Capítulo 04.pdf - PUC Rio

informativa imagético-teórica, compreensiva, do meu
programa de subterranean tropicália. 143
Como em todos os seus anúncios, a elaboração de uma publicação com textos
e imagens já traz o caráter aberto e experimental que Oiticica imprimia em seus
trabalhos. Subterranean tropicália não é um livro, não é um objeto. É um
“programa”, ou seja, um plano em aberto, uma intenção em movimento. Como
programa, esse era só o início dos seus desdobramentos. O que importava era coletar
material imagético-teórico e permanecer lendo e escrevendo.
Suas conversas com Haroldo quase tiveram, segundo Hélio, desdobramentos
maiores do que os Heliotapes. Haroldo deu a ele três “presentes”: uma página das
suas Galáxias, um trecho da tradução de Hagoromo, o manto de plumas e o livro
Colideuscapo de Augusto de Campos. Como já visto aqui, todos os presentes foram
incorporados às referências de Hélio em seus trabalhos posteriores. Em mais uma
carta para Waly, ele dá um depoimento não só sobre a presença de Haroldo em
Manhattan (e Bressane, que passou para a dupla seus filmes Uma família do barulho,
O estrangulador de louras e Matou a família e foi ao cinema), mas também sobre
como tal presença foi importante para seus projetos naquele momento:
143 Projeto HO # 1141.71
haroldo estava genial e conversamos muito,
inaugurando uma série de heliotapes ; Julio também
gravou, mas não quer que eu publique como entrevista :
ele, como já disse, está ‘fechado pra balanço’, o que é
ótimo, diante da confusão e pretensão geral; porra, waly,
esclareci tanta coisa na minha cabeça, e me deu uma
vontade louca de trabalhar e acomplish tudo que tenho em
mente; haroldo e júlio me deram uma confiança incrível,
me tornaram menos só, assim como você com seus textos-
presenças : eu amo julio; haroldo levou meus textos,
principalmente os que fiz aqui : são fundamentais para
mim; vou lhe enviar depois; é que andei modificando e
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