Capítulo 04.pdf - PUC Rio

como uma nova forma de publicação : pra evitar que a
coisa vire “arte conceitual”, o que seria bem trágico no
meu caso; inclusive seria melhor para mostrar às pessoas,
para ‘apply’ condições de serem levadas à luz do dia; o
livro teria uma forma de álbum de disco: você abre, e
entre as duas placas quadradas (nem tanto, pois a altura é
alguns milímetros maior que a largura, exatamente como
em discos) se desdobram os mapas do ground plans
(quando estão abertos a folha fica o dobro do suporte
quadrado); de um lado e outro, dentro do álbum, os textos
relativos às plantas, e fotos das maquettes, com excerpts
de haroldo de campo, guy debord (‘society of spectable’),
pound e fenollosa, augusto de campos, fotos imagens, etc;
ficou muito bonito depois de paginado e tudo: caprichei
como nunca; sinto-me tão feliz com esse projeto, que se
não for possível na guggenheim, o farei por conta própria,
ou ainda tentarei outros editores, como o segalov, que é
marido da crítica de arte lucy lippard, especialista em
coisas “diferentes”, etc. 151
Nesses primeiros planos, Hélio nos passa um raro pragmatismo relativo à
execução de algum de seus trabalhos. Ele estava decidido em levar à frente seu
projeto por motivos estéticos – fazer uma publicação com uma proposta
absolutamente nova – e por motivos profissionais – obter uma melhor forma de
mostrar seus trabalhos para as pessoas. Sua disposição incluía a possibilidade de
publicá-la por conta própria. Nessas idas e vindas entre planejar e ter condições de
publicar, Oiticica continuava produzindo seus textos, coletando imagens, indefinindo
seu formato e conteúdo. No final do mesmo mês em que escreve a carta anterior
(uma é de primeiro de outubro e a outra é de trinta e um), Hélio registra para Mário
Pedrosa (pai de Vera) um depoimento do périplo que ele ainda estava percorrendo
para tentar publicar seu álbum. É interessante destacar que nesses depoimentos sobre
151 Projeto HO # 0759.71, carta escrita em primeiro de outubro de 1971.
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