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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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coisa”. É onde “forma é conteúdo e conteúdo é forma”. Por abrir mão de um<br />

começo-meio-fim demarcado, por incorporar o circular como princípio regente e por<br />

escrever a partir da gagueira deleuziana do “E”, criar “em progresso” passa a ser,<br />

necessariamente, uma aventura com apenas um bilhete de ida e muitos territórios<br />

para serem percorridos. Nesse sentido, escrever ou criar era abrir-se, era estar em<br />

expansão, era invadir fronteiras e não parar em hipótese alguma. Criar tinha que ser<br />

um estado de INVENÇÃO permanente.<br />

Em uma carta já citada para Haroldo de Campos de junho de 1973, Oiticica<br />

localiza essa presença de Joyce e do work in progress em seu trabalho ao comentar<br />

sua leitura da primeira página das Galáxias. Sobre esse trecho do livro de Haroldo,<br />

Hélio comenta a frase final da página – “pois começo a fala” – e retoma o tema da<br />

relação in progress entre língua falada e língua escrita e sua dificuldade de acabar o<br />

acabado:<br />

A razão para esse excerpt, claro q também como<br />

homenagem, é na verdade por uma série de razões: coisas<br />

q tem a ver com a não-linearidade de começo e fim e em<br />

última análise com o problema de obra-produto acabada:<br />

já q digo não sei onde ACABAR COM O ACABADO e<br />

já q tudo o q fiz gira em torno disso e já q tem q ver com<br />

o problema q vocês se põem, etc., etc., e mais importante<br />

quando você termina com começo a fala: tenho escrito e<br />

pensando muito sobre a fala e as relações entre fala e<br />

escrita e tudo o mais: mas aqui não é só isso: o problema<br />

concretizado no texto [Galáxias] é q ele é a escrita<br />

próxima à fala, a escrita descontinuada em estruturas<br />

verbalizantes (...) e isso tem muito e muito a ver com as<br />

relações de CAPA e corpo a ponto de ser impossível saber<br />

onde limitar porque o limite na verdade não pode ser<br />

linear: aqui começa a escrita ali termina a fala, ou aqui<br />

começa a CAPA-obra-objeto e ali termina o corpo-ação-<br />

vestir, etc.: tive até uma visão (se assim se pode chamar:<br />

prefiro uma não-visão, mas enfim:) em q o espaço q se<br />

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