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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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seus planos. Para ele, “é claro que o planejamento (escrito/planta/INSTRUÇÕES<br />

etc.) já inaugura a coisa”. Não era mais o “livro” em si que o interessava (isso depois<br />

de uma série de dissabores na tentativa de publicá-lo em vários formatos). Eram as<br />

“instruções” que ele traria para a execução de “planos” que interessavam, já que elas<br />

seriam sempre uma “coisa nova”. 146<br />

Publicar seus textos não era, portanto, “se adaptar a uma estrutura existente”,<br />

mas sim fazer do “livro” um espaço de passagem entre suas idéias e o acesso de<br />

outros a elas. Eram seus planos que importavam, não mais o livro enquanto objeto de<br />

criação. Assim como a idéia de “obra”, era somente colocando em xeque a idéia de<br />

“livro” que Oiticica partiria para essa empreitada. Sua publicação, como seus<br />

Programas in progress era um instrumento permanentemente para o surgimento de<br />

uma “coisa nova”. Ela se instaura enquanto novidade em seu próprio processo de<br />

aproximação e rejeição do formato “livro”. Para esse autor, colocar em xeque uma<br />

estrutura pré-existente já era parte do “fazer” artístico de qualquer objeto. Nessa<br />

perspectiva, mesmo que esse objeto não se torne um produto final, ele não deixa de<br />

ser “livro”. Tal princípio do “fazer sem ter que terminar” foi também aplicado, por<br />

exemplo, aos seus filmes dessa época. Todos foram confirmados e divulgados por ele<br />

como filmes efetivos durante seus planejamentos, antes mesmo das etapas<br />

necessárias para isso – montagem, sonorização etc. – e sem apresentar um resultado<br />

final. 147<br />

Voltemos a 1971: entre os trabalhos inacabados desse período, a elaboração<br />

de um grande Penetrável no Central Park e de dois projetos pessoais de publicação<br />

eram trabalhos que começavam a se destacar. Eles eram detalhadamente explicados,<br />

diversas vezes em seguidas cartas para diferentes amigos. Os dois projetos, porém,<br />

não tinham a escrita e os textos como centro da proposta. O projeto no Central Park<br />

era um ambiente de interação com o público e as publicações anunciadas consistiam<br />

146 Projeto HO # 1412.75<br />

147 Em uma carta dessa época para Lygia Pape (7 de junho de 1971), Oiticica afirma que recebera de<br />

Haroldo o livro Colideuscapo de Augusto de Campos e que iria utilizá-lo “como repertório para uma<br />

dessas experiências de filme”, assim como as “Groovie promotions” enviadas por Waly. Nesse<br />

momento, Cinema e Literatura/Filmes e livros estavam sendo pensados simultaneamente,<br />

embaralhando ainda mais os limites de seus trabalhos.<br />

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