br />

pelo micromundo.<br />

Assegura-se de que na sua<br />

pequena área de controle<br />

os erros não aconteçam.<br />

Poucos ousam mudar<br />

106BUSINESS<br />

LUIS PRADO<br />

os processos, seja para<br />

agilizar, melhorar ou<br />

até mesmo extinguir<br />

procedimentos. O medo<br />

de errar os impede de<br />

correr riscos. Pior, impede<br />

também de entender o<br />

funcionamento das outras<br />

áreas, do negócio como<br />

um todo. Engrenagens<br />

que deveriam mover-se<br />

síncronas, <strong>em</strong>perram com<br />

muita frequência. Clássicos<br />

conflitos tomam conta<br />

do ambiente de trabalho.<br />

A área de engenharia e a<br />

área de compras, vendas e<br />

manufatura, todas as áreas<br />

e finanças, todas as áreas e<br />

recursos humanos, e todas<br />

as anteriores e o jurídico.<br />

Claro que desses <strong>em</strong>bates<br />

surg<strong>em</strong> muitas coisas boas<br />

também. Mas grande parte<br />

da energia é gasta na zona<br />

vermelha do tacômetro não<br />

produzindo torque, só calor.<br />

Calor esse que se dissipa<br />

entre as áreas esquentando<br />

desnecessariamente o<br />

ambiente de trabalho, que<br />

por si só já é competitivo o<br />

suficiente.<br />

No caminho da ascensão<br />

profissional, os mais<br />

preparados se dão conta<br />

ACEITANDO<br />

O RISCO<br />

de que à medida que se<br />

aproximam do topo, as<br />

aptidões interpessoais são<br />

as mais importantes do<br />

jogo corporativo. Mas como<br />

integrar <strong>em</strong> um ambiente<br />

competitivo e muitas vezes<br />

desfocado pelas lentes<br />

individuais de milhares de<br />

minifeudos espalhados por<br />

toda a organização?<br />

Exist<strong>em</strong> infinitas<br />

soluções, dadas<br />

as diferenças entre<br />

organizações. Mas três<br />

serv<strong>em</strong> a todas:<br />

ALINHAMENTO<br />

O conteúdo da reunião de<br />

diretoria t<strong>em</strong> que alcançar<br />

todos os colaboradores.<br />

E isso só acontecerá se<br />

houver uma metodologia<br />

adequada. Reunião de<br />

departamento, TV interna,<br />

intranet, café da manhã<br />

com a liderança, ou<br />

qualquer outra forma que<br />

faça o líder ir até sua base,<br />

dar o recado e ouvir a voz<br />

do grupo. O propósito de<br />

cada <strong>em</strong>presa, de cada<br />

iniciativa escolhida, deve<br />

ser compreendido por cada<br />

colaborador que será um<br />

fractal da liderança.<br />

RISCO<br />

É preciso correr riscos.<br />

Engessar a organização<br />

para eliminá-los é sinônimo<br />

de fracasso. Num mundo<br />

que se move na velocidade<br />

da internet é preciso<br />

estar pronto para mudar<br />

a cada instante. E pela<br />

característica humana da<br />

força de trabalho, erros<br />

acontecerão. O grau de<br />

tolerância da liderança a<br />

esses erros determinará<br />

o grau de ousadia de<br />

seus colaboradores. E<br />

ousadia é matéria-prima da<br />

criatividade.<br />

ALTERNÂNCIA<br />

Para agilizar compreensão<br />

e aprendizado, nada como<br />

calçar o sapato do outro.<br />

É uma prática que pode<br />

ser adotada <strong>em</strong> toda a<br />

organização. Líderes que<br />

passam por várias áreas,<br />

t<strong>em</strong> um conhecimento<br />

profundo da <strong>em</strong>presa,<br />

buscam soluções e não<br />

culpados, e não perd<strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>po protegendo<br />

seu território. Empresa<br />

vencedora é aquela onde<br />

o pequeno pensa grande.<br />

S<strong>em</strong> represálias por isso.

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