Capítulo 04.pdf - PUC Rio

Seu “repertório” era essa coleção de proposições sem necessidade de finais
formais. As fotos do cadáver de Lamarca ou do livro de Augusto de Campos eram
cedidas poeticamente como imagens-abertas, sem significações. A partir desse
pôster, o projeto de montar o Subterranean Tropicalia se desloca para o que era
possível: publicar um álbum com os desenhos, fotos das maquetes etc. Seu
desdobramento é a elaboração de um álbum derivado dos projetos para a montagem
dos Penetráveis e, depois, todos os outros livros planejados em seqüência por
Oiticica.
São diversos os comentários desencontrados sobre tais projetos de publicação
ao longo de 1971 e 1972. Ora eles estavam prestes a ser publicados (como escreve
para Daniel Más, colunista da época, afirmado que “meu álbum-livro sobre
subterranean TROPICALIA PROJECTS já está pra ser impresso, produzido pela
University of Rhode Island” 149 ), ora eles precisavam ser engavetados ou repensados.
Para cada pessoa, Oiticica repetia detalhadamente os planos, as possibilidades de
execução, as decepções etc. A princípio, ele tentou um financiamento da própria
Fundação Guggenheim, que oficialmente lhe respondeu não participar de projetos
editorias dos seus bolsistas. No máximo, contribuiria com uma quantia caso ele
conseguisse uma editora por sua própria conta. 150 Escrevendo para sua amiga Vera
Pedrosa em outubro desse ano, ele relata todo seu investimento pessoal nesse projeto:
Estas duas últimas semanas, tem sido demais: fiz
uma maquete de um livro que estou propondo à
Guggenheim: são os meus projetos novos, com ground
plans, fotos dos modelos (maquettes), textos e foto-
imagens; ficou muito simples e eficiente, e já entreguei
ontem pra ver ser publicam lá; creio que qualquer
julgamento de bom senso quereria, pois se trata de não só
uma proposta absolutamente nova em contexto de arte,
149 Projeto HO # 1210.72, carta de 16 de fevereiro de 1972.
150 A carta oficial da Fundação Guggenheim encontra-se no acervo do Projeto HO # 1171.71
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