17.06.2013 Views

Capítulo 04.pdf - PUC Rio

Capítulo 04.pdf - PUC Rio

Capítulo 04.pdf - PUC Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

produzido em uma mesma publicação. 162 Seu projeto se desmonta e novamente se<br />

desloca para uma nova etapa de planejamento (a última), em que os Blocos poderiam<br />

ser lançados separadamente, in progress. Essa foi uma das últimas vezes que Oiticica<br />

se referiu a sua publicação como um objeto concreto a ser lançado no mercado<br />

editorial. Nos seus últimos dois anos em Manhattan, ao falar da compilação de textos<br />

e Blocos-seções produzidos em todo aquele período, o longo percurso do seu<br />

trabalho visando uma publicação tornava-se, enfim, pura palavra: Conglomerado.<br />

Após mais de cinco anos de planejamento, seu desejado álbum de imagens e<br />

projetos tornou-se livro, seu livro tornou-se as “caixas de New York” e as “caixas”<br />

tornaram-se um conglomerado de pastas que deveriam ser publicadas in progress.<br />

Sem a publicação de qualquer Bloco-seção, essas pastas fundaram um espaço em que<br />

não há editora, não há páginas, não há forma, não há nem mesmo um objeto. O que<br />

nos resta nesse espaço, caso quisermos definir de forma provocativa, é justamente<br />

um não-objeto: o livro apenas como conceito-metáfora, como simulação de um<br />

objeto que não sabemos ao certo sua definição. Como outros trabalhos de Hélio,<br />

Conglomerado passa a ser um nome relativo a uma definição espacial, a um recorte<br />

estratégico dentre uma massa de documentos guardados pelo seu autor.<br />

Na “Teoria do não-objeto”, de 1959, Ferreira Gullar define o não-objeto,<br />

entre outras propostas, como algo relacionado ao “renascer permanente da forma e<br />

do espaço”. Além disso, o não-objeto “não se esgota nas referências de uso e sentido<br />

porque não se insere na condição do útil e da designação verbal”. 163 Mesmo que tais<br />

conclusões tenham sido formuladas para obras como os Bichos de Lygia Clark ou as<br />

esculturas de Amílcar de Castro, elas poderiam ser definições precisas para o<br />

Conglomerado: um não-livro em permanente transformação da sua forma e do seu<br />

espaço, um não-livro cujo entendimento não se esgota na sua referência objetiva de<br />

uso e sentido. É um não-livro porque após tantos esforços para publicá-lo, seu<br />

resultado infinito “não se insere na condição de útil” do objeto proposto.<br />

162 Projeto HO # 1411.75<br />

163 FERREIRA, G (org.). Crítica de arte no Brasil: temáticas contemporâneas. <strong>Rio</strong> de Janeiro: Funarte, 2006.<br />

237

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!