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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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Os Blocos, por tratarem de uma série de assuntos, textos e imagens,<br />

tornavam-se aos poucos pastas que Oiticica ia separando cuidadosamente em sua<br />

casa, em seu arquivo. Com o passar do tempo, esses pastas tornam-se um arquivo de<br />

textos para serem publicados, mas eles se acumularam cada vez mais. Aqui, inicia-se<br />

a transição das Newyorkaises para outra etapa – uma etapa em que tudo se acumula<br />

na moldagem de um novo espaço. Mesmo com o investimento adiantado e a<br />

disposição de Luiz Buarque em lançar a publicação no Brasil, Oiticica não conseguia<br />

organizar-se a ponto de determinar um fim na criação dos textos, um formato final ou<br />

o que fosse. Em novembro de 1973, ele indica para a cunhada Roberta Oiticica sua<br />

perplexidade frente ao material produzido ao afirmar, no melhor estilo mallarmaico,<br />

que seu “livro” era “infinito”. Sua produção de textos e idéias permaneceu durante<br />

todos os anos de 1974 e 1975 em ebulição, proporcionando novos desdobramentos e<br />

indicando esse infinito como único horizonte possível para a publicação.<br />

Nesse momento, quando um “livro” torna-se mais do que qualquer livro<br />

poderia dar conta, no momento em que seu autor não consegue – ou não precisa –<br />

fazer a passagem entre o rigorosamente planejado e o materialmente acabado, não há<br />

mais nada a fazer a não ser assumir uma nova condição para o Programa não parar.<br />

Agora, o livro é um espaço lotado de pastas e fotos selecionadas, etiquetas,<br />

anotações, manuscritos e versões datilografadas. Hélio chama esse espaço pelo nome<br />

que define ao mesmo tempo um amontoado de coisas desordenadas e a união<br />

acionária de empresas na condução de grandes empreendimentos: Conglomerado. De<br />

certa forma, é escolhido um nome que remete à idéia de uma “desorganização<br />

organizada”, como os planos de Hélio para seu livro. É um nome que também nos<br />

remete a uma espécie de reminiscência do período inicial de sua arte – pautada no<br />

princípio construtivista da organização estética do espaço – e a esse ponto limite da<br />

ausência do objeto transformado em conceito-metáfora.<br />

Em fevereiro de 1975 (carta para Mary e Mário Pedrosa) Oiticica já assume o<br />

nome de Conglomerado e admite que não conseguiria publicar todo o material<br />

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