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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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em espaço radical de permanente invenção sem materialização definida. Ao mesmo<br />

tempo em que sua produção se expandia infinitamente, o projeto tornava-se uma<br />

espécie de balanço intelectual da trajetória do autor em meio ao seu trabalho<br />

incessante. É dessas transformações no projeto de publicação que trato agora. Apesar<br />

do excesso de citações que apresento a seguir, é necessário acompanharmos na “voz”<br />

do próprio Hélio suas idas e vindas na invenção desse trabalho. Somente ele pode<br />

nos dar a medida e os percursos desse objeto desejado, prometido e não terminado.<br />

Praticamente sem exposições (teve apenas uma apresentação de suas obras<br />

organizada por Silviano Santiago na Albrigth Knox Gallery e alguns eventos em<br />

Rhode Island entre 1971/72) e com muitos trabalhos elaborados e não-realizados<br />

(porém “feitos”, isto é, prontos para serem executados por terceiros), sua estadia em<br />

Manhattan trouxe à tona uma série de obras que se efetuavam na própria prática de<br />

elaboração dos textos e projetos. Cadernos, pastas, fichários, entrevistas, fotos, até<br />

mesmo o uso da “prima”, tudo isso se transforma em parte ativa de seu processo<br />

criativo. Seus excessos eram absorvidos como prolongamentos de seu trabalho. Tudo<br />

era transformado em escrita – não uma escrita confessional, de diário, mas inventiva,<br />

nos limites da prosa poética. Surgem os Heliotapes, as Proposições, os Poemas<br />

Visuais, as Cosmococas, trabalhos onde a palavra é o cerne da questão. Escrever<br />

torna-se uma atividade vital. Planejar uma publicação, uma nova aventura criativa.<br />

Em janeiro de 1971, Oiticica iniciava sua nova vida em Nova York. Em suas<br />

primeiras cartas escritas na máquina recém-comprada, os assuntos que ocupavam<br />

seus interesses eram a ida de Caetano Veloso, então vivendo em Londres, ao Brasil;<br />

o show de Gal Costa no <strong>Rio</strong> de Janeiro, cujo cenário e iluminação eram projetos dele<br />

e ficara a cargo de Luciano Figueiredo; e a procura urgente de um loft para alugar na<br />

cidade. Publicar algo ainda não estava em seus planos e eram as idas periódicas ao<br />

cinema e ao Anthology Film Archives de Jonas Mekas que ocupavam a maioria do<br />

seu tempo. O cinema, aliás, tem presença tão marcante quanto a literatura nesses<br />

primeiros anos de Oiticica em Manhattan. Além de ser um cinéfilo (mergulhou em<br />

seus primeiros meses nos filmes undergrounds de Jack Smith, Paul Morrissey e Andy<br />

Wahrol, além de Buñuel, Godard, Vertov, Kubrick e outros), Hélio tentou realizar<br />

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