Capítulo 04.pdf - PUC Rio

pessoa fundamental com quem ele sempre contava para financiar projetos ou salvá-lo
finaceiramente, ele tentou também a colaboração de seu amigo João Hafers, já citado
no primeiro capítulo. Além de ter indicado Hélio para a bolsa Guggenheim, Hafers
era marchand, comprava trabalhos de Hélio e, assim como Luiz Buarque, era uma
pessoa com quem ele “contava”. Só Luiz, porém, aceita o risco do investimento.
Hélio mandava periodicamente cartas para ele, dissertando sobre questões
financeiras e possíveis business. Quando falava sobre o livro, ele dizia que a idéia
“continua de pé e do modo que tínhamos em mente só q muito maior como projeto”.
Em novembro de 1973, anunciou entusiasmado estar próximo do fim, apenas
aguardando a mudança de endereço da editora para um lugar maior, com melhor
produção. Afirmava ainda que
o q seria um projeto mais limitado se tornou algo
mais heavy: as traduções para o inglês estão ficando
ótimas e dão um tremendo trabalho ainda mais com a
sucessão de invenções q venho sempre introduzindo; creio
q até dezembro devo ter tudo pronto: ao menos o
suficiente pra bolar com LEANDRO a produção do livro-
objeto em si. 157
Em todas as cartas dessa época, as “invenções q venho sempre introduzindo”
eram um tema. Elas eram cada vez mais abertas, mais ousadas. Aqui é o momento
em que Oiticica passa a dialogar com livros experimentais como Galáxias de
Haroldo de Campos ou Notations de John Cage com os olhos de um editor,
interessadíssimo em suas paginações abertas, em suas formas indefinidas. Os
BLOCOS-SEÇÕES começam a ganhar forma. Oiticica vislumbra uma publicação já
bem diferente do livro chinês, sanfonado, com folhas duplas etc. Agora as
Newyorkaises tornam-se esse espaço de compilação de blocos de idéias, cujo
crescimento de tamanho acompanhava o crescimento obsessivo de seu autor por mais
uma página, mais um Bloco-seção, mais um tema.
157 Projeto HO #1069.73, carta de 9 de novembro de 1973.
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