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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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idéia de abrir linguagens para justificar suas ações entre as áreas, seus “programas”<br />

sempre prontos para recomeçarem de onde pararam e nunca de um fim. Fim, aliás,<br />

em sua dupla função: término e finalidade. Para que acabar? Para que ir além do<br />

prazer do planejamento, do desejo da execução?<br />

Em seus escritos, Oiticica nunca fez menção às caixas de Duchamp ou ao<br />

Livro de Mallarmé. Não é a ausência de citações explícitas, porém, que impede uma<br />

leitura transversal desses trabalhos em busca de elementos para iluminarmos a<br />

outros. A intenção de aproximar esses três “livros” segue o seguinte procedimento:<br />

pensar esses três trabalhos a partir de seu ponto comum – ou ao menos o ponto<br />

comum que nos importa apontar nesse momento. E esse mínimo comum, esse motor<br />

coletivo que impulsionou tais projetos foi a insatisfação com a linguagem. O Livro<br />

de Mallarmé, as Newyorkaises e as Caixas de Duchamp visavam, em formas<br />

diversas, abrir a escritura, a leitura, o espaço visual e o livro. Os três trabalhos<br />

almejaram desorganizar o correto circuito da literatura (ou, no caso de Mallarmé,<br />

aprofundar a radicalidade dessa experiência) expandindo ao máximo as<br />

possibilidades de seu objeto mais tradicional e inquestionável. É essa abertura da<br />

linguagem que permite a aproximação entre esses autores na busca de algum esboço<br />

de entendimento sobre os meandros metafísicos implicados nas escolhas em se fazer<br />

um livro. E a pergunta seguinte é: como fazê-lo?<br />

Subterranean Tropicalia → Newyorkaises → Conglomerado<br />

Apesar de aparecer em seus planos desde seu período em Londres (1969), foi<br />

no isolamento criativo e estratégico de Manhattan (1971-1978) que a publicação<br />

planejada por Oiticica ganhou força definitiva. Ela tornou-se um dos principais<br />

objetivos estéticos de sua estadia (principalmente em seus primeiros anos). Se em<br />

Londres o (ainda chamado) livro é pensado como um objeto de escopo restrito e<br />

conteúdo convencional (imagens e textos), nos anos nova-iorquinos ele vira<br />

“publicação”, definição mais ampla adotada por Oiticica para escapar das limitações<br />

do termo “livro”. Pouco depois, a publicação se transforma em “objeto” e, por fim,<br />

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